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Uma Jogada a Cada Momento

amor sentido

Keila observava Laura com um olhar calculista, cada palavra dita era uma peça cuidadosamente colocada no tabuleiro da sua manipulação.

— Sabe, Laura, às vezes acho que o destino nos coloca onde precisamos estar, mesmo que não entendamos o motivo. – Keila pausou, deixando suas palavras pairarem no ar por alguns segundos.

Laura franziu o cenho, incomodada com a conversa.

— E o que você quer dizer com isso, Keila?

— Só que talvez certas pessoas sejam destinadas a se conectar de formas que nem sempre são óbvias. Como nós. – A voz de Keila era doce, quase sedutora, mas havia uma ponta de algo mais sombrio ali.

Laura desviou o olhar, mas Keila avançou, inclinando-se ligeiramente para frente.

— Você confia em mim, não confia, Laura?

A pergunta soou mais como um desafio. Laura hesitou. Havia algo inquietante no tom de Keila, algo que fazia seus instintos gritarem para que ela recuasse.

— Confio, sim, mas...

Keila sorriu, interrompendo-a.

— Então, por que hesitar? Às vezes, o caminho mais seguro é confiar em quem enxerga além do óbvio.

Laura sentiu o peso das palavras, mas uma parte dela resistia, como se estivesse à beira de um abismo que Keila a incentivava a atravessar.

No silêncio que se seguiu, o ambiente parecia se tornar mais opressor. O som do relógio na parede soava alto demais, cada segundo ecoando como um martelo na mente de Laura. Keila parecia imperturbável, seus olhos fixos como os de um predador avaliando sua presa.

Laura mexeu na borda de sua xícara de café, o líquido já frio, enquanto lutava para encontrar as palavras certas.

— O que você realmente quer de mim, Keila?

— Quero o melhor para você, Laura. E o melhor, às vezes, não é o mais fácil. – Keila inclinou a cabeça levemente, como se estivesse avaliando a reação de Laura àquelas palavras.

A luz no cômodo parecia mais fraca agora, ou talvez fosse apenas a imaginação de Laura, distorcida pelo desconforto crescente.

Keila, percebendo o efeito de suas palavras, se levantou lentamente e caminhou até a janela. A silhueta dela se destacava contra a luz fraca do lado de fora.

— Só estou tentando abrir seus olhos, Laura. Antes que seja tarde demais.

-Você está me sufocando Keila…tá muito quente.

-Se Keila é mesmo você.

-Eu sou todo ouvidos para escutar as suspeitas sobre mim,e aliás sou eu sim Keila se era isso que você suspeita de mim, né Laura Gomes.

-ok,por enquanto hoje você vai conseguir se safar ilesa,dona.

-é melhor você ir Laura,se não o seu peão vai cair!

-eu não sei quem você é mas eu descubro mas é aí vai ser um xeque mate,aí vai ser fim da linha,bebê.

-sabe Laura, xeque mate eu já tenho é você grudada na minha boca e você está bem na palma da minha mão.

-Onde você vai?,sai do cubo que você me coloca cada vez que eu te vejo.

Sai do meu escritório e fui tomar um ar por que aquela maldita rouba todo o que eu tenho e ainda mais o que eu não tenho!

peão

Keila se aproximou de mim, o salto de seus sapatos ecoando pelo chão de mármore enquanto sua presença preenchia a sala. Eu podia sentir o perfume marcante que ela usava, um misto de poder e desafio. Ela parou perto, talvez perto demais, inclinando a cabeça com um sorriso de canto.

— Eu não canso, Laura. Pelo contrário. Acho... fascinante te ver tentando resistir.

— Resistir a quê, Keila? À sua insuportável arrogância?

Ela riu baixo, uma risada que parecia mais um sussurro de provocação do que uma resposta verdadeira. Keila sabia como me tirar do sério, e parecia se divertir com isso. Ela passou os dedos pelo meu braço de leve, como se testasse minha paciência.

