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Caroline

...Capítulo 1...

 

Era a primeira vez que estava fazendo aquilo.  E meio que achou estranho ter que fazer isso para sua irmã mais velha. A dois meses atrás ela havia ficado lisonjeada por ter sido convidada para ser a madrinha de casamento de sua irmã. Mas agora que o casamento se aproximava, ficava meio que forçada a se conter com o seu estresse todo para resolver aquilo. Ainda bem que o noivo de sua irmã tinha grana para isso e poderia fazer o que sua irmã pedia. Apesar dela querer algo simples, ao contrário da família dele que agora estavam se resolvendo.

Caroline deu mais uma olhada nos inúmeros variados de petiscos que estavam ali a sua frente, enquanto sua irmã e a confeiteira olhavam para ela esperando que ela desse alguma opinião.

- Não sei. É tudo tão... bom.

- Caroline preciso que me ajude. – Sua irmã falou.

Ela forçou um sorriso. Sempre achará sua irmã mesquinha, e agora que estava para se casar com um cara que conhecerá a alguns meses atrás quando ambas haviam vindo para Londres para arrumarem emprego, ela agora ficava meio que forçada a aguentar tudo aquilo. Sabia que seu futuro cunhado era uma ótima pessoa e claro que desejava felicidades ao casal, mas era pressão demais para um casamento tão simples.

- Devemos escolher algo que os convidados gostem.

- Esse é o problema. Não conheço todos os parentes do Wes. – Susan disse. – Você tem que me ajudar.

Caroline suspirou.

- Ok. Vamos ver, pode ser o cheesecakes e macarons coloridos. – sugeriu ela.

Sabia que não era uma boa ideia, mas não iria dizer isso há sua irmã. Já estava complicado de resolver sua vida e agora tinha mais aquele casamento. No dia anterior havia ido a uma entrevista de emprego numa empresa e esperava ser chamada logo, só para poder conseguir seguir com a vida. Afinal já estava ali naquela cidade já se fazia quase sete meses e só agora que ela estava conseguindo fazer algo para se manter, estava trabalhando num restaurante a noite e queria poder sair de lá para vê se saia da casa do seu tio Richard. Não podia fazer nada naquela casa, a não ser trabalhar e voltar para casa.

Estava cansada de ver que todo mundo estava seguindo com suas vidas , enquanto ela ainda estava ali parada esperando o seu momento acontecer. Será que isso iria acontecer um dia?

Desejava todos os dias que algo acontecesse em sua vida. Um emprego decente em primeiro lugar, depois conseguiria um lugar para ficar e que finalmente pudesse terminar a sua faculdade. Havia parado de fazer o que tanto sonhara, que era o curso de direito. Não faltava muito e precisava trabalhar para conseguir voltar a cursar e terminar.

Desde que Susan havia se apaixonado pelo Wesley Walter e ter sido pedida em casamento há dois meses atrás quando ambos se conciliaram ela vinha tentando se encaixar na vida de suas irmãs, mas parecia algo impossível de se fazer, quanto mais tentava se aproximar mais elas mantiam-se afastadas. Susan só estava vindo vê-la por que precisava de sua ajuda no casamento.

Decepcionada com tudo, as vezes vinha aquela vontade de pegar suas coisas e voltar para Nova York.  Sentia falta de sair com suas amigas, que provavelmente há essa altura já estavam quase se formando. Não foi assim que imaginou viver em Londres.

Até sairá algumas vezes com o irmão de Wesley. Mas Jonathan realmente era um idiota, apesar que agora ele e o irmão estavam se entendendo um pouco. Depois que o Sr. Walter teve um quase infarto a um mês atrás, as coisas iam se ajeitando conforme a vida ia levando. Só não pensava que seria tão complicado para ela, ainda mais agora que ela estava começando a caminhar sozinha.

Susan aceitou sua ajuda e acabou que pegando a ideia dos doces, depois só faltava resolver sobre o bolo e mais algumas coisas que nem ela mesmo sabia o que fazer. Sempre sonhara com casamentos até imaginar que iria organizar um em Londres. Pelo menos aqui não era tão diferente de Nova York, o que já é de bom tamanho.

