NovelToon NovelToon

O Principe Das Cinzas

O Mundo das Quatro Estações

O mundo não era guiado apenas pelo tempo, mas pelas forças primordiais que regiam a existência: Fogo, Água, Terra e Ar. Cada um dominava uma região específica, moldando não só o ambiente, mas a cultura, a política e a própria essência daqueles que ali nasciam. Os nobres, descendentes puros dos antigos regentes elementais, controlavam esses poderes com majestade e rigidez, enquanto os menos afortunados eram forçados a servir ou a lutar pelo direito de existir.

Os Quatro Reinos

Ignisfera – O Reino do Fogo

Terras ardentes, repletas de vulcões ativos, desertos abrasadores e ilhas escaldantes. O calor era implacável, e apenas os mais resistentes sobreviviam. Os nobres de Ignisfera eram guerreiros natos, treinados desde a infância para comandar exércitos e conquistar territórios. Sua pele era morena ou negra, cabelos flamejantes em tons de loiro ou ruivo, e olhos dourados brilhavam como brasas. Para eles, bravura e dominância eram as únicas moedas de valor. O Imperador do Fogo era temido por sua força e pela implacável tradição de guerra que mantinha seu reino no topo da hierarquia militar.

Oceanis – O Reino da Água

Majestosas cidades flutuavam sobre a imensidão azul, enquanto palácios submersos se estendiam sob as ondas. Oceanis era um reino de riqueza inigualável, onde os nobres eram conhecidos por sua etiqueta impecável e pela luxuosa opulência que os cercava. Seus corpos eram esculpidos como estátuas de mármore, brancos como a espuma do mar, e seus cabelos variavam entre os tons azulados e verdes, refletindo a vastidão dos oceanos. Os olhos de degradê oceânico escondiam segredos profundos, pois em Oceanis, nada era o que parecia – política e intriga se entrelaçavam como as marés.

Sylvanis – O Reino da Terra

Montanhas imponentes, vastas florestas e vales férteis marcavam a paisagem de Sylvanis. Era o reino da paciência e da sabedoria, onde a terra sussurrava segredos antigos para aqueles que sabiam ouvi-la. Os nobres tinham pele morena clara ou branca, e seus cabelos, geralmente verdes ou castanhos, simbolizavam sua conexão com a natureza. Diferente dos outros reinos, Sylvanis valorizava o conhecimento acima da força, e seus governantes eram respeitados não pelo poder de suas armas, mas pela profundidade de sua visão e pelo equilíbrio que mantinham entre os reinos.

Aetheris – O Reino do Ar

Suspenso entre as nuvens, Aetheris era um espetáculo de grandiosidade e mistério. Os nobres, que habitavam plataformas mágicas acima das montanhas, eram conhecidos por sua agilidade e inteligência tática. Seus cabelos, sempre em tons extremamente claros – brancos ou com nuances pastéis – tremulavam ao vento como se fossem parte dele. Os plebeus viviam nas montanhas abaixo, jamais tendo permissão para tocar as terras sagradas do céu. Em Aetheris, a mente era a maior arma, e cada decisão tomada pelos governantes era calculada com precisão cirúrgica.

As Leis Naturais e Políticas

O poder estava nas mãos dos nobres puros, aqueles cuja linhagem remontava aos primeiros regentes elementais. Nenhum plebeu poderia controlar os elementos, e aqueles que tentassem eram rapidamente eliminados ou forçados a servir no exército real de seu respectivo reino.

Os nobres de menor escalão, considerados sem importância política, eram obrigatoriamente alistados para a guerra, servindo como escudos vivos para os grandes generais e reis. Apenas os mais fortes e astutos podiam subir na hierarquia, mas nunca atingiriam o mesmo status daqueles de sangue puro.

No centro do mundo, existiam ilhas esquecidas, habitadas por tribos miseráveis que não pertenciam a nenhum dos grandes reinos. Nem quentes nem frias, nem ricas nem poderosas, essas terras eram o refúgio dos rejeitados, dos caídos, dos destituídos de poder. Sem acesso à magia e constantemente exploradas, essas tribos viviam na miséria, sonhando com um dia em que a ordem fosse quebrada.

O mundo era governado por uma regra simples: poder era destino. E aqueles que nasciam sem ele estavam condenados a viver à sombra dos deuses terrenos que caminhavam entre eles.

Mas o destino, como as estações, sempre mudava.

O Coração de Ignisfera

O Reino do Fogo era um espetáculo de força e fervor. O solo, rachado pelo calor constante, exalava um vapor que distorcia o ar como uma miragem. Cidades fortificadas se erguiam em meio às montanhas vulcânicas, suas muralhas de pedra negra marcadas pelo tempo e pelas batalhas. O céu tingido de laranja e vermelho se tornava um reflexo da própria terra, e o sol parecia sempre brilhar com uma intensidade avassaladora.