— Resistir a mim. — Sua voz era baixa, quase um sussurro. — Você sabe o que quero, Laura.

Eu dei um passo para trás, tentando recuperar o controle da situação, mas minha voz falhou um pouco.

— E eu já disse que não sou uma peça no seu jogo, Keila.

— Ah, mas é isso que me fascina em você. — Keila cruzou os braços, me observando com aqueles olhos intensos que pareciam enxergar algo em mim que eu mesma não conseguia compreender. — Você não é como os outros. Não se dobra.

— Talvez porque eu tenha princípios.

— Ou talvez porque tenha medo de admitir o que realmente sente.

Meu corpo ficou tenso, mas antes que eu pudesse responder, a porta da sala se abriu abruptamente. Gael, o marido dela, entrou com o celular na mão e uma expressão séria no rosto. Ele olhou para nós, hesitando por um momento ao perceber a proximidade entre mim e Keila.

— Laura, preciso falar com você. Temos uma pista sobre Dominick.

Finalmente, uma distração. Dei um passo para longe de Keila, tentando disfarçar o calor que subia pelo meu rosto.

— Claro. O que descobriram?

— Alguém disse ter visto ele no hotel Crown ontem à noite. Mas a testemunha foi... silenciada antes de falar muito mais. — Ele lançou um olhar significativo para Keila, que apenas deu um meio sorriso, como se soubesse mais do que estava disposta a compartilhar.

— Silenciada? — repeti, tentando entender. — Quem está por trás disso?

Gael hesitou, mas antes que pudesse responder, Keila deu de ombros, interrompendo.

— Não perca seu tempo com perguntas sem respostas, Laura. Vá ao hotel e descubra você mesma.

Ela se virou, caminhando para longe com uma postura elegante e um olhar vitorioso. Mesmo indo embora, parecia que ainda tinha o controle da situação.

Suspirei, pegando meu casaco e tentando ignorar a mistura de irritação e atração que ela despertava em mim.

— Eu vou ao hotel, Gael, mas preciso saber: há algo que você ou sua esposa não estão me contando?

Gael desviou o olhar, a tensão em seus ombros denunciando algo mais profundo.

— Apenas encontre Dominick. E, por favor, tome cuidado. Há mais pessoas envolvidas nisso do que você imagina.

---

O hotel Crown não era exatamente o tipo de lugar que eu frequentava por escolha. Era luxuoso, com candelabros de cristal pendurados no teto e funcionários vestidos de maneira impecável, mas havia algo de sutilmente ameaçador em sua opulência. Talvez fossem os olhares desconfiados que os seguranças lançavam ou o silêncio quase ensurdecedor que parecia preencher o saguão.

Eu me aproximei da recepção, tentando parecer despreocupada, mas minha mente trabalhava em alta velocidade. Se Dominick realmente esteve ali na noite passada, como dizia a pista, encontrar um rastro dele seria como procurar uma agulha em um palheiro.

— Boa noite. — A recepcionista, uma mulher loira com um sorriso treinado, olhou para mim. — Como posso ajudá-la?

— Preciso de informações sobre um hóspede que esteve aqui ontem à noite — falei, direta. — Dominick Barros. Jovem, cabelos castanhos, olhos claros.

Ela piscou, surpresa com minha abordagem.

— Sinto muito, mas não podemos divulgar informações sobre nossos hóspedes.

Eu me inclinei um pouco sobre o balcão, mantendo minha expressão séria.

— Escute, isso não é uma brincadeira. Ele está desaparecido, e cada minuto conta. Não quero expor ninguém, só preciso saber se ele esteve aqui.

Ela hesitou, olhando em volta como se verificasse se alguém estava ouvindo. Finalmente, baixou a voz.

— Eu não devia dizer isso, mas... sim, ele esteve aqui. Chegou no começo da noite, acompanhado de um homem. Eles pareciam nervosos.

