A Dançarina Misteriosa
Segunda-feira, 7h30 da manhã
Emily estava sentada na beirada da cama, olhando pela janela do quarto. O céu estava nublado, refletindo exatamente como ela se sentia por dentro. Faltavam apenas dois meses para o término do ensino médio, mas a recente separação dos pais havia virado sua vida de cabeça para baixo. Sua mãe, Rose, fazia de tudo para manter a família unida, mas o peso da traição de seu pai ainda pairava sobre todos eles.
— Emily, você vai se atrasar! — gritou Sofia, sua irmã mais nova de 14 anos, enquanto passava correndo pelo corredor.
— Já estou indo! — respondeu Emily, tentando esconder sua irritação.
Depois de fazer sua higiene matinal e tomar um café rápido com Sofia e Victor, seu irmão mais velho de 19 anos, Emily saiu para a escola.
8h15 da manhã
No corredor da escola, Emily cumprimentava apenas os poucos amigos que tinha. Yasmin, sua melhor amiga desde a infância, estava encostada no armário com seu típico sorriso animado.
— Hoje é o grande dia! — Yasmin disse.
— Grande dia para quê? — Emily perguntou, ajeitando sua mochila.
— Para você se inscrever no festival de talentos, claro!
Emily bufou, tentando disfarçar o nervosismo. Ela adorava dançar, mas mantinha isso em segredo de quase todos, até mesmo de sua mãe.
— Não vou me inscrever, Yasmin. Já falei.
Antes que Yasmin pudesse insistir, o sinal tocou, e as duas seguiram para a sala.
Quarta-feira, 16h
A rotina da semana continuou normalmente, até que, na tarde de quarta-feira, tudo mudou. Emily chegou em casa e encontrou sua mãe, Rose, sentada no sofá com uma expressão tensa.
— Emily, sente-se. Precisamos conversar.
— O que foi? — Emily perguntou, sentindo o estômago revirar.
— Seu pai... Ele voltou do México-Itália. E quer que vocês três passem uma temporada com ele.
— O QUÊ? — Emily e Victor exclamaram em uníssono. Sofia, que estava na escada, também ficou boquiaberta.
— Ele quer que vocês conheçam a nova família dele, a casa onde ele mora...
Emily ficou em silêncio por alguns segundos, tentando processar a informação.
— Eu não quero ir — disse ela, cruzando os braços.
— Eu entendo, mas... ele é o pai de vocês, e acredito que isso pode ser bom de alguma forma.
Domingo, 8h30 da manhã
Uma semana depois, Emily, Sofia e Victor estavam no aeroporto, prontos para embarcar. O coração de Emily estava pesado, mas ao mesmo tempo, uma pequena curiosidade começou a surgir. Como seria a vida no México-Itália?
Quarta-feira, 9h20 da manhã
Depois de três dias tentando se adaptar à nova casa de seu pai e à sua madrasta, Emily começou a frequentar uma escola local. Lá, ela conheceu Lucas, um garoto extrovertido e cheio de energia que logo chamou sua atenção.
— Você é nova aqui, né? — Lucas perguntou no intervalo, aproximando-se com um sorriso amigável.
— Sou. Me chamo Emily.
— Prazer, Emily. Eu sou Lucas.
Ele parecia diferente de qualquer pessoa que ela já havia conhecido. E, de alguma forma, despertou nela algo que ela não conseguia identificar.
Emily sabia que precisava esconder seu amor pela dança, especialmente com tantos olhos observando cada movimento seu. Mas em breve, isso se tornaria impossível.
(Continua...)
*A dançarina misteriosa*
Quarta-feira, 18h30
Depois de um longo dia de aula, Emily, Sofia e Victor chegaram em casa exaustos. A nova escola era bem diferente da que estavam acostumados, e a barreira da língua, mesmo que mínima, ainda era um desafio. Pedro, o pai deles, os esperava na sala com um sorriso que parecia forçado.
