NovelToon NovelToon

A PREDESTINADA

ARION, COMO TUDO COMEÇOU

A cavalaria do rei Ceronos devagar se aproxima dos portões do castelo . A chuva castigava os cavaleiros cansados e feridos.As fileiras já não ostentavam o  mesmo brio.Desanimados,conduziam seus cavalos trotando em passos lentos na estrada enlameada.No céu negro,clarões de relâmpagos iluminavam seus rostos abatidos.O dia ainda não raiara.

    Da torre de vigia do castelo, um homem com uma tocha na mão observa o grupo se aproximando devagar.Olha para dentro e grita  dando o alarme:

_O rei se aproxima,abram os portões!

Imediatamente tambores anunciam a chegada dos guerreiros.A cidade se alvoroça ansiosa por vê- los,

depois de meses ausentes em batalha contra os bruxos de Vergânia. 

    Entram na cidade.O povo curioso,observa a tropa de  homens maltrapilhos , sujos e feridos.Uma carroça carregada de guerreiros mortos desfila à frente.Os cavaleiros em seu ritmo cadenciado sustentam os olhares críticos e usam seus últimos sinais de orgulho que ainda lhes restam. Param em frente ao pátio principal do palácio real,quando a carruagem que levava o rei August Ceronos é aberta. Escravos se precipitam em retirar o homem gravemente ferido e carregá- lo para dentro .

    Na enfermaria do palácio, doutor Iron e seus auxiliares correm contra o tempo para salvar o rei que agoniza.Mulheres com bacias de água,e panos se revezam numa correria entre os corredores.Dona Elda chefe da cozinha do palácio, grita ordens aos empregados preparando chás, esquentando água e espremendo  diversas ervas num socador preparando unguentos.Ao ver sua filha entrar com panelas vazias grita:

-Venha cá filha,leve esse unguento e as gases que estão ali ,ela aponta para um balcão cheio de gases e toalhas . - Leve ao doutor, rápido!

Greta faz sinal positivo com a cabeça, pega as gases, o unguento,  e corre pelo corredor em direção à enfermaria.Bate a porta e aguarda.Um soldado atende e Greta entra e entrega ao auxiliar o unguento.

    No saguão, a rainha está apreensiva acompanhada de oficiais e nobres .O rei Ceronos gemia de dor.Tinha seu abdômen aberto por golpe à espada e seu corpo estava parcialmente queimado.Um cheiro ocre de sangue e carne queimada espalhava- se no ar.Greta sentiu náusea, mas aguentou firme em seu posto à  espera de novas ordens.O médico lutava para salvá- lo.Os gritos de dor faziam Greta estremecer,até que ele desmaiou e o doutor continuou seu trabalho,tentando cauterizar o ferimento com uma adaga em brasas.

   Horas se passaram e Greta ia e vinha pelo corredor obedecendo ordens.Quando o dia clareou,o médico deu as últimas ordens para os faxineiros limparem o lugar e dispensou Greta,indo falar com a rainha inconsolável no salão ao lado.O estado do monarca era muito grave,só um milagre para salvá- lo.E a rainha ainda teria muitos problemas a resolver caso ele viesse a óbito.Pois em toda a cidade já haviam rumores e especulações sobre quem seria o novo rei de Arion.

     Na cozinha o serviço cessara também.Dona Elda enxugou as mãos num pano e sentou num banco.Olhou a equipe finalizando o trabalho.Todos estavam exaustos.Suspirou e disse:

_Que noite pessoal !!

Ao ver a equipe que viera para substituir a sua,levantou- se e abraçando Greta declarou:

_Bom ver vocês.Esta noite foi terrível!

E para sua equipe:

_Meninas , bom trabalho. Estão dispensadas,vamos para casa.

    Chegaram em casa já era hora do almoço, seu marido Breno cortava lenha no quintal e ao vê- las se aproximou dizendo:

_Que bom que vocês chegaram,fiquei preocupado, dobraram o turno!O comentário geral, é que o rei e seus homens voltaram !

Deu um beijo na testa da filha,abraçou a esposa e comentou :

_ Vocês estão abatidas,pelo visto,o serviço foi puxado.

A casa era rústica iluminada por candeeiros e ficava afastada da cidade, perto da floresta.Greta limpando as mãos e ,o rosto adiantou as novidades:

_Papai, aqueles soldados levaram a maior surra! Falava entusiasmada.

_Não sei não,mas acho que aquele tirano não passa de hoje.

Sua mãe sentada, observava balançando a cabeça desaprovando a atitude da filha e adverte:

_Tenha compaixão,respeite os sentimentos da rainha pelo menos.Ela é uma boa mulher e está sofrendo muito.

Greta coloca as mãos nos quadris indignada com a mãe e rebate : 

_ Aquele desumano caçou nosso povo, torturou e matou em praça pública famílias inteiras mãe e por isso temos que viver no anonimato e morrendo de medo de sermos descobertos! Achei foi bom o que nossa sociedade fez! Não sei porque não fomos morar na aldeia deles!  Como pode me pedir compaixão!?Eles não tiveram compaixão com nosso povo.Foi bem feito pra ele!

Breno ao lado da mulher ordena :

_ Basta Greta! Controle sua língua, você se entusiasma e fala alto,estamos em casa agora,mas você não tem discrição e fala essas coisas em qualquer lugar!Um dia esses seus impulsos vai nos colocar em perigo!

Greta ameniza olha e suspirando fala:

_ Ok,me desculpem,estou exausta,vou comer algo ,estou morrendo de fome! Tomar um banho tirar umas boas horas de sono.

Os dois observam a filha comer e  se afastar.Dona Elda levanta, pega uma tigela despeja caldo quente, serve café ao marido e fala ao sentar na mesa:

_Greta tem razão,o rei está gravemente ferido.Não creio que sobreviva.

Breno acaricia os ombros da mulher e pensa alto:

_Como resolverão a questão da sucessão?Não há nenhum herdeiro, só o irmão bastardo de August.