— Um homem? Como ele era?

— Alto, de terno escuro. Não consegui ver o rosto direito, mas... — Ela fez uma pausa, mordendo o lábio inferior. — Eles não ficaram muito tempo. Subiram para o quarto 713, mas, alguns minutos depois, houve uma confusão. O homem saiu sozinho, e o outro rapaz... bom, eu não o vi mais.

Meu estômago se revirou. Isso não parecia bom.

— A polícia foi chamada?

Ela balançou a cabeça.

— Não houve tempo. Um grupo de seguranças apareceu rapidamente e controlou a situação. Depois disso, tudo ficou... estranho.

— Estranho como?

Ela hesitou de novo, como se temesse falar mais.

— Apenas tome cuidado, senhora. Coisas estranhas acontecem aqui.

Antes que eu pudesse pressiona por mais informações, senti uma presença às minhas costas. Me virei rapidamente, encontrando um homem enorme, vestido de preto, com uma expressão inexpressiva.

— A senhorita precisa sair — disse ele, a voz baixa, mas carregada de autoridade.

— Estou no meio de uma investigação.

— Agora.

Ele deu um passo para frente, tornando claro que não estava pedindo. Suspirei e dei meia-volta, sabendo que insistir naquele momento seria inútil. Mas, assim que saí do hotel, algo chamou minha atenção.

No estacionamento, uma van preta estava estacionada de forma suspeita, como se alguém dentro estivesse esperando por algo — ou alguém.

Me aproximei devagar, tentando não chamar atenção, mas, antes que pudesse chegar perto o suficiente, ouvi o som de uma porta se fechando. A van acelerou e sumiu na rua.

Fiquei ali, sozinha no frio, com mais perguntas do que respostas.

um recado misterioso

Cheguei em casa, tudo revirado, a sala e a cozinha,fui no quarto,um tabuleiro de xadrez sobre o lençol cheios de figuras de pião e as peças do tabuleiro todas em seu devido lugar, menos o peão que havia dado um passo mas caiu em cima do tabuleiro.

-que merda é essa,o que aconteceu aqui?

Quando cheguei a noite, verifiquei se havia sumido os dados a investigação que eu havia feito, sobre todos os suspeitos.

-Vamos ver se alguma coisa sumiu,ufa! Ainda bem que nada sumiu.

Fui tomar banho e encontrei isso: “você sabe “quem sou eu KD, Laura Gomes?”.

-O que isso? Esse jogo nunca mais acaba,quem fez isso é doente,e aliás quem é KD?

-minhas suspeitas de quem eram evaporaram,QUE DROGA!!!

irritada fui pra fora do apartamento,tinha alguém me ligando, era Keila.

-O que você quer,eu não to afim de seus joguinhos mentais.

-eu já sei por que que está tão estressada.

-como é que é?Tá monitorando agora,além de você me fazer de peão em seus joguinhos, afinal porque você está me ligando?

-ja que você está tão estressada nem vou te falar o que eu tenho a dizer.

-Ei espera aí fala…Droga que inferno essa mulherA ligação caiu, e eu fiquei ali, parada na calçada, tentando acalmar a tempestade dentro da minha cabeça. Cada vez mais, parecia que tudo estava conectado de alguma forma: Keila, Dominick, o hotel, e agora essa mensagem perturbadora no meu banheiro. Mas eu não tinha as peças suficientes para entender o jogo que estava sendo jogado.

Voltei para dentro do apartamento e tranquei a porta, conferindo duas vezes para me certificar de que ninguém mais entraria sem o meu conhecimento. Meu coração ainda estava disparado, e eu sabia que precisava manter a cabeça no lugar.

Peguei o celular e decidi tentar ligar de volta para Keila. Ela não atendeu. Claro que não. Provavelmente estava se divertindo com o meu desespero.

