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The Karrash Slayer

Capítulo 1 - O Fim da Humanidade

Acordei com um som ensurdecedor. O teto do meu quarto tremia como se o mundo estivesse desabando. Meu corpo, preso ao colchão pela paralisia do medo, recusava-se a reagir. O que estava acontecendo?

Levantei-me cambaleante, meus olhos fixos na janela. Do lado de fora, o céu estava pintado em tons de vermelho e laranja, como se o inferno tivesse descido à Terra. No horizonte, um enorme meteoro rasgava os céus, sua cauda flamejante cuspindo destruição em todas as direções.

— Isso não pode ser real... — murmurei, sentindo um calafrio percorrer minha espinha.

Segundos depois, o impacto veio. Um estrondo que fez meu coração parar. A explosão foi tão forte que as janelas se estilhaçaram, e fui jogado contra a parede. Uma onda de calor me atingiu, queimando minha pele, mas não tanto quanto o desespero queimava minha alma.

Quando recuperei a consciência, o silêncio era ensurdecedor. Levantei-me, tropeçando nos cacos de vidro espalhados pelo chão. Olhei para fora novamente, e o que vi me fez vomitar no chão.

Minha cidade, minha casa... Tudo havia desaparecido. No lugar das ruas movimentadas e prédios familiares, só havia escombros e fumaça. Cadáveres espalhados por todos os lados, muitos irreconhecíveis. O cheiro de carne queimada e sangue fresco impregnava o ar.

Eu estava sozinho.

Os dias que se seguiram foram um borrão de dor e desespero. Sem comida, sem água, sem ninguém. Caminhei pelas ruínas, gritando por ajuda, mas só o eco da minha voz me respondia.

Até que eles apareceram.

Os primeiros Karrash que vi eram grotescos. Criaturas que pareciam ter saído dos piores pesadelos. Pele retorcida, olhos brilhantes como brasas e dentes que poderiam rasgar aço. Eles se moviam em bandos, caçando o que restava de humanos.

Minha primeira reação foi correr. Fugi como um covarde, escondendo-me entre os escombros enquanto os monstros devoravam um grupo de sobreviventes. Seus gritos de agonia ecoaram por horas na minha mente.

Mas então aconteceu algo estranho.

Uma voz ecoou na minha cabeça, uma voz que não era minha.

— Você deseja sobreviver?

Olhei em volta, procurando a origem daquela voz. Não havia ninguém ali, apenas os cadáveres e os monstros à distância.

— Quem... Quem está aí? — perguntei, minha voz trêmula.

— Responda, humano. Você deseja sobreviver?

Engoli em seco. Eu não sabia se estava ficando louco, mas uma coisa era certa: eu queria viver.

— Sim! — gritei. — Sim, eu quero viver!

No instante em que respondi, uma dor lancinante atravessou meu corpo. Caí de joelhos, segurando a cabeça enquanto imagens caóticas inundavam minha mente. Era como se todo o conhecimento do universo estivesse sendo despejado dentro de mim.

Quando a dor finalmente passou, percebi que algo havia mudado. Minhas mãos brilhavam com uma energia desconhecida, e de alguma forma, eu sabia o que fazer.

— "Desejo Creator"... — sussurrei, como se o nome da habilidade já estivesse gravado na minha alma.

Meu primeiro uso da habilidade foi desajeitado, mas eficaz. Criei uma espada simples, nada além de uma lâmina afiada feita de metal bruto. Quando os Karrash me encontraram, eu estava pronto.

Eles vieram em massa, suas garras e dentes prontos para me despedaçar. Mas eu não era mais o mesmo. Com cada balanço da espada, mais sangue escuro tingia o chão. A sensação de cortar aquelas criaturas... Era horrível e viciante ao mesmo tempo.

— Vocês não vão me matar! — gritei, enquanto cortava o último deles ao meio.

Quando tudo acabou, eu estava coberto de sangue, meu corpo tremendo de exaustão. Mas, pela primeira vez, senti algo além de medo: poder.

