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O Destino do Sheik

====== DEDICATÓRIA ======

Dedico este livro a você, que acredita no destino e no fogo que ele acende entre duas almas.

Este livro é para aqueles que entendem que poder e desejo caminham lado a lado, que um olhar pode ser um desafio e um toque, uma rendição. Para aqueles que sabem que o amor verdadeiro não se curva, ele domina… ou se deixa ser dominado.

Que cada página desperte seus sentidos, acelere sua respiração e faça seu coração se perder entre promessas sussurradas e noites que queimam como o próprio deserto.

Boa leitura.

====== CAPÍTULO 1 ======

Eu sou Amir Al-Fayad, governante do Catar. Meu nome carrega um peso que poucos podem compreender. Tradição, poder, responsabilidade. Desde que nasci, fui moldado para liderar, para preservar o nome da minha família e assegurar a prosperidade do meu povo. Cresci em meio ao deserto abrasador e aos arranha-céus que desafiam os céus. Meu mundo é um contraste de antigos costumes e modernidade implacável.

O palácio onde vivo é o coração pulsante do reino. Suas paredes de mármore contam séculos de história, e seus salões ecoam os passos de governantes que vieram antes de mim. Da minha janela, observo o brilho das luzes refletindo no Golfo Pérsico, um lembrete constante da riqueza e do poder que estão sob meu comando. Mas também do peso da coroa.

Sou um homem de poucas palavras e de decisões firmes. Minha autoridade não se questiona. Meus desejos são lei. Mas nem todo governante tem o luxo de decidir sobre sua própria vida.

Naquele dia

A sala de reuniões era ampla, luxuosa e austera ao mesmo tempo. O brilho dourado dos lustres contrastava com a seriedade dos homens sentados ao redor da mesa. Conselheiros, ministros, homens que ajudavam a manter meu reino de pé. Eu vestia uma túnica branca impecável, o thobe, combinada com um bisht negro com bordados dourados, símbolo de minha posição. Na cabeça, o ghutrah, segurado firmemente pelo agal. Meu olhar era frio, calculista, enquanto discutíamos os negócios do Estado.

— A construção do novo terminal portuário segue conforme o planejado, Amir? — perguntou Saif, um de meus ministros.

— Sim. Quero que revisem os relatórios e eliminem qualquer atraso. Não admito falhas — respondi, minha voz firme.

Eles assentiram, e a conversa seguiu para investimentos e alianças comerciais. Mas então, como sempre, o assunto mudou para algo que eu evitava.

— Majestade, precisamos falar sobre seu herdeiro. — Foi Faisal, meu conselheiro mais velho, quem quebrou a barreira do profissionalismo. — O povo espera que tenha uma segunda esposa. É seu dever.

Meus olhos se estreitaram.

— Meu casamento não é pauta para esta reunião.

Minha voz cortou o ar como uma lâmina afiada. Um silêncio desconfortável se instalou, mas Faisal insistiu.

— Sua esposa… não pode mais lhe dar filhos. Não pode mais governar ao seu lado. Com todo o respeito, é um direito e uma necessidade que tenha outra.

— Basta. — Minha voz não precisou se elevar. Quando eu falava, ninguém ousava contestar.

Meu casamento sempre foi visto como uma união estratégica. Mas, por um tempo, acreditei que poderia ser algo mais. Zafira era bela, graciosa, a mulher que escolhi para ser minha única esposa, diferente dos outros homens que acumulavam haréns. Mas o destino foi cruel. Anos se passaram, e ela não me deu um filho. A pressão da corte, do povo, da minha própria família, recaiu sobre ela. Quando sugeri que tomaria outra esposa, ela não suportou.

Ela tentou tirar a própria vida.

Desde então, está em coma, presa em um sono profundo do qual pode nunca despertar. E eu permaneci fiel. Não porque sou fraco, nem por amá-la, mas porque fiz uma promessa.

Mas agora… eles querem que eu quebre essa promessa.

...----------------...

