A sala de reuniões estava impecavelmente silenciosa, exceto pelo som suave do ar-condicionado e o ocasional zumbido das telas de computador. Ji-woo sentou-se à mesa, os dedos batendo discretamente sobre a superfície de vidro, sua mente distante. Era seu primeiro dia como assistente executivo de Ji-on, o CEO da Hwan Group, e as expectativas eram altíssimas.
Ele sabia o que as pessoas diziam sobre o chefe. Ji-on era uma lenda no mundo dos negócios — implacável, inteligente e, acima de tudo, intocável. Mas Ji-woo nunca se impressionava facilmente. Desde que começara a trabalhar no setor de marketing da empresa, sempre teve uma visão crítica dos altos executivos, achando que muitos deles eram apenas bons em jogar o jogo corporativo. Mas Ji-on, com sua presença enigmática, parecia ser diferente.
A porta de vidro se abriu, e Ji-woo ergueu os olhos. Ji-on entrou, sua postura ereta e confiante, os passos firmes no chão. Ele estava de terno escuro, a camisa branca impecável contrastando com a gravata preta, e os cabelos cuidadosamente arrumados, sem um fio fora do lugar. Havia algo de quase inatingível em sua aura, um poder sutil que exalava sem esforço.
“Ji-woo.” A voz de Ji-on cortou o silêncio como uma lâmina, profunda e controlada, mas com um toque de calor. Ele se sentou à cabeceira da mesa, os olhos escuros de Ji-woo se encontrando com os dele por um breve instante. Era o tipo de olhar que atravessava, como se fosse capaz de ler cada pensamento antes mesmo de ele ser formulado.
“Bom dia, Sr. Ji-on.” Ji-woo respondeu com a mesma compostura, tentando manter a calma, embora uma leve tensão começasse a se formar em seu peito.
Ji-on observou-o por um momento, o olhar fixo, e depois se inclinou ligeiramente para frente, como se estivesse avaliando cada detalhe de Ji-woo.
“Como está se adaptando até agora?” ele perguntou, sua voz suave, mas com uma autoridade inegável.
“Está indo bem, senhor. Ainda me acostumando com a dinâmica aqui,” Ji-woo respondeu com sinceridade, mas sem se entregar completamente. Ele sabia o que estava em jogo. Ser assistente de Ji-on significava mais do que simples tarefas de escritório. Era estar na linha de frente, lidando com o poder, com o que Ji-on representava. E Ji-woo tinha suas próprias ambições.
Ji-on assentiu, mas os olhos não saíam de Ji-woo. O que ele via em seu assistente era algo mais do que simples eficiência. Havia algo nas entrelinhas, algo não dito, que o atraía. Talvez fosse o modo como Ji-woo nunca se curvava totalmente à sua presença, sempre mantendo a compostura, mas ao mesmo tempo, algo de vulnerabilidade em sua postura. Como se, sob toda a sua formalidade, houvesse um desejo de mais. De algo que Ji-on não podia, nem sabia se deveria, buscar.
“Vamos começar, então,” Ji-on disse, quebrando o silêncio novamente. Ele direcionou uma pilha de documentos à frente de Ji-woo, que imediatamente se concentrou no trabalho. Mas, por dentro, algo estava se formando. O atrito entre a razão e a atração. Ele sabia que não deveria se envolver. Sabia que o poder de Ji-on poderia ser destrutivo, que qualquer aproximação ultrapassaria limites que ele não estava disposto a cruzar.
Mas havia algo em Ji-on que fazia com que cada instante se tornasse mais difícil de resistir. Algo por trás do profissionalismo frio, da máscara de controle.
Enquanto Ji-woo tomava as notas e redigia a primeira tarefa do dia, ele sentia os olhos de Ji-on sobre ele. Aqueles olhos — penetrantes, carregados de algo indecifrável — continuavam a observá-lo, e por mais que tentasse se concentrar, não conseguia afastar a sensação de que algo grande estava prestes a acontecer.
O som do telefone tocando cortou o silêncio novamente, e Ji-woo se virou para atender, sua mente ainda distraída pela presença de Ji-on. Quando colocou o fone de ouvido, algo lhe ocorreu. Ele não sabia exatamente o que era, mas havia uma tensão no ar que ele não conseguia mais ignorar. E, por mais que tentasse manter a distância, sabia que estava se aproximando de algo que poderia mudar tudo.
E o pior de tudo: ele não sabia se queria evitar ou se render àquilo.
