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Dimensions

Capítulo 1: Chegada ao Desconhecido

O céu estava coberto de nuvens cinzentas, um prenúncio de chuva que parecia refletir a tensão no ar. A Escola Dimensional, localizada no coração de uma montanha rodeada por penhascos, tinha uma imponência que fazia até os mais corajosos hesitarem em cruzar seus portões. Era ali que futuros combatentes eram moldados para enfrentar as ameaças de dimensões desconhecidas.

Na entrada da Escola Dimensional, uma agitação crescente marcava o início do dia. Alunos de todas as idades circulavam, trocando provocações amistosas enquanto treinavam suas habilidades sob o olhar atento dos instrutores. No entanto, naquele dia, uma presença distinta capturava a atenção de todos.

Himiko, alta e de presença intimidadora, andava com passos firmes. Seus cabelos curtos e negros balançavam ao vento, enquanto seus olhos cor de mel passavam por tudo, como se avaliassem o ambiente. Uma pintinha abaixo do olho esquerdo dava um charme a mais ao seu estilo. Ao seu lado, uma garota pequena e aparentemente frágil, com cabelos loiros curtos, caminhava de cabeça baixa. Essa garota era Harumi, uma figura silenciosa cuja presença, embora discreta, parecia carregar um peso invisível que tornava o ar ao redor mais denso.

Ela mal levantava os olhos, os passos curtos quase arrastados. Seus olhos heterocromáticos — um azul, o outro cor de mel — brilhavam levemente, mas não com entusiasmo. Eles carregavam algo diferente: vazio.

Do outro lado do pátio, Ayame, irmã mais velha de Harumi e uma das alunas mais respeitadas pela força e habilidade, observava a cena com uma mistura de curiosidade e incômodo. Ela não via a mãe há anos, e a presença de Harumi ao lado dela a incomodava mais do que gostaria de admitir. Ayame tentava afastar a estranha sensação de familiaridade que a assombrava e, enquanto apertava o laço no cabelo para conter sua energia, memórias fragmentadas do passado tentavam emergir ao ver a mãe e a irmã.

Enquanto Himiko se aproximava dos instrutores, a presença de Harumi parecia mexer com mais do que Ayame. O silêncio no pátio era estranho, pesado. Alguns alunos sentiam um arrepio inexplicável ao passar perto dela.

Ninguém sabia que Harumi possuía uma habilidade única e misteriosa chamada "vazio dimensional". Essa energia, impossível de ser sentida, exercia uma influência silenciosa,

envolvendo aqueles ao seu redor em uma aura melancólica e desconcertante.

Ryuji, instrutor da escola e pai de Ayame e Harumi, surgiu para receber as novas chegadas. Ele manteve uma expressão neutra ao olhar para Himiko, mas seus olhos suavizaram ao pousarem em Harumi.

— Cuide dela, Ryuji — disse Himiko, sem rodeios. Sua voz era firme, mas havia um tom de preocupação. — Não posso levá-la comigo para o que preciso fazer.

— Você realmente acha seguro, Himiko? — Ryuji perguntou, seu tom mais sério do que o normal. — Sabe o que aconteceu da última vez que estiveram juntas. Como pode ter tanta certeza de que não vai se repetir?

Himiko suspirou, desviando o olhar por um momento antes de responder:

— Eu não tenho outra escolha, Ryuji. Não posso proteger Harumi para sempre mantendo-a longe de Ayame. Elas precisam enfrentar isso, e juntas. O que aconteceu antes foi um acidente. Eu mesma criei o laço que controla a energia de Ayame agora. O risco ainda existe, sim, mas está controlado.

Ryuji apertou as mãos, lutando para entender a confiança de Himiko. Ele já tinha visto o que Ayame poderia fazer quando estava fora de controle, e a ideia de ter Harumi por perto era, para ele, um perigo desnecessário.

— E se não estiver? — rebateu ele, dando um passo à frente. — Se Ayame perder o controle de novo? Ou se Harumi lembrar do que aconteceu? Ela é tão... frágil. Harumi ainda é só uma criança, Himiko, mas o vazio dentro dela... é perigoso. Tão perigoso quanto o excesso em Ayame. Como vai lidar com isso se o laço falhar?