À noite, durante o jantar

A mesa era farta, repleta de machboos, cordeiro assado com especiarias, tâmaras frescas e arroz perfumado com açafrão. O jantar na casa dos Al-Fayad era um evento sagrado, um momento onde, por algumas horas, eu deixava de ser apenas o governante e me tornava filho e irmão.

Minha mãe, a rainha-mãe, sentava-se à minha direita. Meus irmãos e irmãs ao redor, em conversas animadas.

— Amir, ouvi dizer que recusou mais uma proposta de casamento — provocou minha irmã mais nova, Amal, com um sorriso travesso.

Lancei um olhar a ela, mas não pude deixar de sorrir levemente.

— E o que mais você ouviu?

— Que nossa mãe está planejando algo…

Minha mãe sorriu, mas havia algo em seu olhar que me alertou.

Mais tarde, no meu quarto, o encontro esperado aconteceu. Minha mãe entrou, sua túnica azul escura refletindo a autoridade que ela ainda exercia sobre mim.

— Filho, é hora de pensar no futuro.

Cruzei os braços.

— O futuro do meu reino está assegurado.

— E o seu?

Minha mandíbula se contraiu.

— Mãe, já conversamos sobre isso.

— E conversaremos quantas vezes for necessário. Amir, você não pode passar a vida esperando uma mulher que talvez nunca acorde.

Minha paciência se esgotava.

— Eu não quero outra esposa.

Ela suspirou.

— Já conversei com Faisal. Ele tem uma família respeitável. Tem duas filhas puras.

Minha frustração cresceu.

— Você está negociando minha vida sem minha permissão?

— Estou garantindo seu futuro. Uma dessas meninas pode lhe dar um herdeiro.

Me aproximei, minha expressão dura.

— Não me casarei novamente.

Ela não recuou.

— Você não tem escolha.

Seus olhos eram implacáveis.

— Zafira nunca mereceu o amor que você deu a ela. Você sabe disso. Ela não queria perder o status, não você. Você precisa enxergar a verdade.

O sangue ferveu em minhas veias.

— Saia.

Ela me olhou por um momento antes de obedecer, deixando-me sozinho com meus próprios pensamentos.

Mas eu sabia que essa guerra ainda estava longe de acabar.

====== CAPÍTULO 2 ======

    O destino sempre teve um jeito cruel de me arrancar da minha zona de conforto. Por mais que eu tentasse traçar minha vida nos meus próprios termos, meu passado sempre dava um jeito de me puxar de volta.

    Eu tinha 23 anos e já estava noiva. Meu casamento estava planejado, apesar de meu pai não apoiar, meu futuro estava seguro, ou pelo menos era o que eu pensava. Minha vida era na Inglaterra, ao lado da minha mãe, longe das correntes invisíveis que me prendiam à cultura do meu pai. Estava no último ano da faculdade de Relações Internacionais, pronta para seguir carreira e construir algo meu.

   Escolhi seguir o Islã por convicção, não por obrigação. Mas isso não significava que eu aceitava a submissão imposta às mulheres no Catar.

    Meu noivo, Nathan, era britânico, um homem gentil, respeitoso, com quem eu compartilhava sonhos e planos.

Mas bastou um pedido, um único convite do meu pai, para que tudo começasse a desmoronar.

    Meu pai, Faisal Rahmani, era um homem poderoso no Catar. Um conselheiro do próprio sheik, Amir Al-Fayad. Durante anos, ele aceitou que eu vivesse com minha mãe na Inglaterra, mas nunca deixou de lembrar que meu verdadeiro lugar era ao lado dele. E dessa vez, ele não pediu: ele ordenou que eu fosse visitá-lo.

Então, lá estava eu, sentada no banco traseiro de um carro luxuoso, atravessando as ruas de Doha. O céu estava tingido pelo dourado do entardecer, refletindo nos arranha-céus imponentes e nos vastos desertos ao longe. Era um contraste quase poético, assim como eu.

Meio inglesa, meio árabe.

