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Eu e Ele, Aprendendo a Amar

A primeira página

Capítulo 01

Laura sempre se sentiu como uma estranha em seu próprio mundo. Sua única companhia constante era seu diário, onde ela despejava todas as angústias de ser invisível em um colégio lotado. Com seus óculos grandes, roupas discretas e paixão por livros antigos, ela era "a garota solitária", um título que, com o tempo, ela tinha aprendido a aceitar. Então ele apareceu. Rafael, o garoto novo da escola. Ele era tudo o que Laura nunca imaginou que atrairia sua atenção: rebelde, impulsiva e cheia de segredos. Com jaqueta de couro, fones sempre pendurados no pescoço e um olhar que parecia carregar o peso do mundo, Rafael rapidamente se tornou o centro das fofocas. Boatos sobre brigas, suspensões e até problemas com a polícia o seguiam como uma sombra.Laura estava convencida de que ele era apenas mais um problema ambulante, até que o destino cruzou seus caminhos de forma inesperada. Numa tarde chuvosa, Laura decidiu ficar na biblioteca depois das aulas para fugir de casa, onde o silêncio era tão pesado quanto sua solidão. Foi lá que ela encontrou Rafael, sentado em uma mesa no canto, rabiscando algo em um caderno com um olhar concentrado. Ele parecia fora de lugar, mas curioso. Sem perceber, Laura deixou cair um de seus livros ao passar por ele, e o barulho fez Rafael levantar a cabeça.

—Machado de Assis? — ele perguntou, pegando o livro do chão.

Laura piscou, surpresa. — Você conhece?

— Mais do que você imagina.

E assim começou uma conversa inesperada. Descobriram que tinham mais em comum do que aparentavam: Rafael também gostava de literatura, mas usava a escrita para lidar com seus próprios demônios. Apesar de sua fama, era um amante das artes literárias brasileiras assim como Laura, os dois discutiram por horas sobre a obra Miss dólar, em como a pobre cadela premiada morreu para juntar sua dona viúva a um novo amor, assim surgiram longas conversas e logo já estavam mudando de assunto, filmes, séries e até mesmo músicas preferidas Rafael como um bom maloqueiro carregando problemas como enfeites, era ouvinte de Queens, Pitty, Vanessa da Mata e talvez o único artista no qual ele ouvia que não abordava nenhuma crítica social ou anti-conservadorismo era Richie especificamente menina veneno, Laura por outro lado um pouco mais simpática também gostava de muitos clássicos porém a maioria eram estrelas do pop como lady gaga, Backstreet Boys, Chase Atlantic, provavelmente sua artista mais polêmica era Lourandes tendo como música favorita Arrogância e Inveja, duas poesias que no qual ela se identificava, mas ambos guardavam paixão eterna por Cazuza, no qual eles ouviam enquanto discutiam se Game of trones realmente foi um fracasso por um final injusto ou se de fato a personagem Daenerys havia se tornado uma tirana. Não demorou muito e já estavam trocando números de telefone, Rafael carinhosamente salvou o contato de Laura como "Maluca chata que me perturba" e Laura como vingança salvou Rafael como "Anti-comunista". Na quele dia quando Laura voltou para casa, foi pensando por todo o caminho em como essa nova amizade era totalmente incompatível com ele, os dois eram muito diferentes e ela sempre tinha um pensamento de que os opostos se atraem mas não se misturam, sem dizer que amar outra pessoa era completamente novo para ela, ainda mais alguém como Rafael que bonito e charmoso como era jamais teria olhos para ela, o que claramente não era o que se passava na cabeça de Rafael que durante praticamente toda a conversa que eles tiveram observou atentamente os detalhes de seu rosto, principalmente seus lábios que brilhavam com a luz com o gloss rosado. Ele guardou detalhes importantes na mente, de repente o aluno que não fazia nada na aula de artes preencheu um quadro com uma linda pintura de Laura e seu suéter cinza escuro que na visão dele era horrível em qualquer pessoa menos em Laura que também preencheu toda uma página de seu diário sobre Rafael.

Fim...

Só ele

Cont...

