Capítulo 01 – Eleonor
O escuro me envolve novamente. Estou trancada, as portas não abrem, meus gritos se perdem no vazio. Ninguém me ouve. Ninguém vem. A escuridão parece me engolir… Até que um som distante corta o silêncio. Um bip insistente, ecoando cada vez mais alto, me puxando de volta.
Meu despertador.
Abro os olhos lentamente, sentindo meu coração martelando dentro do peito. A respiração ainda está pesada, o medo agarrado ao meu corpo como uma sombra persistente. Mais um pesadelo. Respiro fundo, tentando dissipar o aperto no peito, e encaro o relógio na mesinha ao lado da cama.
5:30 da manhã.
Me forço a sair dos lençóis e coloco os pés no chão frio, estremecendo com o contato gelado. O inverno está implacável. Vou até o banheiro e ligo o chuveiro, deixando a água quente escorrer sobre minha pele, tentando afastar a sensação sufocante da noite mal dormida.
Ao sair, limpo o espelho embaçado com a mão. Meu reflexo aparece aos poucos, e o que vejo me faz suspirar. Olheiras profundas, pele pálida, olhos cansados. Pareço tão desgastada quanto me sinto.
Volto para o quarto e visto minha roupa de sempre: jeans surrado, moletom largo e o mesmo tênis velho que já deveria ter sido aposentado. Enquanto calço os sapatos, dou uma olhada pela janela. A neve cai em flocos suaves, cobrindo a cidade em um manto branco. Lindo… mas nada prático quando se depende de transporte público para atravessar a cidade.
Na cozinha, faço um café rápido, sentindo o aroma quente e amargo preencher o pequeno apartamento. Pego minha marmita da geladeira – comida preparada no fim de semana, já que tempo e dinheiro são luxos que não posso me dar.
Verifico o celular. 1% de bateria. Ótimo. Enfio o carregador na mochila junto com o telefone e, quando olho para o relógio, percebo que enrolei demais.
Droga.
Pego a minha jaqueta às pressas e corro para a porta, sentindo o ar gelado invadir o apartamento quando a abro. Mais um dia começando. Mais um dia de trabalho que parece nunca acabar.
Descendo as escadas às pressas, sinto cada passo ecoar pelos corredores estreitos do prédio. O elevador está em manutenção – como sempre – e eu já estou atrasada.
Droga, Eleonor, você não pode se atrasar de novo.
Mas então, no meio do caminho, vejo a senhora Gusmão lutando para carregar o carrinho de bebê escada acima. Os outros moradores passam por ela sem sequer olhar, apressados demais para notar sua dificuldade.
Fecho os olhos por um segundo, lutando contra a urgência do meu próprio atraso. Você não pode se atrasar, você não pode se atrasar...
Suspiro. Mas também não consigo ignorar.
— Bom dia, senhora Gusmão. Precisa de ajuda? — minha voz sai apressada, mas gentil.
Ela suspira aliviada, o rosto marcado pelo cansaço.
— Ah, Eleonor, obrigada! Esse peso está me matando.
Pego a frente do carrinho e a ajudo a subir os degraus, sentindo os pequenos solavancos do esforço. Quando chegamos ao topo, a pequena Sophia me encara com olhos brilhantes e dá um sorriso banguela.
Meu coração aperta de leve.
Retribuo o sorriso sem nem pensar.
Poucas coisas no mundo me fazem sorrir de verdade. Mas crianças... Eu simplesmente não resisto.
Passo a mão delicadamente no cabelinho macio dela antes de me despedir.
— Obrigada Eleonor, você é um anjo. — ela sorri claramente agradecida.
— Tenha um bom dia, senhora Gusmão.
E então volto a correr, descendo os últimos degraus o mais rápido possível. O atraso me espera, mas, por algum motivo, meu peito está um pouco mais leve.
Corro até o ponto de ônibus, o frio cortante me atingindo com força, mas o vento parece não importar. Só penso em chegar ao trabalho. Quando olho para a rua, meu coração afunda ao ver o ônibus partir. Droga.
Pego o próximo, que me deixa um pouco mais distante. Agora terei que caminhar até o escritório. Olho para o relógio com uma ponta de desespero. 7:30.
Estou 30 minutos atrasada.
E isso significa que já era. Meu chefe, Ethan, não vai gostar nada disso.
