A noite caía sobre a cidade de Eldermoor, trazendo consigo um ar pesado e sombrio. O vento frio cortava como uma lâmina, enquanto as luzes das ruas tremeluziam, projetando sombras que pareciam dançar ao ritmo de segredos obscuros. Rafael Santos ajustou o colarinho de seu casaco de couro, seus olhos castanhos escaneando o ambiente com desconfiança. Ao seu lado, Alana, sua irmã mais nova, cruzava os braços, tentando se proteger do frio. Ela olhava ao redor com uma mistura de curiosidade e apreensão.
— Por que papai nos chamou aqui? — perguntou Alana, sua voz suave, mas carregada de tensão. — Ele nunca nos trouxe para um lugar assim.
— Não sei, Alana — respondeu Rafael, sua voz grave e firme. — Mas ele disse que era importante. E quando Lorenzo Santos diz que algo é importante, é melhor não questionar.
Os dois caminharam em direção ao antigo armazém à beira do rio, onde seu pai havia marcado o encontro. O local parecia abandonado, mas Rafael sabia que as aparências enganavam. A família Santos não era conhecida por fazer negócios em lugares óbvios. Eles eram uma família de sangue azul, sim, mas também de sangue derramado. O poder que detinham vinha com um preço, e Rafael conhecia bem os riscos.
Ao entrarem no armazém, foram recebidos por Ryan, o segurança de confiança da família. Ele acenou com a cabeça, indicando que Lorenzo os esperava no andar de cima. Subindo as escadas de metal, Rafael e Alana sentiram o peso da atmosfera se intensificar. O silêncio era quase ensurdecedor, interrompido apenas pelo som de seus passos ecoando.
No topo das escadas, Lorenzo Santos estava de pé, de costas para eles, olhando pela janela quebrada. Ele era um homem imponente, com cabelos grisalhos e uma postura que transmitia autoridade. Ao ouvir os passos de seus filhos, ele se virou lentamente, seus olhos cinzentos refletindo uma mistura de orgulho e preocupação.
— Finalmente chegaram — disse Lorenzo, sua voz grave e calma. — Sentem-se. Temos muito a discutir.
Rafael e Alana trocaram olhares antes de se sentarem em duas cadeiras de madeira desgastadas. Lorenzo começou a falar, explicando que a família estava em uma encruzilhada. A máfia húngara, liderada por Zoltán, estava se infiltrando em seu território, e Lorenzo suspeitava de traição dentro de suas próprias fileiras. Ele não mencionou nomes, mas Rafael percebeu o olhar de desconfiança em seus olhos.
— Preciso que vocês fiquem alertas — continuou Lorenzo. — Alana, você precisa cuidar de si mesma. E Rafael, você é o futuro desta família. Não posso deixar que nada aconteça com vocês.
Antes que pudessem responder, o som de vidro quebrando ecoou pelo armazém. Rafael pulou da cadeira, instintivamente alcançando a arma que carregava no coldre. Alana se levantou rapidamente, seus olhos cheios de pânico.
— O que foi isso? — perguntou ela, sua voz tremendo.
Lorenzo não respondeu. Em vez disso, ele se moveu rapidamente, empurrando Rafael e Alana para trás de uma pilha de caixas. — Fiquem aqui! — ordenou ele, sua voz firme.
Mas era tarde demais.
Três tiros ecoaram no armazém, cada um mais alto que o anterior. Rafael viu seu pai cair no chão, seu corpo atingido em cheio na cabeça. O sangue escorria rapidamente, formando uma poça vermelha ao seu redor. Alana gritou, mas Rafael a segurou, impedindo-a de correr para o corpo de Lorenzo.
— Não! — sussurrou Alana, suas lágrimas escorrendo pelo rosto. — Papai...
Rafael sentiu uma onda de raiva e dor, mas sabia que não podia se deixar levar pelas emoções. Ele olhou ao redor, tentando identificar o atirador, mas o armazém estava escuro e cheio de esconderijos. Ryan apareceu ao lado deles, sua arma em punho.
— Precisamos sair daqui — disse Ryan, sua voz tensa. — Agora!
Rafael concordou, puxando Alana para longe do corpo de Lorenzo. Eles correram pelas escadas, ouvindo mais tiros atrás deles. Alana tropeçou, mas Rafael a segurou firmemente, mantendo-a em pé. Quando finalmente saíram do armazém, o ar frio da noite os atingiu como um soco.
— Quem foi, Rafael? — perguntou Alana, sua voz cheia de desespero. — Quem fez isso?
Rafael não respondeu. Ele não tinha respostas, mas sabia que isso era apenas o começo. A morte de Lorenzo Santos não seria esquecida, e ele faria de tudo para descobrir quem estava por trás disso. A família Santos estava em guerra, e Rafael sabia que o sangue derramado em Eldermoor era apenas o primeiro de muitos.
Enquanto eles desapareciam na noite, uma figura observava de longe, escondida nas sombras. Daniel Santos, o irmão traidor de Lorenzo, sorriu enquanto acariciava a arma que havia usado. Ele sabia que o jogo estava apenas começando, e ele estava pronto para jogar.
