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"The Most Power...": As Engrenagens do Arcano

Capítulo 1 - O Fracasso Acende...

......A Forja de um Gênio...

Merlin Valerion, esse nome sempre carregou um fardo pesado. Filho de uma das famílias mais influentes de Aethel, ele nasceu sob o peso e expectativas de todos, num reino onde a magia era o que mais chamava atenção, os Valerion eram lendários, conhecidos por sua habilidade inigualável na magia. Era o tipo de legado que fazia qualquer jovem mago sonhar em fazer parte. Para Merlin, no entanto, esse legado era uma prisão dourada.

Desde cedo, ele era diferente — e não no sentido especial, por pertencer a uma família da elite, mas sim, de maneira negativa. Enquanto todos ao seu redor pareciam fazer magia com facilidade, Merlin era diferente, sua magia era fraca e trêmula, como uma chama prestes a apagar.

Na escola particular que frequentava, os filhos das elites mágicas não perdiam a oportunidade de lembrá-lo disso.

"— Ei, olha lá, é o Merlin Valerion!"

"— Sério? Pensei que os Valerion fossem bons com magia. Esse aí nem parece um deles."

O riso ecoava pelos corredores, áspero e cruel. Merlin abaixava a cabeça, fingindo que não ouvia, mas as palavras cravavam fundo dentro de si.

Em casa, sua mãe, Lady Althea, mantinha uma expressão rígida enquanto observava Merlin com um misto de desapontamento e preocupação. Seu pai, Lorde Daeron, falava pouco, mas seu silêncio era mais eloquente do que qualquer palavra, às vezes ele até tentava defender Merlin, para não se tornar silencioso todo o tempo.

"— Se ao menos você se esforçasse mais, Merlin," sua mãe dizia, sua voz firme. "Não podemos permitir que o nome Valerion seja motivo de piada."

"— Não seja tão áspera Althea, ele é nosso primogênito, creio que algum dia ele encontre seu rumo na magia." Daeron retrucava, sendo um chefe de família justo, mas seu desespero e medo da falha de Merlin eram evidentes.

Era injusto, ele sabia disso. Mas o que podia fazer? Ele não tinha o talento natural de seus familiares ou a facilidade com feitiços que seus colegas exibiam com orgulho.

Com o tempo, uma raiva silenciosa começou a crescer dentro dele. Ele via os rostos dos que zombavam dele, dos que o olhavam com pena ou desprezo, e sabia que muitos deles não mereciam o poder que tinham. Alguns eram tolos, outros cruéis, mas todos compartilhavam algo em comum: a magia. Pessoas medíocres, sem ética ou valor, acendiam ao poder, apenas por serem fortes. Para Merlin, ficou claro desde cedo que a magia não era a bênção que todos acreditavam ser. Era uma corrente, prendendo o mundo num ciclo de estagnação.

"— Por que criar algo novo, algo que beneficie a todos, se a magia já resolve tudo?", ele murmurava para si mesmo, sentado no canto da biblioteca da escola. "Esses idiotas só sabem repetir isso."

...Um Encontro com o Conhecimento...

Na escola particular onde estudava, Merlin era obrigado a estudar a magia, assim como todos ali. Não que ele tivesse escolha.

"— Vamos, Merlin, pelo menos tente desta vez!" — disse o professor, um mago idoso com uma longa barba branca e um olhar impaciente, enquanto apontava para o círculo mágico desenhado no chão.

Os outros alunos se viraram para assistir.

Nada aconteceu.

"— Concentre-se na sua mana, garoto!" — o professor insistiu, batendo a bengala no chão.

Merlin tentou de novo, sentindo o suor escorrer pela nuca enquanto os murmúrios começavam atrás dele.

"— Olhem, é a mesma coisa de sempre."

"— Eu disse que ele nunca vai conseguir."

"— Talvez ele esteja na aula errada... devia tentar jardinagem."

O riso dos outros alunos era ouvido por trás de seus ombros.

Sentado em sua cadeira, Merlin voltava seu olhar para o horizonte da janela. Seus pensamentos abandonavam as explicações.

Uma garota da fileira da frente — Lira, a filha prodígio de uma família vizinha — lançou um pequeno jato de água com precisão, arrancando aplausos do grupo ao redor. Ela virou-se para Merlin, seu sorriso ligeiramente condescendente.

"— Sabe, Merlin, se você quiser, posso te ajudar depois da aula. Talvez você só precise de um empurrãozinho."

Merlin ergueu os olhos para ela.

"— Não precisa, Lira. Mas obrigado."

