花束 — Hanataba
1 - Buquê de flores
O Dia dos Namorados era um dia tão aguardado pelos casais. Passar o dia com os seus amados, ganhar e receber presentes... Mas para Yen Jie era um inferno. Por que? Ele trabalhava em uma floricultura. Então os dias antes do Dia dos Namorados eram um inferno. Clientes entrando e saindo, namorados indecisos e pedindo opinião para escolher o buquê de flores para suas namoradas, e na maior parte das vezes pegando as flores com significados ruins. Era uma porcaria.
E ele sempre tirava a sorte grande de trabalhar nesses dias! Mesmo quando era o aniversário de morte dos pais dele, e ele teria que ir visitar o túmulo deles, já que mais ninguém fazia isso. A chefe não sabia disso, Jie não se importou em falar. Ele não queria receber pena de ninguém.
Enquanto ele reclamava na sua cabeça sobre está trabalhando nesses dias infernais, o sino na porta da loja soa, indicando um cliente chegando.
Cliente
Bom dia, eu gostaria de comprar um buquê de flores.
Yen Jie
(Ah, não me diga. Achei que tinha vindo comprar chocolate.)
Yen Jie
Alguma preferência de flores, senhor?
Cliente
Você pode me recomendar algumas para eu presentear a minha namorada?
Yen Jie
(Que tal você escolher alguma que ela goste e não uma recomendação de um simples caixa de floricultura?)
Yen Jie
As que mais estão saindo são rosas, lírios e tulipas, senhor.
Cliente
Ah, qual você acha que ela vai gostar mais?
Yen Jie
(Esse povo só pode pensar que eu sou adivinha. Não é possível, toda vez essa mesma coisa. Se você não sabe o que a sua namorada gostaria de ganhar, imagina eu que nunca nem vi ela!)
Yen Jie
Senhor, eu recomendo levar uma rosa, é a mais comum de se dá no Dia dos Namorados, e muitas pessoas gostam delas. Talvez seja do agrado de sua namorada.
Cliente
Então eu vou levar um buquê de rosas.
Yen Jie
(Nem pensou muito. Pura preguiça. Certeza que a namorada deu dicas ao decorrer do mês e ele é burro e não entendeu. Tomara que ela odeie rosas termine com ele pra ele aprender.)
Yen Jie
Certo, senhor. Irei preparar o buquê para você levar.
Jie preparou o buquê com as rosas vermelhas, e voltou ao balcão para receber o pagamento.
Yen Jie
Pronto, senhor. O preço é R$57,90.
Cliente
Nossa, mas tão caro? Não tem como fazer um desconto?
Yen Jie
(Esse cara é o combo de namorado burro e pão duro. Não sei se você viu seu acéfalo, mas na frente da floricultura tem um cartaz enorme dizendo que os buqueres estão em promoção, e que não damos descontos.)
Yen Jie
O preço dos buqueres são esses mesmo. E não, não tem desconto, senhor.
Após algum tempo o cliente foi embora após ter pagado pelo buquê, e Jie guardou o dinheiro e ficou esperando outros clientes chegarem. Hoje a floricultura estava movimentada, e até no horário de almoço dele tinha clientes chegando, e reclamando que ele tava almoçando.
Yen Jie
(Tá me achando com cara de robô pra ter que trabalhar desde as sete da manhã e não pôde nem almoçar? Oh coisinha chata da porra.)
???
Como que tá o movimento hoje, Jie? Nenhum cliente veio te atormentar né?
Yen Jie
Bom dia, chefe. Hoje tá movimentado até demais.
Morgan
Pode me chamar de Morgan, garoto. A gente se conhece faz tanto tempo e você fica com essas coisas de me chamar de chefe.
Yen Jie
(Não é muito bem visto eu chamar a dona de uma das mais conhecidas floriculturas da cidade. Certeza que ia começar fofoca.)
Yen Jie
Eu prefiro lhe chamar de chefe.
Morgan
Você é tão certinho. Mas, de boa. Se é o que você acha melhor.
Morgan
Como que teu primo tá? Faz um tempo que eu não vejo ele.