Elda acompanha o pensamento do marido e completa:

_Mas ele não tem o nome dos Ceronos.O rei Theos nunca soube da existência do filho bastardo e por causa desta traição,a rainha mandou matar Natálie a amante,que antes de morrer nos braços do rei, contou da emboscada que sofrera.A rainha foi julgada e condenada a morrer decaptada. Nunca mais se ouviu falar do bebê de Natália.Onde será que está agora?

Breno leva sua caneca e a tigela para a pia e sentando atrás de Elda,fala abraçando a mulher:

_Ele leva o nome dos Ecrons, nome da família da mãe.Natálie era sobrinha mais nova do rei de Córtega. Ouvi dizer que uma mucama da rainha fugiu com o bebê.Ninguém sabe de seu paradeiro,mas há boatos de que o imediato do rei, foi quem enviou a mucama para Córtega, temendo pela vida da criança.Se estiver vivo,deve ser um homem agora.August depois que sua mãe foi morta, se encheu de rancor e acabou sabendo da existência do meio irmão e nutre uma raiva incontida dele e nunca o considerou da família.

Dona Elda então interrompe ao se lembrar de algo:

_Uma vez,eu estava servindo no salão de festa do palácio,no aniversário do rei August, quando um lorde entrou se intitulando ser o irmão de Natálie.O rei ficou possesso e disse que não era bem vindo,foi quando o homem mostrou o convite,dizendo que representava Córtega,o país vizinho ao sul e que trazia uma carta do seu tio,o rei Jean II e presentes ao rei.Elda ri ao se lembrar e comenta:

_O rei engoliu em seco por ser obrigado a recebê- lo.Era melhor manter boas relações com eles do que tê- los como inimigos.

Breno ri sarcásticamente e comenta:

_Verdade, eles estavam recebendo apoio de Córtega contra Vergânia.E de nada está adiantando KKK.

_ o rei de Córtega é um homem justo,ouvi dizer que ele retirou suas tropas contra Vergânia,pois não aprovava essa guerra. Então, este menino é sobrinho do rei Jean II,quem diria…Talvez por isso abandonou August,devem ter uma mágoa muito grande contra os Ceronos, pelo o que fizeram à sobrinha.

Breno concorda silenciosamente, abraça a mulher e fala carinhosamente: 

Vamos esquecer um pouco esses nobres?Vou levar você pra cama, deve estar exausta meu amor. Breno a enlaça por trás e enquanto caminham,  beija várias vezes o pescoço da mulher que se deixa levar pelo marido até o quarto.

      Quando Greta despertou, o crepúsculo alaranjado trazia a beleza do sol se pondo.Dormira horas, estava revigorada da noite perdida.Selou seu cavalo,adorava cavalgar.Na varanda ,seus pais observavam o cair da tarde tomando chá.Greta com roupas de montaria passa pelos pais animada.Ao vê- la montar seu cavalo, sua mãe adverte:

_Não vá muito longe,logo anoitecerá, tenha cuidado.

Greta empina o cavalo, joga um beijo e como uma amazona galopa pela campina.Em seu íntimo,estava ansiosa para ver aqueles olhos azuis que a faziam sonhar acordada.Cavalgou em direção da floresta, serpenteou algumas árvores indo em direção ao riacho.Desmontou e amarrou as rédias do cavalo em um galho.Sentou na margem do riacho,tirou as botas e descansou os pés na água.O por do sol dava ao lugar um colorido furta cor nas águas límpidas,Greta fechou os olhos se deliciando com a beleza e o encanto daquele lugar, quando duas  mão cobrem seus olhos por trás e sente os  lábios a percorrerem  seu pescoço delicadamente cobrindo- a de beijos.Greta se vira sorrindo ao ver Petros seu namorado.Ele era alto, tinha a pele bronzeada do sol,os cabelos negros e seus olhos eram um azul profundo e triste. Ele a encara demoradamente e segundos depois se envolvem num beijo ardente.Ao largá- la ele pergunta:

_Como estão as coisas no palácio?

Greta dá de ombros e responde desinteressada:

_Nada bem.Os soldados voltaram  ontem de madrugada.Estavam péssimos, houve muitas mortes e o rei está gravemente ferido.Ouvi o médico dizer que só um milagre pode salvá- lo.

Petros olha para as águas do rio e pensa alto:

_ Será que a guerra acabou? E se ele morrer? Quem governará nosso país?

Greta coloca os braços em volta das pernas dobradas e comenta irritada:

_Não sei.A única coisa que tenho certeza é que este tirano não tem muito tempo.Passei o dia e a madrugada toda, correndo pelos corredores do palácio.Ora cumprindo ordens de minha mãe na cozinha ,ora do doutor.Foi um horror!!Chegamos em casa exaustas !!

Petros informa curioso:

_ O rei convocou uma reunião com todos os nobres no palácio.Meu pai vai amanhã.Por quê será?

Greta responde  sem paciência:

_ ah,deve ser para resolver assuntos internos ou dar o relatório final de que foram massacrados pelos bruxos de Vergânia !Quem sabe agora nos deixam em paz! Petros rapidamente coloca seu dedo indicador sobre os lábios da moça e fala baixinho olhando para os lados:

_Ficou maluca?Onde está com a cabeça pra dizer tamanha loucura?

Greta sorri,olha em volta e brinca :

_ Seu medroso ,estamos só,e você não vai entregar minha família.Petros olha zangado e fala sério:

_ Devia tomar mais cuidado, se descobrirem que seu pai é um bruxo,nem quero imaginar o que acontecerá! Principalmente meu pai,que não se cansa de bisbilhotar as famílias em busca de possíveis suspeitas! Tenho vergonha de carregar o nome dele! Ainda acho uma loucura vocês viverem aqui em Arion.Por quê não foram para Vergânia?

_ Porque se formos morar lá,teremos que colocar nossos dons a disposição do sumo sacerdote e meus pais não querem que eu inicie na escola de aprendiz de feiticeiros,eles não gostam de usar magia.Ainda que para fazer o bem.Petros abraça a garota e fala feliz:

_ Ainda bem,não aguentaria ficar longe de você.Sabe, sendo  homem normal não poderia entrar em Vergânia. Eles me matariam, ainda mais agora que estamos em guerra .Me prometa que vai tomar cuidado de agora em diante,nunca se sabe,meu pai tem espiões por toda parte.

