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Como Te Amei?

PRÓLOGO

Um minuto e essa tortura acaba.

Mais um minuto e eu posso enfim respirar.

Por mais uma hora, tenho que ser a personagem que inventei.

A admirável Rosana Alves; a próxima capitã das líderes de torcida, a popular do colégio, que está cercada de amigos, mesmo que eu não possa confiar em quase nenhum deles.

A que vive numa completa mentira na frente de todos.

Mas a culpa é toda minha.

Fui eu que escondi a verdadeira Rosana cheia de defeitos por trás das cortinas.

Tudo isso para viver um sonho exclusivamente da minha mãe, já que foi atrapalhado por mim numa gravidez indesejada.

E finalmente essa dança ridícula acaba, mas ainda preciso continuar com o sorriso em meu rosto, mesmo que eu esteja detestando cada segundo disso.

Como uma robô, estou programada para animar uma torcida nos intervalos dos jogos que está aqui para ver nosso ilustre time de futebol.

Uma torcedora em especial, que vem para todos os jogos só para me avaliar.

E pelo seu olhar, está nada feliz e ver ela sair no meio do jogo me faz murchar por que sei que ela vai me esperar e eu vou ter que ouvir que eu estou estragando tudo com o meu jeito desleixado.

Com esse pensamento, sinto minhas mãos apertarem em punhos, tentando conter frustração que crescia em mim como monstro enjaulado.

Afinal, esse sempre foi o sonho dela, e o que eu quero nunca a importou.

"Bom trabalho Glam Girls! Excelentes como sempre. " - o locutor nos parabeniza. E logo depois, entra nosso mascote como sempre desajeitado a ovelha Benny, trazendo junto com ele uma animação que contagia toda torcida.

Eu o invejava às vezes, mesmo sendo um bobo da corte ele parecia ser feliz no que fazia.

E em fim, o intervalo acaba. O jogo recomeça, ganhamos nos pênaltis. Mas tudo é um borrão pra mim.

Mesmo com todos indo embora, continuo no estádio vazio.

Com vontade de ver ninguém, muito menos minha mãe que vai apontar todos os defeitos da minha dança.

Ela quer perfeição, e nada que eu faça vai ser o suficiente para ela

Com a raiva que sinto, chuto a bola esquecida direto para o gol.

De repente, me assusto ao som de um grito masculino vindo atrás de mim: "E a galera vibra! Goool!"

Ao me virar, vejo a ovelha Benny dançando animado até mim.

Na boa, esse garoto é muito esquisito.

"O que você está fazendo?"- questiono, quando ele para em minha frente.

"Foi mal." - ele diz tirando a cabeça da ovelha. Parecendo um bobo alegre continua; "Estava passando por aqui e acabei que te vi um pouco cabisbaixa e vim te animar, e então funcionou?"

"Só me deixe em paz." - me viro de costas para ele. Indo me sentar na grama, o ignorando para que entendesse o recado e saísse daqui.

Mas em vez do que eu esperava, ele se senta ao meu lado.

Não entendia esse insistência dele em sermos amigos. Nós não tínhamos nada haver.

Então não entendia do porque ainda estava aqui.

"O Que você quer?" - suspiro cansada.

Eu queria um minuto só pra mim, um instante para ser apenas a verdadeira Rosana, e não a líder de torcida.

Mas ele não me responde. Apenas levanta a cabeça em direção ao sol, fecha os olhos e sorri.

Por um momento o acho estranho, mas por fim faço igual, queria experimentar aquela paz que ele parecia sentir.

Após alguns minutos de silêncio, apreciei a leve brisa do entardecer.

Até que senti um toque em meus dedos, sem querer romper o silêncio olho para ele questionando com o olhar.

"Uma formiga." - sorri pra mim ao responder.

E continua a tocar meus dedos mesmo sem nenhuma formiga, em seguida segura a minha mão bem apertada.