Assim que ambas escolheram os doces e o sabor do bolo saíram sorridentes até que Susan sugeriu que fossem almoçar juntas.

- Já recebeu a resposta dos convidados? – Ela perguntou enquanto caminhavam pela rua.

- Só de alguns. São só cinquenta convidados, Wesley não quis chamar muita gente. – respondeu Susan. – Porquê ?

- Sei lá. A mamãe vai chegar que dia?

- Talvez na semana que vem.

De repente o celular de Susan tocou e ela atendeu, parecia ser o noivo ela sorria que nem boba quando ele ligava. Ficava muito feliz por saber que sua irmã estava feliz e poderia deixar de ser chata com ela.

- Ah Wesley quer almoçar comigo. Quer vim junto? – disse assim que desligou o celular. – Podemos falar mais sobre a festa... juntos.

Ela fez careta.

- Pode ser.

Conseguiram um táxi em menos de cinco minutos e como combinado encontraram com Wesley num restaurante que provavelmente ele tinha costume de almoçar todos os dias. Ela teria dito não se não fosse a droga do casamento, almoçar em restaurantes não era o seu forte. Ela poderia ter um jeitinho de garota mimada, mas não era.

Sorriu ao entrarem no restaurante e ver Wesley já por ali, o casal se cumprimentaram com um beijo e sentaram.

- Oi, Carol.

Caroline sorriu para o seu futuro cunhado e admitiu que sua irmã não poderia ter feito escolha melhor. Wesley era mesmo um cara maravilhoso e desde que os dois haviam ficado juntos que ele vinha a chamado de Carol.

- Oi, Wes.

- Então, já estão resolvendo tudo?

- Falta muita coisa. – Susan respondeu olhando o menu.

- Sério?

- Querido, casamentos dão trabalho mesmo. Eu e Caroline vamos conseguir organizar tudo a tempo. Não se preocupe.

- Meu pai quer o casamento lá na casa dele.

Susan arregalou os olhos, surpresa.

- Porquê?

- Eu não sei. Não acho que seja apropriado fazer lá... Jonathan ainda é um mala. – Wesley olhou para ela.

Caroline abaixou a cabeça envergonhada. Foram interrompidos pelo garçom que veio anotar os pedidos e depois se afastou.

- Se você não quiser não faremos o casamento lá.

- Mas você disse que quer casamento ao ar livre.

- Sim.

- Eu não ligo de fazer o casamento na casa do meu pai. Se sabe que aquele jardim é bem bonito.

- Com certeza.

Caroline ficou toda sem graça quando ambos olharam para ela ao dizer aquilo, bebeu um gole do vinho para que não notasse que estava nervosa.

- Wes, tem certeza que quer mesmo se casar naquela casa?

- E você quer?

- Assim você não está ajudando. – Susan disse. – Caroline me ajuda.

- Eu não sei. Isso eu não vou me intrometer.

O garçom voltou com os pratos e só assim ela pode se entreter em seu prato de comida. Falar sobre casamento enquanto estava com fome era uma droga.

- Meu pai não anda bem, então faremos o casamento lá mesmo. Assim se caso ele infarta de novo vai ter muita gente para ajudar ele.

- Wes.

Ele sorriu brincando.

- Falei brincando. Mas podemos encarar isso só por algumas horas, afinal ele que vai bancar a festa toda.

- Sério? – Ela perguntou surpresa.

Wesley a encarou e assentiu.

- Se você tivesse ficado com o idiota do meu irmão iria ter isso também.

- Aí que nojo. Ele é um idiota.

Wesley riu.

- Você saiu com o Jonathan? – Susan perguntou.

- Saímos umas duas vezes e não deu muito certo. Como o Wes disse, ele é um idiota.

- Como você soube disso e eu não?

- Eu os vi juntos.

- E Caroline por que não me contou?

- Não era importante.

Wesley pigarreou e falou.

- Olha esquece isso. Vamos falar de outra coisa... eu arrumei um parceiro para você. – ele disse malicioso.

- Não quero encontro às escuras, Wes.

Ele riu.

- Não estou marcando um encontro às escuras. E para lhe acompanhar no casamento.