Himiko sustentou o olhar de Ryuji, mas ele percebeu a dor escondida por trás dos olhos dela. Antes que ela respondesse, ele respirou fundo, mudando a abordagem:

— Tudo bem, mas… quando você vai voltar? — perguntou ele, hesitante. — Sua missão é mesmo necessária?

Ela fechou os olhos, como se tentasse encontrar forças dentro de si mesma.

— Ryuji… eu preciso ir — respondeu ela, em um sussurro. — Se eu não resolver isso agora, as consequências para a nossa dimensão e para a de vocês podem ser catastróficas. E, quanto a voltar… só posso prometer que vou tentar, assim que puder.

Ryuji acenou com a cabeça, mas sua preocupação era evidente. Ele sabia que a presença de Harumi traria complicações, principalmente para Ayame.

— Tudo bem, só... não demore, Himiko.

Ela lhe ofereceu um sorriso breve, mas cheio de tristeza, antes de se virar para falar com a filha mais uma vez, deixando Ryuji com suas dúvidas e temores.

Himiko abaixou-se, ficando de frente para Harumi. Por um momento, sua expressão endurecida suavizou-se.

— Você ficará bem aqui, filha — disse ela, tentando soar tranquilizadora. — Seu pai estará ao seu lado.

Harumi não respondeu, apenas acenou levemente com a cabeça, o olhar ainda distante. Ela observava os passos da mãe ecoando suavemente enquanto ela se afastava.

Quando Himiko se foi, Ayame continuou observando-a. Ela sabia que sua mãe estava escondendo algo. Sempre esteve. E agora, aquela garota misteriosa — Harumi — parecia carregar uma parte desse segredo.

Capítulo 2 : Reconstruindo Laços

Após a partida de Himiko, Ryuji conduziu Harumi até sua sala para uma breve conversa. Ele estava sentado atrás de sua mesa, observando com preocupação a expressão neutra da filha, perguntando-se se ela conseguiria se adaptar. Harumi não dizia nada, apenas mantinha o olhar fixo em um canto da sala, como se evitasse ao máximo fazer contato visual. Ele sabia que a situação não seria fácil, especialmente com Ayame, que poderia enfrentar dificuldades em aceitar a presença da irmã.

A porta da sala abriu-se de repente, e Ayame entrou. Seus passos rápidos e sua postura confiante enchiam o ambiente com uma energia intensa. Seus longos cabelos loiros balançavam enquanto ela cruzava a sala, parando ao lado do pai. Seus olhos azuis, firmes, desviaram por um momento na direção de Harumi. — Você me chamou, pai? — disse Ayame, tentando esconder a tensão em sua voz, embora fosse evidente que a situação a incomodava.

Ryuji levantou-se da cadeira, acenando para que Ayame se aproximasse mais.— Sim, Ayame. Quero que você e Harumi conversem um pouco. — Ele fez um gesto em direção à irmã mais nova, que continuava imóvel no canto da sala.

Ayame olhou para Harumi, a expressão misturando curiosidade e uma ponta de hesitação. Ela já sabia que a garota era sua irmã, mas isso não tornava a situação menos desconfortável. Harumi, por sua vez, manteve a cabeça baixa, como se quisesse desaparecer.— O que você quer que eu diga, pai? — perguntou Ayame, cruzando os braços. — "Que bom te ver, irmãzinha"? Não acho que seja tão simples assim.

Ryuji respirou fundo, esforçando-se para manter a paciência.— Ayame, eu sei que isso não é fácil. Nem para você, nem para Harumi. Mas vocês são irmãs e precisam começar de algum lugar.

Ayame desviou o olhar, claramente desconfortável. Após um breve momento de silêncio, ela deu um passo em direção a Harumi. Seu tom de voz era mais calmo, mas ainda carregava uma certa rigidez.— Então, Harumi... — começou, com dificuldade. — Parece que você e eu vamos passar algum tempo juntas.

Harumi levantou os olhos por um instante, hesitante. Seus olhos heterocromáticos encontraram os de Ayame, mas rapidamente desviaram novamente. Ela abriu a boca, como se fosse dizer algo, mas acabou apenas balançando a cabeça em um leve aceno.