_ Ela beija os dedos cruzados como promessa e sorri.

Ele abraça e sussurra no ouvido de Greta:

_Vamos deixar esses assuntos para mais tarde.Sinto falta de você em meus braços.

Ele a beija, sua língua explora com urgência a sua boca, depois  morde levemente os lábios dela e desce beijando pelo ombro, explorando seu corpo com a língua,vai descendo pelo colo até seus seios.Greta fecha os olhos sentindo o desejo inflamar seu corpo.Lentamente Petros  desce a alça de sua blusa e continua beijando seu colo até chegar em seus seios, enquanto Greta retira a calça de montaria .Ao vê- la de calcinha ele sorri ,seu olhos num azul profundo observa com desejos seu corpo.Ele retira a roupa ficando apenas de cueca. Apalpa seus seios e beija seus mamilos, sua mão desliza  até  suas coxas. Greta suspira de desejo.Com mãos hábeis, ele tira  a calcinha e coloca os dedos na parte íntima fazendo movimentos leves fazendo  Greta  gemer .Antes que ela pedisse por mais,ele a penetra. No início, com calma, depois os dois se fundem num movimento rápido até chegarem ao orgasmo juntos..A sombra da noite os envolve num clima  de paixão.E as águas escura do rio seguem seu rumo num burburinho . 

   No castelo,o rei August lutava pela vida.O médico e sua equipe passam mais uma madrugada tentando reverter o quadro clínico. Ele faz sinais para o doutor Iron pedindo que se aproxime. Ao vê- lo,o rei fala com dificuldades,pedindo que chame o primeiro ministro urgente com um escrivão em seus aposentos.A rainha sentada ao seu lado ,segura sua mão aos prantos e fala carinhosamente:

_Querido , não se esforce,você está fraco.

Ele olha para ela com lágrimas nos olhos e com esforço tenta sorri. Instantes depois, chega o homem acompanhado de um escrivão.Ele faz reverências ao rei, senta bem perto e aguarda. Ao vê- lo, August sorri e começa a falar pausadamente entre um espasmo e outro de dor.O médico não conseguira conter a  hemorragia  da ferida que encharca o leito.O rei num tremendo esforço, começa a falar com dificuldade. Telmo se aproxima para ouvi- lo melhor:

_ Quero que localize... meu meio irmão....Mande uma carta...para Córtega...Diga lhe, que...o trono...é dele…por ...direito.Ele tem… o sangue dos Ceronos!

_Agora … chame o escrivão...vou ditar.. minhas últimas palavras...e meu último …desejo.E você lerá na reunião...e fará conforme...ordeno.

Ele ofegava muito,enquanto o escrivão se aproximava com papel e pena.O rei continuou a falar pausadamente com dificuldade.Ao terminar de ditar o conteúdo da carta,olhou para a mulher ao seu lado e disse irado:

_ Você não...me deu...herdeiros...foi uma inútil!!!

E ordena à Telmo:

__Quando eu morrer...quero que leve- a... de volta… de onde veio!!

Ao ouvir isto,a rainha se levanta indignada e sai chorando acompanhada por sua dama de honra.

O rei começa  a tossir expelindo sangue pela boca e sentindo muitas dores. O médico se aproxima do leito,enquanto o bispo faz o sinal da Cruz e dá a extrema unção. August cansado, olha para o alto  e declara com suas últimas forças:

_Eles nos amaldiçoaram, são uns demônios…!! 

Seu corpo estremece,sofre um espasmo e dá seu último suspiro.Seus olhos ficam imóveis,olhando o vazio.Doutor Iron se aproxima, coloca a mão sobre os olhos do rei fechando- os.O sol já estava forte,quando o primeiro ministro sai dos aposentos do rei e avisa ao cardeal para anunciar a morte do rei tocando os sinos da catedral. Chama  o comandante do exército e ordena:

_ Preciso que acompanhe o ministro de relações  e leve esta carta urgente ao rei de Córtega.

O homem recebe a carta das mãos do imediato e sai. Neste momento, o sino da catedral começa a tocar anunciando a morte do monarca.

   O palácio fervilha com a chegada dos nobres.Os representantes de cada vilarejo, políticos, e nobres da corte aguardam no salão principal.Os homens estão tensos  e conversam sobre o destino de Arion. O principal assunto era a sucessão.Muitos ali corriam o perigo de perder seus cargos e preocupados, especulavam uma forma de se manterem.

   Sir. Lorenzo andava de grupo em grupo se atualizando dos boatos.Era um senhor de meia idade,rechonchudo ,muito elegante com semblante austero e olhos perspicazes. Tinha muita influência com o rei e dizem as más línguas,que ele armara um plano contra o tesoureiro da corte forjando  uma fraude na contabilidade para o acusarem de extorsão.O homem foi preso e condenado, ficando Lorenzo em seu lugar. Por essas atitudes,mesmo sem provas os outros nobres suspeitavam de seu envolvimento e o temiam por isto.Lorenzo também é conhecido por ser um  incansável perseguidor dos bruxos.Algumas vezes ele forjou provas que indicavam bruxaria para prender e tomar as terras de alguns fazendeiros.Seu filho Petros não tem um bom relacionamento com ele, por sua ganância e crueldade.E Lorenzo culpa Petros pela morte da esposa. Pois no dia em que ela caiu do cavalo e quebrou o pescoço, o filho havia sugerido que apostassem uma corrida.

   Instantes depois o soldado abre a porta e Telmo parado na soleira observa o salão lotado.Todos se voltam para ele.Telmo respira fundo, e anuncia:

_ Senhores, como sabem, vossa majestade, o rei August Ceronos não resistiu aos ferimentos e faleceu esta manhã.Todos começam a fazer perguntas ao mesmo tempo.Telmo ergue as mão pedindo silêncio e sem demora  anuncia:

_A reunião está adiada por motivo de luto.Uma nova data será marcada ,após a cerimônia de sepultamento,onde todos conhecerão o novo rei de Arion. Aguardem nosso comunicado.

E sai deixando todos alvoroçados e perplexos com a novidade.A notícia se espalha por todo o reino.O povo fica agitado,especulando sobre quem ocuparia o trono e porque tanto mistério.

