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Amor em Trânsito

UM DIA NORMAL

Tudo começa como um dia normal. Clara levanta as 5:30hs, toma o seu banho, seca o seu cabelo, faz a sua maquiagem, se troca e se prepara para mais um dia de trabalho.

Hoje pede para seu marido levar as crianças a escola. Decide sair mais cedo, porque gosta da sua rotina bem estruturada.

Entra no seu carro, liga o rádio, e como faz diariamente, segue o seu caminho cantando... todos os dias a mesma rotina. Mas cada dia um ritmo diferente, conforme o seu estado de espírito.

Clara para num farol, ouvindo uma música antiga, e cantando com sentimento. Sente um olhar. De repente vê ao seu lado alguém a observando num carro. Não dá importância. E segue o seu caminho.

Mais a frente, outro farol, e o mesmo olhar chama sua atenção. Continua a cantar, olha de soslaio, e sai sem se importar.

Chega ao seu local de trabalho, toma o seu café da manhã, e a rotina se inicia. seu trabalho é extenuante, com muitas responsabilidades, e o episódio do farol é totalmente esquecido.

Os dias seguem. Nada muda. E tudo permanece como sempre esteve... um casamento estável, uma rotina estabelecida, um trabalho difícil mas que ela ama fazer.

Clara já é uma jovem senhora de 45 anos, cabelos louros, nem gorda nem magra, tem tres filhas, e um marido apaixonado por ela. São 15 anos de diferença de idade, e uma história que começou quando ela tinha 15 anos. Muita cumplicidade, parceira, e uma vida construída juntos.

Na pandemia ele perdeu o emprego e a partir de então, ela assumiu definitivamente as vezes de chefe da família. Ele assumiu o dia a dia das crianças, e tenta conseguir se estabelecer com sua empresa de assessoria.

Os luxos não são os mesmos de antigamente. Mas eles têm uma vida feliz e confortável.

Todos esses anos juntos, poucos foram os conflitos conjugais. A harmonia sempre imperou nesse lar. Os filhos demoraram a chegar, pois queriam muito curtir a vida, ate ter estabilidade financeira. Tudo nesse lar foi planejado.

Clara é uma executiva séria, temida pelos seus subordinados e pares no trabalho. Mas poucos conhecem realmente essa mulher por dentro.

Uma mente aberta, avida por aventuras, sufocada pela responsabilidade diária de uma mãe, profissional e dona de casa, que se obriga a viver dentro dos limites que a sociedade impõe.

Mas isso não a perturba. Ela somente vive e segue as suas obrigações. Sempre rodeada de amigos, bons amigos, a qual ela dedica boa parte da sua atenção. Uma mulher sem mi-mi-mi, sem grandes luxos, que gosta da sua cerveja gelada nas horas de folga e de um bom papo e muita música.

Outro dia de rotina se inicia.

Mesmos hábitos, mesmo trajeto para o trabalho, a música alta tocando, e ela extravasando cantando alegremente. Um farol, um olhar, e dessa vez um vidro de carro abaixado. Um olhar penetrante, um sorriso encantador, e de repente uma frase: Adoro sua alegria matinal.

Ela fica em choque, segue seu caminho pensativa.

Alegria Matinal

Um olhar penetrante. Invasivo. Daqueles difíceis de desviar.

Clara olha com curiosidade. E aquela frase arranca-lhe um sorriso... Ela segue sem falar nada. E até certo trecho, é acompanhada pelo desconhecido no outro carro.

Os dias passam, e o tal desconhecido não é mais visto. Tal episódio fica no passado, sem grandes lembranças.

Porém, certo dia, após alguns problemas no trabalho e em casa, e na mesma rotina diária, ela chora ouvindo uma música no seu carro... e sem perceber, aquele desconhecido está ali do lado a observando. Ela não percebe. E só vem a saber disso muito tempo depois.

O desconhecido chama se Roberto.

Muito bem sucedido, com 50 anos, e divorciado com 03 filhos. Vive uma vida simples por opcao, embora seja muito afortunado. Faz análise por conta de um casamento fracassado, onde se esforçou muito para manter, porém sem sucesso. Foram longos 22 anos de casados, onde a mulher permaneceu sempre em depressão. Nesses longos anos ele se afundou de cabeça no trabalho, e dedicou a vida a tentar entender o que faltava nesse casamento e a cuidar dos filhos.

Muitos foram os profissionais envolvidos nesse período. Psicólogos, psiquiatras, massagista, prostitutas... Tudo que pudesse levar a entender o porquê aquela mulher vivia naquele estado.

Roberto nunca conseguiu se satisfazer e mesmo satisfazer a sua esposa na cama. Em momentos de raiva ele procurava por prostitutas para satisfazer as suas necessidades, e momentos de desespero procurava por professores de massagens íntimas, em estudar a fisiologia feminina, sex shops, lugares paradisíacos para leva lá, mas nada dava jeito. Ela sempre demonstrava uma frigidez incapaz de ser curada.

Os filhos foram concebidos por acidente. Nunca planejado e sempre nas poucas vezes que conseguiam se relacionar como casal.