Ela deu de ombros, como se já esperasse aquela resposta, e voltou a se juntar aos outros.

"Mas talvez," ele pensou, enquanto voltava a olhar pela janela, "eu possa encontrar um jeito de sair desse jogo."

...Convicção noturna ...

À noite, enquanto os outros jovens praticavam suas habilidades mágicas, Merlin escapava para a biblioteca da família. Ali, escondido entre prateleiras empoeiradas, ele descobriu um universo alternativo — a ciência. Livros esquecidos, escritos por autores falidos e cientistas que viviam à margem do mundo mágico, chamaram sua atenção. Biologia, química, física... Cada página parecia revelar um mundo muito mais lógico e fascinante. Essa era a verdadeira magia para ele, a magia que fazia o mundo funcionar de verdade.

Esses livros explicavam o mundo de maneira que nenhuma aula de magia jamais explicara. Ali estava o "porquê". Ali estava o "como". A ciência oferecia respostas claras, enquanto a magia apenas ditava regras arbitrárias. Merlin devorava esses livros, às vezes até tarde da noite, a luz das velas iluminando o seu rosto determinado.

...A Revolta Silenciosa...

Conforme crescia, sua frustração com o mundo ao seu redor também aumentava. A magia dominava tudo — desde a economia até as artes, desde a guerra até as invenções. Mesmo os instrumentos que deveriam representar avanço científico eram, invariavelmente, alimentados por magia. Espadas eram reforçadas com mana; armaduras, endurecidas por encantamentos; mesmo carruagens se moviam com o auxílio de círculos mágicos.

"É como se o mundo tivesse se rendido à solução mais fácil," pensava Merlin. "Ninguém mais se importa em entender o que está por trás disso."

Havia um vazio dentro dele, uma sensação de que o mundo estava desperdiçando seu potencial. Ele via a magia como um tirano invisível, limitando o progresso humano. Enquanto todos os outros viam a magia como uma benção, Merlin a enxergava como uma maldição.

Certo dia, durante uma aula em que o professor demonstrava como criar um círculo mágico para invocar uma bola de fogo, Merlin não conseguiu mais se conter.

— Por que usamos um círculo para isso? — perguntou, interrompendo o silêncio respeitoso da sala.

O professor, o mesmo homem, de expressão cansada, não demonstrava, mas por dentro, já havia desistido de Merlin.

— Porque assim funciona, Merlin. O círculo é a base do feitiço.

— Mas por quê? Por que essa combinação específica de runas gera fogo? O que há por trás disso? — insistiu ele.

A sala caiu em silêncio. Alguns colegas riram baixinho; outros o olharam com desprezo, como se a pergunta fosse uma heresia.

O professor suspirou, claramente impaciente.

— É assim porque sempre foi assim. Essa é a natureza da magia. Não questione o que não precisa de questionamento, garoto.

Mas Merlin não se satisfez com aquela resposta. Ele percebeu, ali mesmo, que não encontraria o que buscava no mundo da magia. As pessoas estavam confortáveis demais com o desconhecido. Para elas, bastava saber que algo funcionava; o "porquê" não importava.

...O Início de Algo Maior...

Conforme os anos passavam, o mundo ao redor de Merlin começava a mudar. Algumas invenções baseadas em ciência começaram a surgir, mas eram sempre subordinadas à magia. Era como se a ciência tivesse que pedir permissão para existir.

Merlin sentiu que era hora de agir. Ele não tinha mana suficiente para enfrentar o mundo mágico em seus próprios termos, mas tinha algo que poucos possuíam: uma mente indomável e uma determinação inabalável. Ele decidiu que, se a magia era uma muralha, a ciência seria sua escada.

"Se não posso usar magia como eles," pensou, "então criarei algo que torne a magia obsoleta."

Naquela noite, com a luz da lua iluminando sua pequena mesa de trabalho, Merlin começou a desenhar seus primeiros esboços. Esboços de armas que não dependiam de mana, de ferramentas que funcionavam apenas com as leis da física.

A cada página rabiscada, ele sentia que estava desafiando algo maior do que ele mesmo. Estava desafiando o próprio tecido do mundo.

E assim, nas sombras, começava a surgir o gênio que transformaria o destino de Aethel para sempre.

Capítulo 2 - A Revolução

Os vinte anos que Merlin dedicou à sua criação foram solitários, mas profundamente transformadores. Ele trabalhou em uma oficina escondida, longe dos olhos curiosos de magos e nobres, cercado apenas por seus cálculos, esquemas e tentativas fracassadas. O som constante de metal sendo martelado, pólvora explodindo em testes e páginas sendo rabiscadas tornaram-se sua companhia.