A Batalha

        O país de Vergânia foi fundado pelas famílias que fugiram da perseguição contra os bruxos em Arion.No início era um povo nômade, acampavam em vários lugares para não serem encontrados pelos caçadores de bruxas.Moravam do outro lado da floresta Shiva no vale da caveira,uma extensão de terra árida,isolada e sem vida. Aos poucos se organizaram e com o tempo, se tornaram um país. Criaram a sociedade dos bruxos na tentativa de se protegerem contra a perseguição, onde os  sumos sacerdotes governam. Seu ponto mais forte é a escola de aprendiz de feiticeiros ,onde os jovens aprendem a lidar com sua magia e  tradições.Todo nascido de pais bruxos quando alcançam a maior idade,

desenvolve um dom e vão para esta escola.Mas os vergânios  são um povo reservado e só descendentes  podem morar na cidade.  

      A dinastia dos Ceronos durou muitos anos e  sempre atacavam Vergânia. Mesmo assim, algumas famílias  de bruxos preferiam viver no anonimato em Arion.Com a morte de Theos ,seu filho August foi coroado em seu lugar e a inimizade entre eles continuou. August foi implacável e criou um grupo de caçadores de bruxos que aterrorizavam os vilarejos de Vergânia. Então, a sociedade dos bruxos finalmente declarou guerra contra Arion.Por quase um ano, o exército de August tenta invadir o palácio de Vergânia, mas eles resistiam bravamente.Ambos os lados tiveram  muitas baixas,mas agora os bruxos estão em desvantagem numérica , o que deu um novo ânimo aos Arions de acreditarem na vitória,tomarem  a cidade e exterminarem todos os bruxos.

      Noite escura e nebulosa,no  Castelo de Vergânia,no salão principal os líderes estão reunidos. Um senhor de cabelos brancos toma a palavra:

_ Senhores, lamento informar que não temos como conter o avanço dos Arions. Estamos em desvantagem, tivemos muitas baixas.

Todos falam ao mesmo tempo,e o sumo sacerdote apenas observa.Em dado momento um ancião se levanta e declara:

_Nas circunstâncias atuais em que nos encontramos,não vejo outra alternativa senão de usarmos nossas habilidades mágicas.Ou seremos massacrados!

Outro mago se levanta de seu lugar e retruca:

_ Isto é muito perigoso.Temos um acordo com os Gunes de não usarmos magia! Não podemos quebrar esta aliança!

Neste momento a confusão é geral.Uns concordam, outros argumentam contra.O sumo sacerdote se levanta de seu trono, coloca seu chapéu ,pega seu cajado, levanta e todos se calam para ouví- lo:

_ Já perdemos bons homens e mulheres. Neste momento, não estamos em condições de defender nossa cidade.Tomei a iniciativa de proteger os idosos e crianças. Por isso, enviei um pedido de ajuda aos Gunes para receber nosso povo na cidade deles até que tudo isto termine! E estou aguardando resposta.Quanto antes forem, melhor.Ficarão salvos.

Olhando para a assembléia ele declara preocupado.

_Temos um acordo com o povo da floresta de não usarmos nossa magia para matar,mas não vejo outra saída. E pelo que vejo estamos num impasse. Portanto, vamos votar e conforme decidirem, será feito. Não temos muito tempo.

Neste momento, os homens começaram a sair um a um de seus lugares,caminhando até uma pira.Os que eram a favor cortavam a mão com um punhal e pingavam seu sangue num caldeirão e deixavam seu punhal manchado  ao lado.Os que eram contra, deixavam seu punhal limpo .Ao final da votação, um homem com túnica branca contou os punhais e declarou o veredicto final:

_ Ó venerável sumo sacerdote !!! conforme os votos,vamos usar nossa magia!

E se retirou, levando o caldeirão.O sumo sacerdote, olhou todos seriamente e deu a ordem:

_A sorte está lançada.Enviaremos o grupo à Cidade Cristal e que Deus nos ajude.Convoco todos a me acompanharem à sala do oráculo. Vamos resolver como faremos nossa defesa.

    Enquanto isto, acampados na Floresta Shiva que tem limite com Vergânia, o rei em sua barraca traça seu plano de ataque com seus oficiais.A chuva forte,castigava há dias.

_ A fortaleza deles fica numa montanha certo?Jefrey vai atacar os portões com as catapultas e os aríetes para arrombarem o portão,depois que os flecheiros derem cabo dos guardas do muro do portão.E ajudarão a escalarem. 

O rei toma sua adaga e aponta para as laterais do castelo desenhado num mapa em sua mesa e continua:

_ Vocês,Denius e Hector

Aponta para os dois oficiais a sua frente:

_Vão invadir pelas laterais e receberão ajuda do grupo de caçadores de bruxos.

_ Vamos atacar sem trégua!Esta noite o castelo de Vergânia será nosso!Vamos invadir e matar todos! 

    Ao toque dos tambores, as fileiras de milhares de guerreiros caminham em direção ao castelo de Vergânia.Seus estandartes tremulam ao vento.Alguns raios riscam o céu negro acompanhado de trovões anunciando a chegada de mais uma tempestade.Ao chegarem no vale da caveira a uns metros de Vergânia o pelotão interrompe a marcha.Os tambores páram de rufar.Na noite escura o silêncio é mortal.

   Da torre do castelo,o sumo sacerdote observa a manobra inimiga e aguarda.Os poucos  bruxos com armaduras negras, observam e esperam as ordens.Haviam evacuado idosos,mulheres e crianças para além dos portais, na floresta  Shiva,onde estariam protegidos pelos gunes,na Cidade Cristal.Um número reduzido de feiticeiros,bruxos, magos, homens e mulheres com condições de lutar, continuavam na fortaleza.Só um milagre poderia salvá- los!Seriam massacrados em pouco tempo

   Uma chuva grossa começa, acompanhada de raios e trovões.O clarão dos relâmpagos denuncia a posição do inimigo no campo a poucos metros do castelo.

   August galopa a frente de toda a extensão de sua tropa e grita a plenos pulmões:

__Hoje este dia será histórico! Nossa vitória será entoada em versos e contarão nossos feitos por gerações com orgulho! Não tenham medo,assim como nós,eles sangram e morrem ! Hoje vamos aniquilar esta raça e riscá-los do mapa para sempre!