Já era de manhã, Laura mal conseguiu dormir, pois na noite pesada ficou acordada até tarde da noite escrevendo, apesar de ter pensado muito na sua aproximação com Rafael, ela pensava muito sobre ele, escrevendo o tempo todo e de repente uma cara que quase sempre foi apenas um fantasma para ela, agora tinha o nome escrito repentinamente no seu diário. Laura como sempre não se atrasou para a aula, quando chegou na escola, ela sentiu o seu estômago revirar por algum motivo ela estava nervosa com a ideia de ver Rafael, a cada passo que dava no corredor em direção a sala de aula, o seu coração palpitava. Ela entrou na sala e, no fundo estava Rafael deitado sobre a mesa com os seus fones de ouvido, ela observou ele de longe sem dizer nada, hesitando se deveria sentar ao seu lado ou não, de repente se sentiu tímida então os outros alunos entraram. Rafael levantou-se e quando Laura notou, em meio ao seu desespero, sentou na primeira cadeira na fila da frente, ela continuou de costas para ele totalmente nervosa e envergonhada se perguntando qual era o problema dela, enquanto a mesma se achava idiota, Rafael notou a estranheza dela e riu baixo a observando de longe. Em uma quase eterna aula de artes visuais, finalmente o horário de almoço, Laura continuava meio nervosa então quase imediatamente seguiu para o campus, se sentou sobre uma árvore, escrevendo novamente, tentando se livrar da ansiedade que matar por dentro, ela era tímida, não muito sociável e costumava sempre a está sozinha, Rafael não parecia está inteiramente interessado na sua amizade e para não incomoda-lo ou acabar se expondo ao ridículo ela apenas decidiu ignorar os acontecimentos do dia passado, o de aquela conversa de horas não tivesse existido.

- O que você está fazendo?- Rafael perguntou se encostando na árvore, com as suas duas mãos no bolso da sua calça. Laura assustou-se por um momento, o encarou por alguns segundos.

- Ah...escrevendo.- Ela respondeu baixo, olhando para o chão. Rafael se sentou ao seu lado.

- Escrevendo o que?- Ele se inclinou para ler, curioso e Laura abriu o diário sobre o peito.

- Coisa quê eu não posso falar em voz alta.- Ela sorriu. Rafael a encarou por um tempo, então olhou para o nada.

- Hum...deve ser legal. Eu já tentei, mas ninguém está interessado em ouvir, nem mesmo as folhas de papel.- Ele sorriu. Laura o encarou um pouco sério, virou para a última página do seu diário e ergueu uma caneta.

- No meu diário, qualquer palavra é bem-vinda e guardada.- Rafael a encarou surpreso com a sua resposta e pegou a caneta, ele escreveu algo bem rápido no caderno e entregou para ela, fechado.- Se isso vazar, eu vou mandar te prender.- Ele brincou. Laura sorriu, revirando os olhos. Eles conversaram durante todo o almoço, como sempre Rafael parecia meio aéreo, as vezes ele ditava algumas coisas e aparentava um semblante triste, ela não conseguia entender muito sobre ele, Laura também tinha muitos demónios, onde ela sempre fugia, mas Rafael, apesar de está bem ali a sua frente, ele parecia viajar em logos profundos e sombrios. Então o fim da aula, Laura voltou para casa e novamente com a sua cabeça transbordando de criatividade, não demorou muito para pegar o diário novamente. Laura escreveu muitas coisas a respeito dos novos sentimentos que Rafael havia causado no dia de hoje, era tudo muito novo, ainda mais se tratando de alguém tão misterioso que até sempre pensativo sobre qualquer coisa ou sobre nada que carrega sempre opiniões fortes sobre muitos assuntos pesados e até mesmo descontraídos, ele era curioso para Laura. Ela estava a terminar seu último verso, pensativa olhando para o que acabará de escrever, até se lembrar da última página que Rafael havia assinado. No canto da folha, rabiscado num verso com uma letra cursiva quase que impecável estava gravado "Carregar a dor em silêncio é como construir um muro ao redor da alma; proteger por fora, mas sufocar por dentro." Laura olhou para o verso com carinho no olhar e deu uma pequena risada.

Fim...

Um muro de tijolos

Cont...

 

Na manhã seguinte, Laura encontrou Rafael no mesmo canto do pátio, com seus fones de ouvido e olhar distraído. Ele parecia alheio ao mundo, mas, ao vê-la se aproximar, um leve sorriso surgiu em seus lábios.

