Pâmella(19 anos) depois agora ( 10 anos)
a irmã dela Isadora (23 anos) depois agora ( 14 anos
Eduardo (23 anos) depois agora (14 anos) Ele parece mais velho mas não é
história
Meu nome é Pâmella, e minha infância foi marcada por duas certezas: eu era motivo de piada, e minha irmã Isadora era o oposto de tudo que eu representava. Enquanto eu crescia gordinha, com bochechas rosadas e uma insegurança que parecia carregar o peso do mundo, Isa era a definição de perfeição. Loira de cabelos longos e sedosos, olhos azuis brilhantes, pele impecável. Ela era a rainha da escola, admirada por todos e desejada pelos meninos.
Eu tinha o mesmo cabelo loiro que ela, mas, ao contrário de Isa, ninguém achava que isso me fazia bonita. Na verdade, meu cabelo era mais um motivo para me zoarem. “Loira burra” era o que eu ouvia, entre risadas, quando não entendia algo na aula. E o apelido “Panela de Pressão” continuava ecoando, principalmente quando eu cometia o erro de tentar correr no pátio e acabava ofegante. Era como se tudo em mim fosse motivo para zombaria.
Mas Isa? Ah, ela nunca precisou correr atrás de nada. Todos corriam atrás dela. Ela era sempre o centro das atenções, com os meninos brigando para carregar os livros dela, enquanto eu carregava os meus sozinha. E o pior de tudo? Minha irmã sabia disso.
— Pâmella, você precisa parar de comer tanto, sabia? Não quer ficar como eu? — ela dizia, fingindo preocupação, mas com aquele tom de superioridade que me fazia querer desaparecer.
Isa não precisava ser cruel; bastava existir. Ela roubava olhares sem esforço, enquanto eu lutava para que as pessoas parassem de rir de mim por um minuto.
Uma vez, Eduardo, o garoto mais popular e rico da escola, foi até nossa casa. Ele era amigo do meu pai por causa de um projeto social que a empresa dele patrocinava. Isa, como sempre, estava impecável, e eu... Bem, estava com uma roupa velha e um rabo de cavalo malfeito. Ela abriu a porta e sorriu de um jeito que me fez querer me esconder no quarto.
— Oi, Eduardo. Veio ver a gente? — Isa perguntou, como se ele tivesse vindo exclusivamente para ela.
Eu fiquei em silêncio, escondida atrás da porta, observando. Eduardo sorriu, educado como sempre, mas seus olhos não pararam nela por muito tempo. Foi então que ele me viu.
— Pâmella, certo? Você estuda na mesma sala que minha irmã mais nova — ele disse, abrindo um sorriso gentil.
Eu corei. Isa olhou de relance para mim e depois deu um risinho baixo.
— Sim, ela estuda lá... É conhecida como a Panela de Pressão, sabe? — Isa soltou, casualmente. Eduardo franziu a testa.
— Isa, isso não é legal — ele disse, com um tom firme que me pegou de surpresa.
Isa deu de ombros, fingindo não ligar, mas eu percebi que aquilo a incomodou. Pela primeira vez, alguém tinha tomado minha defesa.
Naquele momento, Eduardo não era apenas o garoto mais rico ou o mais popular. Ele era o único que olhava para mim sem enxergar apenas os apelidos ou as piadas.
E assim, mesmo com Isa sempre brilhando como o sol ao meu lado, Eduardo começou a se tornar o motivo pelo qual eu acreditava que, talvez, eu não fosse apenas "a gordinha loira burra". Talvez, um dia, ele visse quem eu realmente era.
Depois daquele dia em que Eduardo defendeu-me da minha própria irmã, algo dentro de mim mudou. Não era como se, de repente, o mundo tivesse se tornado mais fácil ou que as piadas tivessem parado – longe disso. Mas, pela primeira vez, senti que alguém me enxergava de verdade.
Eu e Eduardo começamos a conversar mais na escola. Não era como se ele fizesse questão de estar comigo o tempo todo, mas sempre encontrava um jeito de me incluir. Ele me chamava para sentar com ele e seus amigos no intervalo, mesmo que eu preferisse ficar sozinha.
— Não sei por que você insiste em sentar nesse canto. A sombra é boa, mas a companhia é péssima, não acha? — ele disse uma vez, com um sorriso leve, enquanto estendia a mão para me ajudar a levantar.
Eu ri, meio sem graça.
— Talvez eu goste da paz daqui.
— Ou talvez você esteja se escondendo — ele rebateu. Aquilo me pegou de surpresa, mas ele continuou sem esperar resposta: — Vamos, a gente vai comer pizza hoje.
Não sei o que era pior: o fato de eu saber que Isa estava do outro lado do pátio, rodeada de pessoas, ou o fato de Eduardo estar me puxando para o grupo dele, como se fosse a coisa mais normal do mundo.
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Com o tempo, Eduardo virou quase um porto seguro para mim. Ele nunca me tratava como "a loira burra" ou "Panela de Pressão". Com ele, eu era só Pâmella.
— Você sabia que seu nome significa “doce como mel”? — ele disse um dia, enquanto estávamos na biblioteca, revisando um trabalho.
— Sério? — perguntei, surpresa.
— Sim. Combina com você.
Aquilo foi o suficiente para o meu coração dar um salto. Eu sabia que Eduardo só estava sendo gentil. Ele era assim com todo mundo, mas, comigo, parecia diferente. Ou talvez eu quisesse acreditar que era.
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Claro, nem tudo era perfeito. Isa, como sempre, fazia questão de me lembrar de quem realmente era a estrela.
