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Vinte Invernos, Uma Primavera

A emoção de estar em casa

O ano era 2005, Camila Diaz desembarcou no aeroporto do Rio de Janeiro com o coração acelerado. Suas filhas aguardavam ansiosamente pela porta de desembarque, seus rostos iluminados pela alegria do reencontro. Seu irmão, caçula, estava ao lado delas, compartilhando aquele momento emocionante.

Após uma longa viagem, a espera pelas malas parecia interminável. Camila assistia às bagagens sendo descarregadas na esteira que dava voltas e mais voltas e suas malas não apareciam. Ela já estava nervosa, sem poder se comunicar com suas filhas que a esperavam ansiosas.

Depois de bastante tempo, avistou uma de suas malas, arrastou com dificuldade, devido ao excesso de peso. Se sentiu desanimada, observando a esteira dando voltas quase vazias. As pessoas que vieram em seu voo já tinham se retirado praticamente todos. Pôr que sua outra mala não aparecia? Nervosa e quase dando por perdida, avistou sua mala vermelha, solitária, se aproximando.

Com o mesmo esforço da primeira mala, arrastou para fora da esteira. Um senhor gentil, vendo sua exaustão, se prontifica ajudar a colocar no carrinho.

Ela agradeceu sorrindo e saiu empurrando seu carrinho de bagagem quase tombando de tão cheio.

Finalmente ela dirigiu-se apressada para a porta da saída. A porta de desembarque abriu e Camila viu suas filhas correndo em sua direção. O abraço foi caloroso e repleto de amor, um momento que parecia congelar o tempo. Elas se envolveram em um abraço apertado, rindo e chorando ao mesmo tempo, enquanto o restante do mundo ao redor desaparecia. Em seguida, ela se virou para seu irmão, envolvendo-o em um abraço apertado e exclamando: ″Que saudade! Que bom ver vocês!″

Após se acomodarem no carro, onde o seu irmão assumiu o volante e começou a jornada para Guapimirim, Camila olhava pela janela, sentindo a emoção da volta.

Ao passarem pela Linha Vermelha o cheiro era familiar, mas nada agradável e Camila comentou com o seu irmão — Que cheiro horrível!

Henrique respondeu sorrindo — Bem vinda ao Rio de Janeiro, irmãzinha!

Todos começaram a rir e conversaram sobre as curiosidades atuais enquanto seguiram viagem rumo ao seu Municipio, Guapimirim, que fica aproximadamente 80 Km do aeroporto do Galeão. Era um lugar incrível, cheio de cachoeiras e cercado pela maravilhosa Mata atlântica. Camila chamava de "meu paraíso particular"

Enquanto adentrava na estrada de terra, as emoções invadiam sua mente, trazendo consigo um sentimento de posse e saudade.

O cheiro da natureza invadia o ar, e as lembranças de sua adolescência começaram a ressurgir. Retornar a um lugar que um dia considerou seu lar era reconfortante e assustador, ao mesmo tempo. Ela estava em busca de um novo começo, longe da agitação das grandes cidades, e esperava que a tranquilidade do interior pudesse trazer sossego e paz.

Após uma longa temporada em

Barcelona, Camila sentiu um misto de nostalgia e expectativa, enquanto seu coração pulsava forte.

O sol já se despedia de mais um dia de outono, pintando o céu de tons

alaranjados, iluminando a paisagem rural que tanto amava. O cheiro fresco da terra molhada após a chuva e o canto dos pássaros preenchiam o ar, acolhendo-a num abraço de boas vindas.

de volta com carinho. Ao avistar a

majestosa Serra dos Órgãos ao longe, um suspiro escapou de seus lábios, maravilhada com a imponência da natureza diante de seus olhos. Era como se cada detalhe daquele cenário familiar sussurrasse boas-vindas e promessas de novos começos, renovando sua esperança e alimentando sua alma com a beleza simples e genuína da vida no

campo.

Voltar a nossa terra, após tanto

tempo acostumado a outra cultura, outro idioma, outro clima, é simultaneamente encantador e estranho. Era como se sentir nômade na sua própria pátria.

De volta ao Brasil

Camila esperava que Ali, naquele cantinho, encontrasse inspiração para suas histórias, que logo iniciaria sua trajetória como escritora. Embora ainda tivesse apenas rabiscos e poemas sem sentido, textos sem direcionamento, sua determinação em escrever seu primeiro livro crescia a cada instante. Mas, por enquanto, seu foco estava em aproveitar o tempo com seus filhos e familiares no Brasil.

O carro entrou em uma rua de chão batido, cercada por palmeiras exuberantes e com uma vista privilegiada da Serra dos Órgãos. Camila não pôde resistir e colocou a cabeça para fora da janela, permitindo que a brisa fresca e o aroma inconfundível daquele lugar a envolvessem.

