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O Peso da Escolha.

A Sombra na Floresta.

As copas das árvores da floresta de Aramor balançavam suavemente ao toque do vento, mas o som não era reconfortante. Para quem conhecia aquela mata, qualquer ruído, por mais sutil que fosse, carregava consigo a promessa de perigo.

Red ajustou o capuz vermelho sobre os cabelos, os passos hesitantes enquanto seguia a trilha apagada que serpenteava entre as árvores. A luz da lua cheia infiltrava-se por entre os galhos, projetando sombras que dançavam como criaturas vivas no chão.

Desde pequena, ouvira as histórias do lobo. Era sempre o mesmo: alguém entrava na floresta ao cair da noite e nunca mais voltava. Os corpos que eram encontrados não contavam a história. Marcas profundas de garras e dentes eram as únicas pistas, como se um predador muito maior que qualquer lobo comum tivesse feito aquilo.

"É só um conto para assustar crianças", diziam os mais novos. "Algo para manter os tolos longe da floresta."

Red queria acreditar nisso. Queria acreditar que o monstro era apenas uma invenção, algo para distrair a vila da fome ou da tristeza que rondava os campos cada vez menos férteis. Mas havia algo mais ali, algo que as histórias não diziam. E, naquela noite, ela precisava saber a verdade.

O som de galhos se quebrando à distância a fez parar. Seus olhos vasculharam as sombras à sua frente, o coração martelando no peito. Nada. Apenas o farfalhar das folhas e o silêncio opressor da floresta.

— Quem está aí? — perguntou, a voz mais firme do que esperava.

Nenhuma resposta. Apenas mais galhos se quebrando, agora mais perto.

Ela sabia que era loucura estar ali. Sabia que, se as histórias fossem verdadeiras, não tinha chance de sobreviver. Mas havia algo que ninguém sabia: a noite passada, ela vira olhos brilhantes à beira da floresta. Olhos que pareciam chamá-la.

E agora, enquanto a noite avançava, Red sabia que não estava sozinha.

Ao virar-se para correr, tropeçou em uma raiz. O chão úmido a recebeu com um baque, e antes que pudesse se levantar, sentiu algo. Não uma mordida, mas o roçar de uma presença.

Os olhos estavam ali novamente. Amarelos, intensos. Observando-a das sombras.

Red abriu a boca para gritar, mas um uivo ecoou pela floresta, cortando o ar como uma lâmina.

E então, tudo ficou escuro.

(⁠ ⁠ꈍ⁠ᴗ⁠ꈍ⁠)(⁠人⁠ ⁠•͈⁠ᴗ⁠•͈⁠)(⁠人⁠ ⁠•͈⁠ᴗ⁠•͈⁠)(⁠人⁠ ⁠•͈⁠ᴗ⁠•͈⁠)(⁠人⁠ ⁠•͈⁠ᴗ⁠•͈⁠)(⁠人⁠ ⁠•͈⁠ᴗ⁠•͈⁠)(⁠人⁠ ⁠•͈⁠ᴗ⁠•͈⁠)(⁠人⁠ ⁠•͈⁠ᴗ⁠•͈⁠)(⁠◡⁠ ⁠ω⁠ ⁠◡⁠)(⁠人⁠ ⁠•͈⁠ᴗ⁠•͈⁠)(⁠ ⁠ꈍ⁠ᴗ⁠ꈍ⁠)(⁠ ⁠ꈍ⁠ᴗ⁠ꈍ⁠)(⁠ ⁠ꈍ⁠ᴗ⁠ꈍ⁠)(⁠ ⁠ꈍ⁠ᴗ⁠ꈍ⁠)(⁠人⁠ ⁠•͈⁠ᴗ⁠•͈⁠)(⁠人⁠ ⁠•͈⁠ᴗ⁠•͈⁠)(⁠人⁠ ⁠•͈⁠ᴗ⁠•͈⁠)(⁠ ⁠ꈍ⁠ᴗ⁠ꈍ⁠)(⁠ ⁠ꈍ⁠ᴗ⁠ꈍ⁠)(⁠ ⁠ꈍ⁠ᴗ⁠ꈍ⁠)(⁠ ⁠ꈍ⁠ᴗ⁠ꈍ⁠)(⁠ ⁠ꈍ⁠ᴗ⁠ꈍ⁠)(⁠ ⁠ꈍ⁠ᴗ⁠ꈍ⁠)(⁠ ⁠ꈍ⁠ᴗ⁠ꈍ⁠)(⁠人⁠ ⁠•͈⁠ᴗ⁠•͈⁠)(⁠人⁠ ⁠•͈⁠ᴗ⁠•͈⁠)(⁠人⁠ ⁠•͈⁠ᴗ⁠•͈⁠)(⁠人⁠ ⁠•͈⁠ᴗ⁠•͈⁠)(⁠人⁠ ⁠•͈⁠ᴗ⁠•͈⁠)(⁠人⁠ ⁠•͈⁠ᴗ⁠•͈⁠)