Morgan
Fugiu da casa do teu tio de novo?
Yen Jie
Ele chegou no meu apartamento reclamando que o pai dele não apoiava ele e nem a banda dele, xingava ele e as mesmas coisas de sempre.
Yen Jie
Então ele tá ficando escondido por lá até o tio se acalmar.
Morgan
Eu tava até achando estranho que ele ainda não tinha fugido de casa. Parece que ele deixou pra fugir perto dos dias dos namorados.
Morgan
Mas esse teu tio é mesmo um desgraçado não é? O coitado do menino sempre teve o sonho de ter a banda dele, e quando finalmente tá dando certo aquele velho reclama.
Yen Jie
Não tem muito o que fazer. Meu tio sempre foi assim, cobrava muito do meu primo, então eu só posso dizer que é o jeito dele.
Yen Jie nunca falava mau de seu tio, talvez por pensa que estaria sendo ingrato se o criticasse, afinal, Jie só não ficou num orfanato porque o tio se ofereceu para ficar com a guarda dele.
Após algumas horas, Yen Jie começa a se preparar para voltar ao apartamento dele. Foi um dia longo, e amanhã seria novamente. Só de pensar em levantar cedo no dia seguinte dava uma dor de cabeça.
Após se despedir de Morgan, ele seguiu o caminho dele, e ao chegar no apartamento é recebido por seu primo.
Yen Wei
Eu fiz o jantar pra você.
Yen Jie
(... Senhor tomara que ele não tenha queimado nada na minha cozinha.)
Yen Jie
Obrigada, Wei. Não precisava.
Yen Wei
Claro que precisava, Jie! Se eu vou ficar te incomodando na sua casa, eu tenho que pelo menos ajudar nas tarefas.
Yen Jie
(Ao menos ele é alguém com senso.)
Yen Wei
Jie, alguém deixou um buquê de flores pra você.
Yen Wei
Você está namorando e nem me contou? Me senti ofendido agora.
Yen Jie
Eu não tô namorando.
Yen Jie
(Quem deixaria um buquê aqui? A Megan pra tirar brincadeira com minha cara?)
Yen Wei
Então é de um admirador secreto! Tava na hora de alguém mostrar interesse por você. Você é jovem e bonitão, então é óbvio que alguém iria querer uma chance com você.
Yen Jie
Não fala besteira, Wei.
Yen Jie
Eu sou mais encalhado que baleia na beira da praia, não tem como ninguém mostrar interesse por mim.
Yen Jie
Deve ser alguém tirando com a minha cara ou engano.
Yen Wei
Mas tava com teu nome no cartãozinho, então não foi engano não.
Yen Jie
(Certeza que é a Megan tirando com minha cara. Se não foi engano, só pode ser isso.)
Yen Jie
Onde que esse buquê tá?
Yen Wei
Eu deixei lá na sua cama pra você ver quando chegar.
Após seu primo terminar de falar, Yen Jie foi para o quarto dele, e ao entrar, viu o buquê sobre a cama dele, as flores sendo Hortênsias. Ele se aproximou da cama e o pegou o buquê, usando a mão livre para pegar o cartãozinho que veio junto com o mesmo.
Na parte exterior do cartão estava escrito 'Yen Jie', confirmando que realmente o buquê de flores era para ele. Quando o homem abriu o pequeno cartão, para ver se tinha alguma possível mensagem que levasse a quem mandou esse buquê, vê que realmente tinha algo escrito.
"Tome cuidado com aqueles próximos de você."
2 - Foto antiga
Parênteses – Pensamentos
Travessão no começo da frase – Mensagem
Colchete – Autora
Aquilo deixava claro que Megan não foi quem fez isso. A letra era diferente, ele conseguia reconhecer a letra da mulher com quem ele trabalhou pelos últimos dois anos sem dificuldade.
Foi outra pessoa que fez isso.
Yen Jie
(Droga, quem quer que tenha sido, sabe onde eu moro.)
Yen Jie
(Eu não posso deixar Wei ver isso, ele vai ficar preocupado, e sinceramente ele já tá passando por bastante coisa.)
