Enzo Moretti era conhecido por ser o homem mais poderoso e perigoso da cidade. Com apenas 35 anos, tinha construído um império criminoso que poucos ousavam desafiar. Dono de um charme avassalador, era desejado por todas as mulheres e admirado por todos os homens ao seu redor. Ele era um homem que vivia pelas aparências: terno impecável, carro de luxo e uma preferência clara por mulheres que seguiam o padrão de beleza.
Enzo sempre dizia a seus amigos mais próximos, com um ar de superioridade:
— Nunca me virão com uma mulher fora do meu padrão. Não gosto de vulgaridade ou descuido.
Era uma regra que ele nunca quebrava. Até aquele dia.
Naquela manhã cinzenta, a chuva caía fina sobre a cidade, e Enzo, impaciente, decidiu entrar em uma cafeteria qualquer enquanto esperava seu motorista resolver um problema com o carro. Não era um lugar que ele frequentaria normalmente, mas precisava de um café para acalmar os nervos.
Ao entrar, o som do sino na porta chamou a atenção de todos, mas foi Lívia quem mais sentiu o impacto.
Ela estava atrás do balcão, como de costume, arrumando os pedidos. Sua vida não tinha glamour nenhum. Aos 19 anos, era órfã, pobre e solitária. Trabalhava naquela cafeteria mal paga para sobreviver, enquanto lidava com os olhares de desdém dos colegas e os comentários cruéis dos clientes.
Lívia era gorda e sabia disso. Não era algo que precisava ser lembrado, mas as pessoas faziam questão de apontar. Seus cabelos loiros estavam sempre presos de qualquer jeito, e suas roupas largas escondiam o corpo que ela tanto odiava.
Quando Enzo entrou, ela sentiu o ar na cafeteria mudar. O homem era como um furacão: alto, imponente, com olhos azuis que pareciam atravessar a alma. Ele se aproximou do balcão com passos firmes, e Lívia, nervosa, quase deixou cair o bloquinho onde anotava os pedidos.
— Um café preto, sem açúcar — disse ele, sem sequer olhar diretamente para ela.
Ela começou a preparar o pedido, tentando não tremer. O olhar dele vagava pelo ambiente, mas algo chamou sua atenção: a menina atrás do balcão.
De início, Enzo não entendeu por que seus olhos insistiam em voltar para ela. Não fazia sentido. Ela não era o tipo de mulher que ele normalmente notaria. Os cabelos estavam desalinhados, o uniforme parecia grande demais para o corpo dela, e ela parecia fazer de tudo para não ser percebida. Mesmo assim, havia algo nela que o incomodava, algo que ele não conseguia ignorar.
Quando ela entregou o café, ele a olhou por um momento mais longo do que o necessário. Seus olhos se encontraram, e Lívia abaixou o olhar imediatamente, com vergonha de si mesma.
Ele pegou o café, agradeceu com um leve aceno e saiu sem dizer mais nada.
Os Pensamentos de Enzo
Enquanto caminhava para o carro, Enzo sentiu uma inquietação que não entendia. Por que aquela garota ficara na sua mente? Ela não tinha nada do que ele normalmente achava atraente. Era exatamente o oposto.
— Não seja idiota, Enzo — murmurou para si mesmo, enquanto entrava no carro. — Ela é só uma garota qualquer.
Mas, por mais que tentasse, não conseguia esquecer o olhar dela. Havia algo naquela tristeza silenciosa que o atingira de um jeito que nenhuma mulher havia feito antes.
O Bullying e o Orgulho Ferido
Dentro da cafeteria, Lívia tentava ignorar os cochichos dos colegas.
— Você viu como ele olhou para ela? — disse uma das meninas, rindo. — Aposto que foi de pena.
— Com certeza. Não é como se alguém como ele fosse notar... isso — disse outro, apontando para ela de forma disfarçada.
Lívia ouviu tudo, mas não disse nada. Estava acostumada. Era sempre assim.
O Retorno Inesperado
Na semana seguinte, para sua surpresa, Enzo voltou à cafeteria. Ele entrou com a mesma presença arrebatadora, mas dessa vez seus olhos foram diretamente para Lívia.
