Meu nome é Emma Bailey, tenho 23 anos, moro na cidade de Brookfield Wisconsin, é uma cidade pequena e maravilhosa de se morar, cercada por árvores e verde por todos os lados, eu amo morar aqui, quando eu era mais nova sonhava em me casar e ver meus filhos crescendo aqui, mas isso era o sonho da Emma criança, o sonho da Emma adulta é completar o último ano de faculdade de Direito, e me formar com honras, sair da casa do meu pai e ter um lugar só meu, eu sei que sou nova demais pra quase me formar na faculdade mas eu sempre me destaquei na escola, sempre fui muito inteligente, geralmente a idade para se entrar na faculdade é aos 17 anos, mas assim que mamãe morreu eu me enfiei nos livros, eu queria preencher meu vazio, um dia pedi uma professora me levar a faculdade, pois queria fazer uma prova para entrar na faculdade, acho que por pena, ela me levou, todos sabiam que eu tinha acabado de perder minha mãe, ganhei uma bolsa de estudos 100% em Direito fiz meus dois últimos anos de ensino médio e os dois primeiros ano de faculdade juntos, como todos gostam de me chamar uma pequena gênia.

Minha vida mudou completamente quando eu tinha 15 anos e a Emma sonhadora deu lugar a Emma adulta, minha mãe Olivia Bailey teve câncer de mama, quando eu tinha 14 anos, e já estava em estágio muito avançado não teve muito o que ser feito, o último ano dela foi muito difícil, mamãe tinha 33 anos quando faleceu, ela e meu pai se conheceram no ensino médio e nunca mais se separaram, mamãe era professora.

Meu pai Adam Bailey, nunca se recuperou, e de lá pra cá eu virei a adulta, eu cuido da casa, lavo, passo,cozinho, e limpo a casa.

Meu pai sempre foi um homem maravilhoso, minha infância foi maravilhosa, meus pais se amavam e me criaram cercada por esse amor, até mamãe falecer, de lá pra cá ele virou um homem que eu não conheço mais, e ele passou a beber todos os dias, bebia até cair, no começo era só quando ele parava do serviço, depois começou a sair do serviço mais cedo, e agora é o dia todo com a garrafa na mão, o problema é que há 1 ano atrás ele perdeu o emprego, ele trabalhou a vida toda no mesmo emprego, ele era carpinteiro, começou a gastar todas as economias que ele e mamãe juntou, Perguntei a ele o que ele faria depois que as economias acabasse pois eu não iria sustentar seu vício,ele me respondeu que pretende morrer antes do dinheiro acabar, vovó antes de morrer um ano antes de mamãe, deixou duas propriedades pra mim, quando tinha 18 anos recebi uma proposta de uma empresa pra vender as propriedades, eles queriam derrubar e fazer um prédio de luxo no lugar, eu vendi e recebi um bom dinheiro e investi tudo, eu nunca tinha pensado em sair de casa e o abandonar, mais depois desse dia percebi que eu tô sozinha desde meus 15 anos, que ele ficou tão egoísta sentido sua dor que esqueceu que tinha uma filha que ainda dependia dele, quando fiz 18 anos eu passei a tomar conta de todas as despesas da casa, eu pago as contas, compro a comida, eu trabalho como estagiária em uma empresa de advocacia, nosso vizinho o Senhor Benjamin Jhones, é um advogado muito famoso, quando fiz 18 anos, eu o procurei e disse que meu sonho era ser uma grande advogada como ele, e que precisava de um emprego ele me contratou na mesma hora, nós somos vizinhos a minha vida toda, e todos aqui na rua sabe que meu pai virou um alcoólatra que esqueceu a própria filha, acho que ele ficou com dó de mim, mas quando comecei a trabalhar lá só como a garota do café, eles não imaginavam que eu era uma garota inteligente e determinada, e logo ele me contratou como sua secretária, no começo eu só fazia o básico, atendia o telefone, anotava recados, leva café, hoje eu sou estagiária, Analiso casos e provas em processos, e o ajudo em alguns casos, ele me disse que assim que me formar e tirar minha carteira da OAB, meu emprego tá garantido, que vou ser uma grande advogada e que faz questão de me ter em seu Time.