— E aí, como foi o primeiro dia na escola nova? — perguntou ele, enquanto desligava a televisão.
Victor jogou a mochila no chão e se jogou no sofá.
— Foi... diferente. Os professores são bem exigentes, mas até que não é tão ruim.
Pedro olhou para Emily, que estava sentada na poltrona.
— E você, filha? O que achou?
Emily demorou a responder. Queria ser sincera, mas sabia que qualquer crítica seria recebida com justificativas ou sermões.
— Foi tudo bem. As pessoas são simpáticas, mas é estranho começar do zero.
— E você, Sofia? — Pedro insistiu, olhando para a mais nova.
— Fiz algumas amigas — respondeu Sofia, enquanto mexia no celular. — Elas são legais.
Pedro assentiu, parecendo satisfeito.
— Fico feliz que estejam se adaptando. Sei que não é fácil, mas é uma oportunidade para vocês crescerem, conhecerem novas culturas...
— Pai, com todo respeito, a gente nem queria estar aqui — interrompeu Emily.
O silêncio tomou conta da sala. Pedro suspirou e tentou manter a calma.
— Eu sei, Emily, mas... estou tentando corrigir meus erros. Quero estar presente na vida de vocês.
Victor levantou do sofá, claramente incomodado.
— Talvez você devesse ter pensado nisso antes, né? — disse ele, saindo da sala.
Pedro ficou em silêncio, com um olhar de culpa. Emily sentiu vontade de sair também, mas decidiu permanecer ali.
Quinta-feira, 12h40 – Escola
No intervalo, Emily estava sentada sozinha no refeitório, mexendo no caderno, quando Lucas apareceu com uma bandeja de comida.
— Ei, posso sentar aqui? — perguntou ele, já se acomodando sem esperar a resposta.
— Claro — disse Emily, surpresa.
— E aí, está gostando da escola? — ele perguntou, mordendo um sanduíche.
— É tudo muito novo... Mas acho que vou me acostumar.
— Você vai. E qualquer coisa, é só me chamar. Posso ser seu guia oficial — disse ele com um sorriso.
Emily riu, pela primeira vez desde que chegou ao México-Itália.
— Vou lembrar disso.
Enquanto conversavam, Yasmin e Daniele, que estavam sentadas em uma mesa próxima, observavam Emily com curiosidade.
— Quem é ele? — cochichou Yasmin.
— Deve ser o "guia turístico" dela — respondeu Daniele, rindo.
Sábado, 16h – Casa de Pedro
Emily estava no quarto, tentando se concentrar em uma leitura, quando ouviu batidas na porta.
— Entre — disse, sem tirar os olhos do livro.
Erika, a madrasta, entrou com um sorriso hesitante e uma bandeja nas mãos.
— Trouxe chá para você. Sei que pode ser difícil se adaptar em um lugar novo...
Emily levantou os olhos, surpresa.
— Obrigada, mas não precisava se incomodar.
— Não é incômodo nenhum. Sei que nossa relação começou de uma forma complicada, mas... quero que você saiba que pode contar comigo.
Emily não sabia o que dizer. Sentia-se desconfortável com a tentativa de proximidade, mas também percebeu sinceridade na voz de Erika.
— Eu... agradeço — disse, pegando a xícara.
— Se precisar de algo, é só me chamar — completou Erika, antes de sair do quarto.
Depois que ela saiu, Emily ficou olhando para a porta, tentando entender se a gentileza era genuína ou apenas um gesto forçado para agradar seu pai.
(Continua...)
Domingo, 10h – Sala de estar
Pedro reuniu toda a família na sala de estar. Ele parecia animado, e Erika, sua esposa, estava ao lado dele, exibindo um sorriso orgulhoso.
— Tenho um anúncio para fazer — começou Pedro, chamando a atenção de todos. — Como vocês sabem, minha empresa alcançou um marco importante recentemente. Então, decidi organizar um baile de máscaras para comemorar!