Finalmente, o carro parou em frente a uma casa alugada, uma construção simples situada num bairro chamado Cotia. Naquele tempo, o lugar era bastante tranquilo; mesmo sendo próximo ao centro da cidade, mantinha o silêncio e a simplicidade. As ruas eram de chão batido, e o aroma fresco das flores silvestres era um tratamento terapêutico natural.

Os pastos, salpicados de gado, formavam uma imagem rural e acolhedora, tão diferente da grande e encantadora Barcelona à qual estava habituada.

O tempo que passaria ali faria toda a diferença em sua trajetória de vida.

Camila saiu do carro, deixando suas malas no chão, e respirou fundo, absorvendo a atmosfera mágica do lugar. Era final de outono, e a brisa fresca acariciava seu rosto, trazendo um toque de nostalgia. As árvores ao redor pareciam dançar suavemente, como se a natureza estivesse dando-lhe as boas-vindas.

Ao chegar à casa alugada no bairro da Cotia, Camila sentiu uma mistura de expectativa e alegria. O espaço era simples, mas tinha um charme especial que a fazia sentir acolhida.

Ao sair do carro, ela olhou em volta, absorvendo cada detalhe daquela nova fase da sua vida. Era hora de entregar os presentes que havia trazido com ela.

Assim que entraram, Camila se dirigiu diretamente para as malas. Com um sorriso no rosto, ela começou a abrir cada uma delas, revelando os presentes que havia trazido para seus filhos e para a neta de dois anos. As malas estavam repletas de surpresas, cuidadosamente escolhidas durante sua estadia na Europa.

Primeiro, ela retirou algumas roupas que havia comprado para suas filhas, cada uma com um estilo que combinava com suas personalidades e gostos. As meninas se aproximaram, curiosas para ver o que a mãe havia trazido.

— Olhem só isso! — exclamou Camila, mostrando uma das blusas. — Para vocês!

As filhas admiraram as peças com entusiasmo, experimentando algumas delas e se divertindo com os novos looks. Camila também trouxe perfumes delicados, que as meninas adoraram. O aroma leve e fresco fazia com que se sentissem ainda mais especiais. A irmã caçula, Sarah também estava com as meninas, era como se fosse sua filha, não sua irmãzinha, e claro que também adorou seus presentes.

Depois retirou vários presentes para a pequena Giovanna, entre eles, livros ilustrados - pois ela achava muito importante ensinar a criança desde pequena ter o hábito de leitura.

Por fim, ela retirou uma caixa especial que continha os presentes para seu filho, David. Ao abrir, ela revelou um relógio elegante e um perfume sofisticado, ambos escolhidos com carinho. Sabia o quanto ele apreciava acessórios e que um bom perfume era um toque pessoal.

Isso é para você, meu amor! — disse Camila, com um brilho nos olhos.

Quando David entrou no cômodo, os seus olhos se iluminaram ao ver a mãe e as irmãs reunidas. Ele cumprimentou-a calorosamente, envolvendo-a num abraço apertado. Camila sentiu uma onda de amor e gratidão ao ter todos ali, juntos novamente. Era uma sensação única saber que depois de tanto tempo, poder abraçar seu filhos outra vez. Ela sabia que isso não tem preço, mas um valor imensurável.

Em casa

— Que bom ter você de volta, mãe! — disse David, com um sorriso que iluminava o seu rosto. — Estávamos todos com saudades.

— Nem me fala, filho! Estou que não aguento de tanta alegria! É muito bom estar com vocês aqui, na nossa terra!

Após desfazer as malas, o clima em casa estava cheio de risadas e conversas animadas. As meninas mostravam os presentes umas para as outras, enquanto David admirava o relógio e o perfume que a mãe trouxe-lhe. Camila se sentia realizada ao ver a felicidade que havia trazido consigo. A casa agora estava repleta de vida, e ela sabia que aquele novo começo seria repleto de momentos inesquecíveis.

Camila não quis descansar. Depois de um longo e revigorante banho resolveu sair para visitar seus pais e irmãos.

Ao caminhar em direção ao centro da cidade, Camila sentiu a brisa fresca do outono acariciar o seu rosto, trazendo consigo o perfume das folhas secas que começavam a cobrir as ruas. Era uma tarde agradável, o sol se escondia lentamente atrás das nuvens, tingindo o céu de tons alaranjados. Ao seu lado, suas filhas, adolescentes, conversavam animadamente de mãos dadas com a pequena Giovanna. As suas risadas soavam como notas de uma melodia alegre que se misturava ao som da cidade.

Camila observava as suas filhas, percebendo como haviam crescido e se tornado jovens mulheres. A leveza dos seus passos e a vivacidade nos seus olhos a enchiam de orgulho. Cada uma delas carregava uma essência única, mas ambas compartilhavam a mesma paixão pela vida. Enquanto caminhavam, Camila não pôde deixar de lembrar das pequenas meninas que costumavam correr pela mesma praça, agora trocando confidências e sorrisos cúmplices de duas jovens mulheres, lindas e que a enchiam de orgulho.