Sua primeira arma não foi perfeita. Era rudimentar, pesada e difícil de manusear. Ainda assim, quando a primeira bala disparou com sucesso e acertou seu alvo, Merlin sentiu uma onda de emoção que nunca havia experimentado antes. Pela primeira vez, ele tinha criado algo que não apenas ignorava a magia, mas a desafiava.

— "Não é mágica. É ciência," sussurrou para si mesmo, enquanto segurava a arma em suas mãos trêmulas. Essas palavras soavam em sua cabeça, agindo como impulsionador.

Esse momento não era apenas uma vitória pessoal; era o início de uma revolução.

...A Arma que Mudou o Mundo...

A arma de fogo criada por Merlin começou a ganhar notoriedade quando ele a apresentou a um pequeno destacamento de guardas da cidade. Entre eles estava Capitão Ulric Dain, um veterano da guarda com cicatrizes profundas e uma visão cética sobre mudanças. Ulric era um homem grande, com uma voz firme, mas sua postura rígida suavizou quando viu o potencial da arma.

— "Você quer dizer que qualquer um pode usá-la?" perguntou Ulric, segurando a arma com cuidado.

— "Sim," respondeu Merlin com um sorriso confiante. "Desde que você siga minhas instruções e mantenha a pólvora seca, ela é mais confiável do que qualquer feitiço."

Ulric, inicialmente desconfiado, testou a arma contra alvos de madeira e aço. Após algumas tentativas, acertou todos os alvos com precisão. O capitão riu alto, algo raro para ele, e virou-se para Merlin.

— "Você pode mudar as coisas com isso garoto." diz Ulric, de bom humor.

— "Esse é meu objetivo senhor," fala Merlin, orgulhoso de si mesmo. "quero que exista um mundo onde fracos, como eu, podem agir contra os fortes. Para que os fortes nunca mais definam as regras baseado unicamente no que desejam."

A notícia sobre a invenção de Merlin se espalhou rapidamente. Em questão de meses, as armas começaram a ser produzidas em pequena escala e fornecidas à guarda local. Foi o suficiente para transformar a cidade em um lugar mais seguro.

Sim, o mundo estava mudando.

...A Cidade Ciência...

Conforme as armas se tornavam mais populares, Merlin usava os recursos que ganhava para financiar outros projetos. Ele contratou jovens brilhantes para ajudá-lo a desenvolver novas tecnologias e estabeleceu a primeira Academia Científica de Aethel. Um desses jovens era Elara Wren, uma estudante curiosa e determinada que se destacou imediatamente.

Elara tinha cabelos curtos e cacheados, uma pele bronzeada e olhos castanhos que brilhavam com curiosidade. Ela era filha de camponeses, mas sua inteligência e habilidade com números chamaram a atenção de Merlin.

— "Você vê o mundo de forma diferente, Elara," disse Merlin a ela um dia, enquanto observavam o esboço de um trem a vapor que ela havia projetado. "Você pode mudar mais do que imagina."

Com o apoio de Merlin, Elara ajudou a projetar um sistema ferroviário que se tornou a espinha dorsal da cidade. Os trens a vapor usavam uma mistura de ciência e magia para maximizar eficiência, movendo pessoas e cargas rapidamente por todo o reino.

Logo, a cidade passou a ser conhecida como a Cidade Ciência. Estrangeiros de todos os lugares vinham para aprender, observar e, eventualmente, replicar as invenções de Merlin e seus alunos. Laboratórios e oficinas surgiam em cada esquina, e a cidade ganhou uma energia que antes não existia. O som de martelos, engrenagens girando e trens apitando tornou-se a trilha sonora da capital.

...A Nova Era...

O impacto de Merlin foi além das fronteiras de Aethel. Sua invenção incentivou outros reinos a reconsiderar sua dependência da magia. Em uma reunião com o rei Julios Aethel, Merlin explicou sua visão para o futuro.

— "Majestade, minha intenção nunca foi destruir a magia, mas equilibrar o poder. Durante séculos, a magia governou os fortes. Minha ciência pode dar poder aos fracos." Merlin destacava isso sempre que podia. Ele presenciou a injustiça desde cedo, e não permitiria mais que isso acontecesse.

Julios, conhecido por sua sabedoria e pragmatismo, ponderou sobre as palavras de Merlin. O rei tinha ouvido falar sobre como as armas estavam mudando a forma de proteger a cidade e como as invenções científicas estavam melhorando a vida das pessoas.