Sigo apressada pelas ruas, tentando ao máximo ignorar a ansiedade que cresce dentro de mim. Cada passo que dou parece mais longo, mais pesado, como se as calçadas se estendessem infinitamente.
Chego finalmente ao prédio e, sem perder tempo, entro no elevador.
Logo, ouço passos rápidos atrás de mim.
— Segure a porta! — uma voz feminina grita.
Minha mão pressiona o botão, e a porta se abre novamente. Uma mulher entra. Eu a reconheço. É Sarah,uma amiga do meu chefe. Ela está sempre elegante e bem arrumada, enquanto eu mal tenho tempo de olhar no espelho pela manhã.
Ela me lança um olhar rápido, um sorriso forçado, e eu sou rápida em desviar o olhar, tentando não dar importância. Já tenho o suficiente para me preocupar.
O elevador começa a subir, mas logo o som da campainha de sobrecarga ecoa. O número de pessoas ultrapassa o limite máximo permitido. A tensão é palpável.
— Alguém precisa sair para que o elevador suba.— A voz do porteiro ecoa pelo sistema de som.
O clima no elevador fica pesado. Sarah começa a falar alto, com sua voz estridente.
— Você, senhor, pode esperar o próximo.
Olho para o senhor idoso que está ao lado dela, um pequeno homem com óculos, que claramente está desconfortável com a situação. Ele não diz nada, mas seu corpo tenso é suficiente para demonstrar a irritação.
Não é possível que ela esteja fazendo isso.
E, então, minha boca começa a falar sem pensar.
— Quem deveria sair é você, que entrou por último. Deixe o senhor em paz.
Todos no elevador olham na minha direção, alguns com expressões surpresas, outros com um sorriso de aprovação. Mas Sarah não gosta nada disso. Ela vira para mim, o olhar frio e desafiador.
— Quem você pensa que é? — Ela se aproxima de mim, sua voz mais baixa, mas cheia de veneno. — Se comporte ou isso pode custar o seu emprego.
E, em um movimento brusco, ela empurra o senhorzinho para o lado, sem nenhum respeito. Não consigo conter a raiva.
Não, ela não vai fazer isso.
Eu me viro, pronta para argumentar, mas o senhor está caindo para trás, e tudo que consigo fazer é me lançar na direção dele.
— Está tudo bem, senhor?— Pergunto, minhas mãos tocando seu ombro para garantir que ele se mantenha equilibrado.
Ele parece um pouco tonto, mas acena com a cabeça, forçando um sorriso.
— Sim, sim, obrigada, minha jovem.
Enquanto o elevador começa a subir novamente, Sarah lança um olhar desdenhoso para mim.
Logo as portas do elevador se fecham, e eu fico ali, ao lado do senhor, esperando o próximo, me certificando de que ele ficará bem.
Depois de alguns minutos de espera, o elevador finalmente chega. As portas se abrem, e o senhor, que já parecia mais calmo, sorri para mim.
— Qual é o seu nome, querida? — pergunta ele, com uma voz suave e amigável.
— Meu nome é Eleonor Ribas — respondo, sorrindo levemente, ainda um pouco constrangida pela situação anterior. — E o senhor?
— Romero. Pode me chamar de Romero. — Ele sorri, gentil, como se já fôssemos velhos conhecidos. — Você trabalha aqui?
— Sim, trabalho na empresa. No setor de TI, sou programadora. — Respondo, ajeitando a mochila nas costas enquanto olho para ele.
— Uma jovem, bonita, educada e inteligente. — Ele diz com um tom apreciativo, seu olhar carinhoso, mas sem ser exagerado. Fico um pouco surpresa, mas me sinto lisonjeada.
— Agradeço o elogio, senhor. — Respondo, um pouco tímida, mas tentando manter a compostura.
— Me chame de Romero. Somos amigos agora, certo? — Ele sorri com um olhar genuíno, e eu não posso deixar de sentir uma certa ternura por aquele homem idoso, que, de alguma forma, faz questão de me tratar com gentileza e respeito.
O elevador chega ao meu andar, e as portas começam a se abrir lentamente.
— Preciso ir, Romero. Foi um prazer conhecê-lo. Cuide-se. — Digo apressada, mas ainda sorrindo. Sinto que ele é uma pessoa boa, alguém que, por um momento, fez meu dia um pouco mais leve.
