NovelToon NovelToon

Corrupt - Devil's Night

RF - 3 anos depois

NovelToon
~ 𝕽𝖎𝖐𝖆 𝕱𝖆𝖓𝖊 ~
𝑬𝒍𝒆 𝒏𝒂𝒐 𝒆𝒔𝒕𝒂𝒓𝒂 𝒂𝒒𝒖𝒊
Não havia razão para ele aparecer na festa de despedida do irmão, já que os dois não se suportam, então...
𝑵𝒂𝒐, 𝒆𝒍𝒆 𝒏𝒂𝒐 𝒆𝒔𝒕𝒂𝒓𝒂 𝒂𝒒𝒖𝒊
Arregaçando as mangas do meu suéter, acelerei os passos e cruzei a porta da casa dos Crist, atravessando o corredor de entrada em direção as escadas.
Pelo canto do olho, vi o mordomo virando o corredor, mas não parei.
Edward
Edward
— Senhorita Fane!
Edward
Edward
— Você está muito atrasada.
Erika Isla Fane
Erika Isla Fane
— Sim, eu sei.
Edward
Edward
— A senhora Crist estava te procurando.
Franzi as sobrancelhas e cessei os meus passos, virei-me para ele.
Erika Isla Fane
Erika Isla Fane
— É mesmo?
Os lábios dele ficaram rígidos, mostrando sua irritação.
Edward
Edward
— Bom, na verdade, ela pediu que eu a procurasse.
Um sorriso escapou enquanto me inclinava no corrimão, depositando um beijo em sua testa.
Erika Isla Fane
Erika Isla Fane
— Bem, estou aqui.
Erika Isla Fane
Erika Isla Fane
— Você pode voltar para as suas tarefas importantes agora.
Virei em direção as escadas outra vez
NovelToon
Ouvido a música suave da festa que acontecia no terraço.
É claro que eu duvidava que Delia Crist, a melhor amiga da minha mãe e matriarca de Thunder Bay, a nossa pequena comunidade na Costa Leste. Tivesse gastado o seu precioso tempo à minha procura por conta própria.
Edward
Edward
— O seu vestido encontra-se sobre a cama.
Ele gritou assim que eu cheguei ao corredor que dava acesso aos quartos.
NovelToon
Suspirei audivelmente ao acender as luzes.
Erika Isla Fane
Erika Isla Fane
— Obrigada Edward.
Eu não precisava de um vestido novo; já tinha uma porção que só cheguei a usar uma vez, e aos 19 anos eu mesma poderia escolher as minhas roupas.
𝑵𝒂𝒐 𝒒𝒖𝒆 𝒆𝒍𝒆 𝒇𝒐𝒔𝒔𝒆 𝒂𝒑𝒂𝒓𝒆𝒄𝒆𝒓 𝒂𝒒𝒖𝒊 𝒑𝒂𝒓𝒂 𝒗𝒆
𝑴𝒂𝒔 𝒔𝒆 𝒗𝒊𝒔𝒔𝒆
𝑬𝒖 𝒔𝒂𝒃𝒊𝒂 𝒒𝒖𝒆 𝒏𝒖𝒏𝒄𝒂 𝒐𝒍𝒉𝒂𝒓𝒊𝒂 𝒑𝒂𝒓𝒂 𝒎𝒊𝒎.
Não, eu deveria ser grata. A Sra. Crist pensou em mim, e foi legal da parte dela se assegurar que eu tivesse um vestido para usar. Uma camada fina de areia cobria os meus pés e pernas, inspecionei a barra do meu short jeans para ter noção de quão molhada fiquei na minha ida à praia. Será que eu precisava de um banho? Não, já estava atrasada pra caramba, dane-se.
Ao entrar no meu quarto
NovelToon
NovelToon
— o que os Crists designavam a mim quando eu acabava dormindo aqui — observei o ‘sexy’ vestido branco de festa
NovelToon
E imediatamente comecei a me despir. As alças finas não serviam para nada, muito menos para sustentar os meus seios, mas o vestido ajustava-se muito bem ao meu corpo, e o tom fazia com que a minha pele parecesse mais bronzeada do que já estava.
NovelToon
A senhora Crist tinha ótimo gosto, e pareceu um gesto bacana ela ter me dado o vestido. Estive muito ocupada ajeitando as coisas para o início das aulas amanhã, e nem mesmo me atentei em procurar o que deveria usar esta noite.
Entrando intempestivamente no banheiro,
NovelToon
Enxaguei os tornozelos e pés para retirar a areia da praia que grudou durante a minha caminhada. Depois, penteei o meu longo cabelo loiro e apliquei uma camada de gloss nos lábios.
NovelToon
Corri de volta para o quarto, peguei os sapatos de tiras marrons que Sra. Crist deixou ao lado do vestido
NovelToon
E me dirigi para o corredor e escadas. 𝑭𝒂𝒍𝒕𝒂𝒎 𝒅𝒐𝒛𝒆 𝒉𝒐𝒓𝒂𝒔 𝒑𝒂𝒓𝒂 𝒆𝒖 𝒊𝒓 𝒆𝒎𝒃𝒐𝒓𝒂. O meu coração bateu acelerado à medida que atravessei o corredor às pressas rumo à parte dos fundos da casa. A esta hora, amanhã, eu estaria completamente por conta própria — sem mãe, sem Crists, sem lembranças... E, mais importante de tudo, não teria que ficar a imaginar, esperando ou temendo que fosse vê-lo. Nem ficaria andando em corda bamba, dividida entre a euforia e o desespero quando o via. Não. Poderia abrir os meus braços e girar num amplo círculo sem arriscar esbarrar em alguém conhecido. Calor dominou o meu peito, e não sabia dizer se era por emoção ou medo, mas eu... ... 𝑬𝒔𝒕𝒂𝒗𝒂 𝒑𝒓𝒐𝒏𝒕𝒂. Pronta para deixar tudo para trás. ... 𝑨𝒐 𝒎𝒆𝒏𝒐𝒔 𝒑𝒐𝒓 𝒖𝒎 𝒕𝒆𝒎𝒑𝒐.
Virando à direita, passei pelas duas cozinhas
Uma para uso diário
NovelToon
E outra adjacente para o serviço de Bufete
NovelToon
E fui em direção ao solário ao lado da mansão. Abri as portas duplas e entrei no imenso jardim com piso de cerâmica, paredes e teto feitos de vidro
NovelToon
NovelToon
Senti imediatamente a mudança de temperatura. Calor e umidade encharcaram o tecido do meu vestido, fazendo com que ele aderisse mais ainda ao meu corpo. As árvores ao redor se erguiam na quietude da sala escura, iluminada apenas pela luz da lua que atravessava os vitrais do teto. Inspirei o doce perfume das palmeiras, orquídeas, lírios, violetas e hibiscos, lembrando-me do closet de mamãe e de todos aqueles perfumes que exalavam dos seus casacos e cachecóis amontoados num único espaço. Virei à esquerda e parei em frente às escadas que levavam ao terraço.
NovelToon
NovelToon
NovelToon
Coloquei os saltos enquanto observava a multidão. 𝑫𝒐𝒛𝒆 𝒉𝒐𝒓𝒂𝒔. Ergui o meu corpo e agarrei um punhado de cabelo para colocar sobre o meu ombro, de forma que cobrisse a cicatriz do lado esquerdo do pescoço. Ao contrário do irmão, Trevor com certeza estaria por aqui, e ele não gostava de ver a marca na minha pele.