Os filhos trouxeram a alegria que ele desejava. Mas para Letícia nada mudava. Os meninos foram criados pelas babás, e pelos momentos que o pai dedicava a eles. Ela não se envolvia com nada, sempre dopada com seus antidepressivos.

Após alguns anos nesse desafio diário, Roberto simplesmente desiste e segue casado sem grandes esforços.

Reprimido sexualmente, pagando para ter o que queria, uma vez que se negava a ter uma amante e nunca conseguiu se apaixonar por alguém.

Certo dia, Letícia diz que quer ir para sua casa em Angra, passar uns dias com uma amiga. Essa amiga, Patrícia, sempre esteve ao lado dela, durante todos esses anos de casada. Muitas vezes Roberto desabafou com ela e pediu ajuda, na esperança de tirar sua esposa dessa depressão.

Após uma semana que estão na praia, Roberto decide ir para lá passar uns dias também, e fazer uma surpresa.

Ele e seu filho Gustavo, o mais velho, que são muito unidos e parceiros, resolvem ir de carro, para curtir algumas horas juntos.

Quando chegam na casa, já era noite, e estava tudo em completo silêncio.

Ao entrarem no quarto do casal, as duas amigas estão dormindo, nuas, abraçadas... O mundo de Roberto desmorona e seu único apoio é Gustavo, que desolado e enfurecido, tira seu pai dali.

Na cabeça de Roberto os anos de depressão estão explicados. É o fim de um casamento fracassado.

Conhecendo o Olhar Penetrante

Roberto foi um menino muito bem educado, da alta sociedade, filho unico, que desde pequeno descobriu o que é perder e pagar para ter aquilo que desejava.

Aos 17 anos perdeu o seu pai, um homem brilhante, de muita fibra, que passou os seus ensinamentos ao filho querido. Rogério morreu cedo aos 47 anos, de aneurisma, deixando a responsabilidade dos seus negócios para o filho.

Roberto assumiu os negócios com a ajuda de sua mãe, formou se primeiramente em Administração e posteriormente em Direito. Sofreu muito a ausência do seu pai que era seu amigo e conselheiro. Um amor sublime e incondicional.

Aos 21 anos conheceu Leticia, uma linda moça, tímida, muito recatada, com semblante sempre triste. Apaixonou se por ela, e após 03 anos casaram se. Uma festa maravilhosa, regada a muito luxo, unia dois jovens membros de uma sociedade rica e próspera.

Ela optou por casar virgem e Roberto respeitou. Antes do casamento eram apenas doces beijos e alguns amassos que ele conseguia roubar de vez enquando.

Após a festa de casamento, foram para um luxuoso resort, onde Roberto preparou tudo com o máximo de cuidado. Pétalas de Rosa Vermelha, Velas, champanhe, tudo aquilo que seria o sonho de qualquer virgem e de um casal apaixonado.

Ao chegar no hotel, e entrar no quarto Leticia apenas chora e diz:

- Estou com medo. Não sei como fazer isso, tenho vergonha.

Roberto apenas a abraça, cheira seus cabelos e aninha ela em seu peito.

- Será tudo como você quiser, quando você quiser. Sem pressa.

Leticia chora e dorme nos seus braços.

Na manhã do dia seguinte, Roberto pede um lindo café da manhã, acorda Leticia, que permanece com aquele olhar triste e distante.

Ela apenas se entrega para ele uma semana depois, e por mais cuidado e amor que Roberto tenha, o olhar triste sempre permanece. São semanas sem se tocar, o que deixa o casal cada vez mais distante.

Ele sem o pai para conversar e contando apenas com a mãe, resolver se abrir com um amigo mais próximo. Thiago aconselha ele a procurar um psicólogo para sua esposa ou uma terapia de casal. Ele tenta convencer Leticia que não aceita ajuda.

Após alguns poucos anos de casado e depois de meses sem transar, Roberto chega em casa bêbado, após uma despedida de solteiro de um amigo. Festa regada a muita bebida e mulher. No auge da sua juventude, cheio de desejo reprimido, e convicto de não trair sua esposa, Roberto bebe ultrapassando seus limites. Entra em casa embriagado, e depois de uma discussão calorosa, ele pede o divórcio. Leticia chora e nesse momento decide seduzir seu marido. Gustavo foi concebido nesse dia.

A gravidez toda eles não se tocaram. As desculpas eram muitas. Dores, enjoos, cabeça doendo, enfim. A única pessoa que sempre estava junto a ela e conseguia tirar um sorriso era sua amiga Patrícia.

Gustavo nasceu e trouxe alegria a vida de Roberto. Um garotinho esperto, com os olhos do pai, cheio de alegria. Leticia mal cuidava do filho, deixando sempre na dependência da baba.

Os anos foram passando, outros dois filhos vieram, e sempre concebidos da mesma forma, em meio a pedidos de divórcio.

Roberto nesse tempo todo buscou por muita ajuda e sucumbiu a pagar para ter seus desejos sexuais saciados. Nunca se permitiu ter uma amante, mas pagava por sexo, sempre com profissionais diferentes.

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