- Não é o Jonathan? – ambas perguntaram juntas, mas foi Susan quem continuou. – Por quê mudou o companheiro da minha irmã sem falar comigo?

- Relaxem. É um amigo meu... ele é gente boa.

- Eu conheço?

- Não. Ele trabalha lá na empresa, fizemos faculdade juntos. Era para vocês tê-lo conhecido no Natal, mas ele teve um problema familiar e não pode ir. – ele contou feliz. – Carol, ele é melhor que o Jonathan.

Caroline assentiu sem entender muita coisa. Não era hora de dar pitacos naquele momento, estavam em público e não queria chamar atenção de ninguém. Então manteve a calma e tentou prestar atenção na conversa, afinal agora ela teria um novo parceiro.

Depois daquele assunto sobre acompanhantes, terminaram o almoço alegres com lembranças de meses atrás. Até aquele dia eles riam sobre Jonathan ter levado uma surra e mesmo que fosse algo sério eles levavam tudo na esportiva.

Ao saíram do restaurante Wesley voltou para o escritório e ambas foram embora. Susan acabou indo com ela para a casa do tio, enquanto ela teve que subir para se arrumar para ir trabalhar, entrava as duas e meia da tarde, o que era muito chato já que tinha que passar a maior parte da noite no serviço e de manhã tinha que resolver as coisas do casamento. Seus dias ficaram turbulentos desde  que sua irmã estava para se casar.

- Já vai indo? – Seu tio indagou quando estava pronta para trabalhar.

- Sim.

- E a sua entrevista? – Sua tia Carla dessa vez.

- Fui bem, só tenho que aguarda.

- Vai dar certo dessa vez e você vai poder voltar a faculdade. – Carla disse.

Caroline engoliu em seco quando sua irmã olhou para ela.

- Preciso ir.

Já estava saindo pela porta quando Susan veio atrás dela. Sem se importa continuou a descer a escada quando ouviu sua irmã perguntar.

- Quando ia me contar que pretendia voltar para Nova York?

- E quem disse que pretendo voltar para Nova York? – Ela se virou para encarar a irmã.

- Mais vai voltar para a faculdade.

- Aqui tem faculdades sabia.

Susan pigarreou.

- Eu sei. Mas por que não me contou?

- Ia fazer diferença. Você está com sua vida feita, arrumou alguém que pode sustentar você a vida toda. – suspirou e continuou. – Eu preciso fazer algo para me manter, não posso ficar numa lanchonete para vida toda... quero ser advogada.

- Eu sei disso. Mas poderia ter me contado, posso pedir para o Wes lhe ajudar em algo.

- Quero conseguir as coisas sozinha. Eu posso fazer isso. – disse toda segura de si, mas as vezes ela só se sentia segura quando dizia isso em voz alta, mas lá no fundo sabia que o medo falava mais alto.

Susan balançou a cabeça.

- Por favor, não faça as coisas precipitadas. Quando precisar conversar vem falar comigo, estarei sempre para ouvir você.

- Eu tenho vinte e dois anos, Susan. Acho que já é tarde para me dar conselhos.

- Caroline...

- Preciso ir trabalhar... estou atrasada.

O café

...Capítulo 2...

Odiava deixar conversas pendentes com a sua irmã, mas não estava muito boa para conversa com ela agora. Precisava chegar em seu trabalho em meia hora, trabalhava no Dulce Ristor & Enoteca. Para quem está hospedado entre a estação Victoria e a Pimlico ou está passeando nessas imediações, o restaurante Dulce é uma excelente opção para uma refeição típica italiana, com ingredientes frescos, pratos bem servidos, excelente carta de vinhos, sobremesas maravilhosas,  e num local aconchegante e charmoso.

Suspirou ofegante ao conseguir pegar o ônibus, ainda bem que dera tempo para pegar no horário. Odiava chegar atrasada no serviço, e por mais cansativo que fosse tinha que manter a cabeça erguida e trabalhar todos os dias, pelo menos aos domingos não se abria.