— "Você trouxe um novo tipo de poder ao meu reino, Merlin. Algo que não exige linhagem ou bênção divina. Vejo agora que ciência e magia não precisam se opor; podem se complementar. Você terá meu apoio para continuar sua pesquisa."

Com o apoio do rei, Merlin expandiu sua influência. Ele estabeleceu parcerias com magos que compartilhavam sua visão, criando dispositivos híbridos que combinavam ciência e magia. Um exemplo disso foi o Dispersor de Mana, um dispositivo que Merlin projetou com a ajuda de um mago chamado Rendall Caine, que transformava mana pura em energia cinética para impulsionar máquinas.

— "Eu nunca pensei que alguém como eu trabalharia com alguém como você," admitiu Rendall em uma conversa com Merlin. "Mas você tem uma maneira de ver o mundo que me faz acreditar que podemos construir algo melhor juntos."

Merlin sorri ao ouvir suas palavras. Ele olha ao seu redor, havia tantas pessoas, tudo isso causado pela ciência, a ciência mudou sua vida. Ele amava a lógica, ele amava seus companheiros.

...A Glória e a Sombra...

Apesar do progresso, Merlin sabia que sua invenção tinha um lado sombrio. As armas de fogo, em mãos erradas, poderiam ser usadas para fins destrutivos. Ele começou a ouvir rumores de mercenários e senhores da guerra tentando reproduzir suas armas ilegalmente.

— "É o preço do progresso," disse Elara um dia, enquanto trabalhava em um novo projeto com Merlin. "Mas você não pode parar agora. Se desistir, estará deixando o mundo nas mãos de quem não se importa com nada além de poder."

Merlin sabia que ela estava certa. Ele decidiu criar um sistema de segurança para limitar a produção e distribuição de armas, garantindo que apenas aqueles que respeitassem a ética por trás de sua ciência pudessem usá-las.

E assim, Merlin Valerion não apenas mudou o mundo. Ele o moldou. Sua visão criou uma nova era, onde ciência e magia coexistiam. Uma era onde o destino não era mais determinado pelo poder inato, mas pela mente e pela determinação.

Mas tudo isso estava prestes a mudar...

Capítulo 3 - A queda e a Centelha

Dos confins do reino, relatos diversos de como bruxos e magos passaram a se aproveitar das famigeradas armas de fogo. Eles adicionavam metal que conduzia melhor a mana, embutiam runas e selos mágicos nas armas, aumentando o seu potencial.

Em pouco tempo essa variável se tornou comum, uma única "arma rúnica", como as chamavam, podia ceifar a vida de vários guardas armados com as versões normais.

Para Merlin, agora um homem desolado, pelo uso indecente da sua melhor tecnologia, que vagava agora por sua existência com o peso das suas frustrações. A sua figura outrora respeitada e aclamada tornara-se uma sombra do seu antigo brilho. Vestindo roupas amassadas e com cabelos desgrenhados, ele parecia um retrato da decadência que sentia no seu espírito.

"As minhas armas, criadas para erguer os fracos, agora são usadas pelos fortes para oprimi-los novamente… " lamentava diariamente.

Enquanto o mundo ao seu redor prosperava com a fusão entre magia e ciência, Merlin via sua visão deturpada e transformada em algo que desprezava. Sua criação, concebida para libertar os comuns do jugo da magia, havia sido distorcida em armas rúnicas que serviam apenas para reforçar a dominação dos magos e aumentar a carnificina. O que ele idealizara como um avanço tornou-se uma ferramenta de destruição.

Sua última visita à Central de Desenvolvimento Científico e Mágico fora o golpe final em seu orgulho. Ao ser conduzido por Liliana, uma jovem assistente com olhar afiado e comentários discretos, Merlin sentiu o julgamento em cada passo. A sala do presidente, repleta de adornos opulentos que refletiam o sucesso daquela fusão que ele tanto repudiava, parecia um mausoléu de sua derrota pessoal.

— "Merlin, meu velho amigo," começou o presidente, um homem de porte elegante chamado Adrian Falk, enquanto indicava uma cadeira de couro macio. "Sente-se, por favor."

O tom amistoso era falso, e Merlin sentia isso. Ele se acomodou de qualquer jeito, afundando na cadeira.

— "O que deseja, Adrian?"

Adrian inclinou-se, apoiando os cotovelos na mesa e cruzando as mãos.

— "Veja bem, Merlin, faz meses que não contamos com sua presença ativa. Enquanto os avanços continuam, sua ausência é notável... e preocupante."

