𔘓 ﹏ Pétalas ao Vento ๑ ִֶָ
0.1
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❀Data:
❀Horário:
❀Expectativa:
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(obs: tire foto ou salve a foto e coloque no Google)
O vento frio de outubro soprava pelas ruas de Nova York, espalhando folhas secas e trazendo consigo o cheiro distante de chuva. Elias caminhava sozinho pela calçada estreita, as mãos enfiadas nos bolsos do casaco, os fones de ouvido abafando o som dos carros. A voz suave de Lana Del Rey sussurrava em seus ouvidos, cantando sobre amores impossíveis e corações partidos.
Ele sentiu um incômodo na garganta. Tossiu. Algo arranhou sua boca.
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Que porra…?
Ele puxou a gola do casaco para esconder a mão e cuspiu discretamente. Seu coração apertou ao ver o que caiu em sua palma: uma pétala branca, delicada, manchada de vermelho.
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*Sussurrando para si mesmo*
Não... Não pode ser.
Ele apertou a flor contra os dedos trêmulos, como se pudesse fazê-la desaparecer. Sabia o que aquilo significava. Sabia muito bem.
A doença do amor não correspondido.
Seu peito apertou como se espinhos invisíveis começassem a crescer dentro dele. Fechou os olhos, tentando acalmar a respiração. Ele estava apaixonado. Há muito tempo. Mas nunca teve coragem de admitir.
Elias parou diante de um pequeno bar de neon azul. Do lado de dentro, a banda de Nathaniel estava terminando um ensaio. Ele forçou um sorriso e entrou.
O som das guitarras preenchia o ar enquanto Nathaniel, de olhos fechados, cantava no microfone. A luz fraca destacava o suor em sua testa e a forma como seu cabelo bagunçado caía sobre os olhos. Ele estava lindo. Sempre esteve.
Elias sentiu o coração falhar uma batida. Tossiu de novo, sentindo algo subir em sua garganta. Virou o rosto e cobriu a boca com a manga do casaco. Mais pétalas.
Nathaniel se aproximou, sorrindo.
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Elias! Finalmente apareceu. Você sumiu ontem.
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*Forçando um sorriso*
Tava ocupado.
Nathaniel jogou o braço sobre seus ombros e o puxou para mais perto. O toque queimava como fogo e gelo ao mesmo tempo.
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Preciso te mostrar uma coisa. Vem comigo.
Elias seguiu o amigo até os fundos do bar. O cheiro de cigarro e álcool pairava no ar, misturado ao perfume amadeirado de Nathaniel. Ele encostou-se à parede enquanto Nathaniel acendia um cigarro e olhava para ele, os olhos brilhando de excitação.
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Sabe a Sophia?
O coração de Elias apertou. Claro que sabia. Sophia era a guitarrista da banda.
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*Tentando manter a voz firme*
O que tem ela?
Nathaniel soltou uma risada baixa e passou a mão pelos cabelos.
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Acho que tô apaixonado por ela, cara.
Elias sentiu o mundo girar. As vozes ao fundo se tornaram distantes, abafadas. Sua garganta queimou, e ele se virou rapidamente, tossindo forte. Algo caiu no chão. Pequenas pétalas brancas, algumas manchadas de sangue.
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Acho que vou me declarar amanhã. O que você acha?
Elias olhou para as pétalas no chão e depois para Nathaniel, que sorria, esperando sua resposta.
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*Sorrindo com tristeza*
Acho que você devia tentar…
E então, guardou a dor para si. Como sempre fazia.
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Elias Montgomery
Idade: 22
Data de nascimento: 12/08/2002
Trabalho ou Estuda: Estudante de Artes, com foco em pintura e escultura.
Gosta de: Pintura, flores, momentos tranquilos à beira do rio, música clássica.
Não gosta de: Pessoas que não conseguem ver sua dor, ignorância, desonestidade.
Personalidade: Elias é uma alma sensível e introspectiva, com uma criatividade impressionante. Ele guarda para si os próprios sentimentos, dificultando a conexão com os outros. Apesar de sua aparência tranquila, carrega uma dor interna profunda, que se reflete nas suas obras de arte e no seu comportamento melancólico. Ele evita confrontos, mas quando é confrontado com a verdade, seu coração se quebra ainda mais.
Doença: Hanahaki Disease (uma doença rara que faz flores crescerem nos pulmões de quem sofre de um amor não correspondido).
Música da Lana: Blue Jeans
Nathaniel Reyes
Idade: 24
Data de nascimento: 07/04/2000
Trabalho ou Estuda: Trabalha como fotógrafo freelance, mas é também um estudante de Psicologia.
Gosta de: Café forte, longas caminhadas no parque, fotografia ao amanhecer, filmes antigos.
Não gosta de: Conflitos, ver pessoas sofrendo, ser pressionado a se abrir emocionalmente.
Personalidade: Nathaniel é introvertido e sério, mas com um coração generoso e sensível. Ele costuma esconder suas emoções, o que o faz parecer distante e impassível. No entanto, ele se preocupa profundamente com aqueles que ama. Seu maior problema é não conseguir lidar com a dor dos outros, especialmente quando percebe que Elias está sofrendo. Ele tenta ser racional e lógico, mas sua mente é constantemente tumultuada pelas emoções que não sabe como expressar.
Doença: Não possui uma doença física, mas luta com a repressão emocional e o medo de enfrentar seus sentimentos.