Ao chegar lá em cima da hora, correu para o banheiro onde trocou de roupa e cumprimentou todos os seus colegas de trabalho e se aproximou de sua amiga, pelo menos achava que Jenna fosse sua amiga. Jenna era um ano mais velha que ela, era mãe solteira e estava tentando manter a vida longe de problemas, já que sua filha ficava com a mãe enquanto trabalhava. Era muito bonita com seus cabelos ruivos e olhos esverdeados, magra e alta, nem parecia que já era mãe.

- E aí, como estão as coisas? – indagou assim que se aproximou de Jenna, colocando o avental preto.

Jenna deu uma olhada para ela e fez careta.

- Oi, precisa ajeitar o seu cabelo. Mas está tudo bem por aqui, e amanhã vou precisar que você venha no meu horário, preciso fazer algumas coisas.

- Mas eu tenho que...

- Por favor... amanhã tem reunião cedo na escola da Rafa e não vai dar tempo de chegar a tempo e preciso ir resolver outra coisa.

Caroline hesitou e assentiu. Ela entendia que Jenna tinha problemas com o pai da filha dela, ele raramente pegava a menina e muito menos pagava a pensão. E poucas vezes que o viu indo ali atrás de Jenna tinha vontade de socar a cara do infeliz. Era tão chato ver sua amiga passando por essas dificuldades, que às vezes pensava que seus problemas não chegavam nem perto do de Jenna.

- Ok. Eu vou tentar mudar o que eu ia fazer.

- Obrigada.

Jenna a abraçou toda sorrindo.

- Você é um amor. Então... vamos trabalhar.

Caroline sorriu após ter arrumado o seu cabelo de novo. Arrumou algumas mesas, pois já havia acabado com o horário do café e precisava colocar tudo no lugar. Ela ficava na parte da entrega dos pratos, pois preferia ficar por ali do que servindo os pratos, mas às vezes tinha que sair do seu posto e indo ajudar a servir as mesas. O bom que sempre lotava  e as horas passavam muito rápido e sem contar que se divertia com os rapazes da cozinha que sempre estavam contando algo engraçado.

Assim que teve o primeiro pedido, um dos ajudantes da cozinha veio falar com ela sobre saírem todos juntos depois do serviço. Não estava a fim de sair, ainda mais com os caras de onde trabalhava. Era meio que estranho sair com quem trabalhava, sempre soube que não pegava bem esse tipo de coisa.

- Quem sabe algum dia..., mas hoje não.

- Amanhã é sexta, Caroline. Todos aqui vamos sair para beber...

- Vocês não trabalham não? – Indagou enquanto pegava um prato.

- Claro. Mas se divertir não mata ninguém não.

Ela sorriu e concordou.

- Vou pensar.

Era umas oito e pouco quando Jenna veio pegar um pedido toda sorridente. Sempre que ela vinha pegar algo sorrindo era porque tinha visto um homem bonito.

- Ele veio de novo.

- Ele quem? – perguntou ajeitando o prato.

- O cara de óculos... que te falei. Ele é tão charmoso.

- Vai trabalhar e parar de ficar olhando para os homens.

Jenna riu antes de pegar o prato e se afastar. Há duas semanas Jenna havia se encantado com um cara que vinha sempre o mesmo horário todas as quinta-feira e desde então ela sorria o tempo todo. Era uma pena não poder ver o cara, pois era tão corrido que mal dava tempo de respirar.

No fim da noite, como não tinha o hábito de sair para descansar, beliscou algo na cozinha quando o seu chefe chegou dizendo que sábado iria conversar com todos antes de abrir o local. Será que haviam feito algo errado?

Esperava que não. Haviam trabalhado como sempre fazia todos os dias. Saiu do restaurante e teve que correr para pegar o último ônibus de volta para casa e conseguiu pegar assim que chegou no ponto. Mal chegou em casa e viu que tinha mensagens de Susan, não muito a fim de dar uma olhada, foi direto para a cama. Não estava interessada em conversar àquela hora da noite, estava mais querendo descansar.

 

No dia seguinte, levantou-se cedo e foi direto tomar banho, colocou alguma roupa confortável e viu que chovia  Estavam no mês de abril, o mês em que tudo voltou a florescer na terra da rainha graças à primavera que já chegou. As temperaturas costumam variar entre 7 e 16oC. O pôr-do-sol começa entre 19:30h e 20:30h com dias mais longos de luz devido ao horário britânico. Nesta época ainda deve incluir um pequeno guarda-chuva de mão para evitar surpresas, além de casacos de inverno e alguns mais leves. Como as temperaturas em Londres são por vezes imprevisíveis, recomendamos sempre conferir a previsão atualizada do clima em Londres.

