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Caminho Sombrio

O Começo...

Capítulo Um

Luisa Borges

A anos atrás fui trocada como uma mercadoria. Meu pai, que era um homem desprezível, me vendeu por poder, fui levada a um dos piores lugares onde uma mulher pode viver, seria estuprada e agredida por diversos homens, até que pela segunda vez, como um objeto, fui vendida a um homem poderoso.

No primeiro momento agradeci, por não ter que ficar em um bordel clandestino, sofrendo todo o tipo de abuso. Mas então eu conheci o homem que havia me arrematado, e aí, desejei morrer de uma vez.

____________

Já estou a três anos vivendo em uma casa trancada, sei que estou no Rio de Janeiro, mas não sei exatamente onde, mas creio que seja em um lugar fechado e enorme, porque Caim, o homem que me comprou, é um miliciano conhecido por todo Rio.

Eu nunca saio de casa, sempre fico presa aqui dentro, com vários homens do lado de fora, impedindo qualquer tentativa que eu tenha de um dia fugir. Sem falar nas câmeras que me sufocam dia após dia, dentro de casa.

Terminei de arrumar a casa e já era noite, caminhei até meu quarto e fui para o banheiro, tranquei a porta e tirei minha roupa com cuidado. Todos meus músculos estão doendo, os hematomas por todo meu corpo que até então estavam escondidos pela roupa, agora estão todos à mostra em minha pele nua.

Olhar para eles é doloroso, mas não choro mais, é como se já tivesse me acostumado com toda essa dor, e isso é tão ruim, se acostumar com algo que não faz bem, com algo que te destroi, é como levar uma facada por dia e sorrir, como se nada tivesse acontecido, como se seu sangue não estivesse escorrendo e sua vida se esvaindo.

E sinceramente é dessa forma, minha vida está indo embora aos poucos, e não tenho mais o que fazer, não sou ninguém, não tenho ninguém, além do homem que destroi minha vida a cada dia.

Olho para alguns machucados que tentam se cicatrizar, mas nunca conseguem e tento me lembrar do primeiro tapa, mas não consigo lembrar, nem do segundo, nem do terceiro, ou quando desmaiei a primeira vez, acho que meu cérebro me fez esquecê-los, para não me lembrar quando o real inferno da minha vida começou, eu até agradeço a ele por isso, mas agradeceria mais ainda se por um acaso ele me fizesse esquecer tudo em apenas alguns minutos, então nunca me lembraria das surras diárias.

Mas acho que tem muitas coisas na vida, que não podemos ter, e minha paz e tranquilidade é uma delas. Ser, vendida a um dos piores homens do seu país, depois de ser deixada em um bordel pelo próprio pai, que acabei descobrindo que foi enganado e morto logo após a “troca” que nunca aconteceu.

Passei uma infância horrível, com um pai que nunca estava em casa, e quando aparecia, era bêbado, gritando, xingando. Acho que nunca apanhei pelas mãos dele, para aguentar as surras que levo agora.

Realmente acho que nasci para sofrer, porque ver toda uma vida sendo arrancada de você, nunca ter tido ninguém que realmente gostasse e cuidasse de você, ser uma prisioneira. Isso é a pior coisa que existe. Viver vigiada, seguida, ter cada passo contado, não poder desviar de nada, não poder nem respirar a mais do que é permitido a você.

Vivo com medo da morte todos os dias, ou não vivo? Não sei, a morte me parece a melhor coisa para o momento mórbido que se encontra minha vida , ainda sim, queria viver, ter uma vida boa, mas acho que isso já não será mais possível para mim, uma qualquer jogada em uma jaula de solidão e dor.

Entro no chuveiro e sinto a água quente entrar em contato com a minha pele, uma leve dor percorre meu corpo, fecho meus olhos e respiro fundo, para controlar. Tomo meu banho e me troco, me deito na cama, já pronta para dormir, não quero comer, não quero descer, não quero ver TV, só quero acordar no dia de amanhã e continuar minha rotina, sem ter que dar de cara com aquele homem.

