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Amor Sombrio.

Capítulo 1: A Floricultura

O cheiro de terra úmida e flores recém-cortadas era a melodia que embalava a vida de Reliana. A floricultura da avó, um pequeno paraíso florido no meio da cidade cinzenta, era seu refúgio. As mãos calejadas, mas ágeis, se moviam com precisão, arranjando pétalas e folhas com a mesma delicadeza que um pintor usa com as cores. Era ali, entre as rosas perfumadas, os lírios alvos e os girassóis radiantes, que Reliana encontrava paz.

A vida de Reliana não era fácil. A perda dos pais em um trágico acidente de ônibus, quando ela ainda era menina, havia deixado uma cicatriz profunda em seu coração. A avó, com a sua força e a sua sabedoria, havia acolhido Reliana e sua irmã, criando-as com amor e dedicação. As flores, que sempre encheram a casa, eram a lembrança viva do carinho da mãe e o conforto que mantinha Reliana e sua irmã unidas.

A floricultura era mais do que um negócio para a avó. Era um legado de amor e esperança, transmitido de geração em geração. A avó, com seus olhos azuis e um sorriso que iluminava o rosto enrugado, ensinava Reliana a arte de cuidar das flores, a escolher os melhores vasos, a criar arranjos que espalhavam beleza e alegria. Reliana aprendeu os segredos da natureza, os nomes das flores, as cores que combinavam, o perfume que cada uma exalava.

Apesar da tristeza que carregava no peito, Reliana era uma jovem alegre e sorridente. A beleza das flores e o amor que recebia da avó e da irmã a mantiam viva. Ela sonhava em ter a sua própria floricultura, um lugar para espalhar beleza e levar felicidade aos outros, assim como a avó sempre fez.

A tarde ia se esvaindo quando Reliana fechou a porta da floricultura, colocando a placa de "Fechado" na porta de vidro. A luz dourada do sol se derramava sobre as flores, criando um efeito mágico. Reliana sorriu, observando o brilho que as pétalas refletiam.

Nesse momento, um carro preto, elegante e imponente, parou em frente à floricultura. Um homem alto, com o rosto marcado por linhas de expressão, desceu do carro e se aproximou da porta de vidro, olhando para ela com intensidade.

Reliana sentiu um frio na barriga. Ele não parecia ser um cliente comum. Seus olhos escuros, quase pretos, transmitiam uma aura de mistério e poder que a deixou inquieta. Ela esperava que ele apenas olhasse para as flores e fosse embora, mas ele se aproximou, sem tirar os olhos dela.

— Boa tarde. — A voz dele era grave e rouca, como um sussurro que a fez arrepiar.

Reliana, com um sorriso nervoso, respondeu:

— Boa tarde. Posso ajudar em algo?

Os olhos do homem se fixaram em seu rosto, e ela sentiu que estava sendo analisada. O que ele buscava? O que ele queria dela?

Ele deu um passo à frente, aproximando-se do vidro, e a sua respiração quase podia ser sentida. Reliana segurou o fôlego, tentando entender a razão por trás daquele olhar intenso. Ele parecia hipnotizado por sua presença, e isso a assustava.

— Flores. — Ele disse, a voz ainda mais grave, como se estivesse a um passo de desvendar um segredo.

Reliana sentiu que aquela tarde não seria como as outras. Ela não sabia o que esperar do homem misterioso que estava diante dela, mas sentia que a sua vida estava prestes a mudar para sempre.

Capítulo 2: A Flor de Jade

Reliana sentiu um arrepio percorrer sua espinha enquanto o homem misterioso encarava a floricultura. Seus olhos, escondidos sob a sombra de um chapéu, pareciam ler seus pensamentos. Ela tentou se lembrar de algum cliente que tivesse esse ar ameaçador, mas nenhum nome vinha à mente.

A curiosidade e o medo disputavam espaço em seu coração. Ele parecia diferente de qualquer outro cliente que já tinha visto na floricultura. Seus ombros largos, a postura firme e os dedos que brincavam com o botão de metal de seu casaco transmitiam uma aura de poder e perigo que a deixava inquieta.

— Flores? -— Repetiu Reliana, tentando esconder o nervosismo em sua voz.

O homem, sem tirar os olhos dela, abriu um sorriso breve e enigmático.

— Sim. Para uma ocasião especial.

— Senhor, a loja está fecha...

Ele entrou na floricultura, e Reliana se viu congelada, observando seus passos firmes e silenciosos. O cheiro de cigarro caro e um perfume masculino intenso invadiu o ambiente, misturando-se com o aroma de flores.

— Poderia me mostrar algo especial? — Ele perguntou, com uma voz rouca que a deixou encantada.

Reliana se recuperou do transe e se aproximou do homem, mostrando os arranjos mais vistosos e luxuosos da floricultura. Ele observava tudo com indiferença, como se nada chamasse a sua atenção.

-— Há algo mais simples? — Ele perguntou, enquanto observava uma pequena flor de jade na vitrine.