Yen Jie
(Então eu vou ter que fingir que é de algum admirador secreto ou que eu realmente tô namorando em segredo?)
Yen Jie
(Mas que sorte a minha.)
Jie escondeu o cartão no bolso da calça dele, pensando qual seria a melhor opção para explicar esse buquê de flores.
Se ele falasse que era de um admirador secreto, e Wei falasse isso para algum amigo dele, eles poderiam dizer algo como 'Mas não é estranho esse admirador secreto saber onde o Yen Jie mora?'. Por que realmente era estranho!
A melhor opção era dizer que ele estava namorando em segredo, e preferivelmente alguém de outra cidade que ele conheceu pela internet. Assim, não seria esquisito a pessoa que mandou os buqueres saber onde ele morava.
Yen Jie
(Primeiro eu vou manter essa mentira, e então conversar com a Morgan sobre isso.)
Yen Jie
(Talvez ela possa ajudar a descobrir quem fez isso.)
Yen Jie
(Eu consigo. Eu já menti muito na minha vida. É só manter a expressão de sempre e dizer o que eu planejei.)
Yen Jie
("Quem me mandou o buquê de flores foi um cara que eu conheci na internet, de outra cidade. Eu não te falei sobre antes porque estava muito ocupado com o trabalho, e neguei que o buquê foi enviado por um namorado porque nosso relacionamento ainda não é sério.")
Yen Jie
(Tá bom. Parece convincente o bastante.)
Jie respira fundo, e vai em direção a cozinha, onde seu primo estava comendo arroz e macarrão apimentado. Parecia está bom, e se não fosse a montanha russa de pensamentos na mente de Yen Jie ele provavelmente sentiria fome.
[Infelizmente não encontrei uma imagem ilustrativa.]
Wei ao perceber que o primo entrou na cozinha, se vira um pouco na cadeira enquanto ainda come, se sujando um pouco com o nojo do macarrão no processo. Ele dá um sorriso travesso enquanto os olhos brilham com curiosidades.
Yen Wei
Entãoo, meu priminho tem um admirador secreto?
Yen Jie
(É incrível como ele ainda faz a mesma cara desde criança.)
Yen Jie
Na realidade eu realmente tava 'namorando'...
Yen Jie
Mas não te contei pq tava muito ocupado e meu relacionamento não é exatamente um namoro, é mais só conversinha, entendeu?
Yen Wei
Ahh, faz sentido. Eu nunca consegui imaginar você namorando, então faz sentido.
Yen Wei
Você sempre ignorava qualquer pessoa que tentava falar com você na época da escola
Yen Jie
(Obrigada meu senhor, ainda bem que ele acreditou. As vezes eu agradeço dele sempre acreditar em tudo que sai da minha boca)
Yen Wei
Mas e aí, qual é o nome do conversante?
Yen Jie
(Porra eu não pensei em um nome! Me lasquei)
Yen Jie
(Bora pensa em um nome estrangeiro... Estrangeiro pra enfatizar a distância.)
Yen Jie
O nome dele é Natsu.
Yen Wei
Mora no Japão ou é que nem a gente que tá morando nos Estados Unidos?
Yen Jie
Ele mora no Japão, por isso que o relacionamento ainda tá só em conversa. A distância dificulta o relacionamento avançar.
Yen Jie
Mas, deixando esse assunto de lado, o que tu fez pro jantar?
Yen Wei
Arroz e macarrão apimentado. Não deu pra fazer nada diferente com o que tinha na geladeira
Yen Jie
Ah, eu esqueci de fazer as compras do mês. Tava sobrevivendo esses primeiros dias de fevereiro com o que sobrou de Janeiro.
Yen Jie
Amanhã eu faço quando chegar do trabalho.
Depois deles comerem e conversarem, Jie tomou um banho para esfriar a cabeça. Após terminar de se higienizar ele colocou um pijama e foi se deitar e tentar dormir.
[O pijama é mais ou menos assim]
Yen Jie
(Cara, minha vida tá realmente uma bagunça.)