Eu o olho novamente, esperando outra desculpa, mas ele apenas me observa em silêncio.

É como se estivesse me desafiando, como se já esperasse uma reação minha de recusa.

O mais estranho é que eu não sinto vontade de negar seu toque, instivamente aperto sua mão de volta.

Sorrindo de lado, ele volta a olhar para o céu, com seus olhos castanhos quase que mudando para o mel no sol, seus cabelos loiros bagunçados e sua covinha que o deixava bem fofo.

Ao perceber que estou sorrindo de volta, fecho os olhos e tento pensar em outra coisa.

Eu não posso me apaixonar por ele.

Mas por que ainda continuo a segurar sua mão?

Uma imagem para de Rosana para vocês ❣️

O DESPERTAR DO ESQUECIMENTO

Sentindo alguém apertar de leve minha mão, tento abrir meus olhos, mas sinto dificuldades.

É como se minhas pálpebras estivessem sido coladas.

Tentando outra vez e indo contra a tentação de voltar a dormir. Consigo, mas me deparo com um teto branco um pouco embaçado por causa da claridade.

Enquanto tento piscar algumas vezes pra manter o foco uma voz masculina me chama: "Rosana?"

A cama se move um pouco e eu olho em direção da voz.

O rosto do homem não me é nada familiar, ele esta inclinado para frente em uma cadeira, seu cotovelo direito apoiado no joelho, o queixo descansando de lado em seu punho erguido.

Seus olhos castanhos quase que escondidos por seus cabelos loiros escuros me fiscalizaram, de cima para baixo, a cada centímetro de meu corpo.

Era como se procurasse algum membro meu fora do lugar.

Estranhando sua reação, olho ao redor do quarto todo branco e o cheiro inquestionável de remédio e de eter.

Prendo a respiração surpresa, estava num quarto de hospital.

"Porque estou aqui?" - meu coração acelera com medo.

O homem que até então estava sentado, se levanta como se estivesse saindo de um transe tão rápido que acaba derrubando a cadeira em que estava sentado.

" Você acordou." - Repentinamente o moço se joga na cama me abraçando, me deixando sem fôlego.

"O que você está fazendo? Ficou doido?" - assustada, tento me afastar o empurrando.

"Oque aconteceu não importa, vamos seguir adiante." - ele fala me olhando nos olhos.

"Mas..." -eu olho para o lado confusa.

Do que ele estava falando?

"Esquece o passado, estamos no presente." - ele coloca sua mão em meu rosto e desce sua boca para me beijar.

Isso é sério?

"Moço, não faz isto por favor...- o pânico me instala e viro a cabeça surpresa. Fazendo-o beijar minha bochecha.

"Você poderia se afastar, por favor? - peço, assim que ele se distancia posso enfim respirar.

Eu estava apavorada, quem é esse maluco?

"Porque está agindo assim?" - ele tem a audácia de se parecer confuso.

"E como acha que eu deveria agir, quando um estranho tenta me beijar?" - cruzo os braços indignada.

"Um estranho?" - o homem se afasta da cama parecendo estar furioso. Se virando de costas pra mim diz: "É isso que agora sou pra você?"

"Sim?" - tive medo de responder, estava começando a ficar com medo dele.

"Depois de tudo o que passamos?" - ele se vira para mim, e desta vez parecendo estar desolado. Seus olhos no castanhos quase mel parecem querer lacrimejar, eles estavam com um brilho de tristeza que me fazia sentir um aperto no peito.

Ao me ver não expressar nenhuma reação ele vai em direção a porta do quarto e sem se virar me diz: "Olha, depois conversamos... Tenho que chamar o médico para você ".

Assim que ele sai, com dificuldades tento me sentar, mas me sinto fraca.

Meus braços estão com alguns arranhões e meu pé esquerdo está enfaixado.

Sofri algum acidente?

Tento me lembrar, mas minha cabeça lateja muito.