Os dias seguintes foram dedicados a explorar minha habilidade. Descobri que podia criar quase qualquer coisa que minha mente imaginasse, desde que tivesse energia suficiente. Comida, armas, até um abrigo improvisado. Tudo estava ao meu alcance.

Mas com o poder veio a arrogância. Cada vez que encontrava outros sobreviventes, sentia o desprezo crescer em meu coração. Eles eram fracos, desesperados. Um reflexo do que eu era antes.

A primeira vez que matei um humano foi quase acidental. Um homem tentou roubar minha comida. Ele veio com uma faca, gritando que precisava alimentar sua família.

— Não me importa sua família. — Minhas palavras foram frias, e minha lâmina foi ainda mais.

Cortei sua garganta sem hesitar, vendo a vida deixar seus olhos. Não senti remorso, apenas a certeza de que eu havia feito o que era necessário.

Agora, estou aqui, o único sobrevivente da minha cidade. Um nerd otaku que se tornou um assassino, um sobrevivente. Não confio em ninguém, e ninguém confia em mim.

Mas isso vai mudar.

Eu não vou apenas sobreviver. Eu vou dominar. E quando este mundo estiver aos meus pés, os fracos irão perecer.

Este é o começo de uma nova era. Minha era.

Capítulo 2 - O Primeiro Seguidor

Dias haviam se passado desde que comecei a usar meu poder para explorar as ruínas. Cada passo era meticulosamente calculado, cada esquina uma possível armadilha. Eu sabia que estava ficando mais forte, mais eficiente. Os Karrash que antes me aterrorizavam agora caíam diante de mim como folhas ao vento.

Mas o mundo não havia desistido de me surpreender.

Enquanto explorava uma área que parecia ter sido um bairro residencial, ouvi um som estranho. Não era o rugido gutural de um Karrash, nem o silêncio melancólico que reinava entre os destroços. Era um choro.

Me aproximei devagar, meus passos leves para não alertar qualquer criatura nas proximidades. O som vinha de uma das casas parcialmente destruídas. Espreitei pela janela quebrada e vi uma garota.

Ela estava encolhida no canto da sala, o rosto sujo de fuligem e lágrimas. Sua aparência era deplorável: roupas rasgadas, marcas de arranhões pelo corpo e olhos que transmitiam puro desespero.

— Que merda é essa? — murmurei para mim mesmo.

Pensei em ir embora. Eu não precisava de companhia. Ela seria apenas um peso morto. Mas algo nela me fez hesitar. Talvez fosse a expressão em seus olhos, aquela mistura de medo e esperança.

Eu entrei.

— Ei. — Minha voz ecoou no pequeno espaço, fazendo-a se encolher ainda mais.

— N-não chegue perto! — ela gritou, segurando um pedaço de vidro como se aquilo fosse suficiente para me deter.

Eu ri. Um riso frio e sem humor.

— Relaxa, se eu quisesse te matar, você já estaria morta.

Ela me olhou, confusa, mas não abaixou sua "arma". Eu me aproximei devagar, mantendo as mãos visíveis.

— Qual é o seu nome? — perguntei, tentando parecer menos ameaçador.

— A-Ayumi... — ela respondeu, a voz mal saindo.

— Ok, Ayumi. Escuta, você vai morrer aqui sozinha. Esses monstros não vão te dar uma segunda chance. Mas eu posso.

Ela franziu a testa, claramente desconfiada.

— Por quê?

Essa pergunta me pegou de surpresa. Por quê? Eu não precisava dela. Ela não tinha nada a oferecer. Então por que eu estava ali? Talvez porque, no fundo, eu soubesse que precisava de alguém.

— Porque eu quero. E meu querer é suficiente.

Houve um silêncio longo e desconfortável antes que ela finalmente soltasse o pedaço de vidro e começasse a chorar novamente. Não sei por que, mas aquela cena me irritou.

— Chega de choro. Levanta.

Ela hesitou, mas obedeceu. Quando ficou de pé, percebi como ela era frágil. Se eu não tivesse aparecido, ela estaria morta em questão de horas.

— Vamos.