Garçom
Garçom
— Senhorita?
Um garçon ofereceu-me o que servia na sua bandeja. Sorri, pegando um copo de cristal que eu sabia ser um Tom Collins.
NovelToon
Erika Isla Fane
Erika Isla Fane
— Obrigada.
A bebida amarelo-limão era uma das favoritas do casal Crist, logo era a que mais circulava entre os convidados. O garçon desapareceu por entre a multidão, mas permaneci parada no mesmo lugar, observando o jardim com os olhos. As folhas das árvores se agitavam, a brisa suave ainda soprava os vestígios do dia quente; observei todos ao redor nos seus elegantes vestidos de festa e ternos.
Tão perfeitos. Tão arrumados. As luzes nas árvores e os empregados vestidos em seus trajes brancos.
NovelToon
NovelToon
A piscina decorada com velas flutuantes.
NovelToon
As joias brilhantes refletindo nos dedos e pescoços das mulheres. Tudo ali era tão refinado, mas quando eu olhava para aqueles adultos e a família com quem cresci ao redor, cheios de dinheiro e vestidos em roupas de grife, era como ver uma camada de tinta que você usa para tentar encobrir madeira apodrecida. Havia atitudes sombrias e sementes ruins. Mas quem se importa se a casa estiver caindo aos pedaços sendo bela por fora, não é mesmo? O cheiro da comida tomava o ar acompanhado da música suave tocada pelo quarteto de cordas
NovelToon
E eu estava na dúvida se devia procurar a Sra. Crist e informar que cheguei, ou ir atrás de Trevor, já que a festa era em sua homenagem. Ao invés disso, pressionei o copo de cristal com mais força, sentindo o pulso acelerar enquanto resistia à urgência de fazer aquilo que mais queria. O que eu sempre fazia... 𝑷𝒓𝒐𝒄𝒖𝒓𝒂𝒓 𝒑𝒐𝒓 𝒆𝒍𝒆. Mas era óbvio que não, ele não estaria aqui. Provavelmente. Talvez ele estivesse. O meu coração começou a martelar no peito, e senti o calor esquentando o meu pescoço. E, contra a minha vontade, os meus olhos começaram a percorrer o lugar. Ao redor da festa e por entre os rostos, procurando por... 𝑴𝒊𝒄𝒉𝒂𝒆𝒍. Eu não o vi por meses, mas ele estava em todo o lugar, especialmente em Thunder Bay. Nas fotos que a sua mãe mantinha pela casa, no cheiro que circulava pelo corredor, vindo do seu quarto... Talvez ele esteja aqui.
Trevor Crist
Trevor Crist
— Rika.
Pisquei, inclinando a cabeça para o lado ao ouvir Trevor chamar o meu nome. Ele andou por entre os convidados, o cabelo loiro meio desgrenhados, era seu charme, os impacientes pacientes olhos azuis profundos, e os passos determinados.
Trevor Crist
Trevor Crist
— Oi, amor. Estava começando a pensar que não viria.
Hesitei, sentindo o meu estômago embrulhar. No entanto, forcei um sorriso assim que ele me alcançou.
𝑫𝒐𝒛𝒆 𝒉𝒐𝒓𝒂𝒔.
Ele deslizou a mão pelo lado direito do meu pescoço — nunca pelo esquerdo —, e esfregou o polegar pela minha bochecha, o corpo agora colado ao meu. Olhei para os lados, sentindo-me desconfortável.
Erika Isla Fane
Erika Isla Fane
— Trevor...
Trevor Crist
Trevor Crist
— Eu não sei que seria capaz se você não aparecesse hoje à noite
Trevor Crist
Trevor Crist
— Talvez jogar pedras na sua janela, uma serenata, levar flores, doces, um carro novo...
Erika Isla Fane
Erika Isla Fane
— Eu já tenho um carro novo.
Trevor Crist
Trevor Crist
— Estou falando de um carro de verdade.
Ele finalmente deu um sorriso.
NovelToon
Revirei os olhos e afastei-me do seu agarre. Pelo menos ele estava brincando comigo outra vez, mesmo que fosse para desdenhar do meu novo Tesla. Aparentemente, carros elétricos não são considerados de verdade, mesmo que seja um lançamento super luxuoso e lindo com detalhes em ouro, feito o meu mais novo bebê.
NovelToon
Mas ei, eu poderia relevar a zoação se aquilo significasse que ele cansou de me fazer sentir como merda a respeito de tudo. Trevor Crist e eu éramos amigos desde o momento em que nascemos; fomos para escola juntos desde sempre, e os nossos pais teimavam em nos jogar um para o outro como se um relacionamento fosse inevitável. E, ano passado, finalmente acabei cedendo. Namoramos durante quase o primeiro ano inteiro da faculdade, estudando na Brown juntos — ou, mais precisamente, eu me inscrevi na Brown e ele me seguiu até lá
NovelToon
NovelToon
NovelToon
Mas tudo acabou em maio. Ou eu terminei tudo em maio. Era culpa minha ser incapaz de amá-lo. Era culpa minha não querer mais tentar. E era culpa minha ter transferido a minha faculdade para outra cidade onde ele não pudesse me seguir. Sendo culpa minha que ele finalmente cedeu à pressão do pai para transferir o seu curso para a Academia Militar em Annapolis; e eu era a culpada por estar rompendo a relação entre as nossas famílias. Era minha culpa e eu precisava de espaço. Exalei um suspiro e forcei os meus músculos a relaxar.
𝑫𝒐𝒛𝒆 𝒉𝒐𝒓𝒂𝒔.
Trevor sorriu para mim, os seus olhos se aquecendo ao pegar a minha mão e levar-me de volta para o solário. Ele me puxou por trás das portas de vidro, e pressionou os seus quadris aos meus, sussurrando no meu ouvido:
Trevor Crist
Trevor Crist
— Você está maravilhosa.
No entanto, eu me afastei outra vez, ganhando alguns centímetros de espaço entre nós.
Erika Isla Fane
Erika Isla Fane
— Você também.
Ele se parecia muito com o pai, com aquele cabelo loiro-areia, maxilares fortes, e aquele sorriso capaz de fazer qualquer pessoa virar pudim em suas mãos.
NovelToon
Ele também se vestia tal qual o Sr. Crist, parecendo elegante no seu terno cinza, com uma t-shirt branca por baixo. Tão refinado. Tão perfeito. Trevor conseguia estar sempre deslumbrante até nos seus piores dias.
NovelToon
Trevor Crist
Trevor Crist
— Não quero que vá para Meridian .
— ele disse, estreitando os olhos
Trevor Crist
Trevor Crist
— Você não tem ninguém lá, Rika. Pelo menos na Brown, eu estava na área, e o Noah estava a menos de uma hora de distância de Boston. Você tinha amigos por perto.
Sim. Perto.