É como se estivesse sendo comprimida, tanto me faz se encolher e colocar as duas mãos para tentar amenizar, mas sem sucesso.

"Rosa? Que foi meu bem? Está com dor?" - o cara de antes corre para mim, me embalando em seus braços.

"Eu... Estava no colégio. Não entendo." -olho para ele confusa, ainda com a cabeça doendo.

Minha última lembrança é estar em aula, detestando a voz anasalada da professora de filosofia, irritada com a briga que tive com a minha mãe, logo depois de eu ter um momento estranho com o garoto ovelha.

O colégio teria sofrido um ataque terrorista? Aqui era Arapolis e nunca teve nada dessas coisas, na maior confusão era entre vizinhos.

"Colégio? - ele me olha. "Do que está falando?" - diz passando suas mãos enormes envolta do meu rosto.

Percebendo sua aproximação tão repentina, recuo.

"Cadê a minha mãe? Por favor diz pra ela que eu acordei e quero ela comigo." - me apavoro, o desconhecido voltou e ainda nem sinal da minha mãe.

"Eu queria muito querida, mesmo." - ele tenta limpar minhas lágrimas que começam a cair.

"Porque então não a chama? Ela está me odiando tanto que não veio me visitar no hospital?" - abaixo a cabeça, me lembrando da discussão que eu e minha mãe tivemos depois do jogo.

"Ela nunca te odiou e nunca vai. Tenho certeza que ela esteve orando por você no céu." - ele levanta meu rosto com delicadeza, mas nem foco em seu gesto, somente em sua última palavra.

"Céu?" - apavoro.

"Eu sei, você não acredita nessas coisas."-ele sorri, colocando uma mecha que caí, para trás de minha orelha.

Que este cara estava falando ? Será que é algum tipo de sequestrador e quer me levar para a Turquia?

Já vi sobre isto num noticiário da tevê.

"Mentiroso!" - grito, recuando para longe de seu toque; "Não vê que isto não tem graça? Você está falando da minha mãe?"

Esse cara não tem coração? Isso não é coisa que se brinca.

" Eu sei querida, são a nossa família e sinto pela sua perda." - diz com uma voz mansa que ao em vez de me acalmar, me apavora.

"Socorro!" - grito o mais alto que posso, que não é muito mas o faz se afastar um pouco no impulso.

" Rosana o que está fazendo?" - tenta chegar novamente mais perto, com certeza com medo do hospital chamar a polícia.

"Sai daqui ,seu doente! Eu nem te conheço!" - na tentativa de me livrar dele, saio da cama, quase caindo por causa da fraqueza que sinto em meu corpo.

"Rosana!" - ele segura meus braços, me encurralando na parede e me assustando ainda mais.

"Socorro!" - tentando pedir ajuda, grito novamente, só que agora mais alto.

Quando vou gritar outra vez, um médico aparece alarmado.

"Me ajuda..." - sussurro com medo.

"O que está acontecendo?" - o médico se aproxima de nós, se assustando ao me ver chorar. " Theodor, o que está fazendo? Está aterrorizando ela. "

"Como assim o que eu estou fazendo?" - ele grita e me solta tão rapidamente e quase vou ao chão pelas minhas pernas estarem bambas.

Abro minha boca para pedir ao médico chamar a polícia para o lunático, mas paro quando ele diz: "Eu estou tentando entender porque diabos a minha esposa está agindo assim? Ela não está falando coisa com coisa alguma!"

Paraí... Ele Disse esposa?

O TEMPO QUE ME ROUBARAM

Acordo novamente.

Sem abrir os olhos, aprecio o carinho que sinto de uma mão em meu rosto, de leve. Grata depois do pesadelo assustador que tive, suspiro profundamente.

No momento em que abro os olhos, fico alarmada.

"Se acalme, por favor, se acalme se não vai desmaiar de novo." - implora o mesmo cara de antes.