August levanta a espada e  empinando seu cavalo grita :

_Morte aos bruxos! 

Ao ouvirem o brado, os homens batem suas espadas nos seus escudos e repetem encorajados.Morte aos bruxos!

As fileiras recomeçam a marcha.Param a uns metros e preparam suas catapultas com bolas de enxofre e fogo.Uma a uma são lançadas contra o castelo, destruindo telhados, e arrombando boa parte do castelo.O fogo se espalha formando silhuetas sinistras.Os bruxos também atacam com bolas incandescentes,destruindo algumas catapultas dos Ceronos. Uma chuva de flechas flamejantes é lançada e muitos homens e mulheres do castelo são atingidos.Numa correria desenfreada vários soldados carregam um aríete e batem repetidamente com toda força para destruir o portão principal do castelo.Do alto um caldeirão de óleo quente é derramado queimando os homens abaixo deles.Mas são muitos e os bruxos não conseguiriam impedir a invasão.Pela lateral os caçadores de bruxa começam a  escalar as paredes.Os poucos soldados tentam proteger Vergânia e impedir a escalada usando flechas e espadas mas a invasão parecia evidente.Então, o Sumo sacerdote levanta seu cajado que emite uma luz azul como um raio numa linha vertical para o céu.Todos os bruxos  se juntam a ele, levantando os braços entoando um mantra.Seus olhos se reviram e ficam totalmente brancos.De repente,começa um vento  impetuoso formando um redemoinho que envolve muitos guerreiros que são levados no turbilhão e lançados do alto a longa distância e muitos morrem com a queda.Raios caem sobre eles fulminando-os. August olha ao seu redor, seus homens estão confusos, e desorientados.Com seu escudo sobre a cabeça para se proteger dos raios, ele se desvia de um guerreiro desesperado com o corpo em chamas. Num misto de ira e  frustração  ele vê o caos à sua volta.Alguns  soldados  olham desesperados para o céu com medo dos raios.Assustados com os relâmpagos correm em várias direções e muitos caem fulminados ou com seus corpos queimados.Ele grita para recuar, mas na confusão ninguém o ouve devido aos trovões.Se esquiva de outro homem pegando fogo, quando é atingido por um raio que o lança violentamente a alguns metros e algum objeto cortante o fere ao ser lançado e  cai desacordado.

   Horas depois desperta numa carroça,sentindo muitas dores.

O médico ao seu lado tenta estancar a hemorragia:

_ O que aconteceu?ai...uhhh!

Gemia o rei.

_ majestade,o senhor foi ferido, estamos voltando para casa.Perdemos muitos homens.Foi uma catástrofe!Sinto muito.

August tenta falar, mas as dores o impedem.Fecha os olhos resignado.Em sua mente, a lembrança do caos o tortura.Fraco, desmaia novamente.

   

    No castelo de Vergânia, o sumo sacerdote e seus liderados prestam socorro aos feridos. Seus muros estavam danificados e havia incêndio por toda parte.

_ Levem os feridos para dentro, chame os curandeiros!

Ordenava o líder dos bruxos.Homens tentavam apagar as chamas e recolher os mortos dos escombros.

_ Senhor, nossos muros tem muitos buracos, se eles voltarem estaremos perdidos!

Salan olha em volta.Boa parte do muro estava em ruínas.As catapultas fizeram um bom estrago.Ele chama korá um feiticeiro responsável pela segurança do castelo.

_ Veja o estado desses muros, tem alguma idéia de como consertá- lo?

O homem responde desanimado:

_Mestre,temos poucos homens, mas vou tentar fazer uma barricada onde estiver destruído.Se eles voltarem a atacar não sei se vamos impedir a investida.

Salan assobia e uma águia aparece voando no céu e pousa em seus braços.Ele toma sua vara e faz um movimento em direção ao olho da ave que solta um pio e voa pelo campo de batalha.Enquanto sobrevoa, dá ao sumo sacerdote uma visão telepática por onde passa.Ele vê corpos carbonizados espalhados pelo campo.A cena é de morte e destruição.O campo está deserto e desolado,coberto por lama corpos e neblina.Salan assobia novamente e a águia retorna para sua mão.Ele afaga a cabeça da rapina, ergue o braço e a ave voa para o alto e desaparece no horizonte.Então ordena ao homem que aguarda suas ordens:

_ Façam o que puder, mas acho que assim como nós, estão em apuros e recuaram.Tão cedo conseguirão nos atacar.Há muitos mortos e não sei se o rei conseguiu sair com vida.

O homem reverencia o mestre e se afasta para cumprir suas ordens.

     Dois dias depois os muros estão sendo reconstruídos e Salan está na sala do oráculo quando Ava bate a porta.

_Salve mestre.

_ Entre Ava,quais as novidades?

Ela entra e fala :

_As obras estão indo bem senhor.Quanto aos feridos alguns não resistiram,mas muitos  se recuperam .Um mensageiro dos Gunes nos trouxe uma carta para o senhor.

Ele abre e lê alto:

" Convoco sua presença para tratarmos sobre a quebra de acordo.Até lá,seu povo continuará conosco", como refém.

A notícia faz com que Ava fique surpresa.O mago amassa o bilhete nas mãos irado,olha para a moça e a tranquiliza:

_ Não se preocupe.Eu vou resolver.Agora por favor, chame korá e não comente nada com ninguém para não alarmá- los.

Ava continua parada preocupada.Então Salan ordena: 

_ O que está esperando?Vá chamar Korá!

A moça então revela sua preocupação:

_ Mestre,gostaria de saber se iremos ver nossos familiares que foram para a Floresta Shiva.

Ele coloca as mãos para  trás e caminha até a moça.

__Não se preocupe. Logo estarão de volta.Eles estão  salvo lá.Vou resolver tudo,acalme- se.Chegou perto dela, pegou sua mão e falou carinhosamente:

_Em breve voltaremos a nossa normalidade.Tive notícias de que aquele rei arrogante e miserável voltou para casa gravemente ferido.

_Tomara que morra! Responde a garota.

Salan ri e concorda.

