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Amor em Silêncio

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Capítulo 1 – Olhares Distantes

Aurora Venslov sempre soube que seu amor por Nikolai Zarev era impossível. Um sentimento silencioso, guardado no fundo do peito como um segredo proibido. Mas, por mais que tentasse sufocá-lo, ele pulsava dentro dela, forte e incontrolável, alimentado por cada pequeno momento em que ele, sem perceber, se tornava o centro de seu mundo.

Trabalhar como assistente pessoal do CEO da Zarev Enterprises lhe dava a oportunidade de estar perto dele todos os dias. De vê-lo concentrado enquanto analisava relatórios, de ouvir sua voz firme e autoritária ao fechar negócios milionários, de sentir a presença forte e imponente dele no ambiente, como se ocupasse todo o espaço ao redor. Mas, ao mesmo tempo, essa proximidade era uma tortura. Pois, apesar de estar sempre ao lado dele, nunca foi realmente vista.

Sentada à sua mesa, Aurora digitava os últimos relatórios do dia, mas seus olhos insistiam em se desviar para a ampla sala envidraçada à sua frente. Nikolai estava lá dentro, como sempre, concentrado em uma ligação. Vestia um terno impecável, negro como a noite, que acentuava sua postura elegante e imponente. Seus dedos deslizavam pelo teclado com precisão, e o brilho prateado do relógio caro refletia a luz suave do escritório.

Ele era um homem inalcançável. Não apenas porque ocupava um lugar distante demais de sua realidade, mas porque pertencia a outra mulher.

Eleanor Zarev.

Bela, sofisticada, uma socialite que parecia ter sido feita sob medida para a alta sociedade. A esposa perfeita para um homem como Nikolai. O tipo de mulher que nunca poderia ser comparada a Aurora.

Mas, por trás das aparências, Aurora sabia a verdade. O casamento deles não era um conto de fadas. Ela via os sinais que os outros ignoravam—os olhares vazios, as conversas curtas e frias, as ausências cada vez mais frequentes. Nikolai e Eleanor eram um casal apenas no papel. E, por mais que isso devesse lhe dar esperança, Aurora sabia que nunca poderia ocupar esse lugar.

Amava Nikolai à distância, em silêncio, aceitando a posição invisível que o destino lhe deu.

Foi então que a porta do elevador se abriu, e Eleanor Zarev entrou na empresa com passos firmes. Ela trajava um vestido caro, ajustado perfeitamente à sua silhueta magra, mas seu rosto estava mais pálido que o normal. Seus olhos, geralmente frios e calculistas, carregavam algo diferente naquela noite.

Aurora desviou o olhar rapidamente para seus papéis, mas seu coração acelerou ao perceber que Eleanor seguia direto para o escritório de Nikolai. Sem sequer olhar para a secretária do andar, abriu a porta sem bater e entrou.

Do lado de fora, Aurora sentiu a tensão no ar.

Mesmo contra sua vontade, seus ouvidos captaram as primeiras palavras trocadas lá dentro.

— Precisamos conversar.

A voz de Eleanor estava firme, mas havia algo quebrado nela.

Aurora arrumou os papéis sobre a mesa, tentando se concentrar no trabalho, mas sua atenção estava completamente voltada para a conversa atrás da porta de vidro.

Do outro lado, Nikolai suspirou pesadamente, inclinando-se contra a cadeira de couro.

— Agora não, Eleanor. Estou ocupado.

Ela soltou uma risada curta e sem humor.

— Você sempre está.

Um silêncio denso caiu sobre o ambiente. O tipo de silêncio que anunciava mudanças irreversíveis.

Aurora não sabia por quê, mas sentiu um arrepio percorrer sua espinha.

Algo estava prestes a acontecer. Algo que mudaria tudo.

E ela não estava errada.

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Capítulo 2 – O Amor Que Nunca Foi Dela

O silêncio dentro do escritório era denso, pesado como chumbo. Aurora Venslov mantinha os olhos fixos na tela do computador, mas não conseguia mais enxergar as palavras que digitava. Seu coração batia forte, descompassado, e suas mãos estavam tão trêmulas que ela teve que pousá-las sobre a mesa para evitar que Nikolai percebesse sua inquietação. Não que ele estivesse prestando atenção nela.