Os dias seguintes passaram rapidamente, e Ji-woo logo se acostumou com a rotina de ser o braço direito de Ji-on. No entanto, mesmo em meio à agenda apertada e aos compromissos diários, não conseguia ignorar a tensão crescente entre eles. Sempre que seus olhares se cruzavam, havia algo a mais, algo que os dois tentavam esconder atrás de sorrisos profissionais e conversas rápidas. Mas Ji-woo sabia que não poderia mais enganar a si mesmo.
Era uma sexta-feira à tarde quando a pressão de seus próprios sentimentos chegou ao limite. Ji-on havia marcado uma reunião com investidores importantes, e Ji-woo estava encarregado de coordenar todos os detalhes. Durante todo o encontro, ele se manteve focado, anotando cada ponto importante, mas seu pensamento estava distante. Cada vez que ele olhava para Ji-on, sentado na cabeceira da mesa, a imagem daquele homem poderoso e controlado o paralisava.
A reunião finalmente chegou ao fim, e todos os presentes começaram a sair. Ji-woo estava organizando os papéis, sua mente ainda rodando com os últimos momentos. Ele se virou para ir até a mesa de Ji-on, quando o empresário o chamou:
“Ji-woo, um minuto.” A voz de Ji-on foi firme, mas o olhar que ele lançou em direção a Ji-woo era mais intenso do que nunca.
Ji-woo se aproximou lentamente, tentando manter a calma, mas seu coração batia mais rápido a cada passo. Ele sabia que não se tratava apenas do trabalho agora. Algo estava prestes a acontecer.
“Como foi a reunião?” Ji-on perguntou, os olhos escuros fixos nele, mas de um jeito que fez Ji-woo se sentir vulnerável. Como se ele estivesse sendo examinado, analisado profundamente.
“Tudo correu bem, senhor,” Ji-woo respondeu com um tom formal, tentando esconder o turbilhão de emoções dentro de si. Mas ele sabia que Ji-on podia perceber qualquer coisa. O homem tinha uma habilidade impressionante de ler as pessoas, e isso o fazia se sentir ainda mais desconfortável.
Ji-on não respondeu imediatamente. Ele permaneceu em silêncio por um momento, observando Ji-woo com uma intensidade que o fez se sentir exposto. Então, com um suspiro baixo, ele se levantou de sua cadeira e se aproximou.
“Eu percebi... uma certa distração durante a reunião,” Ji-on disse, a voz mais suave, mas com um toque de curiosidade. “Você parece estar... em outro lugar. Está tudo bem?”
Ji-woo engoliu em seco, sentindo o peso da pergunta. Era impossível mentir para alguém como Ji-on. A sensação de estar sendo desnudado era tão forte que ele teve que desviar o olhar.
“Sim, está tudo bem, senhor,” Ji-woo respondeu rapidamente, forçando um sorriso. Mas sabia que não podia enganar Ji-on. Não dessa vez.
“Ji-woo...” A voz de Ji-on ficou mais baixa, quase um sussurro. Ele deu um passo à frente, e Ji-woo sentiu o aroma do perfume de Ji-on invadir seus sentidos. “Eu sei que não está tudo bem. Há algo em você que está me dizendo que você está... escondendo algo.”
A tensão na sala parecia quase palpável. Ji-woo tentou manter a compostura, mas seus nervos estavam à flor da pele. Ele não sabia o que fazer. Não sabia como responder àquilo. Ele queria afastar-se, mas ao mesmo tempo, havia algo em Ji-on que o fazia querer se entregar, se deixar ser vulnerável.
“Desculpe, senhor. Eu só... estava pensando em algumas coisas. Nada importante,” Ji-woo tentou suavizar a situação, mas as palavras soaram vazias até mesmo para ele. A verdade era que ele estava tentando se afastar dos próprios sentimentos, dos desejos que começavam a surgir com força dentro dele.
Ji-on o observou por mais alguns segundos, estudando-o com um olhar penetrante, como se estivesse tentando encontrar as respostas que Ji-woo não queria dar. Então, sem dizer mais nada, ele se afastou, voltando para a sua cadeira.
“Eu espero que consiga... resolver essas ‘coisas’ logo,” Ji-on disse, a voz agora mais fria, mas ainda com um toque de algo indescritível.
Ji-woo não sabia se aquilo era um conselho ou uma reprimenda. Só sabia que, ao sair da sala, sentiu que havia cruzado uma linha invisível entre eles. Uma linha que ele não sabia se deveria tentar atravessar ou se deveria voltar atrás.
Ao fechar a porta, ele ficou parado no corredor, o coração acelerado, a mente cheia de perguntas. O que estava acontecendo? O que exatamente Ji-on queria dele? E mais importante, o que ele mesmo queria de Ji-on?