— P-para onde? — ela perguntou, a voz ainda trêmula.

— Para onde eu quiser.

Ayumi era uma sobrevivente, mas claramente não sabia o que estava fazendo. Enquanto caminhávamos, ela tropeçava a cada dois passos, seus olhos constantemente procurando algo para se agarrar.

— Você vai precisar melhorar, ou vai ser comida de Karrash antes do próximo pôr do sol.

— Eu... Eu vou tentar.

— Tentar não é suficiente. — Minhas palavras eram frias, mas eu não tinha tempo para sentimentalismos.

Quando um grupo de Karrash apareceu, ela congelou. Eu, por outro lado, movi-me com eficiência. Minha lâmina, agora mais refinada graças ao "Desejo Creator", cortava os monstros com facilidade. Ayumi assistia em silêncio, seus olhos arregalados enquanto eu exterminava cada um deles.

Quando o último caiu, me virei para ela.

— Se você vai andar comigo, vai ter que aprender a lutar.

— Eu... Não sei se consigo.

— Então morra. — Minhas palavras foram duras, mas necessárias. — O mundo não vai esperar você se sentir pronta.

Ela ficou em silêncio, mas pude ver algo mudar em seus olhos. Uma faísca de determinação.

Nos dias seguintes, comecei a treiná-la. Primeiro, coisas simples: como segurar uma arma improvisada, como se esconder, como identificar os sons dos Karrash. Ela era lenta, desajeitada, mas aprendia.

Eu também aprendi algo sobre ela. Apesar de sua aparência frágil, Ayumi tinha uma vontade de ferro. Ela não reclamava, não chorava mais. Cada ordem que eu dava, ela obedecia sem hesitar.

E então, aconteceu.

Estávamos sendo perseguidos por um Karrash maior do que qualquer outro que eu havia enfrentado. Minha lâmina não era suficiente, e eu estava ficando sem energia. Ayumi, que até então só havia observado, fez algo inesperado.

— Ei, monstro! — ela gritou, atraindo a atenção da criatura.

Antes que eu pudesse reagir, ela correu para o lado oposto, distraindo o Karrash tempo suficiente para que eu pudesse recuperar minha energia.

— Criar: Lança Explosiva.

O projétil surgiu em minhas mãos, brilhando com uma energia pulsante. Mirei e joguei com todas as minhas forças. A explosão que se seguiu foi devastadora, reduzindo o Karrash a pedaços.

Quando a poeira baixou, Ayumi estava caída no chão, ofegante, mas viva.

— Você é louca, sabia? — eu disse, ajudando-a a se levantar.

Ela sorriu, um sorriso tímido, mas genuíno.

— Só fiz o que você faria.

Aquela resposta me pegou de surpresa. Por um momento, fiquei sem palavras.

— Bom trabalho, Ayumi.

Naquele momento, percebi que ela não era apenas um peso. Ela era uma aliada.

E, pela primeira vez, eu não estava sozinho.

Capítulo 3 - O Início do Reino de Sangue

Ayumi ainda era frágil, mas sua evolução era evidente. Em pouco tempo, ela deixou de ser uma garota indefesa para alguém que começava a entender o que era necessário para sobreviver. No entanto, algo em mim mudava também. Perceber que havia mais humanos vivos me fez questionar se o futuro realmente precisava de uma reconstrução... ou de uma destruição completa.

— Você está quieto hoje — disse Ayumi, enquanto mastigava um pedaço de carne seca que criamos com o "Desejo Creator".

Olhei para ela, avaliando sua postura. Suas mãos tremiam menos, e seus olhos não estavam mais tão perdidos. Mas ainda havia uma distância entre nós.

— Estava pensando.

— Pensando em quê?

Deixei a pergunta no ar. A verdade era que minhas ideias estavam começando a se solidificar. A humanidade havia sido destruída por sua própria fraqueza. A natureza brutal do mundo atual só reforçava isso. Então por que reconstruir algo tão falho?

— Esquece. — Levantei, limpando as mãos na calça. — Temos que continuar.