Daniel Santos
Alana Santos
Lorenzo Santos
Ryan
A notícia da morte de Lorenzo Santos se espalhou como fogo em um campo seco. A família Santos estava em luto, mas o luto era um luxo que Rafael não podia se permitir. Ele sabia que a morte de seu pai não era um acidente, nem um ataque aleatório. Alguém dentro de seu círculo havia traído a família, e ele estava determinado a descobrir quem.
Enquanto o sol nascia sobre a cidade, Rafael se encontrava em seu escritório, cercado por mapas, documentos e fotos de suspeitos. Lavínia, sua esposa, entrou silenciosamente, carregando uma xícara de café. Ela colocou a xícara na mesa e olhou para ele com preocupação.
— Você precisa descansar, Rafael — disse ela, sua voz suave, mas firme. — Você não dorme há dias.
— Não posso descansar enquanto o assassino de meu pai está solto — respondeu Rafael, seus olhos fixos nos papéis à sua frente. — Alguém nos traiu, Lavínia. E eu vou descobrir quem.
Lavínia suspirou, sabendo que não adiantava discutir. Ela se aproximou dele, colocando uma mão em seu ombro. — Só tome cuidado, Rafael. Você não é o único que depende de você.
Rafael olhou para ela, seus olhos suavizando por um momento. Ele sabia que ela estava certa. Ele tinha Davi, seu filho, e Alana, sua irmã, para proteger. A família estava frágil, e ele precisava ser forte por todos.
Enquanto isso, Alana estava em seu quarto, tentando processar tudo o que havia acontecido. Ela ainda podia ver o corpo de seu pai caído, o sangue escorrendo pelo chão. Ela se sentia culpada, como se pudesse ter feito algo para evitar aquilo. Mas no fundo, ela sabia que não havia nada que pudesse ter feito.
— Alana? — uma voz suave chamou da porta. Era Ryan, o segurança da família. Ele entrou no quarto, seu rosto cheio de preocupação. — Como você está?
— Não sei — respondeu Alana, sua voz trêmula. — Tudo aconteceu tão rápido... Eu não consigo entender.
Ryan se sentou ao lado dela, oferecendo um ombro para ela se apoiar. — Eu sei que é difícil, mas você precisa ser forte. Seu irmão precisa de você. A família precisa de você.
Alana olhou para ele, seus olhos cheios de lágrimas. — O que vamos fazer, Ryan? Quem fez isso com meu pai?
Ryan não respondeu. Ele não tinha respostas, mas sabia que Rafael estava determinado a descobrir a verdade. E ele faria de tudo para proteger Alana e a família Santos.
Enquanto isso, em uma parte distante da cidade, Cardoni estava em seu escritório, cercado por seus homens. Ele era um homem alto e imponente, com olhos frios e calculistas. Ele havia trabalhado com Lorenzo Santos no passado, mas havia deixado a máfia da família para abrir seu próprio comércio. Ele sabia que a morte de Lorenzo abriria portas para ele, e ele estava determinado a aproveitar a oportunidade.
— Cardoni, temos notícias — disse um de seus homens, entrando no escritório. — A família Santos está em caos. Rafael está tentando descobrir quem matou Lorenzo.
Cardoni sorriu, seus olhos brilhando com satisfação. — Deixe-o tentar. Ele não sabe no que está se metendo.
Ele sabia que a morte de Lorenzo era apenas o começo. O jogo das sombras estava apenas começando, e ele estava pronto para jogar. Ele havia traído a família Santos uma vez, e não hesitaria em fazê-lo novamente.
Enquanto isso, Rafael recebeu uma ligação de Vitor, o investigador que ele havia contratado para ajudar a descobrir a verdade. — Rafael, temos uma pista — disse Vitor, sua voz tensa. — Encontramos um homem que pode saber algo sobre o assassinato de seu pai. Ele está em um bar na parte velha da cidade.
Rafael não perdeu tempo. Ele pegou sua arma e saiu do escritório, determinado a descobrir a verdade. Ele sabia que o caminho à frente seria perigoso, mas ele não tinha escolha. A família Santos estava em jogo, e ele faria de tudo para protegê-la.
Enquanto ele dirigia pela cidade, Alana olhou pela janela, sentindo uma onda de medo e determinação. Ela sabia que não podia mais ser a irmã protegida. Era hora de ela se tornar uma parte ativa na luta pela sobrevivência da família.
O jogo das sombras estava apenas começando, e todos estavam prontos para jogar. A família Santos estava em guerra, e o sangue derramado em Eldermoor era apenas o primeiro de muitos.
Lavínia
Davi Lorenzo
Vitor
Cardoni
A parte velha da cidade era um labirinto de ruas estreitas e becos escuros, onde a luz do sol mal conseguia penetrar. Rafael estacionou seu carro a algumas quadras de distância do bar que Vitor havia mencionado. Ele não queria chamar atenção, mas sabia que sua presença não passaria despercebida por muito tempo. A morte de Lorenzo Santos havia deixado um vácuo de poder, e todos os olhos estavam voltados para ele, o novo patriarca em ascensão.