Fecho meus olhos e tento dormir, alguns minutos se passam e escuto o barulho da porta se abrir, fico parada, controlando a respiração, e fingindo não estar acordada.

— Eu sei que está acordada, levanta. — Sua voz ecoa pelo quarto, e sei que está com raiva de algo.

O'Que eu fiz? Fiz alguma coisa? Eu segui meu dia perfeitamente como todos os outros, eu limpei a casa inteira, eu fiz a comida, não tentei sair, não fui pro quintal, não fiz nada de diferente.

O'Que eu fiz de errado?

Me levanto e fico de pé em frente a cama, sem olhar para ele. — Me olha. — Sua voz grossa, faz meu corpo se arrepiar.

Me viro e o mesmo me observa, ele olha meu corpo lentamente, coloquei uma das camisolas, que sou obrigada por ele a usar todos os dias. Odeio cada uma delas, me sinto exposta. Acho que odeio tantas coisas que Caim impõe na minha vida, até mesmo coisas que eu gostava antes, odeio agora, porque ele as fez se tornar algo ruim.

Ele caminha até onde estou, abaixo minha cabeça, não quero olhar em seus olhos, não quero olhar seu rosto. Caim me dá medo, me sinto como uma criança, com medo do bicho papão do armário.

— Tão linda minha pequena Luísa. — Sinto seus dedos ásperos em meu queixo, que é erguido. — Olhe para seu marido, meu amor. — Ele começa a apertar mais meu queixo, e eu começo a tremer.

Olho para seu rosto que tem uma cicatriz enorme. Caim é horrível e assustador.

— Me diga ratinha, sinto que fez algo de errado, e não gosto quando as coisas saem do meu controle. — Ele enfia os dedos em minhas bochechas, apertando com força.

Não digo nada, independente de ter feito algo ou não, serei punida, como todas as vezes, mesmo não tendo feito absolutamente nada.

Caim me joga na cama com tudo, e bem rápido já está em cima de mim, não consegui virar, estou deitada de bruços. Ele pega meus braços e coloca em minhas costas, me imobilizando, e a única coisa que consigo fazer, é chorar, como todas as vezes que sei que ele vai abusar de mim.

E é isso oque ele faz, até se cansar, e quando acho que vai terminar, meu corpo é jogado no chão, e então a raiva que ele não conseguiu descontar me violentando, ele desconta me espancando, até que a escuridão chegue, e eu não sinta mais nada, porque mais uma vez desmaiei, mais uma vez fui machucada, mais uma vez desejei a morte, e espero que ela chegue, não quero mais a chance de ter uma vida normal, porque sei que ela não existe para alguém como eu.

______________

Abri meus olhos e ainda estou no chão do quarto, a luz do sol invade a janela, e me sinto terrivelmente mal, a dor latente em todo meu corpo me faz gemer só de tentar me mexer.

Me arrasto até o banheiro, porque não consigo levantar e andar. Assim que chego de baixo do chuveiro, estico meu corpo e segurei um grito, assim que abro, caio no chão e deitei sentindo as gotas de água caíram em mim como pedras.

Pela primeira vez em dias eu comecei a chorar, de dor, de tristeza, de raiva. Queria de alguma forma fugir desse inferno. Eu precisava fazer algo, e teria de ser rápido, eu cansei disso, e não to nem ai, se eu correr apenas dez metros e levar um tiro, eu pelo menos estarei livre.

Fugindo...

Capítulo Dois

Luisa Borges

Levei dois dias para conseguir andar de novo, fiquei recebendo comida no quarto, o melhor disso, é que Caim não voltou, não veio me ver, nem mandou nenhum recado, e isso me deixava tranquila, para pensar no meu plano de fuga.

Já estava de noite, coloquei uma camisola branca confortável, olhei para janela, e vi que estava mais vazio do que o normal nos arredores da casa. Havia apenas alguns seguranças, e isso me deixou curiosa, mas resolvi ficar tranquila. Me deitei na cama e peguei um livro para ler.