_ Eles tiveram o que mereceram.Mas ainda estão com nossas terras.Isto ainda está muito longe do fim minha cara.Ele é como uma erva daninha ,você arranca e ela cresce de novo.

A moça então beija a mão do líder respeitosamente e sai.

O REFÚGIO

                 

      

      O grupo de refugiados caminha a pé na floresta,por uma estrada nebulosa evitando chamar a atenção dos soldados inimigos acampados.Os gunes vieram buscá- los e usaram as runas para torná- los invisíveis.

       Ao atravessarem o portal,o comandante os recebeu pessoalmente.Depararam com uma campina verde e bem tratada,com alamedas de árvores floridas margeando a estrada de cascalho que levava à Cidade Cristal.Ele ordenou a outro soldado para os conduzirem.

Seguiram em frente admirando a beleza do lugar.Era muito diferente de tudo o que já tinham visto.Andaram por ruas largas iluminadas por energia mística,com casas iguais e altas.No centro,viram uma enorme construção com muitos soldados vestidos  com armaduras de couro e aço.Em determinado ponto,a paisagem muda e viram uma zona rural com casas construídas em troncos de árvores milenares enormes.Ali tinha galinheiros,estábulos,currais e um cercado com diversos animais estranhos nunca vistos por olhos humanos.Um vasto campo de plantações onde milhares de gunes trabalhavam.Fadas voavam em todas as direções,anões carregavam carroças com cestos de frutas e vegetais.Alguns trabalhavam no arado e centauros vigiavam o local.Passaram por um conjunto de casas feitas de madeira decoradas com flores e eram charmosas.Finalmente o sol raiou e viram um imponente castelo reluzente,totalmente de cristal.Ficaram maravilhados com a beleza.O guia os conduziu a um local com dois prédios e falou a Natan.

_Aqui é o alojamento onde vão ficar.A rainha Valandra o receberá em seu castelo, virei buscá- lo para o jantar.E se afastou.

   Os funcionários os acomodaram e puderam comer e descansar,da longa jornada. Qd o sol se punha, Natan foi levado ao castelo.Ao entrarem pelos portões ,o soldado o conduziu a um corredor comprido com vários aposentos vigiados por guardas centauros.Era tudo muito luxuoso,as paredes de cristal ficavam multicoloridas com a luz do crepúsculo,Natan percebeu que de dentro do castelo tinha uma visão global da cidade ,mas por fora não se enxergava o interior do castelo.No final do corredor viu uma porta dupla.O soldado abriu e dando passagem anunciou:

_ Sacerdote Natan de Vergânia!

O salão era grande com abajus  de pedras preciosas presos no teto iluminando o local.Ele caminhou pelo tapete vermelho e viu à sua direita outro ambiente separado por colunas de mármore com diversas tendas e uma mesa enormes com cadeiras de encosto alto cheia de iguarias diferentes.Ele parou diante da rainha que ao vê-lo desceu as escadas de mármore e estendeu a mão cheia de anéis.Ele a corteja respeitosamente.Sorrindo ela pergunta:

_ Fizeram boa viagem?

_ Sim majestade,obrigado pela hospitalidade.Trago saudações de nosso sumo sacerdote.Sentaram à mesa e enquanto serviam o jantar a rainha comentou:

_Salan está com dificuldades para enfrentar o rei August.Esta guerra está me causando problemas,pois vocês causam estragos à nossa floresta.

_ Estamos enfrentando um momento crítico,mas creio que nosso sumo sacerdote encontrará uma saída.

_ Assim espero,esses Arions já passaram dos limites,não se cansam de persegui- los! Cada vez que acampam na floresta causam danos à flora e fauna.Se continuarem assim devastando a natureza ,nosso povo ficará em apuros!Vocês também cooperam pra essa situação caótica!

_ Majestade,por anos vivemos sob ataques e só fugimos,temos motivos para atacar.

_Nosso dever é proteger tudo o que tem vida,a natureza,os animais e inclusive vocês humanos, mas vocês vivem se destruindo e agora estão nos afetando também. A Floresta é nosso lar!

Ela fala com sua voz doce mas seu movimentos com os braços eram enérgicos.

_ Amanhã celebraremos a festa da colheita,  gostaria de assistir?

_ Será um prazer magestade.

_ Combinado.Será uma festa muito bonita.

Após o jantar,a rainha o convida a sentarem nas almofadas da tenda para conversarem.Foi servido um licor enquanto relaxavam.Natan provou a bebida  e perguntou intrigado:

_Este licor tem um aroma e gosto delicioso ,de que é feito?

A rainha orgulhosa esclarece:

_Esta é uma especialidade do clã dos anões.Fabricado com cogumelos e flor de liz.Aqui tudo é compartilhado,ninguém é dono de nada, mas cada clã tem seu potencial que é desenvolvido em prol de todos.

_ Quando vínhamos pela estrada passamos por aldeias com estilos bem diferentes.Apesar de ser noite deu pra ver que eram bem organizadas e deduzir seus moradores.As casa altas devem ser dos centauros,uma vez que são metade homens,metade cavalos.As fadas devem morar nas cabanas floridas e os anões?

A rainha beberica o licor e responde:

_ Eles moram nas casa das árvores.Por fora parecem pequenas, mas são enormes por dentro.

_ Interessante! No campo vi os habitantes trabalhando junto.

_ Aqui vivemos em prol do bem estar de todos.Tudo é repartido igualmente para cada clã,inclusive aqui para o castelo.

_ Se no nosso mundo fosse assim, a vida seria melhor ….lamentou Natan.

_ Esta era a vontade do criador, noso Deus,mas os homens são egoístas,avarentos e cruéis.

_ E as fadas?vi algumas voando.

_ Você consegue vê- las aqui no nosso reino,mas no seu mundo são pessoas normais.Suas asas ficam invisíveis aos seu olhos.Na verdade, não temos dos nossos no seu meio,vivemos pra cuidar da floresta.E ao voltarem para seu meio,tudo o que viram aqui ,será apagado em suas mentes.Nosso mundo é invisível pra vocês.kkk

_ Mas como alguns líderes de Vergânia visitam seu mundo e não esquecem nada?