Ele ajustou o coldre sob o casaco e caminhou com passos firmes em direção ao bar, chamado *O Covil*. O lugar era conhecido por ser um ponto de encontro para criminosos de baixo escalão e informantes. O ar estava pesado com o cheiro de cigarro e álcool barato. Rafael entrou, seus olhos se ajustando rapidamente à penumbra. O bar estava quase vazio, exceto por alguns clientes regulares e um homem sentado no canto, bebendo sozinho.
Era ele. O homem que Vitor havia mencionado. Seu nome era Gustavo, um ex-associado de Cardoni que havia caído em desgraça. Ele era magro, com olhos fundos e uma barba por fazer. Parecia nervoso, como se estivesse esperando por alguém — ou fugindo de algo.
Rafael se aproximou silenciosamente e sentou-se ao lado dele. Gustavo olhou para ele, seus olhos se arregalando de reconhecimento e medo.
— Você... você é Rafael Santos — sussurrou Gustavo, sua voz trêmula.
— E você é Gustavo — respondeu Rafael, sua voz fria e controlada. — Eu ouvi que você tem informações sobre quem matou meu pai.
Gustavo engoliu em seco, olhando ao redor como se esperasse que alguém o salvasse. — Eu... eu não sei de nada. Eu só sou um bêbado, não me envolva nisso.
Rafael não perdeu a paciência. Ele sabia que homens como Gustavo respondiam melhor à pressão. Ele deslizou uma foto de Lorenzo no balcão, a imagem do patriarca caído ainda fresca em sua mente. — Olhe para ele. Esse era meu pai. Alguém o matou, e eu vou descobrir quem. Agora, você pode me dizer o que sabe, ou eu posso deixar você lidar com as consequências de ficar calado.
Gustavo começou a suar, suas mãos tremendo ao segurar o copo de bebida. — Eu... eu ouvi coisas. Coisas sobre Cardoni. Ele estava bravo com seu pai. Lorenzo cortou seus negócios, tirou parte de seu território. Cardoni não gostou disso.
Rafael franziu a testa. Cardoni. Ele conhecia o nome. Um ex-aliado de seu pai que havia partido para abrir seu próprio império. Ele sempre soube que Cardoni era ambicioso, mas trair a família? Isso era algo diferente.
— Onde está Cardoni agora? — perguntou Rafael, sua voz baixa, mas cheia de autoridade.
— Eu não sei, eu juro! — respondeu Gustavo, sua voz quase um grito. — Ele não confia em ninguém. Mas... mas eu ouvi falar que ele tem um encontro hoje à noite. No armazém abandonado perto do rio. É onde ele faz seus negócios.
Rafael estudou o rosto de Gustavo, tentando discernir se ele estava mentindo. Parecia genuíno, mas ele sabia que homens desesperados eram capazes de qualquer coisa. Ele tirou algumas notas de dinheiro do bolso e as colocou na mesa.
— Se eu descobrir que você está mentindo, Gustavo, você vai se arrepender. Mas se estiver dizendo a verdade... bem, talvez eu deixe você viver.
Gustavo balançou a cabeça rapidamente, pegando o dinheiro com mãos trêmulas. — Eu estou dizendo a verdade, eu juro!
Rafael se levantou e saiu do bar, sua mente trabalhando rapidamente. Cardoni. Ele era o próximo na lista. Mas antes que ele pudesse agir, seu telefone vibrou. Era uma mensagem de Alana.
"Rafael, preciso falar com você. É urgente."
Ele suspirou, sentindo o peso das responsabilidades sobre seus ombros. Ele sabia que Alana estava lutando para lidar com a morte de seu pai, mas ele não podia parar agora. Ele enviou uma resposta rápida.
"Encontre-me em casa. Vou estar lá em uma hora."
Enquanto ele caminhava de volta para o carro, Rafael sentiu uma presença observando-o. Ele olhou por cima do ombro, mas não viu ninguém. Ainda assim, a sensação persistiu. Ele sabia que não estava sozinho. Alguém estava jogando com ele, e ele precisava descobrir quem, antes que fosse tarde demais.
Enquanto isso, no outro lado da cidade...
Cardoni estava em seu escritório, cercado por seus homens mais leais. Ele olhou para o relógio, sabendo que o encontro daquela noite seria crucial. Ele havia planejado cada movimento com cuidado, mas sabia que Rafael Santos não seria um inimigo fácil.
— Preparem-se — disse ele, sua voz calma, mas cheia de autoridade. — Hoje à noite, vamos acabar com a família Santos de uma vez por todas.
Seus homens concordaram, seus rostos cheios de determinação. Cardoni sorriu, sentindo a emoção do jogo. Ele havia traído Lorenzo, e agora estava pronto para trair Rafael. A família Santos estava em suas mãos, e ele não pretendia soltá-las.
Gustavo
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