Ela apenas deixou a ideia de dizer que a loja está fechada e resolveu atender o homem misterioso. —Essa é a minha favorita. - Disse Reliana, aproximando-se da vitrine. — Ela representa a esperança e a paz.

O homem sorriu levemente, observando a flor com atenção.

- Então será essa.

Reliana pegou a flor de jade e envolveu-a em um papel de seda branco. Ela olhou para o homem de novo, tentando desvendar o mistério por trás de seus olhos escuros.

— Tem certeza que não deseja algo mais? — Perguntou, com um tom inseguro.

O homem negou com a cabeça.

— A simplicidade é a chave para a verdadeira beleza.

Ele retirou a carteira e pagou pela flor, sem olhar para o dinheiro. Reliana sentiu um frio na espinha ao observar as cédulas grossas e novas que ele usava.

— Obrigado. — Ele disse, sem olhar para ela.

Reliana assentiu e ele saiu da floricultura, deixando um cheiro de cigarro e perfume que persistiu por alguns minutos. Ela ficou olhando para a porta de vidro, observando o carro preto desaparecer na rua.

O que era aquilo? Por que ele tinha escolhido justamente a flor de jade? Era um presente para alguém? Ou era apenas uma forma de se aproximar dela?

Reliana tinha muitas dúvidas e sentimentos confusos. A presença do homem misterioso a havia deixado assustada, mas também a havia intrigado. Ela não sabia o que o futuro lhe reservava, ...mas sentia que a sua vida estava prestes a mudar para sempre. A flor de jade, símbolo de esperança e paz, parecia ter trazido um novo sentido para a sua vida. E ela não sabia se deveria se alegrar ou se temer o que estava por vir.

Capítulo 3: O Retorno do Mistério

O dia seguinte amanheceu cinzento e chuvoso, como se o céu refletisse a inquietude que tomava conta do coração de Reliana. A imagem do homem misterioso não a deixava em paz. Seus olhos escuros, o sorriso enigmático, a voz grave e o perfume intenso a perseguiam como uma melodia obscura que ecoava em sua mente.

Ela tentou se concentrar no trabalho, cuidando das flores, mas era impossível ignorar a sensação de que algo inesperado estava para acontecer. A flor de jade, que ela tinha enrolado com cuidado em papel de seda branco, se destacou na prateleira, uma lembrança tangível do encontro inesquecível.

No final da tarde, quando o sol começava a desaparecer por trás dos edifícios cinzentos, a porta da floricultura se abriu com um estalo. Reliana ergueu os olhos e congelou ao ver o homem misterioso entrando novamente no local.

— Boa tarde. — Ele disse, com o mesmo sorriso enigmático.

Reliana conseguiu apenas assentir, sem palavras para descrever a mistura de medo e fascínio que o homem despertava em seu interior. Ela o observava enquanto ele se aproximava da vitrine, onde um arranjo de rosas vermelhas chamava a atenção.

— Essas flores são lindas. — Ele disse, sem tirar os olhos das rosas.

Reliana concordou, tentando desvendar o que estava por trás de sua observação. Ele era um amante de flores? Ou era apenas um colecionador de belezas efêmeras?

— Você tem uma floricultura muito charmosa. — Ele disse, enquanto observava os arranjos de lírios, tulipas e girassóis que decoram o local.

Reliana sorriu sem convicção. Ela achava a sua floricultura simples, sem nada de extraordinário. Mas as palavras dele a fizeram sentir um calor inesperado em seu peito.

— Obrigada. — Respondeu, tentando recuperar o foco. — O que deseja? — O olha, enquanto ele observava as flores com atenção.

O homem se virou para ela, seus olhos escuros brilhando com uma luz misteriosa. Era algo indescritível, era como se esses olhos escuros fossem despedaçar a sua carne em pedaços. Reliana sente calafrios, mas ao mesmo tempo uma leve atração por esse homem, que ver pelo segunda vez.

— Gostaria de comprar umas flores para uma pessoa muito especial. — Ele disse, com um tom de voz que transmitia um desejo profundo.

Reliana sentiu um frio na espinha. O tom da sua voz era diferente, mais grave, mais intenso. Ela percebeu que ele estava tentando se aproximar dela, e não sabia se deveria se alegrar ou se temer essa proximidade.

- Desculpe a minha falta de educação, mas poderia dizer para quem são essas flores? Perguntou, calmamente e o homem a olhar profundamente. — É apenas para me indicar algumas flores do seu agrado.

O homem sorriu, um sorriso que iluminou seu rosto por um instante.

Reliana realmente queria ajudar ele a encontrar algo especial, mas algo lhe diz que esse homem não iria entregar essas rosas a alguém, apenas pelo fato dele agir estranho, como se estivesse observando tudo como um simples passa tempo. Ele olhava e olhava, como se estivesse descoberto algo, porém Reliana tentar afastar esses pensamentos absurdo, até por que ele é apenas um cliente qualquer.

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