Ele acena com a cabeça, ainda sorrindo.
— O prazer foi meu, querida. Vá em frente, e cuide-se também.
Com uma última olhada e um sorriso tímido, saio do elevador e corro para o meu setor, sentindo o calor da correria pela manhã, mas com uma leveza no peito por ter conhecido alguém tão amável, mesmo que brevemente.
Logo, vejo Camily Sanches, minha melhor amiga, me observando com um sorriso malicioso. Ela é daquele tipo de pessoa que parece saber tudo o que acontece ao seu redor, e nesse momento não é diferente.
— Perdeu o ônibus, Eleanor? — Ela pergunta, levantando uma sobrancelha, com um sorriso travesso.
— Como sabe? — Respondo, tentando parecer indiferente, mas a minha expressão já entrega que a confusão matinal foi bem real.
— Típico. O que foi hoje? Animal abandonado? Morador de rua com fome? — Camily diz, brincando, mas eu vejo que ela está só esperando a história engraçada que, com certeza, viria.
— Se eu te contar, não vai acreditar — digo, com um suspiro. Não é todo dia que um senhor idoso me ensina mais sobre respeito do que algumas pessoas da minha própria idade.
— Vamos deixar para o almoço — ela diz, piscando. — Temos um problema no código. Ele não roda de jeito nenhum. Todos já tentaram, mas não foi.
— Eu vou ver isso agora — respondo, já me levantando e indo em direção à sala do Ethan. Camily me segue com o olhar, já sabendo que vou demorar a voltar.
Quando chego na sala do chefe, Ethan está de costas, de braços cruzados, olhando para o monitor com expressão impassível. Ele vira lentamente a cabeça para mim quando me aproximo.
— Mais um atraso, Eleanor? — Ele diz, com a voz séria, e, por um momento, sinto um peso nos ombros. — Conserte isso e eu não te demito.
Engulo em seco. A pressão está começando a me atingir, mas sei que posso resolver isso. Eu sempre resolvo.
— Claro, senhor. — Eu me agacho na frente do computador e começo a verificar o código que está causando problemas. O sistema de interação entre as fases do jogo não está rodando corretamente, e os comandos estão sendo mal processados pelo servidor. Faltam alguns parâmetros de dados entre as variáveis que determinam o comportamento dos personagens nas transições de fase.
Com um olhar atento e rápida análise, logo percebo o erro. O código não é o que foi deixado por mim. Parece que alguém na equipe modificou sem testar adequadamente, o que gerou o travamento.
— O que estava errado? — Ethan pergunta, interrompendo meu raciocínio. Ele deve ter notado a minha concentração, o que indica que estou perto de descobrir a falha.
— O problema não estava no meu código, senhor. — Eu explico, olhando para ele enquanto digito as correções. — Alguém alterou os parâmetros de transição sem considerar a integração com o banco de dados do servidor. Isso causou um loop desnecessário e, portanto, travou o sistema.
Ethan fica em silêncio por um momento, observando enquanto faço as alterações. Coloco o código no lugar correto e aciono o sistema de novo. O código começa a rodar perfeitamente, sem falhas.
— Agora está funcionando — digo, aliviada, mas com o cuidado de não parecer convencida. Levanto os olhos para ele, esperando sua reação.
Ethan observa o monitor por um momento, parece estar ponderando. Então ele finalmente solta um suspiro, não de frustração, mas de compreensão.
— Não sei por que isso aconteceu, mas eu confiava que você tinha feito seu trabalho certo, Eleanor. Bom trabalho — diz ele, mais tranquilo, virando-se para os outros monitores.
Eu me levanto rapidamente, com a sensação de que, mesmo sem a culpa, tive que provar mais uma vez meu valor. Volto para minha mesa.
— Ele gosta de você — Camily diz, com um sorriso malicioso e os olhos brilhando como se estivesse prestes a revelar um segredo guardado.
— Duvido, ele me odeia. O jeito que ele fala comigo... — Eu respiro fundo, tentando manter minha compostura. Ethan nunca foi exatamente o tipo de chefe fácil de lidar. Suas palavras sempre pareciam duras, suas observações, exigentes demais.
— Mas o jeito que ele te olha diz outra coisa — Camily continua, agora mais provocativa, com aquele sorriso travesso no rosto que me faz revirar os olhos.