— Que inferno... — murmurei, passando a mão pelo rosto.

Olhei novamente para o tabuleiro de xadrez no meu quarto. Ele parecia tão... intencional, como se tivesse sido montado para me passar uma mensagem que eu ainda não conseguia decifrar. Peguei o peão que estava caído e o observei de perto. Era um peão comum, mas algo no fundo da minha mente me dizia que aquilo tinha um significado maior.

"Você sabe quem sou eu, KD."

KD. Essas iniciais não me diziam nada à primeira vista, mas havia algo familiar nelas. Uma memória distante que eu não conseguia acessar por completo.

Respirei fundo e voltei ao meu mural de investigação. As fotos dos suspeitos e os recortes de informações estavam todos lá, intocados. Olhei cada uma das pessoas relacionadas ao caso: amigos, conhecidos, possíveis inimigos de Dominick. Mas ninguém ali tinha essas iniciais.

Foi então que percebi. KD não precisava ser um nome completo. Podia ser um apelido. Um codinome.

Peguei o telefone novamente e disquei para Gael. Ele atendeu no terceiro toque.

— Laura, alguma novidade?

— Gael, você conhece alguém que o Dominick chamava de KD?

Houve uma pausa do outro lado da linha, e eu quase podia ouvir o som da respiração dele se alterando.

— Não... pelo menos, não que eu me lembre. Por quê?

— Porque alguém entrou no meu apartamento, deixou um tabuleiro de xadrez no meu quarto e escreveu essa mensagem no meu banheiro.

— No seu apartamento? Você está bem?

— Estou. Mas isso está indo longe demais. Se você ou sua esposa sabem de algo que possa me ajudar, é hora de falarem.

— Laura, eu juro que não sei nada sobre KD. Mas... Keila pode saber. Ela e Dominick tinham segredos, coisas que ela nunca me contou.

— E você acha que ela vai me contar agora? — perguntei, com um toque de sarcasmo.

— Não sei. Mas talvez isso a deixe desconfortável o suficiente para dizer algo.

Desliguei o telefone e comecei a me arrumar. Se Keila sabia algo sobre KD, eu faria com que ela falasse, nem que isso significasse enfrentar mais um dos seus joguinhos insuportáveis.

---

Na mansão de Keila

Keila estava sentada em uma espreguiçadeira ao lado da piscina, um robe de seda azul caindo sobre os ombros. Ela segurava uma taça de vinho e sorriu quando me viu.

— Laura, que surpresa. Achei que estivesse ocupada resolvendo o caso.

— E estou. Por isso estou aqui.

Ela levantou uma sobrancelha, intrigada, mas ainda com aquele ar de superioridade que fazia meu sangue ferver.

— Diga, o que posso fazer por você?

— KD. Quem é?

A reação dela foi sutil, mas perceptível. A taça de vinho parou por um instante antes de chegar aos lábios. Seus olhos brilharam com algo que parecia ser desconforto, mas logo ela recuperou o controle.

— KD... interessante. Por que quer saber?

— Porque essa pessoa invadiu o meu apartamento e deixou uma mensagem. E tenho a sensação de que você sabe exatamente quem é.

Keila colocou a taça de lado e se levantou, caminhando em minha direção com uma expressão que misturava desafio e cautela.

— Laura, eu não sei quem é KD. Mas, se eu soubesse, por que deveria te contar?

— Porque, se você não cooperar, o próximo alvo pode ser você. Ou seu irmão.

Ela parou na minha frente, tão perto que eu podia sentir o calor do seu corpo. Seus olhos encontraram os meus, e, por um momento, pensei que ela fosse se abrir.

— KD é um fantasma — disse ela finalmente. — Um fantasma que assombra quem ousa entrar no jogo.

— E o que isso significa?

— Significa que, se você não souber jogar, Laura, vai acabar como o peão no seu tabuleiro: derrubada antes mesmo de entender as regras.

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