Yen Jie
(Eu tenho que falar com a Morgan. O mais rápido possível.)
Yen Jie
(Talvez ela consiga alguma coisa, afinal ela é envolvida com essas coisas de investigação.)
Jie pegou o celular dele, que estava em cima da mesinha carregando, para mandar mensagem para Morgan. Quando ele abre o aplicativo de mensagens, ele percebe que recebeu uma mensagem de um número desconhecido.
Yen Jie
(O Wei passou meu número pra algum membro da banda dele?)
Yen Jie
(Não... Ele teria me avisado.)
Deixando as dúvidas de lado, ele clicou sobre a mensagem para a ler.
*** ****- ****
— Tome cuidado com ao sair de casa
Yen Jie
(Hã? Mas que droga?)
Yen Jie
(Qual a droga do sentido dessa porcaria? É óbvio que ele toma cuidado ao sair de casa.)
Yen Jie
(Eu tô nos Estados Unidos, um serial killer pode ser meu vizinho e pode me matar a qualquer momento. Óbvio que eu tomo cuidado.)
Se passaram dois, três, cinco minutos. Sem resposta.
Yen Jie
(Que porra foi essa? Manda uma bomba dessa e some?)
Yen Jie
(É incrível como eu tenho sorte)
Yen Jie
(Bom, esquece esse perturbado. Eu preciso falar com a Morgan.)
Yen Jie
— Morgan, eu tenho que falar de algo urgente contigo
Morgan
— Vish, se é tu que tá falando deve ser um negócio doido
Morgan
— Só acontece loucura na tua vida
Yen Jie
— Cara, sem brincadeira, eu tô achando que eu tenho um stalker
Yen Jie
— Eu cheguei do trabalho e o Wei disse que tinham mandado um buquê de flores pra mim
Morgan
— Pode ter sido algum vizinho né não? Tem uns cara bonitão morando nos apartamentos ao lado
Yen Jie
— Se fosse eu ia reconhecer a letra. Eu já conversei com todos os vizinhos daqui e já ajudei eles a assinar o contrato de aluguel do apartamento
Morgan
— Como que era essa letra? Tem como me mandar uma foto?
Yen Jie
— Perai, que ainda não acabou não
Yen Jie
— Eu peguei o celular pra mandar mensagem pra tu, e adivinha o que aconteceu?
Morgan
— Quero nem tentar adivinhar
Yen Jie
— Um número desconhecido me mandou mensagem
Yen Jie
— Mandando eu tomar cuidado ao sair de casa
Morgan
— Misericórdia, é bem ameaça né não
Morgan
— Quer que eu te busque pro trabalho amanhã? Vai que tentam te matar ou te espancar
Yen Jie
— Não precisa. Eu acho que não seja uma ameaça.
Yen Jie
— Pode ter alguma conexão com o que estava escrito no cartão.
Yen Jie
— "Tome cuidado com aqueles próximos de você"
Morgan
— Se realmente tiver alguma conexão, pode ser que alguém próximo de você tá planejando algo.
Morgan
— Mas, nem faz sentido. Tu não é alguém de fazer inimigos, e tu é o cara mais limpo que eu já vi.
Yen Jie
— Então tu já deu investigada em mim?
Morgan
— Óbvio. Eu te contratei por você ser limpo, assim a loja ia ter uma boa reputação.
Morgan
— Me manda esse número e a foto do cartão
Morgan
— E das flores também
Morgan
— Posso descobri da onde as flores vieram, e quem as comprou.
Morgan
— Com o cartão posso procurar por letras similares e posso rastrear o número.
Morgan
— Mas toma muito cuidado, essa pessoa sabe onde você mora, se ela quiser pode até te matar.
Jie mandou tudo que Morgan pediu para ele, e então foi se deitar, mas não conseguiu dormir.
Ele estava preocupado. O que Morgan disse era verdade. Quem quer que fosse, sabia onde ele morava e podia tentar algo.