— Outro café preto — disse ele, e desta vez ficou observando enquanto ela preparava.
— A-aqui está — disse ela, tentando não encará-lo.
Ele pegou o café, mas antes de sair, falou algo que a deixou perplexa:
— Você não deveria se esconder tanto.
Ela o encarou, confusa, mas ele já estava saindo pela porta.
Lutando Contra os Sentimentos
Nos dias que se seguiram, Enzo não conseguia tirar Lívia da cabeça. Aquela frase que ele disse fora espontânea, mas era verdade. Ele sentia que ela escondia algo, uma luz que nem ela mesma parecia enxergar.
Ao mesmo tempo, ele lutava contra isso.
— É absurdo — dizia para si mesmo. — Ela não é para mim.
Mas, por mais que repetisse isso, o coração dele dizia outra coisa.
Oii, essa é minha primeira obra, espero que vocês gostem😍🥰
Enzo passava os dias entre reuniões e negócios, mas algo estava sempre em sua mente, desconfortável como uma pedra no sapato. Era a imagem de Lívia, com seus olhos castanhos cheios de tristeza, seu corpo arredondado que ela tentava esconder, e aquele sorriso tímido que parecia gritar por ajuda. Ela não era sua típica mulher. Era tudo o que ele sempre evitou.
Aquele pensamento o atormentava à noite. Ele tentava se distrair com a agitação do seu mundo, com os negócios ilícitos e com as mulheres que faziam fila à sua porta, mas nada parecia afastar aquela sensação. Quando seus olhos se fixavam nela, uma parte dele queria protegê-la, algo que ele nunca sentira por qualquer outra mulher. Era confuso e, para Enzo, perigoso.
“Ela não é para mim”, repetia consigo mesmo todas as vezes que a imagem de Lívia invadia sua mente. “Eu não sou o tipo de homem para ela.”
Mas, no fundo, ele sabia que essa lógica não era tão simples quanto desejava.
Lívia e o Medo do Rejeição
Lívia, por outro lado, não sabia como lidar com o olhar de Enzo. A cada vez que ele entrava na cafeteria, seu coração acelerava. Ele não fazia ideia do impacto que causava nela. Para uma jovem que sempre se sentiu invisível, o simples fato de ser notada por um homem como ele era algo que a fazia se perguntar se estava sonhando. Mas ela também sabia que ele era o tipo de homem que não olhava para mulheres como ela.
Ela se perguntava se ele sentia pena de ela ser tão desajeitada, tão… diferente das mulheres que ele costumava se relacionar. Pensava que talvez ele estivesse apenas sendo gentil, ou pior, se divertindo com ela de algum jeito.
Quando ele a olhou pela primeira vez, seu coração quase parou. Mas, logo em seguida, a vergonha tomou conta dela. Quem ela pensava que era para merecer um olhar de um homem como Enzo Moretti?
Ela sabia o que os outros falavam sobre ela: que ela não era bonita o suficiente para chamar a atenção de um homem tão imponente, tão perfeito. E, embora quisesse acreditar que não importava, no fundo, a solidão apertava seu peito todos os dias.
O Encontro Quebra-Gelos
Naquela tarde, enquanto Lívia limpava uma mesa perto da janela, ela percebeu Enzo entrando novamente na cafeteria. O som do sino parecia mais alto naquele momento, e ela sentiu seu estômago se revirar. Ele não parecia tão tranquilo quanto da última vez. Seus olhos estavam mais fechados, como se algo o incomodasse.
Ele se aproximou do balcão e, para a surpresa de Lívia, não pediu seu café habitual. Em vez disso, ele olhou para ela por um longo momento, o que fez seu rosto ficar ainda mais quente.
— Como vai você? — perguntou ele, com um tom de voz mais suave que o normal.
Lívia hesitou. Aquelas palavras simples lhe causaram uma sensação de desconforto e ao mesmo tempo um inexplicável alívio.
— Eu… eu estou bem, obrigado — respondeu ela, tentando parecer calma, mas sua voz traía a ansiedade que ela sentia por dentro.