_ Por que ao fazermos o acordo de evitar os feitiços,demos aos líderes as runas que dão acesso ao nosso  portal e reino. 

_ Se não estou enganado,a rainha pertence ao clã das fadas ?

_  kkk Meu caro ,para ser rainha neste reino é preciso ser híbrido,ou seja, ter nascido de pais de diferentes clã e adquirir seus poderes  ou mais.Isto nos torna um predestinado.E são raros.

Esperamos o nascimento de um híbrido e quando isto acontece, ele é preparado para ser o sucessor.

Neste momento, um guarda se apresenta na tenda:

_Alguma notícia? Ela pergunta.

_Sim,majestade.Os nossos espiões mandaram dizer que a tropa de Arion foi derrotada e recuaram.O rei August está ferido.

Natan exclama aliviado:

_Graças à Deus!

O soldado continua seu relato:

_Os feiticeiros usaram magia ao enfrentá-los.

Ao ouvir isto,Valandra muda seu semblante e olha irada para Natan que arregala os olhos surpreso.A rainha o interroga brava:

_ Você sabia disso? Como podem me pedir ajuda e me enganarem!

Lívido e assustado,Natan nega com a cabeça e responde nervoso:

 _ Juro que não sabia!Devem ter decidido depois que viemos pra cá.Nossa situação era desesperadora!

_ Vocês tinham um trato conosco e quebraram!

Sem argumentos ,Natan se cala.Suas vidas corriam perigo agora.Estava indignado com a atitude de Salan, colocando suas vidas em perigo.A rainha sentada, tamborilava no braço do trono irritada.De repente ela bate palmas e um soldado se apresenta.A rainha  olha Natan e fala séria:

_Até Salan vir se explicar,vocês continuarão aqui.

_ Vai nos manter reféns?vociferou Natan.

_ Não.Por enquanto são meus hóspedes,até esclarecer os fatos.Leve-o até seus aposentos.Nos veremos amanhã.

Natan reverencia e sai escoltado pelo guarda.Para outro soldado a rainha ordena: 

_ A partir de agora,quero vigilância sobre eles.

Escreve uma carta,sela e colocando num cilindro ordena:

_ Envie esta carta à Vergânia.

      No dia seguinte, povo se reune na Arena  para celebrar a festa da colheita.Natan e seu grupo estavam presentes. Os colocaram sentados um pouco afastados do povo,  que os observavam e cochichavam curiosos. Ele notou que também eram vigiados por guardas. 

    As clãs se aglomeravam nas arquibancadas para ver o início das festividades da colheita.Na arena, grupos de jogadores se aqueciam esperando o início da competição. Cada tribo era representada por uma equipe. Num andar mais acima de todos, estavam os líderes de cada tribo.Rocco era o líder dos centauros.Uma criatura meio homem ,meio cavalo,seus cabelos eram longos e negros enfeitados com tranças.Usava um colete de couro e seu tronco era  musculoso  de pele morena.Ostentava na cabeça uma coroa de ossos.Sua parte inferior era marrom. Ao seu lado estava Ária, líder das fadas. Esbelta de pele clara e olhos azuis.Seus cabelos longos e encaracolados eram adornados por um diadema de ouro  e apesar da aparência jovem, eram brancos.Vestia uma túnica azul claro cintilante e no cinto dourado uma pequena vara mágica. O líder dos gnomos era Lok, um anão de aparência rude,barba ruiva e cabelos verdes.Estava vestido como um lenhador de botas até os joelhos e levava preso nas costas um machado.Ao vê- los, o povo gritou e aplaudiu.Seus líderes acenavam para a multidão.

Num canto da arena os competidores  se alongavam e observavamm a multidão.Uma jogadora de corpo atlético do grupo das fadas,fala para outro ao seu lado:

_ Este ano, não será uma competição como as outras anteriores. Vão nos colocar numa posição de vida ou morte.

_ O que você está falando?pergunta Lua, outra competidora da mesma equipe.

_ Nossos jogos são competições que testam nossas habilidades como atletas,nunca usamos a violência.

Um centauro,ouvindo a conversa,interrompe:

_ Exato.Só que desta vez seremos avaliados segundo nossas habilidades de sobrevivência.

_ Orank, onde você tirou essa idéia?Retruca Lua novamente.

Ele ri e comenta inigmático:

_Todos sabemos o quanto nossa floresta está sendo ameaçada.Onde estava? então não sabe dos últimos acontecimentos?Os bruxos pediram nossa proteção, trouxeram seu povo e estão escondidos no castelo da cidade.A coisa tá feia no mundo deles!

Lua interrompe:

_ calma aí, eu sei disto.Só não entendo o porquê de competirmos usando armas, colocando nossa vida em risco!

Rízia se levanta do banco onde estava e aconselha.

_ Pelo que ouvi dizer, hoje seremos selecionados para sermos uma equipe de guerreiros fora de nossas terras,caso venham precisar.Parece que nossa rainha se prepara pra uma guerra.Qual a razão pra tudo isso?

_ Este é o plano, completou Orank.

_Teremos a certeza disto logo.E apontou para a arquibancada onde os bruxos se encontravam como espectadores.

    Neste momento se ouve o clarim das trombetas.O povo faz silêncio, se levanta, levando a mão ao peito.Uma mulher exuberante voa graciosamente até o palanque dos líderes.Tinha os cabelos longos e vermelhos numa trança.Suas asas eram enormes e transparentes.Usava um manto branco com um cinturão dourado e na cabeça uma pequena coroa de cristal.Seu semblante demonstrava força e poder, mas seus movimentos eram delicados. Ela recolheu as asas em suas costas e se posicionou no trono.Seus líderes a saudaram respeitosamente colocando a mão no peito com punhos fechados.O povo aclamou numa só voz:

_ Salve Valandra,Viva à rainha!

Ela ergueu as mãos e todos sentaram para ouvi-la:

_ Amados, hoje temos motivos para agradecer a mãe natureza por nossas colheitas.Houve períodos difíceis, quando os humanos colocaram  seus interesses acima de tudo e foram indiferentes para com a flora e a fauna da nossa floresta.Tivemos que ajudar os animais e cuidar da terra para que a flora não sofresse os danos.Por isso, abrimos uma concessão e recebemos o povo de Vergânia, para dar fim ou termos.Uma trégua nesta guerra absurda!

