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Gabriel Safra - Aprendendo com a Vida

Capítulo 01 - O Início de Uma Nova Jornada

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Gabriel Safra tinha tudo planejado. Aos 18 anos, era o típico filho mais velho de uma família tradicional, criado para ser o exemplo. Estudante de engenharia, focado e determinado, ele já traçava um futuro brilhante. Ambicioso e carismático, Gabriel era a personificação da promessa de sucesso, com um caminho repleto de possibilidades à frente.

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Beatriz surgiu em sua vida como um furacão. Linda, decidida e com uma personalidade cativante, ela o desafiava de maneiras que ele nunca havia experimentado. O relacionamento deles começou como algo leve, mas rapidamente ganhou profundidade. Ele a via como alguém com quem poderia compartilhar seus sonhos, construir algo duradouro. Mas os planos de Gabriel começaram a mudar quando Beatriz revelou que estava grávida.

A notícia, um choque inicial, logo deu lugar a uma mistura de excitação e medo. Gabriel decidiu que enfrentaria a situação de frente, como sempre fez com tudo em sua vida. Ele acreditava que, juntos, poderiam criar um ambiente de amor e segurança para o bebê. No entanto, Beatriz tinha outros planos.

Assim que Davi nasceu, Beatriz desapareceu, deixando apenas uma carta com desculpas vagas e um vazio difícil de preencher. Gabriel, de repente, se viu sozinho, segurando nos braços um bebê tão pequeno quanto indefeso. As semanas seguintes foram uma montanha-russa emocional. Ele trocou de faculdade para estar mais próximo de sua família e poder dedicar mais tempo ao filho.

Os primeiros meses como pai solteiro foram um verdadeiro teste de resistência. A casa dos Safra, antes tão organizada e tranquila, foi tomada pelo choro de um recém-nascido e pela exaustão de noites mal dormidas. Seus pais, Lian e Isabella, fizeram de tudo para ajudar. Isabella assumiu grande parte dos cuidados com Davi, enquanto as gêmeas, Guilia e Gabrielle, tentavam trazer um pouco de leveza para o ambiente, entretendo o irmão mais velho com piadas e conversas descontraídas.

Ainda assim, Gabriel sentia que não estava fazendo o suficiente. Ele queria ser mais do que apenas o jovem pai que dependia da família para criar o filho. Davi era sua responsabilidade, e ele precisava se provar.

Certo dia, depois de mais uma manhã tumultuada tentando organizar a rotina de estudos e os cuidados com Davi, Gabriel parou no quarto do bebê. O pequeno estava dormindo tranquilamente, embalado por uma música suave que Isabella colocara no rádio. Gabriel ficou parado, observando o filho, sentindo uma mistura de amor e peso sobre os ombros.

— Eu vou dar conta disso. Prometo a você, Davi, murmurou ele, quase como se o bebê pudesse ouvi-lo.

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A partir daquele momento, Gabriel começou a organizar sua vida de forma mais sistemática. Ele distribuía horários, negociava trabalhos acadêmicos para poder estudar em casa e, sempre que possível, fazia questão de ser ele a dar o banho ou alimentar Davi. Era difícil, e muitas vezes ele se pegava desejando que Beatriz não tivesse ido embora.

Mas ele também sabia que, em muitos aspectos, a ausência dela o estava moldando em algo que ele nunca imaginou que seria: um pai forte e dedicado. Ele percebeu que ser pai não era apenas sobre estar presente fisicamente, mas emocionalmente, especialmente para alguém tão pequeno e dependente quanto Davi.

O apoio da família Safra foi essencial, mas Gabriel sabia que não poderia depender deles para sempre. Ele queria que Davi crescesse sabendo que seu pai era seu maior exemplo, alguém que não apenas falava sobre responsabilidade, mas a vivia todos os dias.

Ao final daquele primeiro ano como pai, Gabriel já não era o mesmo. Ele havia deixado de ser o jovem que sonhava com um futuro brilhante para se tornar alguém que construía seu presente com esforço e amor incondicional.

E no fundo, ele sabia que, por mais que a jornada fosse solitária às vezes, cada sacrifício valia a pena. Afinal, ele tinha algo que muitos nunca experimentariam: o privilégio de ser chamado de pai.

Capítulo 02 - A Babá de Davi

A cozinha da casa Safra, sempre movimentada, era o coração da casa. Era ali que Ana passava boa parte de seu tempo livre, ajudando sua mãe, Dona Célia, a cozinheira da família.

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Com 16 anos, prestes a completar 17, Ana era madura além da idade. De olhos castanhos brilhantes e cabelos lisos, Ana tinha uma presença marcante. Não era alta, mas compensava sua estatura com uma postura confiante, algo que deixava claro para qualquer um que cruzasse seu caminho que ela não tinha medo de enfrentar desafios. Criada desde seus 12 anos ao lado da cozinha da mansão Safra, Ana crescera vendo sua mãe trabalhar com dedicação para aquela família. Criada com valores sólidos e uma sinceridade que às vezes surpreendia, ela não tinha medo de dizer o que pensava, mesmo diante de Gabriel Safra, o primogênito da casa.