As vilas eram simples, compostas por casas de barro e tijolos escurecidos pela fuligem, com chaminés cuspindo fumaça constantemente. Os cidadãos, de pele morena e corpos fortes, trabalhavam incansavelmente nas forjas e nas minas, pois Ignisfera era o maior produtor de armamentos e metais preciosos entre os quatro reinos. O barulho de martelos contra ferro nunca cessava, e as ruas estreitas eram tomadas pelo cheiro de carvão queimado e temperos exóticos.

Entretanto, no centro absoluto do reino, como uma joia sobre a coroa de Ignisfera, encontrava-se o Grande Império do Fogo.

O Palácio Escarlate

A capital do reino era dominada pelo Palácio Escarlate, um castelo colossal esculpido diretamente na pedra vulcânica, suas torres flamejantes reluzindo ao sol. Erguia-se sobre uma cratera adormecida, onde um rio de lava subterrâneo serpenteava em câmaras ocultas, alimentando a magia do fogo que protegia a dinastia reinante.

Os corredores do palácio eram decorados com tapeçarias de guerra, retratando as conquistas do império ao longo dos séculos. Colunas negras sustentavam tetos altos, adornados com ouro e rubis que refletiam a luz das tochas encantadas. Os soldados, cobertos com armaduras escarlates e douradas, guardavam as entradas com lanças de obsidiana, atentos a qualquer ameaça.

Nas salas mais profundas do palácio, o Imperador Caelum e a Imperatriz Helia presidiam uma reunião política. Cercados pelos nobres mais influentes de Ignisfera, eles discutiam a expansão territorial, tratados de guerra e a eterna rivalidade com os outros reinos.

O Imperador Caelum era um alfa imponente, sua presença dominava a sala sem esforço. Pele negra reluzente como bronze polido, cabelos loiros selvagens presos em uma trança e olhos dourados afiados como lâminas. Ele governava com pulso firme, sendo tanto temido quanto respeitado.

Ao seu lado, a Imperatriz Helia, também alfa, irradiava uma aura de fogo indomável. Seus cabelos ruivos caíam como chamas sobre os ombros, e seus olhos dourados analisavam cada palavra dita na reunião. Ela era uma estrategista nata, e sua liderança ao lado do imperador fazia de Ignisfera um reino quase impenetrável.

Mas, enquanto os governantes moldavam o futuro do império, um jovem príncipe caminhava pelo Jardim Imperial, perdido em pensamentos.

O Príncipe Esquecido

Lucian, o príncipe ômega de Ignisfera, não se parecia com ninguém de sua terra.

Seus cabelos, embora dourados, eram de um tom pastel delicado, quase como se o fogo em seu sangue tivesse se acalmado antes mesmo de nascer. Seus olhos dourados eram tão intensos quanto os de qualquer nobre do fogo, mas sua pele… branca como porcelana, alva como as espumas do mar de Oceanis.

Não havia explicação. A Imperatriz jamais havia traído o imperador, e ainda assim, Lucian nascera assim – frágil, diferente, estranho aos olhos de seu próprio povo.

Os nobres o viam com desconfiança, os soldados sussurravam que ele não era um verdadeiro filho de Ignisfera, e até mesmo os servos do palácio o olhavam com cautela.

Ele não pertencia ali.

E, mesmo assim, era o príncipe legítimo da Chama Suprema.

Sentado sob uma árvore flamejante, cuja folhagem avermelhada balançava suavemente ao vento quente, Lucian observava os pássaros de fogo voando pelo jardim. Ele suspirou, sabendo que seu destino estava traçado antes mesmo de nascer.

Ele nunca seria visto como digno.

E, em breve, esse destino cruel viria cobrar seu preço.

O Príncipe Mimado de Ignisfera

O sol já havia se posto, deixando o céu em tons profundos de vermelho e roxo. O calor do dia persistia nas paredes do Palácio Escarlate, e as tochas encantadas iluminavam os corredores com um brilho alaranjado. Lucian caminhava com passos hesitantes, guiado por um dos guardas reais até o salão privado de seus pais.

Era raro ser chamado para uma reunião particular com o imperador e a imperatriz, então algo estava para acontecer.

O jovem ômega de cabelos dourados pastéis e pele de porcelana abriu a porta devagar, sentindo o olhar penetrante de seu pai antes mesmo de entrar.

O Imperador Caelum estava sentado em seu trono de obsidiana, um homem gigantesco, imponente e intimidador. Seus olhos dourados brilhavam como fogo líquido, e sua postura rígida exalava autoridade absoluta. Qualquer um que o visse pensaria que ele desprezava Lucian, que o ignorava por ser diferente, talvez até suspeitasse que odiava a própria esposa por dar à luz um filho tão... incomum.