Seu olhar estava preso na mulher à sua frente.

Lá dentro, Nikolai Zarev segurava um envelope branco entre os dedos, a testa franzida, como se tentasse processar a gravidade do que acabara de ouvir. Eleanor Zarev permanecia de pé, ereta como sempre, mas havia algo diferente nela. O brilho cortante que costumava habitar seus olhos havia se apagado. Sua pele, sempre impecável, parecia mais pálida, e os ombros magros denunciavam um cansaço que não era apenas físico.

— O que… o que é isso? — A voz de Nikolai quebrou o silêncio, mas não era a mesma voz firme e autoritária de sempre. Havia algo trêmulo nela. Algo vulnerável.

Eleanor cruzou os braços e soltou um suspiro longo.

— Um diagnóstico.

Aurora sentiu um arrepio gelado percorrer sua espinha.

— Câncer.

Aquela palavra ecoou pelo escritório, sugando o ar do ambiente.

O mundo pareceu desacelerar por um instante. Os sons dos teclados, as ligações, as conversas ao fundo—tudo desapareceu. Aurora sentiu a garganta secar e precisou se forçar a respirar.

Dentro da sala, Nikolai piscou algumas vezes, como se estivesse tentando assimilar o que acabara de ouvir.

— Quanto tempo? — Sua voz saiu baixa, quase um sussurro.

Eleanor soltou uma risada curta, sem emoção.

— Meses. Talvez menos.

Aurora não se mexeu. Sentia o peito subir e descer lentamente, como se qualquer movimento brusco pudesse quebrar aquele momento tenso.

Nikolai passou a mão pelo rosto, parecendo mais cansado do que nunca.

— Por que… por que você não me contou antes?

Eleanor abaixou a cabeça por um instante, seus dedos deslizando levemente pelo próprio braço, como se buscasse um consolo que não viria.

— Porque eu sabia que isso não mudaria nada entre nós.

Nikolai ergueu os olhos para ela, e o silêncio se instalou mais uma vez. Dessa vez, era diferente. Não era apenas um silêncio causado pelo choque ou pela dor. Era um silêncio carregado de verdades não ditas, de anos de palavras engolidas, de mágoas disfarçadas.

Eleanor o encarou de volta, seu olhar cansado, mas intenso.

— Você nunca me amou de verdade, Nikolai.

Aurora sentiu o coração apertar.

Ela não queria ouvir aquilo. Não queria estar ali naquele momento, testemunhando um casamento se desfazer diante de seus olhos.

— Não fale isso… — Nikolai murmurou, mas não havia firmeza em sua voz.

Eleanor sorriu. Não um sorriso feliz. Era um sorriso triste, resignado, como se finalmente estivesse admitindo algo que sempre soube.

— É a verdade — ela continuou, erguendo o queixo. — Talvez você tenha tentado. Mas no fundo… nós dois sabemos que o seu amor por mim nunca foi o suficiente.

Nikolai não respondeu.

Ele apenas abaixou os olhos para o envelope em suas mãos, como se aquele simples pedaço de papel agora pesasse toneladas.

Eleanor respirou fundo antes de continuar.

— E sabe o que é mais irônico? — Sua voz estava mais baixa agora, quase um sussurro. — Outra pessoa te ama. Sempre te amou. E você nunca percebeu.

Aurora sentiu seu sangue gelar.

Seu estômago se revirou, e uma onda de calor subiu por seu corpo, deixando suas mãos frias e suadas.

Não… Ela não pode estar falando de mim…

Mas Eleanor não disse mais nada.

Ela apenas virou-se e caminhou até a porta, abrindo-a com calma. Ao passar pela mesa de Aurora, seu olhar pousou diretamente sobre ela.

E naquele breve instante, Aurora soube.

Eleanor sabia de tudo.

O choque foi imediato. Seu peito ficou apertado, sua respiração falhou. Era como se, de repente, seu maior segredo tivesse sido exposto à luz do dia.

Mas o pior de tudo?

Nikolai ainda não fazia ideia.