Meio livre, meio presa.

    A casa do meu pai era um palácio por si só. Altas colunas de mármore, jardins exuberantes, servos silenciosos. Assim que desci do carro, vi minha madrasta e minhas irmãs me esperando.

Meu pai saiu pela grande porta principal, imponente como sempre. Seu thobe branco estava impecável, e o olhar severo analisava cada detalhe meu.

— Layla, finalmente voltou — disse ele, e, mesmo sendo um homem rígido, seu tom carregava um certo orgulho.

— Salam aleikum, pai — murmurei, inclinando-me ligeiramente e beijando sua mão em sinal de respeito.

— Wa aleikum salam. Seja bem-vinda.

Minha madrasta e minhas meias-irmãs me cumprimentaram. Não éramos íntimas, mas sempre houve respeito.

— Estás diferente. Mais britânica do que árabe. — Disse meu pai.

Engoli em seco, mas mantive a postura.

— Sou ambas as coisas.

Ele sorriu de lado, mas não respondeu. Apenas indicou a entrada da casa com um aceno, e eu o segui.

    Após algumas trocas de palavras formais, jantamos juntos. Eu sabia que aquele mundo não me pertencia mais, mas tentei me adaptar, ao menos por aqueles dias.

Na manhã seguinte

    A casa estava silenciosa quando acordei. Minha madrasta e minhas irmãs tinham saído para o mercado, e eu preferi ficar.

    A criada, uma mulher chamada Nadia, me serviu café árabe e tâmaras enquanto eu me sentava no pátio. Ela era mais velha, os olhos carregando histórias que provavelmente nunca seriam contadas.

— Está gostando de estar de volta, senhorita?

Ri sem humor.

— Voltar implica que este lugar já foi meu lar algum dia.

Ela me lançou um olhar de compreensão, mas não comentou.

Foi então que o telefone tocou.

— Alô?

A voz do meu pai soou do outro lado da linha, grave e urgente.

— Layla, preciso que faças algo para mim.

— O quê?

— Deixei um documento importante no meu escritório. Preciso dele imediatamente.

Franzi a testa.

— Por que não pede para um dos empregados levá-lo?

— Porque confio mais em ti.

Suspirei, sabendo que não adiantava discutir.

Peguei o envelope onde ele indicou e chamei um carro. O motorista era um homem calado, e o trajeto até o palácio do sheik foi silencioso.

Até que, finalmente, cheguei.

    O palácio De Amir Al-Fayad era um monumento ao poder absoluto. Pilares imensos, cúpulas douradas e seguranças por toda parte. Assim que saí do carro, senti os olhares sobre mim.

Os guardas me estudavam com desconfiança.

Um deles se aproximou.

— Identifique-se, mulher.

Engoli a irritação. Era assim ali. Mulheres não falavam sem serem autorizadas.

O guarda virou-se para o motorista.

— Quem é ela?

Finalmente, pude responder.

— Layla Rahmani, filha de Faisal.

Ao ouvirem o nome do meu pai, os guardas se entreolharam e assentiram. Era um nome de respeito.

Fui escoltada até o salão principal, um espaço colossal de mármore e ouro. Um lustre gigantesco pendia do teto, refletindo luzes nas paredes ornadas.

E então, o vi.

O sheik Amir Al-Fayad.

    Ele estava sentado à cabeceira da mesa, rodeado por ministros e conselheiros. Seu thobe branco era impecável, o bisht negro com bordados dourados simbolizava sua posição. Os olhos escuros eram como lâminas afiadas, cortantes, avaliadores.

Meu pai estava ao lado dele, e se levantou assim que me viu.

— Minha filha, obrigado por trazer os documentos.

Caminhei até ele, sentindo cada olhar masculino cravado em mim. Estendi o envelope.

    Amir observou o gesto, mas não moveu um músculo. Havia algo nele... algo que me causou um arrepio. Algo dentro de mim dizia que minha vida nunca mais seria a mesma depois desse dia.

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