Mas a verdade?

O homem mais temido de Ignisfera era um PAI BABÃO.

Assim que Lucian entrou, Caelum praticamente brilhou de felicidade. Seus olhos severos se suavizaram, e um sorriso ameaçou surgir em seus lábios. Mas ele não podia demonstrar isso na frente da esposa, certo? Então pigarreou, cruzando os braços e mantendo sua expressão séria... até que Lucian chegou mais perto.

— Meu menino. — A voz do imperador, grave e poderosa, tremeu um pouco de emoção.

Lucian, acostumado com a encenação do pai, apenas suspirou e cruzou os braços.

— Pai, pode parar de fingir que é assustador. Eu sei que você me ama.

A Imperatriz Helia, ao lado do marido, revirou os olhos com um suspiro longo e cansado.

— Lucian, não incentive essa palhaçada. — Ela disse, com um tom de reprovação.

— Do que você está falando, minha rainha? Eu sou um homem sério, um imperador respeitável. — Caelum retrucou, colocando a mão no peito, fingindo estar ofendido. Mas então, antes que Helia respondesse, ele puxou Lucian para um abraço esmagador.

— Papai, eu não consigo respirar!

— Ninguém pode tocar no meu bebezinho! Quem disser o contrário, eu corto a cabeça!

— Caelum! — Helia deu um tapa na cabeça do marido, que finalmente soltou o filho, mas não sem antes bagunçar seus cabelos pastéis.

Lucian suspirou e tentou arrumar o cabelo, sabendo que não adiantava discutir. Seu pai sempre fora assim quando estavam sozinhos. Para os outros, era um líder severo, uma lenda viva nas batalhas, um homem que impunha respeito pelo simples fato de existir. Mas, quando se tratava de Lucian, ele era um completo idiota coruja que não ligava nem um pouco para a etiqueta imperial.

— Então... Por que me chamaram aqui? — Lucian perguntou, voltando a ficar sério.

Helia pigarreou, voltando ao tom de mãe educadora.

— Seu aniversário é amanhã, e há decisões que precisam ser tomadas. Você já tem 15 anos, Lucian. Como príncipe de Ignisfera, você deve aprender sobre liderança, responsabilidade e—

— Ele não precisa de nada disso, ele é meu bebezinho! — Caelum interrompeu dramaticamente.

Helia, já acostumada com a infantilidade do marido, ignorou a interrupção e continuou:

— Haverá um banquete em sua homenagem, e nobres de todo o reino estarão presentes. Além disso, já é hora de começarmos a discutir sua futura posição no império.

Lucian piscou algumas vezes, processando aquela última parte.

— Minha... futura posição?

Caelum se ajeitou no trono, ficando repentinamente sério.

— Sim, meu filho. Você é um príncipe. Mas mais importante que isso... você é um ômega.

O silêncio preencheu a sala.

Lucian sentiu o peso das palavras do pai. Ele sabia o que isso significava. Um ômega na realeza nunca era apenas um príncipe – era um futuro casamento político, uma peça no tabuleiro de alianças entre reinos.

Ele engoliu em seco.

— Vocês já escolheram alguém para eu casar? — Sua voz saiu mais baixa do que gostaria.

Caelum e Helia trocaram olhares.

— Ainda não. — Helia respondeu, firme. — Mas é algo que será inevitável.

Lucian sentiu seu estômago revirar.

Mas antes que pudesse entrar em pânico, Caelum soltou um suspiro exagerado e pegou o filho no colo como se ele ainda tivesse cinco anos.

— MAS NÃO PRECISAMOS FALAR DISSO AGORA! — O imperador riu alto. — Amanhã é o dia do meu bebezinho, e ninguém vai estragar isso!

Lucian gritou de indignação enquanto tentava se desvencilhar do aperto sufocante do pai.

Helia massageou as têmporas, já sentindo uma dor de cabeça se formar.

— Caelum, solte o menino.

— NÃO! ELE É MEU!

— Você é o imperador de Ignisfera, pare de agir como uma criança!

— E ELE É MEU BEBÊ ÔMEGA, NÃO LIGA PRA VOCÊ, SÓ PRA MIM!

Lucian já tinha desistido de lutar.

— Eu não sou mais um bebê... — Murmurou, derrotado.

Caelum apenas riu e bagunçou o cabelo do filho de novo.

— Vai dormir, amanhã será um grande dia.

Lucian suspirou e se afastou, já aceitando o destino de ser mimado até o último segundo de sua existência.

O que ele não sabia, porém, era que seu aniversário traria algo muito mais do que apenas um banquete... E mudaria seu destino para sempre.

Para mais, baixe o APP de MangaToon!

novel PDF download
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!