Após vários minutos tentando pegar no sono, ele suspirou e se levantou, indo na direção da porta do apartamento. Ele só se sentiria minimamente seguro se ele confirmasse que a porta do apartamento realmente estava fechada.
Quando ele chegou na sala, a porta do apartamento estava trancada, fazendo ele solta um suspiro de alívio. Mas ele percebe que tem algo embaixo da porta. Ele então se agacha no chão e pega o que parecia ser uma foto.
[Não consegui encontrar uma 100% como eu imaginei, mas é parecida com essa. Só que no lugar da Anya, é um garotinho e sem cachorro. O homem tem cabelo castanho escuro e olhos da mesma cor e a mulher cabelo preto e olhos castanhos escuros. A foto tem um aspecto velho e manchas marrons escuras nos cantos.]
Então ele observa a foto ele sente uma dor de cabeça forte, fazendo ele soltar a foto no chão enquanto segura a cabeça com uma mão.
Yen Jie
(Que droga. Por que essas dores de cabeça tem que voltar logo agora?)
Ele se senta no chão, respirando fundo enquanto a cabeça dele parece que vai explodir. A mente dele estava uma bagunça, ele via flash de memórias confusas, e ouvia gritos altos e agonizantes, fazendo com que ele cobrisses os ouvidos, por mais que não fizesse nada para abafar o barulho.
Yen Wei
...Jie? O que aconteceu?
A voz sonolenta de Wei arranca Jie de seu transe, fazendo ele olhar para cima e encontrar os olhos de seu primo, que estava quase totalmente fechados por causa do sono.
Yen Jie
(Eu acordei ele... Que droga.)
Yen Jie
Não... Não foi nada.
Yen Jie
Eu só tava com muito sono e acabei cochilando aqui no chão da sala.
Wei que estava quase dormindo, não viu a foto no chão ou conseguiu analizar a situação com certeza, não percebendo que isso não como Jie explicou. Após ouvir a explicação de seu primo, Wei apenas voltou para o quarto dele e adormeceu novamente.
Jie respirou fundo e segurou a foto em mãos. Ele não entendia porque aquela foto poderia está aqui. Mas, aqueles eram os pais dele. Por mais que a foto estivesse com um aspecto velho e manchada, ele conseguia reconhecer as feições de seus pais.
Yen Jie
(Amanhã eu vou ver se consigo olhar as câmeras de segurança. Com sorte eu descubro quem é que está deixando essas coisas na minha porta.)
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Apresentação dos personagens:
Yen Jie
24 anos
Trabalha em uma floricultura conhecida na cidade. Seus pais morreram quando ele era criança e ele passou a ser criado por seu tio ao lado de seu primo.
Yen Wei
21 anos
Guitarrista de uma banda que não é muito conhecida, mas que está crescendo em uma velocidade rápida. Primo de Jie, sempre o protegeu na infância mesmo sendo mais novo, principalmente após as mortes dos pais de Jie, que foi quando ele estava mais vulnerável.
Morgan
29 anos
Dona da floricultura onde Jie trabalha, boa em conseguir informações graças as conexões da sua família.
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Por enquanto só são esses personagens. Quando novos personagens forem introduzidos na história, eles serão apresentados no final do capítulo.
3 - Esfolamento
Após um noite mal dormida, Yen Jie levantou para preparar o café da manhã dele. Ao abrir a geladeira e ver que as únicas coisas que ele poderia usar para fazer algo para comer eram ovos, ele suspirou. Ele realmente precisava fazer compras depois do trabalho.
Jie pegou dois ovos da geladeira e a fechou, logo após indo até o armário da cozinha. Ao abrir o móvel ele pega a frigideira que estava com ele a alguns anos, e urgentemente precisava ser posta de lado.
Yen Jie
(Tomara que o cabo não caia enquanto eu frito os ovos.)
Yen Jie
(Aí sim, meu dia vai tá uma merda.)
Após a frigideira quase deixar de ser útil, ele consegue fazer ovos mexidos para comer com pão. Após isso, ele esquenta leite para ele tomar com achocolatado.
Enquanto ele tomava café, o celular dele vibra e quando ele olha quem era, ver que era Morgan.