Música da Lana: Ride
0.2
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O cheiro metálico de sangue ainda pairava na boca de Elias quando ele saiu do bar. A chuva começava a cair em gotas finas, misturando-se ao vento frio de Nova York. Ele caminhava sem rumo, tentando ignorar a sensação de algo crescendo dentro dele.
Pétalas. Espinhos. Amor não correspondido.
Ele nunca pensou que fosse acontecer com ele. A Hanahaki era como uma lenda triste, uma maldição para os tolos que amavam demais sem serem amados de volta. Agora, era sua realidade.
*Murmurando para si mesmo*
Parabéns, idiota.
Ele abriu a mão dentro do bolso do casaco. As pétalas ainda estavam lá. Amassadas, úmidas. A prova de que ele estava se afogando em algo que nunca poderia ter.
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📨 Chegou bem em casa?
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📨 Tava meio pálido quando saiu. Tá tudo bem?
Elias encarou as mensagens por alguns segundos antes de responder.
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📨Tô bem. Só cansado.
O visto azul apareceu quase de imediato.
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📨Ok. Me avisa se precisar de algo, beleza?
Ele sorriu com ironia. Se precisar de algo... O que ele precisava, Nathaniel não podia dar.
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📨Beleza.
Bloqueou o telefone e continuou andando.
Quando chegou ao apartamento pequeno e bagunçado, tirou o casaco encharcado e jogou no sofá. Foi até o espelho do banheiro e encarou o próprio reflexo.
Os olhos estavam fundos, a pele mais pálida do que o normal. Abriu a boca devagar e puxou o lábio inferior para baixo. A língua tremia. Havia um pequeno corte interno, onde um espinho havia rasgado a pele.
Dessa vez, não foram só pétalas.
Foram flores inteiras, pequenas rosas brancas brotando de sua garganta e caindo na pia como um buquê doente. O sangue escorreu junto, tingindo as pétalas de vermelho.
Ele segurou a borda da pia com força, respirando fundo.
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*Sussurrando*
Isso não pode estar acontecendo...
Ele sabia como a Hanahaki terminava. Ou o amor era correspondido, ou a doença o mataria.
Ou ele poderia fazer a cirurgia.
Mas a cirurgia arrancaria não só as flores. Arrancaria o amor junto. Ele se esqueceria de Nathaniel.
E essa ideia doía mais do que morrer.
Na manhã seguinte, Elias acordou com o som insistente do telefone tocando. Atendeu sem olhar quem era.
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*Voz rouca*
📱Alô…?
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*Animado*
📱Bom dia, Bela Adormecida. Vai levantar ou vai dormir até a eternidade?
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📱Que horas são?
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📱Hora de você vir me ajudar a escolher uma roupa decente pra me declarar pra Sophia.
O coração de Elias apertou com força.
Ele queria dizer não. Queria dizer que estava morrendo, que amava Nathaniel, que cada vez que tossia, uma parte dele se desfazia em flores e sangue.
Mas sua boca disse outra coisa.
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📱Já tô indo.
E então, ele guardou a dor. De novo.
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0.3
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Música: Summertime Sadness
O café esfriava na xícara entre os dedos de Elias. Ele estava sentado no sofá do pequeno apartamento de Nathaniel, observando o amigo revirar o armário em busca de uma roupa “decente” para se declarar a Sophia.
Nathaniel sempre foi assim: inquieto, impulsivo, com um brilho nos olhos que fazia tudo parecer mais vivo. Mas agora, para Elias, aquele brilho era um lembrete cruel do que ele nunca teria.
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Preto ou azul-marinho?
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Hã?
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*Revirando os olhos*
O blazer, Elias. Preto ou azul-marinho?
Elias fingiu pensar, mas no fundo não importava. Nada importava quando ele sabia que cada segundo ali fazia as flores dentro dele crescerem mais.
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Preto. Faz você parecer menos desesperado.
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*Rindo*
Ótimo, porque eu tô desesperado mesmo.
Elias forçou um sorriso, escondendo a dor que vinha junto com a risada do outro.
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Sério, cara… eu nunca senti isso antes. Você sabe, aquele tipo de amor que te deixa sem ar?
Sem ar. Elias riu por dentro. Sim, ele sabia. Sabia tão bem que seu próprio corpo estava literalmente sufocando com isso.
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*Baixando o olhar*
Sei.
Nathaniel jogou o blazer sobre a cama e sentou ao lado dele no sofá, pegando um cigarro do bolso.
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E você? Nunca se apaixonou?
Elias sentiu a garganta travar. Ele poderia contar naquele momento. Poderia abrir o peito e deixar tudo sair, como se rasgasse os espinhos que cresciam dentro dele.
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*Desviando o olhar*
Não. Acho que esse tipo de coisa não é pra mim.
Nathaniel soltou a fumaça devagar.
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Bom, você sempre foi meio fechado pra essas coisas.
Elias apenas riu, como se concordasse. Mas a verdade era outra: ele não era fechado. Ele só estava morrendo, e Nathaniel nem percebia.
Quando Elias voltou para casa, sentia o corpo pesado. O ar parecia mais denso, e sua respiração estava curta. Ele sabia o que estava por vir.
Entrou no banheiro, fechou a porta e se apoiou na pia. A tosse veio forte, violenta. Seu peito doía como se algo dentro dele se rasgasse.
Então, flores. Muitas flores.
Pétalas brancas e delicadas, sujas de sangue. Elas cobriam a pia, escorriam pelos dedos de Elias, que tremia, tentando conter o soluço que subia junto.
Ele caiu de joelhos no chão frio, a visão borrada pelas lágrimas que não queria derramar.
E Nathaniel nunca saberia.
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