Enzo ficou em silêncio por um momento, observando-a. A distância entre eles parecia crescer, mas ao mesmo tempo, ele sentia uma curiosidade que o impulsionava a querer saber mais sobre aquela garota.
— Sabe… eu… Não costumo vir aqui com frequência, mas algo me fez voltar. — Ele sorriu de leve, e, por um momento, Lívia sentiu seu coração disparar novamente.
Ela não sabia o que responder a isso. O que ele queria dizer? Por que ele estava ali, falando com ela de maneira tão… pessoal?
Enzo percebeu que estava criando uma situação desconfortável e decidiu mudar o rumo da conversa.
— Quero dizer… o café daqui é boa. E o seu atendimento é excelente.
Lívia olhou para ele, ainda um pouco desconcertada, e agradeceu com um sorriso tímido. Não sabia o que ele estava tentando dizer, mas a gentileza em sua voz a deixou mais tranquila. Era como se ele quisesse provar algo — ou talvez estivesse tentando lutar contra algo em si mesmo.
Mas o que?
— Acho que vou continuar passando por aqui. — Ele fez uma pausa e, com um olhar mais sério, acrescentou: — Você parece ser uma boa pessoa.
Lívia ficou sem palavras. Aquelas palavras… Aquela frase simples era mais do que ela jamais esperara ouvir. Mas ao mesmo tempo, algo a impedia de acreditar que aquilo fosse real. Ele, alguém tão distante de seu mundo, tinha dito aquilo?
— E-eu não sou… Não sou tão boa assim — murmurou ela, com um sorriso triste.
Enzo a observou com atenção. Algo em sua postura, em seu olhar, fez com que ele quisesse dizer algo mais, algo que quebrasse as barreiras entre eles, mas ele hesitou. Ele estava lutando com algo que não compreendia totalmente, e isso o fazia ainda mais confuso.
— Não se subestime, Lívia.
Era isso. Um simples elogio. Mas para Lívia, parecia mais do que isso. Era como se, naquele momento, ela tivesse sido vista, finalmente.
E para Enzo, algo estava mudando, embora ele não soubesse exatamente o que era. Ele sentia uma atração inexplicável, mas também um desconforto. Ele tinha suas regras, suas crenças sobre o que merecia. E ela, com todos os seus defeitos e inseguranças, estava começando a quebrar cada uma dessas regras sem sequer tentar.
- Fim do Capítulo 2.
Nos dias seguintes, Enzo não conseguia se livrar da imagem de Lívia. Ele tentava se concentrar no trabalho, mas sua mente sempre o levava de volta àquela cafeteria, ao olhar hesitante dela, à maneira como ela se retraía diante dele. Algo estava acontecendo, mas ele não sabia explicar o que era. Ele sempre foi direto em tudo o que fazia: se queria algo, ia lá e pegava. Mas com Lívia, ele sentia uma espécie de resistência em si mesmo, como se algo o impedisse de tomar a ação que seu ego normalmente tomaria.
Era frustrante. Ele não era um homem que tinha medo de nada. Mas, com ela, sentia-se vulnerável de um jeito estranho. O que ele via nela não era só a timidez ou a insegurança. Havia algo mais, algo que ele não conseguia decifrar, algo que o atraía.
Naquele dia, ele estava em uma reunião importante, mas suas palavras estavam vazias, sua mente vagando. No fundo, ele sentia uma vontade crescente de voltar aquela cafeteria. Mas ele sabia que, se fosse lá, algo iria mudar. Algo dentro dele. Ele não poderia continuar se distraindo com ela. Ele precisava de respostas.
Lívia e a Dúvida
Lívia estava começando a entender que algo havia mudado, mas ela ainda não sabia exatamente o que. Enzo começara a vir com mais frequência à cafeteria, e cada vez que ele entrava, seu coração batia mais rápido. Ele sempre a cumprimentava com um sorriso que, embora curto, parecia genuíno. Para Lívia, isso significava mais do que qualquer elogio. Ela sabia que ele não estava ali por pena — algo no jeito dele lhe dizia isso.