Exatamente a razão para querer fazer tudo diferente. Nunca estive longe da vigilância das pessoas ao meu redor. Sempre havia alguém – meus pais, Trevor, o meu amigo Noah — para me segurar quando eu caía. Até mesmo quando fui para a universidade, deixando de ter a minha mãe e os Crist por perto, Trevor me seguiu. E então, lá estava eu, com as mesmas amizades do ensino médio que acabaram matriculados em universidades próximas. Era como se nada tivesse mudado. Eu queria arranjar alguns problemas. Queria me molhar na chuva, encontrar algo que fizesse o meu coração bater mais rápido outra vez e saber qual era a sensação de não ter ninguém ao redor para me proteger. Tentei explicar isso a ele, mas, toda a vez que abria a minha boca, era incapaz de encontrar as palavras corretas. Dito em voz alta pareceria egoísmo e ingratidão, mas, por dentro... Eu precisava saber quem eu era. Precisava saber se seria capaz de me sustentar sem a influência do meu sobrenome de família, do apoio de outras pessoas, ou de Trevor o tempo inteiro pairando ao meu redor. Se eu fosse para uma nova cidade, com gente que não conhecia a minha família, será que eles me dariam atenção? Será que gostariam de mim? Eu não estava satisfeita na Brown nem com Trevor, e, por mais que tenha desapontado aqueles que me cercam, era isto o que eu queria. "Cᴏɴʜᴇᴄ̧ᴀ ᴀ sɪ ᴍᴇsᴍᴀ." O meu coração trepidou com a lembrança das palavras do irmão de trevor, Michael. Eu mal podia esperar. Sᴏ́ ᴍᴀɪs 12 ʜᴏʀᴀs...
Trevor Crist
Trevor Crist
— Mas suponho que isso nem é inteiramente verdade, não é?
Ele perguntou com um tom de voz acusatório
Trevor Crist
Trevor Crist
— Michael joga pelo Storm, então ele vai estar perto de você agora.
Franzi a sobrancelha, respirando profundamente antes de colocar a minha bebida em qualquer lugar por ali.
Erika Isla Fane
Erika Isla Fane
— Com uma população de mais de dois milhões de pessoas, duvido que vou esbarrar nele com frequência.
Trevor Crist
Trevor Crist
— Exceto se você o procurar.
Cruzei os braços à frente do meu peito, com o olhar focado em Trevor e recusando-me a entrar nessa discussão outra vez.
Michael Crist era o irmão de Trevor. Um pouco mais velho, mais alto e muito mais intimidante. Eles não tinham quase nada em comum, e se odiavam profundamente. O ciúme do irmão mais velho sempre existiu, desde que conheço Trevor. Michael estava formado pela Universidade de Westgate, sendo convocado para um time da NBA quase que imediatamente. Ele jogava pelo Storm, de Meridian, um dos melhores times da liga de basquete, então, sim, eu poderia dizer que conhecia uma pessoa naquela cidade. Isso não me servia de muita coisa, no entanto. Michael raramente olhava para mim, e, quando falava comigo, o seu tom era o mesmo que usaria para conversar com um cachorro. Eu não planejava cruzar o meu caminho com o dele. Não. Aprendi a minha lição há muito tempo. Estar na cidade de Meridian não tinha nada a ver com Michael. Era perto da minha casa, então eu poderia visitar a minha mãe com mais frequência, mas também era um lugar para onde Trevor nunca iria. Ele odiava cidades grandes ... e detestava o seu irmão ainda mais.
Trevor Crist
Trevor Crist
— Sinto muito.
Trevor desculpou-se com gentileza.
Pegou a minha mão e puxou-me contra o seu corpo outra vez, deslizando uma mão na minha nuca.
Trevor Crist
Trevor Crist
— É só que eu te amo, e odeio tudo isso. Nós pertencemos um ao outro, Rika. Sempre fomos nós.
Nós? Não.
Trevor não fazia o meu coração disparar e bater forte como se eu estivesse numa maldita montanha-russa. Ele não estava nos meus sonhos, e não era a primeira pessoa em quem eu pensava quando acordava de manhã. Ele não me assombrava. Coloquei uma mecha atrás da orelha, percebendo que o seu olhar desviou para a lateral do meu pescoço. Ele afastou o olhar rapidamente, como se não tivesse visto nada. Penso que a cicatriz tornava-me menos do que perfeita aos seus olhos.
Trevor Crist
Trevor Crist
— Vamos lá...
Insistiu e recostou a testa à minha, segurando os meus quadris.
Trevor Crist
Trevor Crist
— Sou bom para você, não sou? Sou legal, e sempre estou aqui para você.
Erika Isla Fane
Erika Isla Fane
— Trevor
Argumentei, tentando sair do seu agarre.
Mas então a sua boca foi até a minha, o cheiro do seu perfume atingiu as minhas narinas à medida que os seus braços circundaram o meu corpo. Empurrei o seu peito com os meus punhos, tentando afastar a minha boca da dele.
Erika Isla Fane
Erika Isla Fane
— Trevor
resmunguei, baixinho.
Erika Isla Fane
Erika Isla Fane
— Pare com isso.
Trevor Crist
Trevor Crist
— Eu dou tudo aquilo de que você precisa.
Retrucou, numa voz zangada, mergulhando a cabeça no vão do meu pescoço.
Trevor Crist
Trevor Crist
— Você sabe que seremos nós.
Erika Isla Fane
Erika Isla Fane
— Trevor!
Tencionei todos os músculos do meu corpo, finalmente conseguindo empurrá-lo para longe de mim. Baixando as mãos, ele deu um passo para trás. Eu também afastei-me um passo, sentindo o tremor nas minhas mãos.
Trevor Crist
Trevor Crist
— Rika.
Tentou alcançar-me outra vez, mas estiquei o corpo, afastando-me mais ainda até que ele abaixou a mão.
Trevor Crist
Trevor Crist
— Tudo bem.
Balançou a cabeça e zombou:
Trevor Crist
Trevor Crist
— Vá para suas aulas, então. Faça novos amigos e deixe tudo para trás, se quiser, mas seus demônios ainda vão persegui-la onde estiver. Não há como escapar deles.
Ele passou os dedos pelo cabelo, encarando-me enquanto ajeitava a sua roupa e dava a volta por mim para sair pela porta.
Olhei para as janelas atrás dele, sentindo a raiva crescer no meu peito. O que ele quis dizer com aquela merda? Não havia nada me segurando e nada do qual eu estava tentando escapar. Eu só queria ser livre. Afastei-me da porta, incapaz de dar o fora dali. Eu não queria desapontar a Sra. Crist, saindo furtivamente da festa do seu filho, mas também não queria mais passar as minhas últimas horas na cidade, aqui. Eu queria estar com a minha mãe. Dei a volta, pronta para sair, mas meu olhar foi atraído para cima e, na mesma hora, parei. O meu estômago deu um nó, E não pude respirar.
𝕄𝔼ℝ𝔻𝔸...

RF - 3 anos depois pt. 2

...
Michael estava sentado em uma das cadeiras acolchoadas que ficavam na parte de trás do solário; seus olhos estavam fixos aos meus, parecendo extremamente calmos.
NovelToon
𝙈𝙞𝙘𝙝𝙖𝙚𝙡.
"Aquele que não era nem um pouco gentil."
"Aquele que nunca foi bondoso comigo."
Senti o aperto na garganta, e tentei engolir, mas não conseguia me mover.
Eu simplesmente o encarei, paralisada. Ele esteve ali o tempo todo, desde o momento em que entrei?