O Chamado.

Red acordou com um frio cortante em sua nuca. A escuridão da floresta parecia ter se adensado, quase como se a noite tivesse engolido toda a luz. Ela piscou algumas vezes, tentando ajustar os olhos, mas nada parecia fazer sentido.

Onde estavam as árvores que a cercavam? Onde estava a trilha que havia seguido? Tudo ao seu redor era um vazio escuro, exceto pelos olhos.

Os olhos amarelos ainda estavam lá. Brilhando. Fixos nela.

— Quem... quem está aí? — murmurou, a voz fraca.

Os olhos piscaram, desaparecendo por um momento, antes de reaparecerem mais próximos. Um som baixo e gutural veio da escuridão, algo entre um rosnado e um suspiro. Red tentou se levantar, mas suas pernas pareciam feitas de chumbo.

Foi então que ouviu a voz.

— Você veio até mim. Por quê?

Era grave e rouca, com um tom que fez sua pele se arrepiar. Red olhou ao redor, procurando o dono daquela voz, mas não viu ninguém.

— Quem está falando? — perguntou, lutando contra o pânico.

— Você me chamou. Agora responda: por quê?

Red não sabia o que responder. Não sabia o que significava. Ela tinha ido até a floresta por curiosidade, por uma necessidade inexplicável de entender os mistérios que a cercavam desde criança. Mas agora, diante daquele... seja lá o que fosse, suas palavras fugiam.

— Eu... eu queria saber a verdade. Sobre o lobo. Sobre você.

Um silêncio tomou conta do lugar, e por um momento, Red pensou que estava sozinha novamente. Mas então, a voz falou, mais perto desta vez:

— A verdade tem um preço.

Red sentiu o chão sob seus pés tremer. Uma luz fraca começou a surgir ao seu redor, como uma névoa pálida que iluminava apenas o suficiente para revelar silhuetas indistintas. Ela podia ver a sombra de árvores deformadas, galhos retorcidos que pareciam mãos se esticando para agarrá-la.

E então, viu a figura.

Não era um lobo. Não completamente. A criatura era alta, com o corpo coberto de um pelo escuro e olhos amarelos que brilhavam como brasas. Sua forma era humana, mas os dentes, longos e afiados, e as garras que substituíam os dedos deixavam claro que aquilo não era natural.

— Você busca a verdade, mas a verdade pode destruir você.

Red engoliu em seco, os olhos arregalados.

— O que... o que você é?

A criatura deu um passo à frente, a luz pálida revelando mais de seu rosto bestial.

— Eu sou o que você teme. O que a vila teme. O que você nunca deveria ter procurado.

Ela tentou recuar, mas o chão pareceu se desfazer sob seus pés. A criatura inclinou a cabeça, os olhos a avaliando.

— Mas agora que está aqui, talvez você possa ser útil.

Antes que Red pudesse perguntar o que isso significava, sentiu algo puxá-la para trás. A escuridão voltou, engolindo tudo.