Eu dou uma risadinha nervosa, tentando desviar da situação, mas também não posso deixar de me questionar sobre o que ela falou. Será que ele me olha de outra maneira?
— Para com isso, Camily. Ele... não faz meu tipo. — Eu quase dou um suspiro de alívio ao me convencer disso, tentando manter meu foco no trabalho. Eu não tenho tempo para essas coisas agora. Não com tudo o que está em jogo.
— Homens ruivos bonitos não fazem seu tipo? — Camily solta com um tom sarcástico, e eu me viro rapidamente para olhar para ela, incrédula. Eu quase solto uma gargalhada, mas tento me conter.
Ethan Monach
Olho rapidamente para a sala de Ethan e, para minha surpresa, ele está nos observando, seus olhos fixos nas nossas mesas, e algo em seu olhar me faz congelar no lugar. Será que ele ouviu? Ele parecia distante, mas agora, com essa percepção, sinto um nó no estômago.
Eu tento desviar o olhar, mas não consigo deixar de pensar se ele está ouvindo nossa conversa. O que ele pensaria se soubesse o que Camily está insinuando? Ou o que ele pensaria de mim? Eu não sei, mas sinto uma tensão no ar.
— Prefiro alguém que não seja meu chefe e queira comer meu fígado — digo, com uma risada nervosa, tentando afastar o constrangimento. Eu não quero complicar ainda mais a situação com essas suposições.
Camily solta uma gargalhada de propósito e, com a expressão maliciosa de sempre, diz:
— Não sei se seria isso que ele está querendo comer... — Ela faz uma pausa e eu quase congelo no lugar, sem saber como responder.
— Camily Sanches! — Eu dou um leve empurrão nela, rindo com um pouco de vergonha, e as duas rimos juntas, tentando esquecer a tensão da situação.
As horas passam rapidamente logo é hora do almoço
Eu pego minha marmita congelada, a embalagem um pouco amassada de tanto que a carrego, e caminho até a área dos funcionários para esquentar. O ambiente está tranquilo, quase vazio, como de costume nesse horário, e o cheiro de café ainda paira no ar.
— Acabou o chá? — Pergunto, sem esperar muito, mas querendo apenas um pouco de conversa.
— Não temos chá... Quer café? — A atendente responde com um sorriso simpático.
— Ah, não obrigada. — Eu respondo rapidamente, com um sorriso forçado. A última coisa que eu preciso agora é café. O que eu queria mesmo era algo mais quente para acalmar a ansiedade que começa a me consumir.
Enquanto o micro-ondas começa a esquentar a minha comida, sinto uma presença familiar se aproximando. Quando olho, vejo Ethan vindo em minha direção, com o seu semblante sério, mas ao mesmo tempo, um pouco mais suave do que o normal. Isso me desconcerta por um instante.
— Tudo bem? — Ele pergunta, sua voz baixa.
Eu respiro fundo, tentando disfarçar a tensão que sinto em cada músculo do meu corpo.
— Ah... Sim, senhor. — Respondo de forma automática, mais por educação do que por real convicção. Algo na sua presença ainda me deixa desconfortável.
Ele olha para o micro-ondas, aparentemente pensando por um momento, e então diz:
— Vou fazer um pouco de chá..
— Também queria, mas... Não temos chá. — Eu digo, forçando um sorriso. Sinto que ele está tentando ser gentil, mas não sei o que fazer com isso.
O micro-ondas apita e eu pego minha comida, aliviada por finalmente poder me afastar um pouco daquela tensão.
— Licença, senhor... — Digo rapidamente, me afastando para sentar em uma mesa no canto. Tento não pensar muito na situação pego a minha comida nas mãos, coloco meus fones de ouvido e olho pela janela. Lá fora, o céu está cinza, mas a visão da cidade me faz sentir um pouco de calma, uma sensação que eu quase esqueci de como era.
Fecho os olhos por um momento, e a música começa a tocar suavemente nos meus fones. A melodia é familiar, quase como um abraço que me envolve. Uma canção que sempre me acalmava desde que me entendo por gente. Eu me deixo levar pelas notas e, por alguns instantes, o barulho do mundo lá fora desaparece, ficando apenas eu e a música, me trazendo de volta para uma sensação de paz que eu raramente encontro.