Ele se recostou na cadeira, praticamente envolto pela escuridão e as sombras das árvores acima. próximo ao seu pé uma bola de basquete, e em uma das mãos uma taça gapendurada entre seus dedos. Meu coração começou a bater tão descompassado que chegava a doer.
𝑶 𝒒𝒖𝒆 𝒆𝒍𝒆 𝒆𝒔𝒕𝒂𝒗𝒂 𝒇𝒂𝒛𝒆𝒏𝒅𝒐?
Ele ergueu a garrafa até seus lábios, ainda me observando, e desviei o olhar por um segundo, sentindo o embaraço tomar conta do meu rosto.
Ele presenciou todo o episódio com Trevor.
𝙋𝙤𝙧𝙘𝙖𝙧𝙞𝙖
Olhei para cima outra vez, admirando o cabelo castanho num estilo que o deixava digno de uma capa de revista, e os olhos cor de mel, que mais se pareciam cidra com manchas de especiarias. Na escuridão, eles pareciam mais escuros do que realmente eram por baixo das sobrancelhas estreitas e castanhas que se inclinavam no centro fazendo-o parecer mais formidável do que já era. Os lábios cheios não mostravam um pingo de sorriso, e a sua estrutura física praticamente dominava a cadeira.
Estava usando calça social com apenas a camisa social branca que estava aberta no colarinho e sem gravata
NovelToon
NovelToon
Porque, como sempre
Ele fazia apenas o que queria.
E isso era tudo o que qualquer pessoa poderia usar para descrevê-lo. Como ele surgia. Como ele se parecia. Acho que nem mesmo os pais dele sabiam o que se passava por trás daqueles olhos. Observei o momento em que ele se levantou da cadeira e deixou rolar a bola de basquete para um pouco mais longe do assento, mantendo os olhos focados em mim enquanto caminhava. Quanto mais perto chegava, mais alto se parecia em seus 1,93m. Michael era magro, mas musculoso, e me fazia sentir pequena. De várias formas.
Era como se estivesse caminhando diretamente para mim, e meu coração começou a martelar no peito enquanto eu estreitava os olhos, abraçando meu próprio corpo. No entanto, ele não parou. O leve toque de seu sabonete líquido me atingiu quando passou por mim, e virei a cabeça, meu peito doendo enquanto ele deixava o solário sem dizer uma palavra sequer.
Mordi os lábios, lutando contra as lágrimas.
𝖀𝖒𝖆 𝖓𝖔𝖎𝖙𝖊, 𝖊𝖑𝖊 𝖒𝖊 𝖓𝖔𝖙𝖔𝖚.
U̳m̳a̳ ̳n̳o̳i̳t̳e̳,̳ t̳r̳ê̳s̳ ̳a̳n̳o̳s̳ ̳a̳t̳r̳á̳s̳,̳ ̳ M̳i̳c̳h̳a̳e̳l̳ ̳v̳i̳u̳ ̳a̳l̳g̳o̳ ̳e̳m̳ ̳m̳i̳m̳ ̳e̳ ̳g̳o̳s̳t̳o̳u̳.̳
E, da mesma forma que o fogo começou a acender, prestes a explodir em meio às chamas, se extinguiu. Escondeu-se ante a raiva e o calor, e foi contido. Saí em disparada dali, em direção à casa, através do saguão e pela porta da frente. Raiva e frustração castigando cada nervo do meu corpo enquanto andava até o meu carro. Sem contar com aquela noite, ele me ignorou pela maior parte da minha vida, e sempre que dirigiu a palavra a mim, era como um corte afiado. Engoli o nó na garganta e entrei no carro. Esperava que nunca o encontrasse em Meridian. Esperava que nossos caminhos nunca se cruzassem e que nunca tivesse que saber notícias dele. Eu me perguntava se ele ao menos sabia que estava me mudando para lá. Não importava, de qualquer forma. Mesmo que morássemos na mesma casa, era como se habita se outro planeta, que não era o dele. Definitivamente. Assim que dei partida no carro, 37 Stitches, do Drowning Pool, começou a tocar pelos alto-falantes, e acelerei pela longa entrada da mansão, apertando o controle para abrir os portões. Pisei mais fundo ainda na estrada. Minha casa ficava a poucos minutos de distância dali e era um percurso tranquilo que fiz muitas vezes na minha vida. Inspirei profundamente, tentando me acalmar.
𝑫𝒐𝒛𝒆 𝒉𝒐𝒓𝒂𝒔.
Amanhã eu deixaria tudo isto para trás. Os imensos muros de pedra da propriedade dos Crist já não estavam à vista, dando lugar às árvores que flanqueavam a estrada. E, em menos de um minuto, as lâmpadas dos postes da minha casa apareceram, iluminando a noite. Desviando à esquerda, acionei outro botão no painel e atravessei os portões com meu Tesla, vendo que as lâmpadas externas lançavam um brilho suave ao redor da entrada de veículos circular, com uma imensa fonte no centro.
NovelToon
Estacionando o carro em frente à propriedade, corri até a porta, apenas querendo rastejar para debaixo das cobertas até que a manhã chegasse. No entanto, ao olhar para cima, fiquei surpresa ao ver uma vela acesa na janela do meu quarto. O quê? Não estive em casa desde o fim da manhã. E, certamente, não deixei uma vela acesa De cor marfim, estava situada dentro de um castiçal de vidro cilíndrico.
NovelToon
Fui até a porta, destranquei e entrei.
NovelToon
Erika Isla Fane
Erika Isla Fane
— Mãe?
Ela havia me enviado uma mensagem de texto mais cedo, dizendo que ia dormir, mas não era incomum que tivesse problemas para isso. Ela ainda devia estar acordada. O perfume familiar de lírios penetrou pelas minhas narinas, por conta das inúmeras flores que ela mantinha pela casa, e olhei ao redor do hall de entrada; o piso em mármore parecendo cinza na escuridão. Inclinei-me contra as escadas, observando os segundo andar em um silêncio sinistro.
Erika Isla Fane
Erika Isla Fane
— Mãe?
Dessa vez gritando
Circulando o corrimão preto, subi os degraus às pressas até o segundo andar e virei à esquerda; meus passos agora eram mais lentos, soando silenciosos contra o chão.
NovelToon
Abri a porta do quarto da minha mãe, de leve, e entrei, vendo o lugar em total penumbra, exceto pela luz do banheiro acesa, que ela sempre deixava. Andando até a cama dela, estiquei o pescoço, tentando vislumbrar seu rosto virado para as janelas. O cabelo loiro estava esparramado sobre o travesseiro, e estendi a mão para afastar uma mecha de seu rosto. O movimento de seu peito, subindo e descendo, mostrava claramente que ela estava adormecida. Um olhar para sua mesinha e vi meia-dúzia de frascos de comprimidos, me perguntando qual deles e quantos ela havia ingerido. Olhei de volta para ela, com o cenho franzido. Médicos, reabilitação domiciliar, terapia... Por anos, desde a morte do meu pai, nada funcionou. Minha mãe queria se autodestruir em um processo de luto e depressão. Ainda bem que tivemos a ajuda dos Crist, e era por isso que eu tinha meu próprio quarto na casa deles. Não somente o Sr. Crist, sendo o administrador do fundo fiduciário de todos os bens do meu pai, até que eu me formasse na universidade, mas também a Sra. Crist, que agiu como uma espécie de segunda mãe para mim. Eu era muito grata por todo o cuidado e ajuda deles por anos... mas agora... estava pronta para assumir tudo. Estava pronta para cuidar da minha própria vida, sem a ajuda dos outros.