Não foi um pesadelo, era real.

Quando penso em gritar novamente, vejo a sinceridade em seu olhar.

Se ele ainda não foi preso, ele não estava mentindo.

"Ela morreu de verdade, não é?”– começo a chorar.

A minha mãe, minha única família se foi.

"Sim. Sinto muito querida.” – ele diz com pesar. “Porque está voltando com essa história agora?”

“Como assim eu estou voltando com essa história?” – pergunto perplexa, ele me olha como se fosse eu estivesse fazendo drama.

Ele não tem empatia?

“Eu acabei de perder a minha mãe!” – choro ainda mais. Fazendo o estranho se afastar e me olhar surpreso.

Me sentando para me afastar ainda mais dele, pergunto descrente me direcionando ao médico que permanecia calado: “Ele também faz parte do hospital?”

Apesar de não estar de jaleco igual ao outro ou de uniforme.  E um péssimo profissionalismo, era a única razão de ele ainda estar aqui.

“Como assim? Do que você está falando Rosana" - o rapaz me pergunta, aparentando espanto.

Não me dando tempo de negar, o médico me questiona: “Rosana você conhece Theodor ?”

“Oque você querendo dizer doutor?” – me vendo confusa ao olha-lo o rapaz, que pelo que parece se chama Theodor, ele se levanta da cama, desconfiado.

Ignorando, o médico chega mais perto e me pergunta, cauteloso.

"Qual é a última coisa que se lembra Rosana?"

Para tentar me lembrar, fecho os olhos, respiro e inspiro.

E como se estivesse acontecendo naquele momento digo:

"Após o jogo do time de futebol, tive uma briga feia com minha mãe. Eu estava em aula até que minha professora de filosofia me chama..." – abro os olhos confusa.

“E o que mais Rosana?” – o médico me incentiva.

“ E nada.” – respondo quando não aparece mais nenhum Flash de memória. “Eu acordo aqui.” – limpo uma lágrima enquanto a ficha cai que será minha última lembrança dela.

Tendo uma briga com ela.

"E de mim?” – o rapaz chama minha atenção ao segurar minha mão. “Você se lembra, não é?” – ele me aparenta estar apreensivo e fico com pena ao dizer: "Não, não faço ideia de quem seja.”

“Sou eu, Theodor.” – ele diz se chegando mais até mim.

“Você apareceu aqui do nada. Você também trabalha no hospital?" – pergunto novamente.

É a resposta que mais me faz sentido.

Agora que sei que não é nenhum sequestrador.

“Como pode não se lembrar?" – ele  mal consegue dizer. “Sou seu marido.”

“Marido? Você não acha muito velho pra mim não?” – zombo mesmo sabendo não ser o momento certo. “Posso até não lembrar de muita coisa, mas nunca estaria casada com quinze anos.”

Minha mãe nem me deixava dormir fora de casa, quem dirá me casar.

Theodor fica pasmo e sem palavras me encarando, acho que não gostou de ser chamado de velho. Eu o encaro de volta, não menti.

Mas paro quando o médico interrompe o silêncio me perguntando : “Em que anos você acha que estamos Rosana?”

“2012 óbvio. Ainda estamos em Dezembro?” – pergunto confusa, por não saber por quanto tempo estava internada.

“Estamos, só que em 2023." – responde o médico com uma calma assustadora.

“Como assim? Quanto tempo fiquei desacordada? " –  me abalo com a situação.

Fiquei em coma por todo esse tempo?

“Cerca de setenta e cinco horas.” – o médico me responde prontamente ao olhar seu enorme relógio.

Tivemos um acidente então?

“E minha mãe? Já houve o entrerro?” – choro. Eu não tive tempo nem de me despedir.

Theodor segura mais forte minha mão, em forma de consolo. Mas em vez de me confortar me deixa sem chão ao dizer: “Rosana... Ela se foi já faz onze anos.”