E, quando abriu os olhos novamente, estava deitada na cama de seu pequeno quarto, o som dos pássaros matinais chegando até ela.

Ela teria pensado que tudo fora um sonho, se não fosse pela marca em seu braço: quatro cortes finos, como arranhões, ainda brilhando com uma luz fraca.

O que quer que fosse, aquilo não tinha acabado.

O Sussurro na Vila.

Red passou o resto da manhã em estado de alerta, o olhar constantemente voltado para o braço marcado. As cicatrizes finas ainda brilhavam fracamente, uma lembrança vívida de que o que acontecera na floresta não era apenas um sonho.

Ela tentou escondê-las sob as mangas da blusa enquanto descia as escadas da pequena casa em que vivia com a avó. O cheiro de pão fresco e ervas secando enchia o ar, uma tentativa de normalidade que não conseguia acalmar sua mente.

— Dormiu bem? — perguntou a avó, sem erguer os olhos do cesto de costura.

Red hesitou.

— Sim. Foi... uma noite tranquila.

Ela não sabia por que mentia, mas algo dentro dela dizia que era melhor não falar nada sobre o que havia acontecido. Pelo menos, ainda não.

— Então vá logo ao mercado — continuou a avó. — Os comerciantes já devem estar na praça, e não quero que você volte tarde.

Red assentiu, pegando a cesta de compras e saindo pela porta. O sol estava alto no céu, mas não trazia o calor habitual. Uma brisa fria soprava pela vila, como se a floresta ao redor tivesse estendido suas garras até ali.

As pessoas na praça estavam mais agitadas do que o normal. Pequenos grupos cochichavam em cantos, os olhares preocupados e desconfiados. Red tentou ignorar enquanto escolhia pão e legumes, mas não conseguiu evitar ouvir alguns pedaços das conversas.

— Mais um desaparecido. Foi o ferreiro desta vez.

— Encontraram sangue perto da margem do rio...

— É o lobo. Voltou.

Red congelou. O lobo. A criatura da floresta. A mesma que ela havia visto – ou pelo menos algo parecido com ela.

— Red!

A voz de sua amiga Eliza a tirou de seus pensamentos. Eliza era alta, com cabelos loiros presos em tranças apertadas, e sempre tinha um sorriso amigável, mesmo nos piores momentos.

— Você ouviu? O ferreiro desapareceu ontem à noite. — Eliza abaixou a voz, aproximando-se. — Alguns dizem que ele foi para a floresta.

Red apertou a cesta contra o corpo, sentindo o coração acelerar.

— Quem... quem disse isso?

— A esposa dele. Ela jurou que viu sombras perto da entrada da floresta antes de ele desaparecer. — Eliza olhou ao redor, como se temesse ser ouvida. — Isso não está certo, Red. Alguém precisa fazer algo antes que seja tarde demais.

Red queria dizer que a vila estava segura, que o perigo não era real. Mas as cicatrizes em seu braço pareciam queimar em resposta, uma prova silenciosa de que as histórias eram mais do que apenas lendas.

— Eliza, eu... preciso ir. — Red mal esperou pela resposta antes de sair apressada da praça, o coração pesado com perguntas que não sabia como responder.

De volta à sua casa, ela se trancou no quarto, sentando-se na beira da cama. As cicatrizes brilhavam mais intensamente agora, como se reagissem ao medo crescente dentro dela.

E então, ouviu novamente.

— Red...

A voz não vinha de fora, mas de dentro. Um sussurro em sua mente, familiar e frio.

— Não pode me ignorar. Você me chamou, e agora estamos ligados.

Ela apertou as mãos contra os ouvidos, como se isso pudesse afastar o som.

— O que você quer de mim?

— Você veio em busca da verdade — respondeu a voz. — Agora é sua vez de pagar o preço.

Antes que pudesse responder, Red sentiu uma onda de frio atravessar seu corpo, e o quarto ao seu redor pareceu desaparecer.

Quando abriu os olhos novamente, estava de volta à floresta.

E desta vez, não havia caminho de volta.

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