Saí do quarto da minha mãe em completo silêncio e fechei a porta, seguindo direto para o meu próprio, duas portas depois.
Quando dei um passo para dentro, deparei com a vela que ainda queimava próximo à minha janela. Com o coração acelerado, olhei rapidamente ao redor, não vendo ninguém. Ainda bem. Teria sido minha mãe quem acendeu a vela? Pode ter sido. Nossa governanta estava de folga hoje, então mais ninguém esteve em casa. Comprimi os olhos e me aproximei devagar da janela, até que meu olhar aterrissou em uma caixa de madeira estreita sobre a pequena mesa redonda perto da vela.
Quando dei um passo para dentro, deparei com a vela que ainda queimava próximo à minha janela. Com o coração acelerado, olhei rapidamente ao redor, não vendo ninguém. Ainda bem. Teria sido minha mãe quem acendeu a vela? Pode ter sido. Nossa governanta estava de folga hoje, então mais ninguém esteve em casa. Comprimi os olhos e me aproximei devagar da janela, até que meu olhar aterrissou em uma caixa de madeira estreita sobre a pequena mesa redonda perto da vela.
Senti-me inquieta. Será que Trevor havia deixado aquilo de presente para mim? Mas poderia ter sido minha mãe, ou até mesmo a Sra. Crist. Talvez. Removi a tampa e a coloquei de lado, retirando o papel de seda, e tive o vislumbre de um metal cinza-chumbo com detalhes entalhados. Arregalei os olhos, e imediatamente enfiei a mão na caixa, sabendo exatamente o que eu encontraria. Curvei os dedos ao redor do cabo e sorri, retirando uma pesada lâmina de aço.
NovelToon
Erika Isla Fane
Erika Isla Fane
— Uau...
Balancei a cabeça, incapaz de acreditar. A adaga tinha o cabo preto, e a empunhadura da capa prateada em forma de cruz. Apertei o agarre sobre ela, erguendo a lâmina para observar os entalhes alinhados. De onde diabos isso veio? Eu amava punhais e espadas desde aue comecei a praticar esgrima aos oito anos de idade. Meu pai dizia que as artes de ser um cavalheiro não eram apenas atemporais, mas necessárias. O xadrez me ensinaria estratégias; Com a esgrima eu aprenderia sobre a natureza humana e autopreservação; e a dança instruiria o meu corpo. Tudo o que é necessário para a formação de uma pessoa.
Segurei o cabo, lembrando-me da primeira vez que ele colocou um Florete de esgrima na minha mão. Era a coisa mais linda que já tinha visto, e ergui a mão, deslizando um dedo pela cicatriz no meu pescoço, de repente, me sentindo próxima a ele outra vez. Quem havia deixado isso aqui? Espiando dentro da caixa, peguei um pequeno pedaço de papel escrito com caneta preta. Lambendo os lábios, li as palavras em silêncio.
" Cᴜɪᴅᴀᴅᴏ ᴄᴏᴍ ᴀ ғᴜ́ʀɪᴀ ᴅᴇ ᴜᴍ ʜᴏᴍᴇᴍ ᴘᴀᴄɪᴇɴᴛᴇ. "
Erika Isla Fane
Erika Isla Fane
— O quê?
Murmurei para mim mesma, franzindo as sobrancelhas em confusão. O que isso significava? Então ergui o olhar e deixei a lâmina e o pedaço de papel caírem no chão. Parei de respirar, sentindo o coração querendo arrebentar meu peito. Três homens estavam parados do lado de fora da minha casa, lado a lado, me encarando através do vidro da janela. Aquilo era uma brincadeira? Eles permaneciam imóveis, e senti um arrepio correr pela minha pele ao ver a forma como me encaravam. O que estavam fazendo? Os três usavam jeans e coturnos pretos, mas quando olhei para o vazio negro de seus olhos, cerrei os dentes tentando evitar que meu corpo inteiro tremesse. As máscaras. Os moletons pretos e as máscaras. Balancei a cabeça. Não. Não poderia ser eles. Aquilo só podia ser uma brincadeira. O mais alto estava de pé, à esquerda, usando uma máscara cinza. metalizada com marcas de garras deformando o lado direito de seu rosto.
NovelToon
NovelToon
O do meio era o mais baixo, e olhava para mim através de sua máscara preta e branca com uma lista vermelha ao longo de sua face esquerda, que também parecia cortada e rasgada.
NovelToon
NovelToon
E o que se mantinha à direita, com a máscara totalmente negra e oculta por baixo do capuz, o que impossibilitava que seus olhos ficassem à vista, era o que, finalmente, me fez estremecer.
NovelToon
Dei um passo para trás, para longe da janela, e tentei resgatar o fôlego enquanto pegava o telefone. Pressionando a tecla 1 na linha fixa, esperei que alguém atendesse na sala de segurança, situada a alguns minutos dali.
Chefe da Equipe de Segurança Sr. Fane
Chefe da Equipe de Segurança Sr. Fane
— Sra. Fane?
Erika Isla Fane
Erika Isla Fane
— Sr. Ferguson?
Respirei fundo, espiando pela janela.
Erika Isla Fane
Erika Isla Fane
— Aqui é a Rika. Será que você poderia enviar um carro até...
Erika Isla Fane
Erika Isla Fane
Interrompi o que ia dizer ao perceber que a entrada da propriedade agora estava deserta. Eles tinham ido embora. O quê? Desviei o olhar para a esquerda e direita, inclinando-me sobre a mesa para ver se eles tinham se aproximado da casa. Onde diabos tinham se enfiado? Fiquei calada, atenta a qualquer ruído ao redor da casa, mas tudo estava tranquilo e quieto.
Chefe da Equipe de Segurança Sr. Fane
Chefe da Equipe de Segurança Sr. Fane
— Senhorita Fane?
Chefe da Equipe de Segurança Sr. Fane
Chefe da Equipe de Segurança Sr. Fane
— Ainda está na linha?
Abri a boca e gaguejei:
Erika Isla Fane
Erika Isla Fane
— Eu... e-eu pensei ter visto alguma coisa... do lado de fora da minha janela.
Chefe da Equipe de Segurança Sr. Fane
Chefe da Equipe de Segurança Sr. Fane
— Vou mandar um carro da segurança agora mesmo.
Erika Isla Fane
Erika Isla Fane
— Obrigada.
Desliguei o telefone, ainda encarando a janela. Não poderia ser eles. Mas aquelas máscaras... Eles eram os únicos que usavam aquelas máscaras. Por que eles vieram aqui? Depois de três anos...
P̲o̲r̲ ̲q̲u̲e̲ ̲v̲i̲e̲r̲a̲m̲ ̲a̲t̲é̲ ̲a̲q̲u̲i̲?̲
...

RF - 3 anos atrás

NovelToon
~ 𝕽𝖎𝖐𝖆 𝕱𝖆𝖓𝖊 ~
Três anos atrás...
Erika Isla Fane
Erika Isla Fane
— Noah?