A dica da época é abusar dos passeios nos parques. O Kew Gardens , Hyde Park e Regents Park são boas pedidas. Mercados de rua e atividades ao ar livre já podem ser exploradas sem muita preocupação com o clima.

Já estava se acostumando com aquele clima todo, pois sabia que não mudava muita coisa de Nova York. Naquele dia achou melhor usar uma calça jeans, uma blusa de tricô de seda listrada e botas. Como o seu cabelo estava num corte Chanel longo, deixou-o solto. Ao descer as escadas seu tio Richard lhe deu um bom dia e nem perdeu tempo em falar com ela.

- Bom dia!! Susan está atrás de você.

- Eu sei. Ela me mandou mensagens ontem, mas estava cansada demais para falar com ela. – contou servindo-se de café antes de sentar-se. – Eu não tenho como fazer nada hoje por ela, vou entrar no lugar da Jenna hoje.

- Aconteceu alguma coisa com ela?

- Não. Ela só tem que ir a uma reunião de escola. – mordeu a bolacha que comia.

Seu tio a encarou. Parecia preocupado, mas não iria fazer perguntas, pois sabia que ele não andava muito bem de saúde e sua tia estava tentando o máximo para mantê-lo bem.

- Vocês já resolveram muitas coisas?

- Algumas... semana que vem vamos ver os vestidos. – ela falou. – Estou quase infartando para Susan não escolher algo caro.

Richard sorriu.

- Não acho que ela faria isso. Mas o noivo dela pode pagar  pelo seu vestido.

- Não quero... abusar disso, tio.

- Tem razão.

- Não se preocupe, já venho juntando dinheiro para pagar o vestido. – contou e levantou-se colocando a xícara na mesa. – Bem tenho coisas para fazer antes de ir trabalhar.

Assim que subiu e entrou no quarto, seu celular estava piscando. Já imaginou quem era e quando viu era Susan. Sua irmã já estava passando dos limites mandando mensagens demais há ela. Não tinha nenhum dia de paz se quer, nem  para ir ao shopping podia ir mais porque tinha que estar sempre com ela ajudando para o casamento.

Invés de responder por mensagens, ligou para ela. Foi coisa de segundos, Susan atendeu parecendo aliviada.

- Oi.

- Bom dia. Nossa, por que não me respondeu?

- Cheguei cansada ontem e fui direto para cama. E infelizmente hoje não posso sair com você. Vou entrar cedo para trabalhar... troquei o horário com a Jenna hoje.

- Hum... você leu as mensagens? Bem, não importa, o pai de Wesley quer mesmo que o casamento seja lá. Conversamos muito sobre isso e decidimos aceitar, afinal o lugar é maravilhoso e foi onde nós nos conhecemos. – Susan tagarelou. – Na terça feira iremos ver os vestidos, já falei com a mulher e está tudo certo.

- Ah sim.

- E amanhã iremos fazer um jantar com os padrinhos aqui em casa... você vem né?

- Mas amanhã eu trabalho, Susan.

- Você dá um jeito.

- Como se fosse fácil fazer isso.

Pode ouvir um suspiro do outro lado. Sabia que sua irmã não estava muito satisfeita com que vinha dizendo.

- Você não quer conhecer o seu parceiro?

- Acho que ele é uma das minhas menores preocupação no momento. Amanhã tenho uma reunião lá no serviço e não sei no que vai dar.

- Entendi. Bem, qualquer coisa você me avisa... beijos.

Caroline fez careta ao afastar o celular e ver que sua irmã havia sido bem mesquinha desligando na cara dela, só porque havia dito que não poderia ir no jantar. Sem se importar, ajeitou suas coisas e pegou sua bolsa antes de descer e sair, por sua sorte não encontrou com nenhum dos seus tios.