O tempo foi passando e ouvi um barulho no corredor, fechei meu livro e coloquei em cima da mesinha, me sentei na beirada da cama e olhei para porta, e então quase pulei quando ela foi aberta com tudo, Caim entrou, cheio de sangue. Meus olhos se arregalaram com a cena.

— Está acordada ainda, meu amor. — Ele se aproxima e eu me afasto. — Não se afaste do seu marido. — Ele me pega pelo cabelo com força, e gruda meu corpo ao dele, deixando minha camisola toda suja de sangue. — Você tem que ser uma boa menina, Luisa, para não ser punida.

Meus olhos enchem de lágrimas, e meu corpo é jogado no chão. — Vou te ensinar a ser uma mulher de verdade. — Ele tira o terno que está usando e joga no chão ao meu lado.

Olho para o lado e vejo algo brilhar no chão, onde ele acabou de jogar seu terno. Olho para Caim e ele está vindo para cima de mim. Ele se ajoelha no chão e me puxa pelas pernas, me debato, mas não sou forte o suficiente. Seu corpo prende o meu no chão e suas mãos começam a passear pelas minhas pernas nuas.

O cheiro metálico do sangue é horrível, e sei bem que nem dele é, e está por todo meu corpo agora. Senti sua língua nojenta no meu corpo, e queria a todo custo tirar ele de cima de mim. Olhei para cima, e vi a faca de novo, levantei meu braço e tentei pegá-la, mas estava difícil.

— Por mais que esteja, toda machucada, ainda sim gosto de comer sua bucetinha, ela sempre é bem apertadinha. — Ele sussurra no meu ouvido, e ouço o ziper da sua calça abrir.

Tentei novamente me soltar, e não consegui, mas meu corpo e o dele, foi mais para trás, o que me ajudou a pegar a faca, e em um único golpe, enfiei nas costas dele. Caim gritou e saiu de cima de mim, não esperei pela sua reação, eu apenas levantei e corri, saí pela porta, ainda segurando a faca em minhas mãos, passei pelo corredor e desci as escadas, realmente tinha pouquíssimos homens aqui.

Peguei minha esquerda e fui pelo corredor que leva até a porta dos fundos, não parei, só fui, temendo encontrar alguém. Assim que passei pelas portas que dava no jardim atrás da casa, senti o vento frio bater em meu corpo que estava praticamente à mostra. O cheiro de chuva invadiu minhas narinas, e tinha certeza que logo começaria a chover.

Corri pelo jardim, pois sabia que tinha uma saída, para o meio da floresta que cercava a casa, e se eu corresse o bastante, sei que conseguiria chegar a algum lugar.

Segui meu caminho estranhando ninguém ter aparecido, passei pela passagem e cheguei a floresta, estava tudo muito escuro, mas sabia onde deveria ir, continuei e senti meus pés doerem, sabia que já tinha machucado eles, por estar descalça, mas não parei um segundo sequer, essa era a única chance que eu teria de conseguir fugir do inferno que vivia.

Notei que o lugar em si era bem chique, e sabia que estava em algum condomínio fechado, ou algo do tipo. Precisava sair daqui logo, ou ele me acharia fácil.

Um relâmpago iluminou o céu, e seu barulho fez meu corpo se arrepiar, e então pequenas gotas de água começaram a cair em meu rosto, olhei para cima ainda andando e acabei tropeçando e caindo, senti minha perna arder, e quando um novo relâmpago iluminou tudo, vi que havia cortado a minha perna em alguns galhos. Me levantei rapidamente e continuei meu caminho.

Meu corpo estava fraco, a chuva caia de forma densa, meu sangue escorria das feridas, e minha camisola que antes era branca, estava completamente suja e encharcada. Meu coração acelerado, e minha respiração descompassada, me deixavam mais cansada, não sabia se conseguiria.