Reclinei-me contra a parede ao lado do armário do meu melhor amigo enquanto ele pegava o livro da próxima aula.
Erika Isla Fane
Erika Isla Fane
— Você já tem um par para o Baile do inverno?
Ele fez uma careta.
Noah
Noah
— Isso é daqui a dois meses, Rika.
Erika Isla Fane
Erika Isla Fane
— Eu sei. Estou aproveitando enquanto dá.
Ele sorriu, fechando a porta com um baque e abriu o caminho no corredor.
Noah
Noah
— Então você está me convidando para um encontro?
Ele me provocou com o seu jeito arrogante.
Noah
Noah
— Eu sabia que você estava a fim de mim.
Revirei os olhos, andando atrás dele, já que a minha sala de aula era na mesma direção.
Erika Isla Fane
Erika Isla Fane
— Será que dá para você facilitar, por favor?
Porém tudo o que ouvi foi um bufo. O Baile de Inverno era um festival. As meninas convidam os garotos, e eu queria escolher a rota mais segura ao escolher um amigo para ir comigo. Os estudantes corriam à nossa volta, em direção às suas salas de aula, e segurei a alça da minha mochila sobre o ombro quando agarrei o braço de Noah, fazendo-o parar.
Erika Isla Fane
Erika Isla Fane
— Por favor?
No entanto, ele desviou o olhar, parecendo preocupado.
Noah
Noah
— Tem certeza de que Trevor não vai chutar a minha bunda?
Noah
Noah
— A julgar pela maneira como ele sempre está ao seu redor, é até de se estranhar que ele não tenha instalado um GPS em você.
Aquela era uma boa pergunta.
Trevor ficaria bravo porque não ia convidá-lo, mas eu só queria amizade, e ele queria mais do que isso. Eu não queria lhe dar esperanças. Acho que poderia atribuir meu total desinteresse por conhecê-lo desde a infância – ele era praticamente da família – mas... Eu também conhecia seu irmão mais velho por toda a minha vida, e meus sentimentos por ele não tinham NADA de familiar.
Erika Isla Fane
Erika Isla Fane
— Vamos lá... Seja meu parceiro
Erika Isla Fane
Erika Isla Fane
— Eu preciso de você.
Noah
Noah
— Não, você não precisa.
Ele parou na frente da minha sala de aula, que ficava antes da dele, e se virou para me encarar com um olhar aguçado.
Noah
Noah
— Rika, se você não está a fim de chamar o Trevor, então chame outra pessoa.
Exalei um suspiro profundo e desviei o olhar, cansada daquela conversa
Noah
Noah
— Você só está me convidando porque sabe que isso é seguro
Noah
Noah
— Você é linda e qualquer cara ficaria extasiado em poder sair contigo.
Erika Isla Fane
Erika Isla Fane
— É claro que eles estariam.
Sorri com sarcasmo.
Erika Isla Fane
Erika Isla Fane
— Então diga sim.
Ele revirou os olhos, balançando a cabeça. Noah gostava de tirar conclusões ao meu respeito. Sobre a razão de eu nunca namorar ninguém ou porque eu me esquivava disso ou daquilo, mas, por mais que ele fosse um bom amigo, queria que parasse de fazer isso. Eu não me sentia confortável. Ergui a mão trêmula e acariciei a cicatriz fina e pálida em meu pescoço; aquela que ganhei aos treze anos. No acidente de carro que matou meu pai.
NovelToon
Percebi que ele me observava e abaixei a mão, já sabendo o que estava pensando. A cicatriz que percorria a pele do meu pescoço no sentido diagonal, por mais que já estivesse esmaecida com o tempo, eu ainda achava que era a primeira coisa que as pessoas notavam em mim. Era sempre seguido de perguntas e olhares piedosos, seja da família ou amigos, isso sem mencionar os comentários e risos maldosos que eu recebia das meninas na escola na época do fundamental. Depois de um tempo, passei a senti-la apenas como um apêndice, do qual estava sempre consciente.
Noah
Noah
— Rika
Ele abaixou o tom de voz e disse, com um olhar gentil:
Noah
Noah
— Querida, você é linda. Com esse longo cabelo loiro, pernas que nenhum garoto dessa escola pode ignorar e os olhos azuis mais bonitos da cidade. Você é espetacular.
O primeiro sino soou e mudei a posição dos pés, agarrando com força a alça da minha mochila.
Erika Isla Fane
Erika Isla Fane
— E você é meu amigo preferido
Erika Isla Fane
Erika Isla Fane
Quero ir com você. Tudo bem?
Ele suspirou, resignado. Eu sabia que tinha vencido aquela discussão, e abafei um sorriso.
Noah
Noah
— Tá bom
Noah
Noah
— Temos um encontro.
Virando-se, ele se afastou em direção à sua aula de Inglês.
Sorrindo, senti meus nervos relaxarem. Eu sabia que estava impedindo que Noah tivesse um encontro promissor com outra garota, então precisava fazer alguma coisa para compensá-lo. Entrei para a aula de Cálculo e coloquei a mochila na parte de trás da minha cadeira, na fileira da frente; peguei o livro e o coloquei sobre a mesa. Minha amiga Ivy se sentou ao meu lado, com um sorriso, e logo me sentei para escrever meu nome na folha em branco que o Sr. London deixou em cima de todas as carteiras. As aulas de sexta-feira sempre começavam com um teste surpresa, então todo mundo já sabia o que fazer. Vários alunos entraram apressados; as garotas agitando suas saias cor de vinho e Blazers e os garotos com os nós das gravatas quase desfeitos. Estávamos praticamente no fim do dia.
Gabrielle Owens
Gabrielle Owens
— Vocês souberam da novidade?
alguém disse atrás de nós, e virei a cabeça, vendo Gabrielle Owens inclinada sobre sua mesa.
Ivy
Ivy
— Que novidade?
Ela abaixou o tom de voz quase em um sussurro, emoção cruzando suas feições.
Gabrielle Owens
Gabrielle Owens
— Eles estão aqui.
Dei uma olhada para Ivy e de volta para Gabrielle, em confusão.
Erika Isla Fane
Erika Isla Fane
— Eles quem?
Porém, o Sr. London chegou, alardeando em sua voz grave:
Sr. London
Sr. London
— Todos sentados!
Ivy, eu e Gabrielle nos ajeitamos e olhamos diretamente para a frente da sala, encerrando a conversa.
Sr. London
Sr. London
— Por favor, sente-se, Sr. Dawson.
O professor ordenou a um aluno nos fundos, assim que tomou seu assento à mesa.
𝑬𝒍𝒆𝒔 𝒆𝒔𝒕𝒂𝒐 𝒂𝒒𝒖𝒊?
Reclinei-me na minha cadeira, tentando entender o que ela quis dizer com aquilo. Eu talvez soubesse. Olhei para cima e vi uma garota entrar correndo na sala para entregar um bilhete ao Sr. London
Sr. London
Sr. London
— Obrigado
Observei sua reação passar de relaxamento para agitação; seus lábios franziram, assim como suas sobrancelhas ao ler o bilhete. O que estava acontecendo? Eles estão aqui. O que aquilo...? Arregalei os olhos e me senti enjoada. ELES ESTÃO AQUI. Abri a boca, em busca de ar, e senti a pele arrepiar como se estivesse com febre. Uma excitação me agitou e cerrei os dentes, tentando conter o sorriso que queria escapar.