Ao chegarem à praça, o clima fresco tornava tudo ainda mais acolhedor. Camila deixou-se levar pela nostalgia ao observar a movimentação ao seu redor. As pessoas caminhavam apressadas, algumas parando para conversar ou comer alguma coisa nos quiosques da praça, enquanto outras se reuniam em grupos, compartilhando risadas e histórias.

Sentaram-se em um banco de madeira e Camila pediu que as filhas fossem rápidas pedir um grapette ao quiosque da esquina e ela sorriu ao ver a empolgação delas. O refrigerante, com seu sabor doce e borbulhante, era uma tradição de sempre quando ela chega ao Brasil.

As meninas voltaram com os copos nas mãos e a felicidade estampada em seus rostos. Um momento simples, mas repleto de significado. Ao observar as pessoas ao redor, ela percebeu que cada uma tinha sua própria história, seus próprios desafios e alegrias. Havia um grupo de jovens, talvez colegas das filhas, rindo e compartilhando segredos, e um casal de idosos que caminhava de mãos dadas, refletindo a beleza do amor ao longo dos anos.

Enquanto a praça pulsava com vida, Camila sentiu-se grata. A vida era feita desses pequenos momentos, dessas conexões que, mesmo em sua simplicidade, carregavam uma profundidade imensa. Mesmo se sentindo uma nômade em sua própria cidade, sabia que sempre encontraria um lar no amor de sua família e nas memórias que construíam juntos. E ali, sob o céu estrelado, cercada por risos e cores vibrantes, Camila sentiu que a vida era um presente, repleta de beleza e emoção.

Após passar o resto da tarde com seus pais e irmãos, Camila volta para a casa com suas meninas para finalmente descansar da longa jornada.

Enquanto caminhavam de volta, Camila segurava Giovanna nos seus braços, a pequena de apenas dois anos, com suas bochechas redondas e sorriso contagiante. A netinha, que sempre a encantava com a doce inocência, era uma fofura que irradiava alegria. Camila não conseguia conter o sorriso ao olhar para a menina, que explorava o mundo com curiosidade e intuição.

Apesar de sua juventude, ser avó era uma das maiores fontes de felicidade para Camila. Ela nunca imaginou que teria essa experiência tão cedo, mas cada momento com Giovanna era um presente. A conexão que sentia com a neta era profunda e cheia de amor. O fato de ser avó não a incomodava; pelo contrário, enchia seu coração de alegria. Cada risada, cada balbuciar, cada descoberta feita por Giovanna era uma nova aventura que Camila adorava compartilhar.

As filhas, agora adolescentes, caminhavam ao lado delas, ajudando a mãe a carregar a pequena. As irmãs sempre foram muito unidas, e ver a relação delas com a netinha trazia a Camila um imenso prazer. Elas se revezavam para cuidar de Giovanna e da casa e isso encheu seu coração de orgulho e gratidão.

Camila se sentia grata por ter suas filhas e neta ao seu lado, e mesmo em meio às turbulências da vida, aqueles momentos simples eram os mais valiosos.

Ao chegarem em casa, Camila abriu a porta e foi recebida pelo cheiro familiar de casa. Era o lar que sempre sonhara, e tê-las ali, juntas, fazia tudo parecer perfeito. Com Giovanna ainda nos braços, ela aconchegou-a com carinho, olhando para suas filhas, que sorriam para elas.

— Vamos fazer um lanche? — sugeriu uma das filhas, e Camila imediatamente concordou. A ideia de preparar algo juntas era uma ótima forma de encerrar a noite. Enquanto se moviam pela cozinha, a atmosfera estava cheia de risadas e pequenas brincadeiras, e Giovanna observava tudo com olhos curiosos, como se quisesse entender cada movimento.

Camila sentiu-se realizada ao ver as suas filhas e neta tão felizes, e aquela sensação de amor e união a envolvia como um abraço apertado. Ser avó aos 37 anos a transformou numa mulher ainda mais forte e amorosa, e ela sabia que, independentemente do que o futuro trouxesse, sempre teria essas memórias para aquecer o seu coração. O outono, com a sua beleza efêmera, refletia perfeitamente a vida que construíra: cheia de cores, risos e o amor da sua família.

Com o dia se encerrando, Camila sentou-se no sofá, cercada por sua família, cansada da viagem, mas muito feliz em estar em casa de novo.

O cheiro do jantar que David e a sua namorada preparavam preenchia o ar, e ela não poderia se sentir mais grata. Estava pronta para escrever uma nova história, uma que incluía todos eles, e mal podia esperar para começar.

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