 

— Então você leu? — ele perguntou, apontando para o papel que ela trazia dobrado em mãos. Laura hesitou, mas concordou.

– Li. E... acho que entendi o que quis dizer.- Ele arqueou uma sobrancelha, desafiando.

— Entende mesmo? Ou você acha que entende?- Ela respirou fundo. Sabia que Rafael estava testando suas palavras, talvez para descobrir se ela era apenas mais uma pessoa curiosa que desistiria ao primeiro sinal de resistência.

— Acho que nós dois construímos muros ao nosso redor, mas o seu é mais alto — disse ela, tentando não voar invasivamente.

 

Rafael ficou em silêncio por um momento, surpreso com a percepção dela.

— E por que você acha que tem certeza? — murmurou, cruzando os braços.

 

Laura não respondeu imediatamente. Em vez disso, enviou-se ao lado dele, abriu seu diário e mostrou uma página. Era um pequeno poema que ela havia escrito na noite anterior:

"Somos castelos em ruínas,

cercados por muros de tijolos gastos,

esperando que alguém tenha coragem

de atravessar o que nos proteja."

 

Por um instante, Rafael pareceu desconcertado. Ele pegou o diário delicadamente, leu o poema novamente e, depois de um longo suspiro, disse:

— Talvez você entenda mais do que eu pensei.

 

A partir daquele dia, algo mudou entre eles. Rafael começou a deixar cair, aos poucos, os tijolos de seu muro. Ele contou a Laura sobre sua infância difícil, a ausência de um pai e como sua mãe lutava para manter os dois enquanto ele se perdia em brigas e confusões. Laura ouvia atentamente, sem julgamentos, mas com uma empatia que Rafael nunca havia experimentado. Ao mesmo tempo, ela compartilhava com ele seus próprios segredos: como o silêncio em casa era sufocante desde que seus pais se separassem, e como ela usava o diário para não se perder completamente. Os encontros no pátio tornaram-se comuns. Ambos ainda eram solitários, mas agora dividiam a solidão um com o outro. E, naquele dia, ao escrever no diário, Laura anotou uma nova frase:

"Talvez o amor não seja destruir os muros de alguém, mas ajudá-lo a construir uma porta." Na semana seguinte, a rotina dos dois parecia girar em torno daquele mesmo canto do pátio. Laura e Rafael não precisaram de muitas palavras para entender o que se passava entre eles. Um olhar, um silêncio compartilhado, e tudo parecia ganhar significado. Certa tarde, quando o sol tingia o céu de laranja, Rafael surpreendeu Laura ao lhe estender um fone de ouvido.

— Escuta isso — disse ele, com um sorriso de canto, um pouco tímido.

Laura pegou o fone, colocando-o sem questionar. A melodia suave e melancólica invadiu seus ouvidos. Era uma música instrumental, cheia de emoção, como se cada nota traduzisse algo que Rafael ainda não conseguia colocar em palavras.

— Você escuta isso quando está sozinho? — ela disse, depois de um momento.Rafael concordou.

— É como se a música dissesse o que eu não consigo... entende?- Ela entendeu. Entendeu mais do que ele esperava.

— Obrigada por compartilhar isso comigo — disse ela, com sinceridade.- Rafael a encarou, como se estivesse tomando coragem para dizer algo mais.

— Laura... você acha que alguém como eu merece ser ouvido?- A pergunta a pegou de surpresa. Ela fechou os olhos por um instante, escolhendo as palavras certas.

— Acho que todos merecem ser ouvidos, Rafael. Mas você não precisa esperar que alguém ouça. Às vezes, a gente precisa aprender a se ouvir primeiro.- Ele ficou em silêncio, digitando aquilo. Era como se as palavras dela ressoassem nos tijolos do muro que ele ainda tentava derrubar.Mais tarde, quando Laura voltou para casa, encontrou o diário em sua mochila. Rafael havia deixado um pequeno bilhete dobrado entre as páginas:"Obrigado por escutar. Talvez, um dia, eu consiga ser uma pessoa que abre a própria porta." Ao ler aquilo, Laura esperava. Ela sabia que ambos ainda tinham muito a aprender sobre si mesmos, mas, de alguma forma, aquele muro que os separava estava acontecendo. Tijolo por tijolo, eles estavam aprendendo a atravessar juntos.

Fim...

 

 

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