Ontem estava saindo da empresa, tinha que passar no supermercado pois em casa não tinha nada, minha vida anda tão corrida, últimas provas da faculdade e tô estudando pra prova da OAB, eu durmo poucas horas pra conseguir dar conta de tudo, quando estava fazendo compras recebi uma ligação da delegacia, era o senhor Daniel policial e um dos nossos vizinhos, me ligou pra dizer que papai tinha sido preso por dirigir embriagado, eu teria que ir até lá pagar a fiança e assinar a soltura, na mesma hora pensei em largar tudo e correr pra lá, mas não fiz isso, disse a ele que estava em uma reunião fora da cidade e na manhã seguinte eu iria lá, pensei que assim as vezes ele passando a noite na delegacia tomava jeito.

Estou a caminho da delegacia, pois preciso resolver a situação do meu pai, hoje tem uma reunião na empresa.

Senhor Benjamim vai se aposentar e seu filho Oliver Jhones vai assumir seu lugar, eu era muito nova quando ele foi fazer faculdade fora eu não tenho muitas recordações dele, Oliver tem 30 anos, mas depois da faculdade, ele começou a trabalhar em um escritório em Nova York, e agora vai voltar pra assumir a empresa do pai.

Estaciono meu carro e entro na delegacia.

Bom dia, sou Emma Bailey, vim pagar a fiança de Adam Bailey.

Bom dia senhorita, só um minuto.

O policial saiu e depois voltou com os papéis pra eu assinar, assinei tudo e paguei a fiança.

O carro foi apreendido, está no pátio, vou te dar a autorização pra liberar, tem que pagar, mas lá eles te passam tudo.

Muito obrigado policial.

Por nada, vou buscar seu pai.

Meu pai chegou, e como ele estava sem carro tive que levá-lo pra casa ele não disse uma palavra desde então, e eu também não disse nada, eu tava cansada demais dessa situação.

Chegando em casa, abri a porta pra ele pois suas chaves ficaram no carro, assim que abro a porta pra ele entrar ele me dá um tapa na cara.

Sua menina ingrata, é assim que você retribui tudo que fiz por você, me deixando passar a noite na delegacia como se fosse um bandido, eu quero você fora da minha casa, não quero mais te ver aqui.

Eu levei a mão no rosto em choque, lágrimas desciam do meu rosto, ele nunca tinha levantado a mão pra mim, nunca tinha falado comigo daquele jeito, eu não tive reação é como se eu estivesse vendo de fora tudo que estava acontecendo, ele simplesmente virou as costas e foi direto pra cozinha pegar sua garrafa de whisky.

Voltei pro carro e chorei, chorei pois eu não tinha nada o que fazer a não ser chorar, em todos esses anos eu era invisível pra ele, ele mal falava comigo,eu cuidava da casa, deixava a comida dele pronta na geladeira, deixava suas roupas limpas, comprava seus produtos de higiene, ele nunca me tratou mal, mas também nunca demonstrou nada, e agora ele simplesmente me bateu.

Meu telefone toca e lembro que preciso trabalhar, abro minha bolsa, pego um lenço demaquilante, limpo os olhos, refaço a maquiagem e vou trabalhar, mas tarde, resolvo o que fazer, preciso me mudar.

Hoje Senhor Benjamim vai apresentar seu filho e novo chefe pra todos e em todos esses anos é a primeira vez que me atraso.

Meu telefone toca de novo e resolvo atender.

Pronto.

Emma,a reunião vai começar, você resolveu se atrasar no primeiro dia do novo chefe, por mais que você seja a preferida do Senhor Jhones, o filho dele pode não ser tão bonzinho.

Bom dia Amélia, já estou chegando, tive um imprevisto.

Aconteceu alguma coisa? Você nunca chegou atrasada, fiquei preocupada.

Não, tá tudo bem, hoje à noite conversamos.

Tá certo, não demora.

Logo cheguei na empresa, olhei meu reflexo no espelho retrovisor e levei um choque, a mão do meu pai estava desenhada no meu rosto, passei mais um pouco de maquiagem mas minha pele é muito clara e a maquiagem não está ajudando, se fosse qualquer outro dia ligaria pro senhor Jhones e dava uma desculpa, mas hoje não posso fazer isso, respirei fundo e sai do carro.

Bom dia senhorita Emma, minha espinha gelou, era o senhor Jhones, respirei fundo e me virei pra comprimentalo.

Bom dia senhor Jhones, disse com um sorriso no rosto, eu gostava muito dele, pela sua expressão ele reparou na marca do meu rosto, respirei fundo e continuei, desculpe pelo atraso, tive um imprevisto em casa.