Ayame suspirou, passando a mão pelo cabelo. Era claro que Harumi não estava confortável e, por mais que isso a irritasse, Ayame sentiu algo diferente: uma pontada de pena.— Certo, acho que isso é um começo... — disse Ayame, dando um passo para trás. Seu tom tinha perdido um pouco da dureza, mas ela ainda parecia distante.

Ryuji observava em silêncio, analisando cada gesto das filhas. Ele sabia que a relação entre elas não se construiria em um único dia, mas aquela troca, por mais tensa que fosse, era um primeiro passo.— Obrigado, Ayame — disse ele, quebrando o silêncio. — Sei que não é fácil para nenhuma de vocês, mas o importante é que comecem a se conhecer.

Ayame apenas assentiu, ainda evitando olhar diretamente para Harumi. Após alguns instantes, ela virou-se para o pai.— Posso ir agora? Tenho treino. — Sua voz era mais firme, como se tentasse esconder a confusão que sentia.

Ryuji acenou com a cabeça, liberando-a.— Claro. Mas, Ayame... seja paciente. Vocês duas precisam disso.

Ayame não respondeu, apenas saiu da sala em silêncio. Assim que a porta se fechou, Harumi soltou um pequeno suspiro, ainda sem dizer nada. Ryuji sentou-se novamente, observando a filha mais nova.— Está tudo bem, Harumi — disse ele, tentando tranquilizá-la. — Vamos dar tempo ao tempo.

Harumi apenas acenou com a cabeça, como de costume, mas havia algo em sua expressão que sugeria que ela queria acreditar nas palavras do pai, mesmo sem saber como.

Capítulo 3 : Amigos e Adversários

O sol da manhã filtrava-se pelas grandes janelas da academia da Escola Dimensional, banhando o ambiente com uma luz dourada. Alunos aqueciam seus corpos e mentes, trocando olhares desafiadores e algumas provocações amistosas.

No centro do tatame, Ayame ajustava o laço em seu cabelo, como fazia todas as manhãs, preparando-se para mais um treino. Seus olhos azuis brilhavam com determinação, mas, no fundo, havia um resquício de inquietação.

Ela sentia os olhares de outros alunos enquanto se aquecia. Não era incomum que sua presença chamasse atenção. Sua habilidade, sua força e sua postura confiante a destacavam

entre os outros. Mas naquele dia, Ayame não estava pensando em impressionar ninguém. A chegada de Harumi, sua irmã mais nova, ainda ecoava em sua mente como um sussurro constante que não a deixava em paz.

Kou, um colega de Ayame e seu rival constante, percebeu o olhar distante da amiga e aproveitou a oportunidade para provocá-la.

— Bom dia, Ayame! — disse ele com seu habitual sorriso desafiador. — Já está se preparando para ficar em segundo lugar hoje?

A voz familiar de Kou interrompeu os pensamentos de Ayame, que revirou os olhos, claramente tentando ignorar a provocação.

— Se isso te ajuda a dormir à noite, Kou, continue sonhando —retrucou ela, com um tom afiado.

Os dois trocavam olhares intensos, a rivalidade evidente entre eles transformando o ambiente em um campo de tensão.

Mais ao fundo, Kayo e Mizuki observavam atentos, como sempre faziam diante das disputas constantes entre Ayame e Kou.

— Será que eles nunca se cansam disso? — Kayo comentou, um toque de sarcasmo marcando sua voz enquanto cruzava os braços.

— Provavelmente não — respondeu Mizuki com a calma habitual. — Mas, de certa forma, essa rivalidade os força a melhorar.

Do outro lado da sala, Harumi estava sentada em um canto, silenciosa como sempre. Sua expressão neutra e os olhos heterocromáticos observavam o movimento, enquanto ela

sentia a energia vibrante do lugar. O 'vazio dimensional' que emanava dela criava uma aura desconfortável, afastando os alunos que passavam.

De repente, uma garota ruiva, extrovertida e sorridente, se aproximou de Harumi.

— Ei! Você deve ser Harumi. Eu me chamo Akina, sou a melhor amiga da sua irmã. Prazer em conhecê-la! — disse ela, com entusiasmo, tentando animar a nova aluna.

Harumi apenas acenou com a cabeça, o silêncio pairando entre as duas.