Ele sabia que não poderia mais ignorar o que sentia. Algo estava se formando entre eles, e as consequências disso seriam muito maiores do que ele imaginava.
A segunda-feira começou com o sol forte, atravessando as grandes janelas do escritório e iluminando a sala de reuniões. Ji-woo já estava lá antes de todos, como de costume, organizando os documentos e verificando o cronograma do dia. Mas havia algo diferente naquele dia. Algo no ar, como se as paredes da empresa estivessem se fechando ao redor dele.
Ele sabia que a tarde de hoje seria crucial para o andamento do projeto com os investidores, mas não podia deixar de pensar na conversa com Ji-on na sexta-feira. O olhar dele, tão preciso e carregado de intenções não ditas, ainda estava gravado na sua mente.
Quando Ji-on entrou, sua presença era inconfundível. Ele parecia ainda mais distante do que o normal, e Ji-woo logo percebeu que algo estava incomodando o empresário. Mas, ao invés de demonstrar isso, Ji-on se manteve impecável, como sempre, com um sorriso controlado, e começou a falar sobre os detalhes da reunião de mais tarde.
“Ji-woo, preciso que você revise esses relatórios e faça os ajustes finais antes da reunião. Eles são essenciais para impressionar os investidores,” Ji-on ordenou, entregando um arquivo grosso.
Ji-woo pegou o papel, mas ao olhar para Ji-on, seus olhos se encontraram novamente. Não era um olhar comum. Era um olhar que carregava algo mais profundo, algo que ele não podia identificar. A tensão estava ali, suspensa, como se ambos soubessem que a situação já não poderia ser ignorada.
“Entendido, senhor.” Ele se virou para a mesa e começou a organizar os relatórios, mas a presença de Ji-on era inegável. O empresário se movia pelo ambiente com facilidade, como se dominasse cada centímetro do espaço. Ji-woo podia sentir a energia ao seu redor, um magnetismo sutil, mas que parecia puxá-lo cada vez mais perto.
O silêncio entre eles era confortável, mas carregado de algo não falado. Ji-woo não sabia se estava apenas imaginando, mas parecia que Ji-on o observava com mais atenção do que o normal. Era como se ele estivesse esperando que Ji-woo quebrasse o gelo, como se fosse necessário dar o primeiro passo.
Mas Ji-woo hesitava. Havia algo em Ji-on que o fazia questionar seus próprios limites, e ele não sabia até onde estava disposto a ir para descobrir o que estava por trás daquela fachada controlada.
Durante a reunião, a tensão continuou a crescer. Ji-woo estava completamente concentrado, mas podia sentir os olhares furtivos de Ji-on sobre ele. Cada palavra dita, cada movimentação do corpo de Ji-on parecia mais carregada de significado. Como se o simples fato de estar ali, tão perto, fosse uma provocação silenciosa.
Quando a reunião terminou, Ji-woo se apressou a sair da sala, sentindo o alívio de finalmente escapar da pressão. Mas antes que ele pudesse chegar à porta, ouviu a voz de Ji-on chamá-lo.
“Ji-woo, espere.” A voz de Ji-on estava mais suave agora, mas havia uma insistência nela que fez o coração de Ji-woo disparar.
Ele parou, sem se virar imediatamente. Sabia que aquele momento era crucial.
“Você tem algum plano para o fim de semana?” Ji-on perguntou, se aproximando lentamente.
Ji-woo virou-se, surpreso com a pergunta. Era uma pergunta simples, mas que de alguma forma se carregava de algo mais. Algo que ele não conseguia identificar. Algo que quebrava o protocolo.
“Eu... ainda não pensei nisso,” Ji-woo respondeu, tentando manter a calma, mas sabia que estava evitando a verdade. Não conseguia parar de pensar em Ji-on, nem mesmo nos momentos em que estava longe dele.
Ji-on sorriu levemente, quase como se soubesse exatamente o que Ji-woo estava pensando. “Bem, se mudar de ideia, há sempre algo interessante acontecendo por aí.” O tom de sua voz agora estava mais descontraído, mas havia uma profundidade nele que Ji-woo não conseguia ignorar.
Antes que ele pudesse responder, Ji-on se afastou, como se a conversa tivesse terminado. Mas o olhar que ele lançou para Ji-woo antes de sair da sala não deixou dúvidas: havia algo em jogo, algo que ambos estavam tentando negar, mas que não poderia ser mais óbvio.
Ji-woo ficou parado por um momento, o peito apertado. Ele sabia que o jogo havia começado. O que quer que fosse, ele não conseguiria se esconder por muito tempo. O que começou como simples curiosidade estava se tornando uma atração perigosa, uma que ele não sabia se queria ou não controlar.
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