— Não se iluda, Pâmella. Ele só sente pena de você — ela dizia, sempre que Eduardo aparecia em casa ou se aproximava de mim na escola. — Meninos como ele nunca ficam com garotas como você.
Doía ouvir isso, porque uma parte de mim acreditava que era verdade. Mas, mesmo assim, eu não conseguia evitar. Quanto mais tempo passávamos juntos, mais eu me pegava pensando nele. No jeito como ele ria de piadas bobas, no olhar sincero que ele dava quando alguém falava com ele, ou na forma como ele sempre me incluía, mesmo quando não precisava.
Eu sabia que Eduardo não me via da mesma forma. Para ele, eu era uma amiga. Talvez uma amiga especial, mas ainda assim, apenas uma amiga. Mesmo assim, cada momento com ele fazia meu coração acelerar um pouquinho mais.
E, pela primeira vez, eu comecei a me perguntar: será que algum dia ele poderia me ver de um jeito diferente?
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se vocês estão gostando, por favor me apoie para eu continuar trazendo mais Capítulo e eu aceito a opinião de vocês por favor é minha primeira vez fazendo uma obra então não vai ficar tão bom 😭 mas vou tentar
A manhã estava fria e nublada, como se o tempo refletisse o que eu sentia por dentro. Peguei minha mochila desgastada e fui para a escola com passos lentos. Aquele lugar nunca foi meu refúgio, muito menos minha segunda casa, como alguns professores gostavam de dizer. Era, na verdade, o palco do meu pesadelo diário.
Assim que entrei no pátio, ouvi os cochichos e as risadinhas. Não precisava olhar para saber que era sobre mim. Tentei ignorar, mantendo a cabeça baixa enquanto atravessava o corredor em direção à minha sala, mas foi impossível.
— Ei, Panela de Pressão, cuidado para não explodir hoje! — uma voz masculina ecoou atrás de mim.
Meus ombros encolheram automaticamente, mas continuei andando, fingindo que não ouvi.
— Talvez a gente devesse sair de perto, né? Se ela explodir, vai chover mortadela! — outra voz, feminina dessa vez, acrescentou.
As risadas foram mais altas, como se as piadas fossem o auge da criatividade.
Quando finalmente alcancei a porta da minha sala, respirei fundo antes de entrar. Mas lá dentro não era muito melhor. Mesmo que Eduardo não estivesse ali – afinal, ele era da sala da minha irmã, junto com os mais velhos – o bullying parecia me seguir. Os cochichos continuavam. As risadinhas. E sempre tinha alguém para “acidentalmente” deixar um bilhete na minha mesa ou fazer um comentário em voz alta.
“Loira burra.”
“Panela de Pressão.”
“Você devia pedir dicas para sua irmã. Pelo menos ela é bonita.”
Na hora do intervalo, decidi fugir do pátio. Sentei sozinha atrás do prédio da escola, onde havia uma árvore que ninguém parecia notar. Lá, pelo menos, eu podia fingir que o mundo não existia.
Mas, naquele dia, Eduardo decidiu aparecer.
— Pâmella? O que você está fazendo aqui?
Levantei os olhos rapidamente, surpresa por ele ter me encontrado. Ele segurava um sanduíche e uma garrafa de suco, como se estivesse pronto para um piquenique.
— Nada — respondi, encolhendo os ombros.
Ele se sentou ao meu lado sem pedir permissão.
— Não parece nada. Parece que você está fugindo — ele disse, me observando com atenção.
Olhei para ele, tentando disfarçar o nó na garganta. Eduardo era o tipo de pessoa que conseguia ler as pessoas facilmente, e isso me assustava.
— Estou bem — menti, olhando para o chão.
— Não está, não. — Ele deu uma mordida no sanduíche e ficou em silêncio por um momento, como se estivesse escolhendo as palavras certas. — Você não precisa fugir deles, sabia?
Eu ri sem humor.
— Fácil para você dizer. Ninguém te chama de “Panela de Pressão” ou ri de você o tempo todo.
Eduardo suspirou, colocando o sanduíche de lado.
— Não. Mas, sabe, quando eu era mais novo, meu pai dizia que as pessoas só riem dos outros porque têm medo de sem com eles. É como um escudo. Eles apontam para você para que ninguém olhe para eles.
— Isso não ajuda muito quando você é o alvo, Eduardo — murmurei, tentando segurar as lágrimas.
Ele se inclinou um pouco para me olhar nos olhos.
— Talvez não agora. Mas, Pâmella, escuta o que eu vou dizer: um dia, nada disso vai importar. Você vai descobrir que é muito mais forte do que eles. E eles? Bom, eles vão continuar sendo pequenos.
As palavras dele eram bonitas, mas naquele momento pareciam distantes. Mesmo assim, algo dentro de mim queria acreditar. Eduardo tinha esse jeito de fazer as coisas parecerem um pouco menos terríveis, mesmo que por apenas alguns minutos.
— Agora vem, você não vai ficar escondida aqui o intervalo inteiro. — Ele se levantou e estendeu a mão para mim.
— Prefiro ficar aqui — retruquei, mas ele balançou a cabeça.
— Não vou deixar. Vamos.
Com relutância, segurei a mão dele e o segui de volta para o pátio. As risadinhas e os cochichos ainda estavam lá, mas, com Eduardo ao meu lado, elas pareciam um pouco mais distantes.
Naquele dia, percebi que, mesmo que ele não pudesse entender completamente o que eu passava, Eduardo sempre estava lá. E, mesmo que eu soubesse que ele ainda não me via como nada além de uma amiga, não conseguia evitar sentir algo mais por ele. Afinal, ele era a única pessoa que me fazia acreditar que, talvez, eu fosse mais do que os apelidos que me deram.
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