O amor deles nunca foi calmo. Nunca foi aquele tipo de sentimento que chega de mansinho, aquece o peito e traz paz. Não—o que existia entre eles era um incêndio. Um fogo que começou como faísca no meio das brigas, no olhar desafiador trocado no calor das discussões, e que, sem aviso, se espalhou, consumindo tudo no caminho.
Eles não souberam dizer quando começou. Talvez tenha sido nas palavras cortantes que usavam sempre um contra o outro, cada provocação uma desculpa para continuar próximos. Ou talvez tenha sido nos silêncios, nos momentos em que nenhum dos dois precisava dizer nada, porque o olhar já falava por si só.
E era sempre assim. O desejo e a raiva caminhando lado a lado, o orgulho lutando contra a necessidade de se tocarem. Mas a verdade é que, por mais que tentassem se afastar, eram feitos para se encontrar de novo. Como duas forças opostas que, no fim, pertenciam uma à outra.
O amor deles era intenso, sufocante, quase cruel. Era o tipo de amor que machucava antes de curar, que testava limites antes de oferecer consolo. Mas, ao mesmo tempo, era o tipo de amor que não deixava dúvidas. Não importava quantas vezes se afastassem, quantas discussões tivessem ou quantas noites passassem fingindo que não precisavam um do outro—porque, no final, os braços dele ainda eram o único lugar onde ele queria estar.
E aqueles malditos olhos castanhos, que um dia foram sua maior irritação, agora eram a coisa mais bonita que ele já viu.