— Você parece mais tranquila que os outros — comentou Akina, observando a quietude de Harumi.

Akina tentou quebrar o gelo, falando sobre as atividades e os treinos da escola, destacando o quão desafiador era viver cercada por jovens com habilidades tão únicas.

Harumi ouvia em silêncio, sentindo a leveza e a alegria na atitude de Akina, que traziam um certo conforto inesperado. Quando Akina perguntou casualmente sobre sua relação com Ayame, Harumi hesitou, como se tentasse puxar memórias que não existiam.

— Eu... não lembro dela — respondeu suavemente.

Akina queria fazer mais perguntas, mas decidiu não pressioná-la. Em vez disso, ofereceu um sorriso compreensivo e mudou de assunto, deixando o momento fluir naturalmente.

Akina, em mais uma tentativa de animar Harumi, decidiu apresentá-la a Kayo e Mizuki.

— Kayo, Mizuki, esta é a Harumi. Ela é um pouco tímida, mas está se adaptando — disse Akina com um sorriso acolhedor, tentando incluí-la na conversa.

A aura de melancolia causada pelo "vazio dimensional" de Harumi era quase palpável, algo que não passou despercebido por Mizuki. Ao se aproximar dela, sentiu o peso daquela tristeza inexplicável.

— Oi, Harumi. Eu sou Mizuki, parceiro de treino do Kayo — disse ele, com um sorriso gentil. — Você está gostando de assistir ao treino?

Harumi respondeu apenas com um leve aceno de cabeça, mantendo seu habitual silêncio.

Kayo, observando a interação tímida da garota, inclinou a cabeça e lançou uma provocação descontraída:

— A Ayame não é a única da família cheia de mistérios, não é? Vocês duas parecem guardar muitos segredos.

Harumi desviou o olhar, claramente desconfortável. Apesar do tom brincalhão de Kayo, suas palavras tocaram em uma verdade delicada. A tensão invisível entre as irmãs era evidente para quem prestasse atenção.

Akina ficou ao lado de Harumi, tentando distraí-la das provocações. Com sua habitual alegria, comentou sobre as habilidades de Kayo e Mizuki, e sobre como eles eram parceiros de treino ideais para a intensidade de Ayame e Kou.

Akina a incentivou:

— Ei, quem sabe um dia a gente possa treinar juntas? Talvez possamos ser tão boas quanto sua irmã! Você pode me ensinar o seu estilo calmo, e eu te mostro como fazer amizade até com os seus adversários!

Harumi esboçou um leve sorriso, seu primeiro desde que chegou à escola, sentindo-se, ainda que de forma tímida, menos isolada. A presença de Akina ao seu lado começava a

trazer um sopro de leveza para Harumi, oferecendo um vislumbre de que a escola poderia ser mais do que uma simples recordação de perda e separação.

De volta ao tatame, Ayame e Kou se posicionavam frente a frente, prontos para o primeiro combate treino do dia. O ambiente estava carregado de expectativa, enquanto outros

alunos observavam atentamente à beira do tatame. Kou, com seus cabelos verdes que cobriam parcialmente os olhos e seu sorriso confiante, parecia completamente à vontade. Ele cruzou os braços, mantendo uma postura descontraída.

— Pronta para perder, Ayame? — provocou ele, inclinando ligeiramente a cabeça, como se já soubesse a resposta.

Ayame apertou os punhos, seus olhos brilhando com determinação. Ela manteve a postura firme, mas não deixou de responder à altura.

— Você deveria focar mais no seu treinamento e menos em falar besteiras, Kou. — Sua voz era firme, mas carregava uma calma que o irritava.

Com um leve movimento, Ayame ativou sua energia de forma controlada. Um leve brilho dourado emanou ao redor de seu corpo, fazendo com que o ar ao redor parecesse vibrar. Kou estreitou os olhos, reconhecendo o poder de sua rival, mas não demonstrou hesitação.

— Vamos ver se sua energia vai te salvar hoje — disse ele, assumindo a posição de combate, sua própria energia começando a surgir como uma névoa esverdeada ao seu redor.

Os dois ficaram imóveis por um momento, estudando cada movimento um do outro. O silêncio no tatame era quase ensurdecedor, até que o instrutor deu o sinal para o início do combate.

— Comecem!

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