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Capítulo 3 – O Segredo Revelado

Aurora sentiu o olhar de Eleanor queimar sobre ela como se fosse capaz de enxergar sua alma, desvendando cada segredo que ela guardava tão bem ao longo dos anos. Seu coração começou a bater com força dentro do peito, e por um instante, tudo ao seu redor pareceu se desfazer.

Os sons do escritório da Zarev Enterprises, os telefones tocando ao fundo, as conversas apressadas dos funcionários, até mesmo o som do relógio marcando os segundos… Tudo se tornou distante.

Havia apenas aquele olhar.

Eleanor não precisou dizer nada. A mensagem estava clara.

Ela sabia.

Aurora sentiu a garganta secar. Sua mente gritava para que desviasse o olhar, mas seu corpo permaneceu imóvel, congelado em meio ao turbilhão de emoções que a dominava. O calor subiu por seu rosto, e suas mãos começaram a suar enquanto ela apertava os papéis sobre sua mesa, como se aquilo fosse suficiente para mantê-la firme na realidade.

Ela queria acreditar que estava imaginando coisas, que Eleanor não sabia de nada, que aquilo não passava de um pensamento irracional causado pelo choque da notícia. Mas no fundo, ela sabia a verdade.

Eleanor não estava apenas suspeitando. Ela tinha certeza.

O ar pareceu pesar dentro dos pulmões de Aurora. Um medo irracional tomou conta dela.

E se Eleanor dissesse algo a Nikolai?

Mas a esposa de Nikolai apenas sustentou aquele olhar por mais alguns segundos, antes de virar as costas e seguir pelo corredor. Seus saltos ecoaram pelo mármore polido até que, com um simples toque no botão do elevador, as portas se abriram e ela desapareceu dentro dele.

Mesmo depois que Eleanor se foi, Aurora continuou sem reação. O escritório ainda fervilhava de atividades ao seu redor, mas tudo parecia abafado, distante. Seus pensamentos estavam um caos, um emaranhado de emoções conflitantes.

Ela sentiu a respiração acelerar.

Seu maior medo, aquilo que ela passara anos escondendo, fora descoberto.

E o que aconteceria agora?

Antes que pudesse processar, um novo som cortou seus devaneios.

A porta do escritório de Nikolai se abriu.

Aurora ergueu o olhar no exato momento em que ele saiu da sala.

O Nikolai Zarev que surgiu diante dela não era o mesmo CEO seguro e implacável de todas as manhãs. Seu rosto estava tenso, a expressão fechada, e seus olhos escuros carregavam algo que Aurora nunca havia visto antes.

Algo entre o choque e a confusão.

Ele ainda segurava o envelope que Eleanor lhe entregara, os dedos apertando o papel como se aquilo fosse um fardo que ele não sabia como carregar.

Por um instante, ele parou, como se hesitasse. Seus olhos encontraram os dela.

Aurora sentiu o ar escapar de seus pulmões.

Aquela troca de olhares durou apenas alguns segundos, mas foi intensa o suficiente para deixá-la sem fôlego.

Ele parecia perdido.

Frustrado.

Com medo.

Então, sem quebrar o contato visual, Nikolai finalmente falou.

— Cancele minha agenda pelo resto do dia.

A voz dele estava rouca, mais baixa do que o normal, como se cada palavra exigisse um esforço maior do que deveria.

Aurora abriu a boca para responder, mas nada saiu. Pela primeira vez em anos de convivência, ela não sabia o que dizer.

Nikolai desviou o olhar, passou a mão pelos cabelos em um gesto frustrado e, sem mais nenhuma palavra, caminhou na direção do elevador.

Aurora permaneceu sentada, observando enquanto ele sumia pelos corredores.

E então, quando as portas do elevador se fecharam, ela sentiu algo apertar dentro do peito.

Ela queria correr até ele.

Queria dizer algo, qualquer coisa, para que ele não se sentisse tão sozinho naquele momento.

Mas ela não era nada para ele.

Apenas uma assistente.

Apenas uma mulher que o amava em silêncio.

E, pela primeira vez, teve medo de que esse silêncio não durasse para sempre.

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