Morgan
— Não encontrei nada. A pessoa parece ter usado um número não rastreável.
Morgan
— Não consegui nada com o cartão também.
Yen Jie
(Então não tinha nada? Eu vou ter que tentar a sorte com as câmeras de segurança.)
Yen Jie
(Acho que quem tá trabalhando hoje é o Joseph. Assim facilita demais conseguir ver as câmeras.)
Após tomar o seu café da manhã, Jie fez suas higienes pessoais e colocou uma roupa que o mantivesse aquecido nesse começo de inverno enquanto ele trabalhava.
Antes de ir para o trabalho, Jie conversa com o segurança do condomínio e explica a situação de maneira vaga. Dizendo que alguém deixou um buquê e ele não sabia quem era, e que ele estava achando isso estranho.
O guarda, sendo um conhecido de Jie, aceita mostrar as gravações das câmeras de segurança, e o leva até a sala onde era possível analizar-las.
Joseph
Foi dia 11 que o buquê foi deixado na frente do seu apartamento, certo?
Joseph
Alguma idéia de horário que ele possa ter sido colocada lá?
Saber um horário era meio complicado, mas ele podia dizer com certeza que não foi pelos horários de 5 ou 6 horas da manhã, já que ele ainda estava em casa nesses horários.
Yen Jie
Apartir de umas 6 e 10 mais ou menos. Eu não tava em casa, então não posso ter uma certeza.
Joseph deu uma mexida no computador e começou a procurar pelas gravações feitas no dia 11 de fevereiro, apartir das 06:10 da manhã.
Nesse horário o buquê de flores não no local ainda. E em determinado momento, a filmagem pula de 11:30 pra 11:55. Indicando que alguém cortou o sistema de câmeras nesses 25 minutos. E após esse corte, o buquê de flores estava na frente da porta.
Joseph
Parece que alguém deu um jeito de parar as câmeras.
Joseph
Essa pessoa não deve querer que você descubra quem ela é mesmo.
Yen Jie
(Isso dificulta muito a situação.)
Yen Jie
(Certeza que a mesma pessoa que botou o buquê que colocou a foto, então com certeza devem ter feito a mesma coisa com as filmagens.)
Yen Jie
(Mas pra alguém fazer isso com tanta facilidade tem que ter conexões e experiência. Não tem como alguém sem um dos dois ter feito isso.)
Joseph, vendo que Jie parecia preocupado, suspirou.
Joseph
Se estiver com medo dessa pessoa tentar algo, eu posso falar com o dono do condomínio pra tentar botar uma segurança maior no seu apartamento, tá bom?
Jie estava distraído, mas ao ouvir a voz de Joseph é arrancado de sua concentração. Ele assente, sabendo que o melhor era aumentar a segurança dele para caso algo acontecesse.
Joseph
De nada, e se algo assim acontecer de novo é só me falar, tá bom?
Após conversar por mais alguns minutos com o segurança, Jie sai do condomínio. Enquanto ele andava até o ponto de ônibus, ele passou por uma floricultura, e na vitrine estava um buquê com a flor favorita da mãe dele.
Ele ficou a olhar para o buquê, e após alguns segundos decidiu comprar.
Já fazia um tempo desde a última vez que ele deixou flores no túmulo dos pais dele.
Yen Jie
(Eu sai cedo hoje, então eu não vou chegar atrasado mesmo que vá ao cemitério.)
Após andar alguns quarteirões, ele chegou no cemitério da cidade. A vibe do lugar era tristeza e dor. Era possível ouvir parentes chorando por suas perdas enquanto deixavam flores nos túmulos. Por isso ele não gostava de visitar cemitérios. Era doloroso.
Não demorou para ele chegar até o túmulo de seus pais. Mesmo seus pais sendo ricos, tudo foi feito tão simples. Isso sempre foi o desejo deles. Serem enterrados sem tanto luxo, mas como qualquer pessoa. Afinal, depois que se perde a vida, você não se torna nada além de uma casca vazia sem valor qualquer para o mundo.