Correu para pegar o ônibus para ir até o centro, precisava dar uma olhada em algumas coisas. Ainda não havia comprado nenhum presente de casamento para a sua irmã e precisava fazer isso quando não tivesse Susan do seu lado. Decidiu ir a uma loja para decoração e meio que indecisa para escolher, apenas deu uma olhada em algumas lojas.

Quando foi umas nove e pouco começou a sentir fome, como estava próxima do serviço decidiu ir comprar alguma coisa numa lanchonete ali perto. Sentou-se numa mesa e pediu alguma coisa simples como um lanche e suco.

Susan estava mandando mensagens para saber se já havia resolvido. Respondeu que ainda iria ver isso e só amanhã iria dar uma resposta. Terminou de comer e entrou na fila para pagar, tinha um cara de terno que não parava de falar ao celular e ao mesmo tempo com a moça que fazia o café.

Fez careta por ver que o negócio ia demorar, mas esperou pacientemente. Até que a moça sorriu para ela e entregou o café ao cara, que  tentava tirar o cartão de dentro da carteira com uma mão só, foi quando ele percebeu que estava atrapalhando os demais e desligou o celular e pagou a moça todo sorridente e ao se virar bruscamente esbarrou nela fazendo com que o café dele derramasse em cima dela.

Constrangido, começou a pedir desculpas há ela.

- Nossa, me desculpe, moça.

- Tudo bem...

Ela dizia toda nervosa e pegando guardanapos para limpar a sua blusa.

- Sinto muito. – ele falou e virou-se pedindo outro café para a moça, depois se dirigiu há ela. – Não tive a intenção... sinto muito mesmo.

Caroline teve que forçar um sorriso.

- Não se preocupe... – ela não iria discutir com o cara num lugar  que estava  cheio de pessoas observando a catástrofe que ele havia causado, foi aí que uma outra moça a chamou para acertar a sua conta.

Assim  que pagou viu que ele também pagava pela conta e forçou um sorriso ao vê-la passar ao seu lado. Engoliu em seco, toda envergonhada por ter que andar com a roupa suja e cheirando a café. Para a sua sorte que trocaria de roupa quando chegasse no serviço, mas na hora de ir embora seria obrigada a vestir aquilo de novo.

- Moça...

Caroline fingiu não escutar e apertou o passo. Estava triste por saber que estava suja, odiava andar daquele jeito pelas ruas e as pessoas olhavam para ela. Mas não durou muito, alguém agarrou o seu braço.

- Moça...

- Não precisava vir atrás de mim.

Seus olhares se encontraram. Não havia percebido antes, mas ele tinha olhos enigmáticos e um azul tão claro que pensou estar vendo o céu, a boca ampla perfeita que deve enlouquecer qualquer mulher e o cabelo castanho curto meio bagunçado. Sempre pensará que caras como ele deveriam se manter longe, afinal homens que ficavam incrivelmente de terno, boas pessoas não eram.

- Eu sinto muito... de verdade.

- Ok.

Toda sem graça por ver que estava começando a ficar nervosa, quando observou-o tirar a carteira e tirar uma nota.

- Peço desculpas e você pode ir comprar algo para tirar isso. Uma moça assim não pode andar na rua... assim.

- Não precisa se incomodar. Estou indo trabalhar...

- Mas não pode...

- Já disse que está tudo bem. – ela ia se virar para ir embora, quando viu que ele não iria deixá-la em paz. – Senhor...

- Olha compra algo para vestir ok. – ele pegou na mão dela e entregou a nota e se afastou.

Caroline se paralisou ao ver a atitude do cara. Quem fazia isso? Nunca na sua vida havia passado por esse momento constrangedor e para completar o idiota achou que ela fosse alguém sem importância e que não podia ter o que se vestir e lhe dar dinheiro.

Ohh dinheiro! Foi aí que se deu conta que segurava uma nota na mão. Olhou para o papel e paralisou novamente chocada ao ver que ele havia dado uma nota de cinquenta.

Uau! Dava para ela comprar umas duas blusas ou várias naquelas lojinhas simples ali em Londres. Mas não iria ficar com aquele dinheiro, não seria certo. Mas como que iria devolver se nem o conhecia, afinal Londres era uma cidade grande. Onde iria encontrar um cara daquele para falar que não era uma sem teto e que não precisava do dinheiro dele.