Pisquei meus olhos algumas vezes, por causa da chuva, e então no final daquela enorme mata vi a estrada, senti um alívio enorme, e com a última força que tinha, corri até ela. Minha vista estava ficando embaçada, e eu tinha certeza que estava perdendo meus sentidos. Assim que pisei os pés na estrada meu corpo paralisou, olhei para o lado e uma luz forte invadiu meus olhos.

E então eu senti o baque…

Meu corpo foi jogado para o lado, e rolei três vezes, e nesse momento uma dor me invadiu, tentei gritar, mas não conseguia, a chuva estava cada vez mais forte, e agora estava caindo sobre meu rosto.

— Porra, oque essa mulher ta fazendo aqui no meio do nada? — Ouço a voz de alguém.

— Não sei patrão, mas acho melhor ajudarmos ela. — Outro homem diz.

Tento olhar para eles, e ver quem são, mas não consigo nem mexer meu rosto. Alguém me ergueu no colo e sinto a quentura do seu corpo. Fecho meus olhos e tentei dissipar a dor avassaladora que estou sentindo.

Quando senti o couro do carro, não aguentei e desmaiei…

— Princesa, você não pode fugir de mim, eu sou a sombra mais escura da sua vida, e vou atrás de você, vou te pegar, e te torturar de todas as formas. — A voz de Caim invade minha mente.

Abro os olhos assustada, e um grito sai da minha boca. — NÃO… NÃO… — berro e comecei a me debater, ele não podia me achar. Não podia.

— Ei, calma, respira. — Duas mãos fortes me seguraram com força, e nesse momento eu travei de medo.

— Não me machuca, por favor — Sussurrei e senti meu rosto ser banhado por lágrimas.

— Não vou te machucar, só que preciso que se acalme. — Ele diz tranquilamente.

Tento ver seu rosto, mas por conta das lágrimas, tudo está embaçado, sem falar que estou começando a ficar tonta, e sei que vou desmaiar novamente.

Uma Emboscada

Capítulo Três

Hugo - Vulgo Morte

— Boa tarde, temos alguma informação sobre o desgraçado do Caim? — Pergunto já nervoso.

— Sim patrão, o cara parece que vai interceptar uma encomenda, na estrada da velha igreja, próximo a cidade de Deus — JP diz, e me entrega o tablet com uma foto do local.

— Que maravilha, parece que hoje eu pego aquele desgraçado. — Abro um sorriso. — Avisa geral, que hoje vamos em missão, quero os meus melhores homens.

— Pode deixar. — Pacheco abre um sorriso também e sai da sala animado.

Caim é meu maior inimigo, já estamos tentando acabar um com o outro já tem 10 anos. Assumi o morro quando tinha 20 anos, depois que o desgraçado do Caim matou meu pai. Aquele velho maldito, quer me derrubar a muito tempo, mas coitado, ele só tenta. Já quase matei ele umas cinco vezes, só que esse maldito parece que sabe quanto a morte ta proxima e foge quando estou perto.

Ou também tem algum rato por perto e até agora não descobri, se bem que já matei alguns que foram mandados por ele.

Só que agora mais do que nunca preciso acabar com o império dele, porque já me cansei dessa merda toda, sem falar que minha família sempre corre riscos, com aquele lunático. Preciso proteger minha mãe e minhas irmãs a todo custo, inclusive minha filha pequena, que só tem quatro anos.

Já tem alguns meses que me aliei com um dos maiores morros do Rio, que é comandado pelo Diabo, um grande amigo meu, desde novo. Ele assumiu alguns anos depois que o pai resolveu se aposentar, para tentar achar a filha dele que sumiu quando nasceu. Ele e a mulher nunca desistiram de encontrar ela, mesmo ela desaparecendo com 2 anos. Ela hoje teria 26 anos, dois anos mais nova que o irmão.

Sai da boca depois de um tempo e fui direto pra minha casa de moto, assim que cheguei ouvi a risada gostosa da minha pequena. — Papai. — Ela grita assim que abro a porta, e vem correndo pros meus braços. — Já estava com saudades.