Ele sorriu pra mim e só então reparei no homem ao seu lado, era o filho dele, eles se pareciam muito, corpo alto e forte, olhos azuis, pele clara e cabelos castanhos, ele era muito bonito e ponto eu não sou essas meninas que ficam suspirando por aí depois de ver um homem bonito.

Esse é meu filho Oliver.

Muito prazer senhor Oliver, vai ser um prazer trabalhar com o senhor.

Muito prazer Emma, meu pai não para de falar de você a pequena gênia dele.

Acabei rindo, senhor Benjamim sempre me chamou assim.

Bom vamos entrar que estamos atrasados.

Bom dia a todos, como todos vocês já sabem, vou me aposentar, e gostaria de apresentar meu filho Oliver Jhones, ele vai assumir a empresa apartir de agora, gostaria de agradecer a cada um de vocês que estão aqui hoje e fazem parte da empresa, tem pessoas aqui estão aqui há tantos anos e também há aqueles que chegaram a pouco, meu muito obrigado a cada um de vocês, espero que continuem exercendo a profissão com tanta determinação como sempre fizeram.

Bom dia a todos, como vocês já sabem sou Oliver, assumir a empresa do meu pai pra mim é uma honra, e sei que se estão aqui nessa empresa é porque merecem estar, meu pai sempre escolheu seu time a dedo, espero conseguir fazer e realizar um terço de tudo que meu pai realizou durante todos esses anos, e ser um chefe tão bom quanto ele, obrigado a todos, por estarem aqui, não quero mais tomar o tempo de vocês.

Todos aplaudiram.

Emma, podemos conversar um pouco?

Claro Doutor Benjamim, eu o acompanho até a sua sala.

Minha pequena gênia, você sabe que considero você como filha, e gosto muito de você, nunca me intrometi na sua vida, e não farei isso agora, mas eu queria saber se isso no seu rosto, é a primeira vez ou já vem acontecendo a muito tempo?

Eu soltei uma lufada de ar e me sentei, Doutor Benjamim e eu sempre conversamos, ele sempre me aconselhou e me ajudou quando precisei, ele é muito importante pra mim, mas não sei se quero falar sobre isso, ele segura minhas mãos para me confortar, quando não falo nada ele continua.

Achei que tinha me dito que ia sair de casa, que ia procurar um apartamento, mas agora você me chega aqui com uma marca visível em seu rosto, pequena gênia, você não precisa passar por isso, eu sei que é difícil pra você que ele é seu pai, mas tá na hora de você começar a cuidar de você e seguir sua vida.

Eu começo a chorar, por que ele tá certo, eu virei a mãe do meu pai com apenas 15 anos, eu nunca fui a uma festa, nunca tive um namorado, nunca beijei na boca e nunca fiz sexo, no começo eu não queria dar trabalho pro meu pai, depois eu tive que assumir a responsabilidade da casa, aí veio o trabalho, eu não vive a minha vida, eu tinha esperança de que ele voltasse a ser o pai que era antes de mamãe morrer, mas depois de hoje eu sei que meu pai morreu junto com a minha mãe, conto pra ele o que aconteceu, falo da prisão, do tapa e que ele me expulsou de casa.

Eu tenho um amigo corretor, vou ligar pra ele e pedir pra achar um lugar pra você morar, eu sinto muito minha querida, mas você não pode mais viver assim, eu sei que ele é o seu pai, mas você precisa dar um basta nisso.

Na verdade eu comprei um apartamento a um tempo, o dinheiro que o senhor me ajudou a aplicar me deu um bom retorno, consegui comprar um apartamento em um bom lugar, eu só não mudei antes porque não queria abandonar ele, por mas difícil que seja ele ainda é meu pai, falo chorando.

Eu sinto muito, mas vou viajar mais tranquilo em saber que você não está mais naquela casa, quando vi você com essa marca no rosto meu coração doeu em pensar no que tinha acontecido.

Obrigado Doutor Benjamim, o senhor tem razão, eu preciso sair daquela casa, eu só preciso buscar minhas coisas, o apartamento já tá todo mobiliado, acho que essa batalha eu já perdi.

Ele levanta me braça e manda eu tirar o dia de folga.

Agradeço e saiu da sua sala, passo na minha mesa pra pegar minhas coisas e ir embora.

Emma, você vai me contar o que tá acontecendo, Amélia me pergunta.

Hoje não amiga, mas amanhã, amanhã te conto tudo, vou tirar o dia de folga e amanhã a gente conversa.

Ela me dá um abraço e vou embora.

É hora de seguir a minha vida.