𝑬𝒍𝒆 𝒆𝒔𝒕𝒂 𝑨𝒒𝒖𝒊
Ergui os olhos, de leve, observando o relógio que marcava quase duas da tarde. E era dia 30 de outubro, véspera do Halloween.
Véspera também de...
"𝕯𝖊𝖛𝖎𝖑'𝖘 𝖓𝖎𝖌𝖍𝖙... 𝕬 𝖓𝖔𝖎𝖙𝖊 𝖉𝖔 𝕯𝖎𝖆𝖇𝖔."
Eles estavam de volta.
Mas por quê?
Já haviam se formado a mais de um ano atrás, então, por que agora?
Sr. London
Sr. London
— Por favor, assegurem-se de colocar os nomes em suas folhas
Sr. London
Sr. London
—E resolvam os três problemas que estão no quadro.
Ele ligou o projetor, sem perder tempo, e as operações matemáticas apareceram de uma vez.
Sr. London
Sr. London
— Virem as folhas para baixo quando terminarem
Sr. London
Sr. London
— Vocês têm dez minutos.
Peguei o lápis, sentindo meu corpo inteiro agitar-se em antecipação, e tentei me concentrar na solução das equações ao quadrado. Mas estava sendo difícil. Eu olhava o tempo inteiro para o relógio. A qualquer minuto... Abaixei a cabeça e me obriguei a prestar atenção na tarefa; meu lápis cravando-se na superfície de madeira abaixo da folha, enquanto eu piscava, tentando focar nos exercícios.
Erika Isla Fane
Erika Isla Fane
— Encontre o vértice da parábola.
Sussurrei para mim mesma.
Resolvi rapidamente o problema, seguindo para a próxima, sabendo que se parasse um segundo, perderia o foco. Se o vértice da parábola tiver coordenadas... continuei. O gráfico de uma função é uma parábola, que se abre... Continuei fazendo os exercícios, terminando o primeiro, depois o segundo, e por fim, o último. Até que ouvi a música suave e congelei, de imediato. Meu lápis pairou sobre meus cálculos quando o som do leve solo de guitarra ressoou pelos alto-falantes. Ficando cada vez mais alto, encarei a folha do papel, sentindo o calor agitar meu peito. Sussurros ecoaram na sala de aula, seguidos de alguns risinhos animados, até que a suave melodia que tocava deu lugar aos violentos toques da bateria, guitarra e as insanas e rápidas batidas do coração. Segurei o lápis com mais força.
A música The Devil In I, do Slipknot, soou pela sala
...E, pela escola inteira também.
Gabrielle Owens
Gabrielle Owens
— Eu falei pra vocês!
Ergui a cabeça, vendo vários alunos saindo de seus lugares para correr até a porta.
?
?
— Eles estão aqui mesmo?
Alguém praticamente gritou.
Todo mundo se amontoou na porta da sala, espiando pelo pequeno vidro acima, tentando ter um vislumbre deles pelo corredor. No entanto, permaneci em minha cadeira, sentindo a adrenalina correr pelo meu corpo.
O Sr. London respirou profundamente e cruzou os braços, de costas, certamente esperando que o tumulto logo acabasse. A música ressoou e as conversas animadas dos outros alunos preencheram o ambiente.
?
— Onde?
?
?
Ah, lá estão eles!
Uma garota gritou, e ouvi as batidas vindas do corredor, como se estivessem socando os armários. Cada vez mais perto.
Malik Cramer
Malik Cramer
— Deixe-me ver!
outro aluno reclamou, empurrando quem estava na frente.
Uma garota se ergueu na ponta dos pés e gritou:
?
?
— Saiam da frente!
Então, todos eles se afastaram para trás.
Então, todos eles se afastaram para trás. A porta se abriu e os alunos se espalharam, como as ondulações na água de um lago.
Thomaz Cramer
Thomaz Cramer
— Eita, merda.
Ouvi um garoto susurrar.
Devagar, todo mundo se dispersou, alguns voltando a se sentar em suas cadeiras, outros permanecendo de pé. Agarrei meu lápis com as duas mãos, sentindo o estômago revirar como se estivesse em uma montanha-russa, assim que os vi entrando na sala, estranhamente calmos e sem pressa alguma.
Eles estavam aqui. Os Quatro Cavaleiros. Eles eram os filhos amados de Thunder Bay, e cursaram o ensino médio aqui. Haviam se formado quando eu ainda era caloura. Os quatro foram para diferentes universidades depois disso. Eram alguns anos mais velhos, e embora nenhum deles soubesse da minha existência, eu sabia quase tudo sobre eles. Os quatro adentraram lentamente na sala, preenchendo o espaço onde os raios de sol lançavam sua sombra no chão. Damon Torrance, Kai Mori, Will Grayson III e... – fixei o olhar na máscara chamativa pela cor vivida de sangue daquele que parecia sempre ser o líder mais que os outros – Michael Crist, o irmão mais velho de Trevor. Ele inclinou a cabeça para a esquerda e apontou com o queixo para algo no fundo da sala. Os alunos se viraram, observando um dos caras dar um passo adiante, com um sorriso no rosto, ainda que tentasse disfarçar.
Thomaz Cramer
Thomaz Cramer
— Kian
Um dos meninos disse, animadamente, enquanto se dirigia também em direção os cavalheiros.
Dando um tapa no ombro do garoto quando passou por ele
Thomaz Cramer
Thomaz Cramer
— Divirta-se. Use camisinha.
Disse em ar de deboche.
Kian Mathers
Kian Mathers
Sempre.
Respondeu sorridente enquanto ajeitava os belos cabelos e se direcionando também até os meninos
Alguns alunos riram
Enquanto algumas garotas se mexiam nervosamente em seus assentos, sussurrando e rindo umas com as outras.
Kian Mathers do terceiro ano, como eu, era um dos melhores jogadores de basquete da escola. Ele deu um passo em direção aos Cavaleiros, e um deles – o que usava a máscara branca com uma listra vermelha – enganchou um braço em seu pescoço e o levou para fora da sala.
Eles pegaram outro estudante, dessa vez Malik Cramer, gêmeo do primeiro selecionado -e o que usava a máscara totalmente preta- o puxou para o corredor, atrás dos outros dois, e provavelmente já pronto para recolher mais alguns jogadores de outras salas de aula.
Observei Michael e a forma como sua estrutura física não tinha nada a ver com o modo como ele preenchia o ambiente, e pisquei com força, sentindo o calor aquecer minha pele. Tudo a respeito dos Cavaleiros me fazia sentir como se eu estivesse andando em corda-bamba. Balance o cabelo de forma errada ou pise com um pouco mais de força – ou com suavidade –, e você sumiria para tão longe da mira deles, e nunca mais apareceria. O poder deles veio de duas coisas: Eles tinham seguidores e não estavam nem aí. Todos os idolatravam, Inclusive eu. Mas ao contrário dos outros estudantes que os admiravam, os seguiam e fantasiavam com eles, eu simplesmente ficava imaginando como seria ser como eles. Eles eram intocáveis, fascinantes e nada do que fizessem era errado. Eu queria aquilo. Eu queria estar por cima.
Gabrielle Owens
Gabrielle Owens
— Sr. London?