Quando ele iria colocar as flores no túmulo, ver um buquê de flores em cada um. Eram lírios-brancos, as flores favoritas de Jie.
Yen Jie
(Sempre que eu venho, tem lírios aqui.)
Yen Jie
(Eu me pergunto quem os coloca aqui)
Ele coloca as flores que trouxe na frente dos túmulos e começou a ir em direção da saída.
Antes ele sempre chorava quando visitava o túmulo dos pais, mas com o passar dos anos, ele percebeu que chorar não adiantava. Eles morreram e não iriam mais voltar.
Enquanto ele andava em direção a saída do cemitério, o celular dele vibra.
Yen Jie
(Quem tá me mandando mensagem tão cedo da manhã?)
Ao abrir a notificação, ele resmunga um pouco.
Zak
— Você não veio semana passada para a consulta.
Yen Jie
— Eu tava trabalhando.
Zak
— Não mente pra mim. Eu te conheço desde que você tem 20 anos.
Yen Jie
— Eu não fui porque achava que não precisava mais do acompanhamento.
Zak
— Então teve outra crise?
Yen Jie
— Quando eu vi uma foto dos meus pais.
Zak
— Por isso que eu digo pra você fazer o acompanhamento toda semana, Jie.
Zak
— Você ainda está em fase de recuperação.
Zak
— Eu sei que é chato olhar pra cara do meu psicológico rabugento por 4 anos, mas é necessário.
Yen Jie
— Eu vou essa semana, não precisa ficar dando lição de moral.
Zak
— Vou ficar esperando.
Jie desligou o celular e continuou andando até a saída do cemitério.
Talvez ele não devesse ter parado de ir para a terapia. Assim, ele não teria passado por aquelas dores de cabeça e flashbacks de novo, sempre que eles voltavam ele se lembrava de que a cada crise a imagem do corpo dos pais dele sem vida ficava mais viva, e isso o deixava sem saber o que fazer.
........................................
Megan
Bom dia galera, a rainha chegou!
Yen Jie
Só se for rainha do atraso, né? Era pra ter chegado a horas.
Megan
Tá precisando de um cházinho de camomila pra acalmar os nervos. Se quiser eu faço pra você bem rapidinho.
Megan estava agindo como sempre, tirando sarro da cara de Jie. Era como se fosse o hobby favorito dela.
Yen Jie
Vai levar bronca da Morgan se continuar chegando tarde assim, tu sabe disso né?
Megan
Quem me dera levar bronca daquela gostosa, eu acho que até latia pra ela
Jie não consegue segurar a cara de desgosto, por mais que ele sempre conseguisse manter a neutralidade em outras situações, sempre que envolvia a Megan e toda frase que ela falava que envolvia a Morgan, ele perdia a compostura.
Enquanto eles conversavam, ou melhor, Megan irritava Jie, um cliente entra na floricultura.
Megan
Bom dia, senhor! No que podemos lhe ajudar?
Jie decidiu deixar Megan atender esse cliente, e ficou quietinho atrás do balcão de caixa.
Yen Jie
(Pelo menos quando ela vem, eu tenho um pouco mais de paz.)
Megan
Você vai querer o de sempre, certo? Já vou preparar rapidinho.
Yen Jie
(Então ele é um cliente regular. Que estranho, eu não lembro de ter visto ele nenhuma vez.)
Megan
Aqui, seus lírios-brancos. Como vai ser a forma de pagamento?
Cliente
Em dinheiro mesmo.
Megan
Certo, pode ir naquele caixa alí, é o único funcionando agora pela manhã.
Jie suspira ao perceber que teria que atender outro cliente. Por mais que ele tenha trabalhado como caixa nessa floricultura pelos últimos dois anos, ele não se acostumou ainda com a quantidade de clientes absurda que tinha o ano todo.
Podia ser inverno, verão, primavera ou outono, sempre teria uma quantidade absurda de clientes.
Yen Jie
(Isso prova que as flores são de qualidade, eu acho?)
Yen Jie
O valor é R$69,86.
Após o cliente pagar pelas flores, ele saiu. Deixando Jie e Megan conversando novamente.