— Eu também estava meu amor. — Dou um beijo na sua testa, e a peguei no colo. — Boa noite, minhas garotas. — Abro um sorriso pra minha mãe e minhas irmãs.

— Oi, meu filho. — Minha mãe abre um sorriso.

Caminho até a mesa, e dou um beijo na testa das três, coloco a Maya, minha filha, sentada e vou lavar minha mão para jantar com elas.

Quando terminei e estou voltando pra sala, recebo uma mensagem do Pacheco.

Pacheco: Patrão, estamos com o desgraçado na cola, os homens já estão preparados, só vamos esperar você.

^^^Eu: 20 minutos to ai.^^^

Solto um suspiro e vou ao encontro da minha família, me sento na mesa, e minha mãe já me olha, sei bem que ela sabe que aconteceu algo.

Como com elas, e dou comida pra minha filha, olhei para o celular para ver a hora. — Vai logo filho. — Minha mãe fala e encaro ela. — Sei que precisa sair, vai, tenho certeza que é importante, só tome cuidado.

Ela levanta e pega a Maya dos meus braços. — Desculpa mãe, eu prometo que logo volto. — Me levanto.

— Toma cuidado, se morrer fico com seu quarto. — Patrícia, minha irmã mais nova, diz brincando e eu dou risada.

— Não vai se livrar de mim tão cedo. — Dou uma piscada.

Beijo a bochecha da minha pequena e saio de casa, pego minha moto e subo pro galpão. Chegando já vejo meus homens se preparando, todos tem armas nas mãos e estão de coletes. Quando paro a moto, ouço um trovão no céu e sei que vai chover.

Desço da moto e vou andando até a porta do galpão, meus homens me cumprimentam e apenas balancei a cabeça. Entrei no galpão e já vejo Pacheco e JP, meus dois melhores amigos e braço direito que tenho no morro. Somos amigos desde criança.

— Já tá tudo certo? — Pergunto tirando minha blusa de frio e pegando um colete, que está em cima da mesa.

— Sim, só estávamos esperando você. — Pacheco fala e me entrega um fuzil.

— Ótimo, vamos então. — Digo terminando de pendurar o fuzil nas costas.

Saímos do galpão e todos começaram a entrar nos carros. Fiquei com Pacheco e o JP foi em outro carro com nosso parceiro MT. Começamos a descer o morro, e quando chegamos no asfalto seguimos para nosso destino.

Hoje eu ia tentar matar aquele maldito de qualquer forma.

Chegamos ao local, e nossos hackers já avisaram que a área está limpa. Escondemos os carros no meio da mata e ficamos esperando. Peguei um baseado bolado dentro do painel do carro, e acendi.

— Conseguiu mais informações com nossos infiltrados? — Pergunto.

— Sim, mas acho que não tem tanta relevância. — Pacheco acende um cigarro, e fica olhando a estrada.

— O'Que é? — Dou um trago e seguro a fumaça.

— O cara foi transferido para ficar como segurança da casa do Caim. Ele disse que viu uma mulher lá dentro. — Ele solta a fumaça — Disse que não conseguiu ver direito, mas parecia estar machucada.

— Não duvido que aquele desgraçado tenha feito alguma coisa. — Dou mais uma tragada. — Manda ele ficar de olho.

— Pode deixar irmão. — Ele joga o cigarro pela janela, e vejo uma luz forte na estrada.

“ — Patrão, são eles. — Ouço a voz de um dos meus homens no rádio.“

— Bora. — Abro a porta do carro, e seguro o fuzil na minha mão.

Dou um sinal para alguns vapores que estão perto e eles já começam a se preparar. Começamos a ir para beira da estrada e quando vejo mais outros carros chegando, assovio alto, e em poucos segundos, vejo o caminhão que estava vindo derrapar na estrada. Ele vira a parte da frente e capota deslizando para o canto.