Ainda assim, havia uma parte de ela que se perguntava se ele realmente a via. Ela sabia o que ele pensava sobre mulheres como ela. No fundo, ela acreditava que ele jamais se apaixonaria por alguém como ela. Então, por que ele voltava? E por que, a cada encontro, parecia que algo estava crescendo entre eles?
Ela se via refletindo sobre a mesma pergunta. Seu mundo sempre foi pequeno. Ela nunca sonhou em conquistar alguém como Enzo, um homem que parecia intocável. Era um enigma para ela, mas ao mesmo tempo, algo em seu coração dizia que ele não era como os outros homens que ela conhecia. Havia algo mais nele, algo que ela queria descobrir, mas ao mesmo tempo, sentia medo de se iludir.
O Encontro Decisivo
Na tarde de um sábado, enquanto Lívia organizava algumas mesas vazias, viu Enzo entrando mais uma vez. Mas dessa vez, ele não se dirigiu diretamente ao balcão. Em vez disso, ele foi até a mesa no canto e ficou observando a cafeteria, como se estivesse em um tipo de reflexão profunda. Ela hesitou. Havia algo no ar, algo diferente.
Ela se aproximou com um sorriso nervoso, tentando manter a compostura, mas não conseguiu evitar o tremor em suas mãos.
— Posso lhe servir algo hoje? — perguntou, sua voz mais suave do que ela queria.
Enzo a olhou com seus olhos penetrantes, e por um momento, parecia que ele estava pensando em suas palavras. Ele fez um gesto com a mão, pedindo para que ela se sentasse. Lívia ficou surpreso, mas, sem saber o que fazer, puxou uma cadeira.
— Eu não sei por que venho aqui, Lívia — ele começou, sem rodeios, quebrando o silêncio entre eles. A sinceridade em sua voz a fez sentir um frio na espinha. — Não sou o tipo de homem que costuma se envolver com mulheres como você. Você sabe disso. E eu sempre fui claro sobre isso.
Lívia ficou tensa. As palavras dele a atingiram como uma flecha, mas ela não queria parecer frágil. Não queria que ele visse o quanto aquelas palavras a machucavam.
— Eu sei, Enzo. Não sou… o tipo de mulher que você costuma gostar. Eu entendo isso. — Ela tentou esconder o olhar que agora estava carregado de dor.
Mas Enzo a interrompeu, levantando a mão.
— Não, você não entende. — Ele olhou nos olhos dela, com um olhar que parecia querer pedir desculpas. — Eu… eu não deveria estar dizendo isso, mas não posso evitar. Eu… sinto algo por você. E não sei o que isso significa, mas não consigo mais ignorar.
Lívia ficou sem palavras. O ar parecia ter saído de seus pulmões. Ela olhou para ele, sem saber se acreditava no que ele acabara de dizer. Enzo, o homem poderoso e imbatível, estava falando aquelas palavras para ela. E, mais do que isso, parecia genuíno.
— Mas por que? — Ela finalmente perguntou, sua voz rouca. — Você disse que nunca se envolveria com uma mulher como eu…
Enzo baixou a cabeça, parecendo realmente perdido.
— Eu sei o que disse. E, até agora, eu acreditava nisso. Mas, quando vejo você, quando falo com você, sinto que tudo que eu acreditava está sendo questionado. Não sei o que estou fazendo, Lívia. Eu nunca fui bom com isso, com sentimentos. Mas você… você não é como as outras mulheres.
Lívia sentiu as palavras dele ecoarem em sua mente. Ele estava dizendo que a via, que a respeitava, de uma maneira que ela nunca imaginou. Mas ela ainda não sabia se podia acreditar em suas palavras. Ele poderia estar dizendo aquilo por impulso, por pena, ou até por algum outro motivo que ela não compreendia.
Ela respirou fundo e, com um leve sorriso, respondeu:
— Eu não sou como as outras mulheres, Enzo. Mas você também não é o que eu imaginava.
Aquelas palavras foram como uma chave, abrindo uma porta que os dois estavam temerosos de atravessar. Algo estava começando a mudar entre eles, e nem Enzo nem Lívia sabiam onde isso os levaria. Mas, pela primeira vez, eles estavam dispostos a descobrir.
-Fim do Capítulo 3
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