Merlin tentou justificar sua ausência, balbuciando algo sobre estar ocupado com projetos pessoais, mas o olhar cético de Adrian interrompeu sua tentativa.

— "Merlin," o presidente suspirou, "você é o símbolo de tudo isso aqui. Ou melhor, era. O que vejo agora é um homem que se tornou o oposto do que representava. Essa figura desleixada não inspira ninguém."

As palavras atingiram Merlin como lâminas. Ele tentou arrumar o cabelo e a barba, em um gesto instintivo, mas o esforço apenas reforçou sua aparência abatida.

— "Preste atenção," continuou Adrian, com um tom mais severo. "Eu não posso permitir que você seja um exemplo negativo para as gerações futuras. Por isso, estou afastando você das suas funções. Vá para casa, Merlin. Encontre-se novamente. Talvez você precise lembrar quem você é."

Merlin não respondeu. Levantou-se lentamente, murmurou algo inaudível e saiu. Ele estava arrasado.

 

...Reflexão na Solidão...

De volta à sua oficina, Merlin encarou seu reflexo no espelho. A imagem era deprimente: olhos fundos, pele pálida, cabelos e barba sem cuidados. Ele se sentia um eco de algo que nunca fora grandioso o suficiente.

— "Eu nasci para fracassar?" murmurou para si mesmo, com a voz rouca e trêmula. "Talvez eu realmente nunca consiga superar essa barreira chamada magia. Sou fraco demais para compreender algo que transcende o entendimento... fraco demais para..."

Ele não terminou a frase. Suas palavras foram interrompidas por uma folha que deslizou de uma estante próxima e pousou suavemente no chão. Merlin olhou para o papel por alguns instantes antes de se abaixar para pegá-lo. Era uma página de um livro básico de magia, ilustrando um círculo mágico rudimentar que lançava uma bola de fogo.

Ele reconheceu o diagrama imediatamente. Era a primeira magia que qualquer criança nobre aprendia na escola. O círculo estava meticulosamente desenhado, com runas detalhadas para cada aspecto da magia: calor, combustão, movimento, direção.

Merlin franziu o cenho. Algo dentro dele despertou, uma pequena fagulha. Ele estudou o círculo com olhos renovados, notando os detalhes que antes não o interessavam.

— "Uma runa para cada direção," sussurrou para si mesmo. "Então, será que há uma runa para cada informação necessária para criar uma bola de fogo? Uma para calor, outra para ignição, outra para expansão... E se... E se eu puder compreender isso de verdade?"

A ideia tomou forma em sua mente. Merlin sentiu sua curiosidade científica reacender, como um fogo que fora abafado por anos de frustração. Ele pegou um caderno empoeirado e começou a anotar freneticamente, suas mãos tremendo de excitação.

— "Se há runas para cada aspecto, então há um padrão... uma lógica subjacente! A magia não é aleatória; ela segue regras. Regras que podem ser desvendadas."

 

...A Centelha do Renascimento...

Nos dias que se seguiram, Merlin mergulhou de cabeça em sua nova obsessão. Ele reuniu todos os livros básicos de magia que conseguiu encontrar, reestudando cada feitiço simples com uma perspectiva diferente. Não mais como um mago frustrado, mas como um cientista determinado.

Elara, sua antiga assistente, visitou sua oficina certa manhã. Ela ficou surpresa ao vê-lo trabalhando com fervor, cercado de livros e diagramas.

— "Merlin?" ela chamou, hesitante. "O que está fazendo?"

Ele levantou os olhos das suas anotações, um brilho que Elara não via há anos.

— "Elara, você acredita que magia e ciência são incompatíveis?"

Ela franziu a testa, sem saber como responder.

— "Eu... nunca pensei nisso. Por que a pergunta?" se surpreendendo com a pergunta repentina. "E... Nem um 'bom dia'?"

Merlin sorriu, com um sorriso genuíno, embora ainda cansado.

— "Porque eu acho que encontrei a conexão. Magia não é um mistério insondável. Ela é um sistema, como qualquer outro. E eu vou decifrá-la."

Elara sentiu um arrepio. Havia algo diferente em Merlin. O homem quebrado que ela conhecia começava a se reconstruir, uma peça de cada vez.

Naquela noite, enquanto Merlin continuava trabalhando, ele olhou para o círculo mágico na folha que o inspirara. Pela primeira vez em muito tempo, ele sentiu esperança.

— "Não vou apenas desafiar a magia. Vou entendê-la... e dominá-la."

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