Caroline guardou o dinheiro e foi para o restaurante. Chegando lá os rapazes já olharam para ela e suas roupas. Explicou o que aconteceu e foi trocar de roupa, quando voltou fez tudo o que tinha que fazer antes que abrissem o local. Pelo menos naquele dia ela iria embora mais cedo.

Luke

...Capítulo 3...

Deu um suspiro ao ver que finalmente conseguiu chegar na empresa a tempo. Tinha uma reunião e precisava estar lá. Não tinha o costume de se atrasar e como havia ido em um jantar na noite anterior e bebido demais, acordara atrasado e resolverá passar numa lanchonete e comprar um café para mantê-lo acordado. Seu sócio deve estar furioso por ver que ele ainda não havia chegado, afinal sempre era ele que começava a falar na reunião.

Assim que entrou no elevador da empresa tomou mais um gole do café e ao chegar no andar que deveria estar há dez minutos, passou tão rápido pela recepcionista que acabou dando de encontro com a sua secretária.

- Bom dia, Sr. Montgomery.

- Bom dia, Lia.

Ela sorriu toda sem graça. Sua secretária era uma moça jovem e sempre que pensava que poderia ser mais uma que ele levaria para cama, seu grande amigo e sócio chamava a atenção dele que se fizesse a moça sair dali como as outras que acabou fazendo o mesmo.

- O Sr. Walter já chegou e está esperando o senhor.

- Obrigado. Tive um problema quando estava vindo para cá... – ele contou e mostrou a manga da camisa dele. – Preciso de uma camisa... dá um jeito de arrumar uma, por favor.

- Sim, senhor.

Luke sorriu e observou sua secretária se afastar antes de se virar e entrar na sala de reunião. Teve que dar um sorriso forçado e se desculpou antes de se sentar. Seu amigo já estava falando e pela cara não gostou muito de vê-lo chegar atrasado, tentou disfarçar as mangas de sua camisa através do terno, mas logo percebeu que a mulher que estava sentado a sua frente do outro lado estava olhando para ele e com certeza ela notou a mancha de café, sem contar o cheiro que estava impregnado na sua roupa.

Da próxima vez iria deixar roupas dentro do seu carro para caso acontecesse novamente aquela catástrofe na cafeteria. Quando o seu amigo e sócio terminou, foi a vez dele e constrangido levantou-se e terminou a reunião com suas palavras. Ele e seu amigo haviam construído aquela empresa quando terminaram a faculdade juntos, e era a única coisa que amava fazer para o resto da vida e esperava não ter que sair dali tão cedo.

Ambos tiveram quase a mesma vida, um pai que deixará de existir desde que descobrira coisas que só ele sabia da sua irmã mais nova e que ele apoiava para caramba, e sua mãe já era falecida a uns dois anos, cujo ser que não sabia fazer nada além de encher a cara. Entrará na faculdade com a ideia de mudar de vida e seguir em frente, e realmente conseguirá alcançar o sucesso junto com o seu melhor amigo que também não levará uma vida boa na infância com um pai e irmão idiota.

Em trinta e um anos, não tinha medo de encarar novos desafios. Vinha enfrentando a sua vida todo preconceito e para ser modesto nem ligava para os que estavam à sua volta. No entanto, agora teria que encarar aqueles caras que estavam a sua volta numa mesa e ouvindo ele falar sobre bolsa de valores.

Quando a reunião acabou, ele fez questão de ser o último sair da sala, mas não deu muito certo, seu amigo estava ali sentado olhando para ele.

- Muito bem... E aí, o que aconteceu?

Luke balançou a cabeça e disse.

- Fui comprar um café e tive um problema na cafeteria.

- Não foi só isso, certo. Saiu ontem à noite?

- Sim. Fui a um jantar com um amigo.

- Eu sou seu amigo.

Luke deu uma risadinha e se sentou na cadeira próxima do amigo.

- Não precisa ficar com ciúmes, se sabe que você mora no meu coração Wes.

Wesley pigarreou.

- Você não pode fazer esse tipo de coisa. Eu vou me casar e quero você me ajudando com os preparos.