Um dos carros bate com força nele, e os outros param com tudo. Meus homens começam a sair, e atiram nos malditos. Sai também e vou matando o máximo de homens que aparece.

Vejo Caim sair de um dos carros, e vou indo em direção a ele. Assim que o desgraçado me vê, abre um sorriso. Miro a arma nele, e começo a atirar. Ele corre e se esconde atrás do carro.

Vejo meus homens matando todos e nenhum dos meus está no chão, o que me deixa feliz.

Começo a andar em direção ao carro em que o outro está escondido, e quando chego perto, um tiro acerta de raspão meu braço. Me escondo na hora e ouço a risada do maldito.

— Acha mesmo que vai me matar. — Ele começa a gargalhar.

Saio do carro, e comecei a atirar. Vejo que acertei ele, e o mesmo se esconde. Quando vou levantar para ir em direção dele, uma luz forte aparece na estrada e vejo um carro. Dou sinal pros meus homens, mas é tudo muito rápido. Uma explosão acontece, fazendo uma barreira entre nós e o carro que chegou.

Me levanto e corro o mais rápido que posso, e vejo o carro sair em alta velocidade. — Filho da puta. — Grito e jogo minha arma no chão.

— Tá tudo bem, Patrão? — Dizon aparece ofegante e sei que veio correndo.

— Aquele arrombado, fugiu. — Olho para ele, e sinto a raiva me dominar. — Manda os vapores, dá uma olhada na carga, e vamos embora. — Falei nervoso e vou caminhando até meu carro.

Encostei na lateral e tirei um cigarro do bolso, acendo e dou uma tragada longa. Não posso acreditar que ele escapou, eu preciso matar ele, preciso acabar com essa merda, não aguento mais.

Espero alguns minutos, e logo meus homens finalizaram tudo. Vi que um deles ficou vivo, e mandei levarem pro nosso morro. Entrei no carro e logo Pacheco também. Seguimos pela estrada, e em poucos minutos a chuva começou a cair com força lá fora. Pacheco liga o limpador de parabrisa, mas não adianta muito. A estrada está escura, e a chuva é forte demais.

Quando vou mandar ele parar um pouco, vejo uma mulher correndo no meio da estrada de camisola branca cheia de sangue. Ela olha em nossa direção e eu grito, mas não dá tempo. Ele joga o carro pra direita, mas a ponta pega bem nela. Deslizamos pelo chão molhado e quando paramos o carro Pacheco me olha espantado. — Que porra foi essa? — Ele diz, tirando o cinto.

Tiro meu cinto também, e saio do carro, olho para direção de onde a mulher estava, e vejo seu corpo jogado no chão. Corro até ela, e quando chego perto, vejo seus olhos abertos. Ela tá toda machucada, chego mais perto e fico pensando como ela veio parar aqui. Ou estava fugindo de alguém, ou é só uma louca.

Pacheco me faz ajudar ela, e colocamos a mesma no carro, quando me sento no banco de trás e tento arrumar ela no meu colo, ela acorda assustada, pedindo pra eu não machucá-la, tento acalmá-la, mas ela desmaia de novo. Ai tenho uma pequena certeza, que parece que ela realmente fugiu de alguém e está com medo.

Pego meu celular, e mando mensagem pra minha irmã Débora, e peço pra um vapor levar ela pro posto, preciso que ela ajude essa mulher, para eu saber quem é ela.

— Patrão, sabe oque acabei de perceber. — Pacheco fala do banco da frente.

— O'Que? — Pergunto, olhando pra ele pelo retrovisor.

— Ela saiu do meio da mata, ali fica um dos condomínios fechados aqui do asfalto, e Caim mora em um deles. — Ele me dá uma olhada rápida, e volta a atenção para a estrada.

Olho pra mulher deitada no meu colo, e arqueio a sobrancelha. Me lembro do que nosso infiltrado comentou, e fico pensando se realmente pode ser verdade, e que aquela mulher pode ser essa? Ou só é uma coincidência.

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