Ana sempre fora boa com crianças. Aos 12 anos, já ajudava a cuidar das primas e vizinhos menores, adquirindo uma paciência que, agora, a tornava indispensável para os Safra. Desde que Davi chegou à casa, Ana estava ao lado de sua mãe nos cuidados com o bebê. O pequeno a adorava, e o carinho era recíproco.

— Ana, não se esqueça de que hoje você começa a tarde com o Davi — lembrou Dona Célia, enquanto mexia a panela no fogão.

— Eu sei, mãe. Vou terminar meu dever antes de ficar com o Davi à tarde — respondeu ela, colocando um copo de leite na mesa com movimentos ágeis.

Foi nesse momento que Gabriel entrou na cozinha, carregando o laptop debaixo do braço e um olhar cansado. Ele ainda não tinha se acostumado totalmente à rotina de ser pai. As noites mal dormidas e o peso das responsabilidades estavam começando a se acumular.

Ana o cumprimentou com um sorriso educado, mas notou rapidamente as olheiras marcantes no rosto dele. Apesar de jovem, Gabriel parecia carregado pelo peso da vida, algo que Ana, com sua percepção aguçada, notava mesmo que ele tentasse esconder.

— Bom dia, Gabriel — disse ela, antes de se sentar à mesa para comer.

Ele respondeu com um murmúrio distraído, concentrado nos e-mails que lia. Ana riu baixinho, sacudindo a cabeça. Aquela era a típica atitude de Gabriel, sempre ocupado demais para notar os detalhes ao seu redor.

Ana sabia que ele era um bom pai, mas também via as falhas que ele insistia em ignorar. Gabriel se esforçava, mas muitas vezes deixava Davi aos cuidados da avó para lidar com o caos que sua vida tinha se tornado.

Mais tarde, quando o pequeno Davi acordou chorando de fome, Ana se adiantou. Pegou o bebê no colo com a facilidade de quem já estava acostumada, preparando a mamadeira enquanto o acalmava com murmúrios suaves. Gabriel entrou na sala a tempo de vê-la cuidando do filho, e a cena o fez parar por um momento.

— Você tem um jeito especial com ele — comentou, encostando-se na porta.

Ana olhou para ele, com um sorriso orgulhoso.

— Acho que é porque ele sabe que pode contar comigo, sempre.

Gabriel sentiu o peso implícito daquelas palavras, mas antes que pudesse responder, Ana continuou:

— Sabe, Gabriel, não é só sobre alimentar e trocar fraldas. Ele precisa sentir sua presença.

— Estou tentando, Ana. Só que... não é tão simples.

Ela cruzou os braços, encarando-o com o olhar firme que era uma de suas marcas registradas.

— Eu sei que não é simples. Mas ser pai nunca é. E você tem sorte de ter sua família para te ajudar. Só que, no final do dia, Davi precisa de você, não de substitutos.

As palavras dela o atingiram de forma inesperada. Não era comum ser confrontado daquela maneira, especialmente por alguém tão jovem. Gabriel sempre foi o centro das atenções, acostumado a olhares admirados e palavras de apoio, não críticas.

Foi então que ele decidiu oferecer a Ana um papel mais formal.

— Ana, eu quero te fazer uma proposta. Sei que você já ajuda muito com o Davi, mas quero te contratar oficialmente como babá dele.

Ela arqueou uma sobrancelha, claramente surpresa.

— Contratar?

— Sim. Você já faz tanto por ele, e quero reconhecer isso. Posso ajustar os horários para que você continue seus estudos pela manhã e fique com ele à tarde e nas noites que eu precise sair.

Ana ficou em silêncio por um momento, pensando. Era uma oportunidade que sua mãe sempre sonhara para ela, mas Ana não era de aceitar nada sem impor suas condições.

— Tudo bem, eu aceito — começou ela, finalmente. — Mas só com uma condição.

— Qual? — perguntou Gabriel, intrigado.

— Quero que você seja mais presente. Não adianta me pagar para fazer o trabalho que é seu. Eu vou cuidar do Davi com todo o carinho, mas ele precisa de você, Gabriel.

Ele ficou em silêncio, absorvendo o impacto das palavras. Ana tinha razão. Ele sabia disso.

Os meses seguintes foram um teste para ambos. Ana assumiu oficialmente o papel de babá, dividindo seus dias entre os estudos e os cuidados com Davi. Apesar de sua juventude, ela demonstrava uma responsabilidade impressionante, e sua presença constante trouxe estabilidade para a rotina do bebê.