- Achei que sua noiva estivesse fazendo isso.

- Você nem conhece ela.

- Mas vou conhecê-la... ainda.

Wesley assentiu.

- Vamos fazer um jantar só com os padrinhos do casamento amanhã e quero você lá.

- Uau! Um jantar no seu apartamento?

- Estou falando sério, Luke.

- Eu acredito em você. Do mesmo jeito que acreditei quando você me contou que estava noivo. – ele falou em deboche.

- Eu mudei. Não sou mais aquele cara que saia para se embriagar e dormir com mulheres que não queria saber nem o nome delas. – Wes falou levantando-se. – Conheci Susan e ela me fez ver coisas que você um dia também vai ver... se encontrar a mulher certa.

Luke sorriu.

- Sinto falta de você nas farras.

- Bem, estou aqui. Podemos marcar um dia e sair para beber.

- Sua noiva não vai achar ruim?

- Não. Eu vou me casar e não ser prisioneiro. – Wes disse. – Por que está cheirando a café?

Luke deu de ombros.

- Esbarrei numa moça na cafeteria. – fez careta ao lembrar da cena. – Coitada, ficou toda suja de café...

- Suas lentes de contato estão funcionando? – Wes debochou dele.

- Engraçadinho. Fiquei com pena de vê-la suja e fui atrás dela...

- Espera, você foi atrás dela e a convidou para sair.

Luke fez careta e negou.

- Não. Fui atrás dela, pedi desculpas e dei dinheiro há ela.

- Você deu dinheiro há ela?

- Sim, parecia ser uma pobre coitada. Vi que contava moedas para pagar o lanche que comeu lá na cafeteria... e pelo jeito estava indo trabalhar e fiquei com pena dela ter que ir toda suja de café.

- Quanto você deu a ela?

- Acho que dei uma nota de cinquenta libras. – contou e viu que o amigo ficou boquiaberto. – Fiquei com pena.

- Olha, preciso esbarrar em você para ganhar isso.

Luke deu uma risada sarcástica.

- Você acha que agi errado.

- Se você disse que era uma pobre coitada. Valeu a pena ter ganhado tudo isso. -Wes falou já indo até a porta. – Chega de papo e vamos trabalhar.

Luke concordou e foi atrás do amigo. Não foi bem assim que deveria ter contado sua desastrosa catástrofe mais cedo. Mas não mentiu sobre ter tido pena da moça, ela parecia estar preocupada com algo e não poderia julgá-la pelas roupas, pois nem sabia se ela era mesmo uma pessoa de classe inferior há ele. Afinal ele não foi toda vida uma pessoa rica, seus pais tinham uma vida boa por causa dos negócios dos seus avós, e até hoje seu pai mantinha os negócios a salvo. E por causa de tudo o que sua irmã havia feito, que ele era obrigado a carregar essa carga toda e era óbvio que não estava a fim de cuidar dos negócios do seu pai.

Estava indo para a sua sala quando sua secretária apareceu e lhe entregou uma camisa. Surpreso ao ver que ela havia sido rápida e agradeceu pegando a camisa e indo trocar no banheiro que havia na sua sala. Quando saiu ela continuava ali esperando que ele ordenasse alguma coisa ou sei lá.

- Obrigado, Lia.

- Precisa de mais alguma coisa, senhor?

- Não.

Observou-a sair da sala e mais uma vez a moça da cafeteria veio à sua cabeça. Lembrava dela claramente, rosto angelical, olhos expressivos e cor de mel, cabelos castanhos curtos, era magra de curvas perfeitas, presumiu por não estar tão bem vestida, e deveria ter um metro e meio, o que lhe custava muito já que era baixa e mesmo que usasse um salto não o alcançaria. Mas mesmo não sendo como as mulheres que costumavam sair, ela era bonita. Tinha algo nela que o fez ter pena dela e dado aquele dinheiro há ela, que só depois de contar ao seu amigo agora pensando bem não deveria ter feito, praticamente a chamou de zė ninguém.

Estava se sentindo péssimo agora por só pensar agora que havia feito uma idiotice naquela manhã. Se pudesse voltar atrás iria fazer diferente.

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