?
?
...
Gabrielle Owens foi até o professor, com uma amiga logo atrás. Ambas levando seus materiais.
?
?
— Nós temos que ir até a enfermaria.
Gabrielle Owens
Gabrielle Owens
— Vemos o senhor na segunda!
Então se espremeram por entre os Cavaleiros e desapareceram pela porta. Olhei para o professor, sem saber por que ele simplesmente as deixou sair. Era óbvio que elas não estavam indo para a enfermaria, e sim, indo atrás dos caras. Mas ninguém – nem mesmo o próprio Sr. London – ousou contestá- las. Os Quatro Cavaleiros não apenas mandavam na cidade ou na escola quando estudaram aqui, mas também mandavam nas quadras, quase nunca perdendo uma partida nos quatro anos em que jogaram pelo time. No entanto, desde a saída deles, o time do colégio não foi mais o mesmo, e o ano passado praticamente foi um desastre humilhante para Thunder Bay. Doze derrotas dos vinte jogos, e acho que todo mundo já não aguentava mais. Alguma coisa estava faltando. Deduzi que talvez seja por essa razão que os Cavaleiros estavam aqui agora. Talvez tenham sido chamados de volta pela escola, para que durante o final de semana trouxessem alguma inspiração para o time ou seja lá o que fizessem para dar uma animada nos meninos para colocá-los de volta aos trilhos, antes que a temporada começasse. E, por mais que os professores, como o Sr. London, fechassem a cara para os trotes que eles pregavam, certamente foi isso o que ajudou o time a se tornar uma unidade naquela época. Por que não ver se isso poderia funcionar outra vez?
Sr. London
Sr. London
— Todo mundo sentado! Garotos, podem sair
Ele disse para os Cavaleiros. Abaixei a cabeça e senti a euforia percorrer meu corpo, flutuando desde a barriga até o peito. Fechei os olhos, sentindo a cabeça enevoada. Sim, talvez fosse disso que eles precisassem... Quando abri os olhos outra vez, deparei-me com um par de longas pernas em um jeans preto lavado passando pela minha mesa, perto da janela, até que ele parou. Mantive o olhar para baixo, com medo de que minha expressão pudesse revelar o que estava sentindo por dentro. Talvez ele apenas estivesse verificando a sala outra vez, em busca de mais jogadores.
Kai Mori
Kai Mori
— Alguém mais?
Mas ele não respondeu ao amigo. Ele apenas permaneceu ali parado, ao meu lado. O que ele estava fazendo? Mantendo a cabeça ainda para baixo, olhei de esguelha e vi as mãos dele levemente curvadas ao lado de seu corpo. Vislumbrei a veia na parte de cima de sua mão, e a sala inteira pareceu tão silenciosa, O pavor tomou conta de mim e prendi a respiração. O que ele estava fazendo parado aqui? Devagar, ergui o olhar e senti meu corpo ficar tenso na hora, vendo os olhos castanho-dourados apontando diretamente para mim. Desviei o olhar, imaginando se eu tinha perdido alguma coisa. Por que ele estava olhando para mim? Michael olhou para baixo, em sua máscara vermelha aterradora – uma réplica de uma das máscaras desfiguradas do jogo de videogame Arm of Two – fazendo meus joelhos tremerem. Sempre tive medo dele. O tipo emocionante de medo que sempre me deixava excitada. Contraí os músculos das coxas, sentindo a palpitação entre as pernas, naquele lugar que sempre parecia vazio quando ele estava perto, mas não o suficiente. Eu gostava daquilo. Gostava de me sentir apavorada. Todo mundo permaneceu em silêncio atrás de mim, e o vi inclinar a cabeça como se estivesse considerando alguma coisa. O que estava passando em sua cabeça?
Sr. London
Sr. London
— Ela tem apenas 16.
O Sr. London informou.
Michael olhou para mim por mais um instante antes de se virar para o professor.
Eu tinha somente dezesseis
NovelToon
– até o próximo mês, de qualquer forma – O que significava que não poderiam me levar com eles. A idade dos jogadores de basquete não influenciava em nada, mas qualquer garota que se juntasse a eles deveria ter 18 anos, deixando as dependências da escola por escolha própria. Não que eles fossem me levar, de qualquer jeito. O Sr. London estava enganado. O professor o encarou e, por mais que eu não conseguisse ver o olhar de Michael, de onde estava, acho que irritou bastante o professor, já que o dele vacilou. Ele abaixou o olhar, piscou e recuou. Michael voltou a olhar para mim, e senti uma gota de suor escorrer pelas costas. Então, ele deixou a sala, com Kai logo atrás. E eu sabia que era ele, porque a máscara que usava era a prateada. A porta se fechou em seguida. Mas que porcaria tinha sido aquela? Sussurros se espalharam pela sala, e pude ver, pelo canto do olho, a cabeça de Ivy inclinada na minha direção. Olhei para ela, vendo suas sobrancelhas arquearem em uma pergunta silenciosa, mas a ignorei, voltando a focar a atenção no meu teste. Eu não o tinha visto desde que ele havia aparecido em sua casa, rapidamente, no verão. E, como de costume, fui totalmente ignorada.
Sr. London
Sr. London
— Tudo bem, pessoal!
Sr. London
Sr. London
— De volta aos exercícios.
Sr. London
Sr. London
— Agora!
As conversas animadas se transformaram em sussurros, e todos, aos poucos, voltaram a seus afazeres. A música, que havia desvanecido a um zumbido, parou, e pela primeira vez, desde que entrei na sala, deixei que um sorriso deslizasse pelo meu rosto. Esta noite seria o caos. A Noite do Diabo não era apenas um trote. Era algo especial. Não somente porque eles haviam escolhido novos jogadores de todas as turmas, os levariam para um lugar desconhecido, zoariam com eles e os deixariam bêbados, mas pelo que fariam depois... Os Cavaleiros tocariam o terror na cidade como se aqui fosse o playground deles. No ano passado, com a ausência deles, tudo havia sido tedioso, mas todo mundo sabia o que aconteceria esta noite. A começar de agora, no estacionamento, onde os caras e algumas garotas se enfiariam em seus carros, sem sombra de dúvidas. Peguei o lápis de volta e respirei rapidamente enquanto balançava meu joelho direito para cima e para baixo. Eu queria ir. O calor em meu peito estava começando a se dissipar, e minha cabeça, que parecia mais aérea que tudo há um minuto, estava aos poucos se assentando no lugar. Em mais um instante eu me sentiria do mesmo jeito de sempre antes que ele entrasse na sala: comum, fria e insignificante. Depois da aula, eu iria para casa, veria como minha mãe está, mudaria de roupas, e iria passar um tempo na casa dos Crist; uma rotina que começou logo depois da morte do meu pai. Algumas vezes eu ficava para jantar, e em outras voltava para casa para comer com a minha mãe se ela estivesse disposta. Então iria para a cama, tentando não me preocupar com o fato de um irmão tentar me colocar para baixo mais um pouco, enquanto me recusava a aceitar o que havia sido despertado dentro de mim, sempre que o outro estava perto. Risadas e uivos se fizeram ouvir do lado de fora das janelas, e eu hesitei, fazendo meu joelho parar de balançar. Foda-se.

Para mais, baixe o APP de MangaToon!

novel PDF download
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!