Ao mesmo tempo, Gabriel começou a observar Ana com outros olhos. Não era só a maneira como ela cuidava de Davi, mas a coragem e a sinceridade que ela demonstrava em cada interação com ele. Ana era diferente de qualquer pessoa que ele já havia conhecido, e, aos poucos, ela começava a abalar as estruturas que ele tanto se esforçava para manter intactas.

Capítulo 03 - O Confronto Inevitável

O relógio marcava quase meia-noite, e a casa dos Safra estava mergulhada em silêncio, exceto pelo choro abafado de Davi no quarto. Ana andava de um lado para o outro, com o pequeno nos braços. O bebê estava quente, a febre causada pela vacina daquela tarde tinha piorado. Ela tentou tudo: compressas frias, remédio recomendado pela pediatra, mas o desconforto de Davi parecia não ceder.

Aurora, a mãe de Gabriel, estava ao lado dela, preocupada. Apesar de toda sua experiência como mãe, ela sabia que Davi precisava do pai naquele momento.

— Vou tentar ligar para o Gabriel novamente — disse Aurora, pegando o telefone.

Ana suspirou, balançando Davi suavemente enquanto ele chorava. Não era a primeira vez que isso acontecia. Gabriel sempre tinha uma desculpa: estava ocupado, precisava relaxar, queria aproveitar sua juventude. No início, Ana compreendia, mas agora, com Davi doente, sua paciência estava no limite.

Aurora desligou o telefone com uma expressão de frustração.

— Ele não atende. Deve estar em algum bar ou festa, como sempre.

Ana respirou fundo, segurando as palavras que estavam presas em sua garganta. Não era seu lugar criticar o patrão, mas, naquele momento, o cansaço e a indignação falaram mais alto.

Quando os primeiros raios de sol atravessaram a janela, o som da porta da frente se abrindo ecoou pela casa. Gabriel entrou, cheirando a álcool e com a camisa parcialmente desabotoada. Ele parecia exausto, mas claramente não pelo mesmo motivo que Ana.

Ela estava sentada no sofá da sala com Davi no colo, os olhos fixos na porta. Aurora, ao lado, levantou-se imediatamente, cruzando os braços.

— Gabriel, onde você estava? Sabe que Davi está doente?

Ele parou no meio do corredor, surpreso ao ver as duas o esperando.

— Doente? Eu não sabia.

Ana levantou-se, segurando Davi com cuidado. O olhar que lançou a Gabriel era tão frio quanto suas palavras.

— Não sabia porque não atende o telefone. Ele passou a noite toda chorando de febre. Onde você estava?

— Eu... eu saí com alguns amigos. Não achei que fosse tão grave — respondeu ele, sem olhar diretamente para ela.

— Não achou que fosse grave? — Ana repetiu, sua voz subindo um tom. — Você é pai, Gabriel! Não é sobre achar ou não achar. É sua responsabilidade estar aqui quando ele precisa.

Gabriel ficou visivelmente desconcertado. Ninguém jamais falava com ele daquela forma, especialmente alguém tão jovem quanto Ana.

— Olha, eu cometi um erro, está bem? Não precisa fazer esse drama todo.

Ana riu, mas não havia humor em seu riso.

— Drama? Você chama de drama passar a noite inteira acordada, tentando baixar a febre do SEU filho enquanto você estava sabe-se lá onde, se divertindo?

Aurora colocou a mão no ombro de Ana, tentando acalmá-la, mas Ana estava apenas começando.

— Sabe o que mais me irrita? — continuou ela, os olhos brilhando de raiva. — É que você tem tudo, Gabriel. Uma família que te apoia, pessoas que te ajudam a cuidar do seu filho, e você simplesmente joga tudo fora porque quer viver como se nada tivesse mudado.

Gabriel abriu a boca para responder, mas fechou novamente. Ele sabia que Ana tinha razão, mas admitir isso era algo que ele não estava preparado para fazer.

— Ana, eu...

— Não precisa dizer nada — ela o interrompeu, balançando a cabeça. — Só espero que, da próxima vez, você se lembre de que Davi não pediu para nascer. Ele não escolheu isso. Mas você escolheu ser pai, e é hora de começar a agir como um.

Ana entregou Davi para Aurora e subiu para seu quarto sem olhar para Gabriel. Ele ficou parado no corredor, sentindo o peso das palavras dela.

Aurora, segurando o neto adormecido nos braços, olhou para o filho com uma mistura de decepção e preocupação.

— Talvez você precise ouvir mais vezes o que Ana disse, Gabriel. Ela tem razão.

Naquela manhã, enquanto o sol iluminava a casa, Gabriel se sentou no sofá, passando as mãos pelos cabelos. Pela primeira vez em muito tempo, ele começou a questionar suas escolhas. A voz de Ana, firme e cheia de convicção, ecoava em sua mente.

Algo dentro dele mudara. E ele sabia que, a partir daquele momento, precisava fazer mais, ser mais. Não por causa de Ana, ou de Aurora, mas por Davi.

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