Enquanto atravessávamos uma área desolada que antes parecia ter sido um centro comercial, senti algo estranho. Era como se o ar ao nosso redor estivesse pesado, carregado de uma energia que fazia meus instintos gritarem.

— Ayumi, fique atrás de mim.

Ela obedeceu sem questionar, já entendendo que quando eu dava uma ordem, era melhor não hesitar.

Apareceu então uma criatura diferente dos Karrash que eu havia enfrentado até agora. Era enorme, com garras afiadas e olhos vermelhos que brilhavam como brasas. Parecia um líder, algo acima dos monstros comuns.

— Isso vai ser interessante — murmurei, um sorriso sinistro surgindo em meu rosto.

A criatura rugiu, e o som fez o chão tremer. Antes que ela pudesse atacar, eu já havia começado a usar meu poder.

— Criar: Espada Carmesim.

A arma surgiu em minhas mãos, brilhando com uma energia pulsante. Corri em direção à criatura, desviando de suas garras com movimentos rápidos. A batalha era intensa, mas havia algo estranho.

— Esse desgraçado... está pensando.

O monstro não era apenas força bruta. Ele observava, estudava meus movimentos. Era como se tivesse um intelecto rudimentar, algo que eu ainda não havia visto nos Karrash.

Quando Ayumi tentou ajudar, arremessando pedras improvisadas, ele desviou com facilidade, movendo-se com uma velocidade surpreendente.

— Fique fora disso, Ayumi! — gritei, concentrando-me em um golpe final.

— Criar: Corrente Dimensional.

Correntes brilhantes surgiram do chão, prendendo a criatura por alguns segundos. Tempo suficiente para eu cravar a espada em seu peito. O rugido que ela soltou foi ensurdecedor, mas em poucos segundos, o monstro estava morto.

Olhei para Ayumi, que estava ofegante.

— Você está bem?

— Sim... mas o que era aquilo?

Eu me abaixei, examinando o corpo da criatura. Havia algo de diferente nela, algo que me incomodava.

— Parece que os Karrash estão evoluindo.

Ayumi ficou em silêncio, mas a preocupação em seus olhos era clara.

Continuamos nossa jornada até encontrarmos um pequeno grupo de sobreviventes. Havia quatro deles: dois homens e duas mulheres, todos armados com ferramentas improvisadas e com expressões de puro desespero.

— Quem são vocês? — um dos homens perguntou, levantando uma barra de ferro como se aquilo fosse suficiente para me ameaçar.

— Abaixe isso antes que eu te mate. — Minha voz foi direta, carregada de uma autoridade que ele não conseguiu ignorar.

— Ei, calma! — disse uma das mulheres, tentando evitar um confronto. — Não queremos problemas.

— Nem eu. Mas se quiserem sobreviver, vão ter que me obedecer.

Os quatro trocaram olhares, claramente divididos. Mas no fim, todos abaixaram as armas.

— Ótimo. Agora, me digam o que sabem sobre essa área.

Eles começaram a falar, compartilhando informações sobre os Karrash, os recursos e outros sobreviventes. Mas o que me chamou atenção foi algo que um deles mencionou.

— Existe um grupo... eles se chamam de "Os Salvadores". Estão reunindo pessoas, formando uma nova comunidade.

Isso me fez rir.

— "Salvadores"? Que piada.

— Eles são perigosos — continuou o homem. — Matam qualquer um que não se submeta às regras deles.

— Então, são apenas outro tipo de Karrash. — Minha voz era carregada de desdém.

Ayumi olhou para mim, confusa.

— O que vamos fazer?

Olhei para ela, depois para os outros.

— Vamos encontrá-los. E então, vamos acabar com eles.

Os sobreviventes pareciam aterrorizados com minha resposta, mas não me importei. Este mundo não tinha espaço para falsos salvadores ou líderes fracos.

— Mas... por quê? — perguntou uma das mulheres, hesitante.

— Porque este mundo não precisa de salvadores. Precisa de reis.

E, naquele momento, o destino de "Os Salvadores" estava selado.

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