O povo saúda a rainha gritando seu nome:

_Salve a rainha Valandra ! Salve a rainha Valandra !!

O líder dos centauros toma a palavra:

_Sempre honramos nossa devoção pelos privilégios que a mãe natureza nos concede, mas precisamos estar atentos aos acontecimentos e perigos fora de nosso mundo!E pensando nisto, eu como comandante e líder da defesa de Shiva,com a rainha dos Gunes, resolvemos que hoje os jogos serão competitivos,e todos terão de usar armas e mostrar suas habilidades. Aquele que vencer,será separado e treinado para defesa de nosso território!Que comecem os jogos!

O povo se agita com a nova perspectiva, aplaude e grita de entusiasmo.Na arena os participantes se apresentam à rainha e tomam seus lugares.Lua observa e comenta irritada:

_ Não acredito no que estou vendo, eles querem nos ver brigando um com o outro? onde está o espírito esportivo?Não somos gladiadores,nem fomos avisados dessa novidade!

Orank sorri com desdém e responde:

_ Os tempos mudaram minha amiga.Olha como o povo nos olha,parecem uns lobos loucos pra ver sangue!

Rízia amarrando uma tira de couro no braço fala aos companheiros:

_Tudo culpa dos homens de Arion e do povo de Vergânia! Pode escrever, isto é só o começo,acho que nossa pacata vida está tomando um rumo perigoso.

_ É capaz desse comandante nos transformar em selvagens como os humanos! 

Na arena os centauros fazem uma apresentação com  flechas e arcos em movimentos sincronizados.Depois é a vez dos anões que manuseiam seus machados e lanças com muita precisão.As fadas com suas asas finas bailam e fazem um show pirotécnico com suas varinhas mágicas,dando um colorido ao espetáculo. Depois  disputam um jogo onde tentam passar pelo adversário e tentam acertar  uma lança dentro de um  aro suspenso no ar.O povo torce e faz muito barulho.Agora seria a hora de cada participante demonstrar as habilidades com armas em alvos, mas conforme Rocco havia dito, seus soldados se preparam para desafiar os componentes de cada tribo ali representada,numa luta mano a mano com suas armas.

O primeiro a entrar na arena seria  um anão.Ele toma posição com seu machado  e aguarda o centauro cavalgar  em sua direção para atacá- lo.Neste momento, Lok se levanta assustado com a situação de seu jogador. Olha para Rocco e reclama:

_ Mas o que pretende?Isto não estava no programa!Ele é muito mais alto,meu povo é agricultor,lenhador,não sabe lutar corpo a corpo!

Rocco responde confiante:

_ Isto é um teste,vejamos como seu povo se sai.

Cruza os braços e volta a 

contemplar o combate sorrindo. Lok indignado passa a mão na barba preocupado.Na arena um centauro dispara contra o anão que se esquiva e tropeça caindo perto das patas do cavalo.Este aproveita e aponta sua espada.O povo urra assustado.Mas no momento em que o homem ia perfurar seu peito,o anão usa seu machado e lança contra a espada do centauro que empina suas patas em cima do anão que se levanta e recua .O centauro retorna com a espada a frente e o anão golpeia com o machado evitando o ataque. Neste momento o centauro  pega uma lança que levava presa no corpo e num movimento rápido acerta a perna do anão que leva uma rasteira  e cai ao chão.Imediatamente ele se aproxima com a lança e aponta bem no peito do anão  imobilizando- o. Todos aplaudem e gritam . Ele levanta o anão e reverencia a rainha.Rocco o aplaude.

Chega a vez de Lua.Ela vai para o centro da arena e aguarda.Um centauro galopa contra ela,que infla suas asas voando para o alto e caindo no dorso do animal,imobilizando-o com um punhal em sua garganta.Desta vez, Valandra sorri da esperteza de seu povo. Orank trota para o centro e espera.Outro centauro vem contra ele e os dois se encontram. As espadas se chocam.Os dois tentam golpear um ao outro numa luta desenfreada.A plateia observa a desenvoltura dos cavaleiros. Orank bloqueia o golpe adversário,quando num movimento brusco a  espada passa de raspão  e fere seu  braço.A platéia urra.Orank leva a mão ao braço, sangue escorre entre seus dedos.Imediatamente troca de mão, vira meio de lado e revida dando uma cutucada com o cabo da espada no rosto do oponente,que meio atordoado se afasta e volta a dar vários golpes de esgrima,mas Orank é mais hábil e sua espada encosta no pescoço do adversário.Um movimento e ele seria degolado.Novos urros e aplausos.Orank sangrando sai da arena.

Seu colega se aproxima preocupado:

_ Me desculpe, não foi minha intensão feri- lo.

_ Tudo bem, foi uma boa disputa.Finalmente viram sangue.Não era isto que queriam ver?

Erasto observa o amigo, franze o senho e comenta:

_Rapaz o que está acontecendo?Não compreendo este jogo.Somos um povo pacato, qual o propósito de tudo isto?

Lua de aproxima para fazer um curativo e responde:

_Tudo tem a ver com os humanos pode apostar!

Na arena, Rízia também enfrenta seu  adversário,um centauro que usa arco e flechas .Ela se esquiva das flechas ou intercepta com sua espada.No momento em que ele galopa em sua direção,ela se joga pro lado e lança seu escudo com toda força e acerta a cabeça do homem que fica atordoado e  cai com estrondo no chão.Um filete de sangue escorre de sua sobrancelhas.Rízia corre e aponta a sua espada.Vencendo- o.

O povo se agita,grita e aplaude o espetáculo.Rocco se levanta e pede silêncio.Depois anuncia:

_Amanhã daremos os nomes dos convocados para fazerem parte de nosso grupo misto de guerreiros.Os escolhidos serão treinados até ficarem aptos para fazem parte de nosso exército de elite.

Logo após, Valandra presta culto ao Deus da provisão e agradece a abundância da colheita do ano,bem como a proteção dos Gunes, da floresta Shiva e encerra a cerimônia.

Para mais, baixe o APP de MangaToon!

novel PDF download
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!