················································
Yen Jie
(Finalmente o dia acabou. Eu não aguentava mais.)
Jie esticou os braços acima da cabeça, sentindo os ossos doloridos após ficar o dia todo em pé trabalhando. Ele observa Megan ensaiar uma cantada para Morgan, e não consegue controlar o desgosto que começa a tornar conta do rosto dele.
E assim que Morgan entrou na loja para fechar o estabelecimento, Megan já meteu um grito.
Megan
Ooo caminhoneira vem fazer vrumvrum aqui na minha cama sua linda!!
Jie sente como se o cérebro dele tivesse sendo martelado.
Yen Jie
(Que cantada esquisita da porra. Quem ensina essas coisas pra ela?)
Morgan
Essa foi uma das melhores cantadas dessa semana.
Yen Jie
(Se essa foi uma das melhores, prefiro nunca ouvir as piores.)
Morgan
Ignorando a loucura da Megan, amanhã não precisam vir trabalhar. A loja vai fechar.
Megan
Essa semana não é a que mais dá lucro nesse período?
Morgan
Eu vou precisar fechar por motivo pessoais.
Yen Jie
(Pelo menos vou ter uma folga.)
Yen Jie
(Eu posso aproveitar e passar no consultório do Zak amanhã.)
Jie sai da loja, deixando Morgan e Megan para trás, começando a fazer o caminho dele para o apartamento. Estava escuro, ele havia saído mais tarde do que ontem.
Eram aproximadamente 18:46 da noite, o movimento nas ruas animado como sempre. Após andar alguns quarteirões, ele chega no apartamento, mas na entrada estava cheio de policiais.
Yen Jie
(.... Policiais? Aconteceu alguma briga?)
Ele se aproximou e tentou entender um pouco do que estava acontecendo, perto de alguns vizinhos tinha uma mulher aos prantos enquanto era inutilmente confortada por aqueles perto dela.
Ele ouve uma voz familiar, e ao se virar na direção de onde ela vinha, ver que era Wei, seu primo, que estava junto de Joseph.
Yen Wei
Ainda bem que você chegou. Eu estava ficando preocupado.
As mãos de Wei estavam trêmulas, e a expressão no rosto dele gritava alívio. O que poderia ter acontecido para Wei está nesse estado?
Ele questionou, se aproximando de Wei e segurando a mão trêmula dele. Ele parecia pálido, como se tivesse visto um fantasma.
Joseph
Houve um assassinato no condomínio.
Joseph
Ninguém sabe quando ou quem morreu.
Joseph
Uma moradora nova achou um corpo esfolado no apartamento que ela tinha acabado de alugar.
Joseph
E o Wei foi ajudar ela porque ela tinha desmaiado, e ele viu o corpo.
Ao ouvir a palavra esfolado, Jie sente a cabeça dele doer, e a visão dele começa a embaçar. Ele leva uma mão para a cabeça, tentando se manter em pé e não ser afetado pela tontura.
Yen Jie
(Mas que droga... De novo essa porcaria.)
A mente de Jie já não consegue compreender as palavras das pessoas ao redor dele, e não muito depois ele sente a consciência dele se esvair do corpo dele.
Antes dele cair contra o chão ele sente alguém o segurar por trás. Mas após isso, tudo fica escuro.
················································
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Apresentação de personagens:
Joseph
27 anos
Trabalha como segurança no condomínio que Yen Jie mora
Zak
28 anos
Psicólogo que acompanha Yen Jie a 4 anos.
Megan
30 anos
Lésbica
Colega de trabalho de Yen Jie
··················································
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Os personagens que não possuem sua sexualidade dita na apresentação é porque não tem ela citada em nenhum momento até agora ou não demonstrou interesse romântico em ninguém para ter ela confirmada.
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Com o passar do tempo, o perfil dos personagens vão atualizar com novas informações que forem reveladas nos capítulos posteriores.
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Por favor digam suas opiniões sobre a obra, ou no que vocês acham que eu preciso melhor. Qualquer sugestão é bem vinda! 💗
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