“O que? “ – tenho dificuldades em perguntar.

Não faz o menor sentido.

“Há onze anos ela sofreu um acidente de carro, logo antes de nós nos relacionarmos." – ele repete pausadamente.

Mas ainda não consigo entender, tento ligar os fatos do que ele diz com as minhas lembranças, mas não parecem ser real suas palavras.

“Mas porque não me lembro de nada?” – olho para Theodor e logo em seguida para o médico em busca de respostas.

“Você foi atropelada em uma rodovia movimentada, possivelmente quando bateu forte a cabeça de acordo com os exames apesar de não causar nenhum dano mental. Aparentemente o inchaço do trauma cerebral, impediu o fluxo de sangue para o lobo temporal direito do cérebro, que está associado à memória.” – o médico faz uma pausa, vendo que não expressamos nenhuma reação.

Completa: “Ou seja, Rosana sofre da síndrome de amnésia.”

“Porque não me disse nada antes? “ – Theodor parece perdido.

“ Certamente eu já desconfiava, porém mesmo após muitos estudos relacionados ao nosso cérebro, ele ainda é uma incógnita.”– o médico suspira. “ Rosana poderia acordar sem nenhum trauma, acordar e não se lembrar do próprio nome, ou como até agora que pelo estabeleci, haver um ponto de corte óbvio na memória. Só ela acordando para ter certeza.”

“E quanto tempo vou ficar assim, demora pra recuperar?” – pergunto me preocupando.

“A parte de seu cérebro que armazena certas lembranças sofreu um trauma. Nossa habilidade de acessar lembranças é muito complexa mesmo sem desvantagem do trauma cerebral.”

“Oque está querendo dizer com isso doutor?” – Theodor pergunta com a testa franzida.

“Ela perdeu onze de sua vida, e só o tempo pra dizer quando a memória de sua esposa voltará. E se vai voltar. "

“Como e se? Esse é o meu tempo com ela.” – Theodor se vira de frente para o médico.  “ Ela não se lembra nem da filha de dez anos.”

“ Sinto muito, Theodor.” – o médico coloca a mão em seu ombro.

Oque?

“Temos uma filha?” – pergunto perdendo o  fôlego.

Meu Deus! Como se não bastasse eu acordar casada sem me lembrar dos meus últimos onze anos, eu ainda tenho uma filha?

"Vamos conversar na minha sala e deixar sua esposa descansar, ela acabou de acordar de um coma e já passou por estresse demais." - o médico aconselha Theodor.

Descansar? Só pode ser brincadeira!

“ A minha vida está toda revirada e é para mim descansar? Não mesmo!" - retiro as cobertas de minhas pernas, decidida.

"Te espero na minha sala Theodor." - o médico saiu da sala, mas não sem antes de olhar como se dissesse 'de um jeito nela'.

"Que imbecil!" - reviro os olhos, tentando sair da cama. Ainda me sentindo fraca.

"Também acho melhor você descansar."- Theodor me detém.

"Não estou nem aí o que você acha ou deixa de achar. Se pensa que vou ficar aqui sem saber oque esta acontecendo e deixar você tomar conta da minha vida. Não me conhece."

"Eu a conheço sim. Seu nome agora é Rosana Alves Valentino tem vinte e seis anos, minha mulher. Mãe da nossa filha Lunna Alves Valentino. A minha mulher que eu amo." - ele penetra minha alma com suas palavras desconcertantes .

"Mas..." - até que tento relutar, porém não encontro palavras.

"Fique." - ele me pede. "Não tem mais alguém neste mundo, que quer esta bagunça resolvida e sua família de volta como eu."

"Está bem." - aceito sem ao menos pensar.

Não era o meu normal, mas havia ficado sem jeito.

Sendo assim, ele me ajuda a me deitar, beija minha testa e sai.

Fico alguns minutos olhando para porta até conseguir voltar a dormir.

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