Sofia deu um pequeno salto de alegria.
— Um baile de máscaras? Isso é incrível!
Victor, por outro lado, parecia desinteressado.
— E nós temos que ir?
— Claro que sim! — respondeu Pedro. — Quero que toda a família esteja presente. É uma oportunidade para vocês conhecerem novas pessoas e, quem sabe, se divertirem um pouco.
Emily, que estava sentada no canto do sofá, manteve-se em silêncio.
— Emily, o que acha? — perguntou Erika, tentando incluir a enteada.
— Parece interessante — respondeu ela de forma neutra, sem demonstrar muito entusiasmo.
Segunda-feira, 19h – Quarto de Emily
Emily estava sentada na cama, olhando para o vestido que Erika havia escolhido para ela. Apesar de simples, o tecido tinha um brilho elegante. Ao lado, repousava a máscara preta que cobriria metade de seu rosto.
— Um baile de máscaras... — murmurou para si mesma.
Enquanto refletia, uma ideia começou a surgir. E se ela aproveitasse a oportunidade para fazer algo que ninguém esperava?
Sábado, 18h – Preparativos para o baile
O dia do baile chegou. Emily, Sofia e Erika estavam no quarto principal, se arrumando.
— Essa máscara vai ficar linda em você, Emily — comentou Erika, tentando ser amigável.
— Obrigada — respondeu Emily, ainda um pouco desconfiada, mas aceitando o elogio.
Sofia, por outro lado, não escondia a animação.
— Mal posso esperar para dançar! Acho que esse baile vai ser inesquecível.
Emily olhou para a irmã e sorriu.
— Com certeza será.
Sábado, 20h – Salão de festas
O salão estava decorado com luzes cintilantes, cortinas de veludo e uma pista de dança brilhante. Os convidados, todos mascarados, circulavam pelo local, trocando cumprimentos e risadas.
— Isso está incrível — disse Yasmin, que havia sido convidada por Sofia.
— Seu pai sabe como fazer uma festa, hein? — comentou Lucas, aproximando-se de Emily.
— Ele realmente gosta de impressionar — respondeu Emily, tentando parecer relaxada, mas o nervosismo por sua ideia ainda a consumia.
Pedro subiu ao palco e pegou o microfone.
— Quero agradecer a todos por estarem aqui hoje. Este evento é para celebrar não apenas o sucesso da minha empresa, mas também a vida e as pessoas que fazem tudo valer a pena. Aproveitem a noite!
Sábado, 22h – Surpresa na pista de dança
Emily desapareceu por alguns minutos, trocando seu vestido por uma roupa completamente diferente: um macacão preto justo, com detalhes brilhantes que refletiam as luzes do salão. Sua máscara agora cobria mais do rosto, tornando impossível reconhecê-la.
De repente, as luzes do salão diminuíram, e uma música misteriosa começou a tocar. Todos os olhos se voltaram para a pista de dança, onde uma figura mascarada surgiu.
A performance era hipnotizante. A dançarina, com movimentos graciosos e cheios de emoção, capturou a atenção de todos. Emily sentiu o coração acelerar, mas continuou dançando até o último acorde. Quando a música terminou, aplausos ecoaram pelo salão.
Antes que alguém pudesse se aproximar, Emily correu para os bastidores, trocou de roupa e voltou para o salão como se nada tivesse acontecido.
Sábado, 23h – Conversas no salão
— Quem será que era? — perguntou Sofia, animada, enquanto conversava com Yasmin.
— Não sei, mas ela dançava muito bem — respondeu Yasmin.
Victor, encostado em uma parede, parecia intrigado.
— Isso foi... inesperado.
Lucas, por sua vez, não conseguia tirar os olhos da pista de dança vazia.
— Ela era incrível — murmurou, sem perceber que estava falando em voz alta.
Emily, que estava ao lado dele, fingiu não ouvir e apenas sorriu discretamente.
(Continua...)
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