Sarah Homer
Ao voltar para a mesa sinto uma tensão crescente. Como sempre, o ritmo de trabalho continua, mas algo parece estar no ar. Camily, que está sentada ao meu lado, me observa com um olhar que mistura curiosidade e um certo sorriso travesso.
— Ele vai se divertir um pouco... — Ela diz baixinho, o que me faz virar os olhos.
Eu não sei bem o que ela quer dizer, mas a sensação no ar não é das melhores. O escritório de Ethan tem aquele vidro fosco que permite ver apenas as sombras das pessoas lá dentro, sem detalhes. Mesmo assim, a presença de Sara é um tanto… suspeita.
— Ele não faria isso aqui, né? — Pergunto, sentindo um desconforto crescente. Não quero nem imaginar o que poderia acontecer entre eles, mas não consigo evitar. logo no local de trabalho me dá um nó na garganta
Camily solta um suspiro, dando de ombros.
— Doce Elle, ele sempre faz... Com praticamente todas as funcionárias. — Ela ri com um tom que parece saber demais, como se já tivesse visto isso antes.
Isso me deixa desconfortável. Não é o tipo de situação que eu queria imaginar. Só de pensar nisso já sinto nojo.
— Que horror... — Respondo, a minha voz um tanto baixa e distante. O que está acontecendo ali é algo que eu não consigo controlar, e esse pensamento é um pouco demais para mim.
— Já almoçou? — Camily muda de assunto, tentando aliviar o ambiente, mas eu ainda fico perdida em meus próprios pensamentos.
— Sim... — Respondo distraída, mas meu olhar se perde um pouco. Como Ethan pode ser tão difícil de entender? Talvez eu esteja apenas sendo paranoica
Camily, percebendo que eu não estou totalmente ali, dá um sorriso maroto e oferece algo que normalmente me faz sorrir.
— Tenho balas azedas, vamos dividir? — Ela segura o pacote na frente de mim, e não resisto.
— Claro! — Respondo, com um sorriso leve, finalmente tirando a mente dos assuntos complicados. Balas azedas são uma dessas pequenas alegrias da vida que conseguem me tirar do estado de espírito ruim.
Depois de alguns minutos, enquanto mastigávamos e ríamos das piadas bobas, Ethan aparece na nossa área de funcionários. Seu olhar está sério, e sua postura é tensa. Ele claramente tem algo importante a dizer, e todos na sala sabem que, quando ele se apresenta assim, não é para algo trivial.
— Preciso informar a todos... — Ele começa, pausando antes de olhar para nós. A voz dele soa pesada, como se tivesse um peso sobre os ombros. — Sara foi nomeada para ser a responsável pelo nosso setor daqui para frente.
A notícia me pega de surpresa. Eu sabia que havia algo estranho no ar, mas não esperava isso.
— Ela vai ser nossa chefe? — Pergunto, incapaz de esconder a confusão.
Ethan faz uma pausa e olha diretamente para mim, seu olhar firme, mas distante. Ele não parece querer discutir a decisão, mas eu não consigo entender.
— Não, não exatamente. Eu ainda estou coordenando o trabalho, mas Sara foi nomeada para ser uma das responsáveis pelos processos. Ela vai ajudar no que for preciso. — Ele explica, sem demonstrar muito entusiasmo, como se estivesse apenas transmitindo a informação.
Eu respiro fundo, mas a frustração começa a crescer.
— A decisão foi tomada pela diretoria. Vamos precisar trabalhar com isso. — Ele diz, com um tom que não deixa espaço para questionamentos.
Eu fico quieta, processando a informação. Como isso vai afetar nosso trabalho? Não posso evitar a sensação de que estamos sendo jogados em uma situação que vai nos prejudicar.
Camily, percebendo meu desconforto, solta uma risada nervosa.
— Parece que teremos uma nova chefe... mesmo sem saber nada do que fazemos. — Ela diz, com um toque de ironia.
Eu a olho e, por um segundo, nossos olhares se encontram. Sabemos que, por mais que tentemos, não podemos mudar o que aconteceu. Só nos resta esperar e ver como tudo vai se desenrolar.
Ethan se afasta, mas eu ainda fico ali, refletindo sobre o que isso significa para o nosso setor e para o trabalho que fazemos. Algo me diz que teremos que nos adaptar a mais mudanças, odeio mudanças.
Para mais, baixe o APP de MangaToon!