Linha Tênue
Capítulo 1
Isso é um pouco irritante, passo as inúmeras oportunidades de emprego para alfas e betas, mas nenhuma para ômegas.
Prostituição não é uma opção, e a maioria das ofertas que recebo são suspeitas demais.
Desligo o meu celular e volto a minha atenção para as inúmeras contas de água, luz sem falar no aluguel atrasado.
Eu realmente deveria ter me contido melhor quando aquele idiota tentou passar a mão em mim, bater com a bandeja no rosto do cliente foi o suficiente para ser demitido.
Eliot
Talvez devesse aceitar o meu destino e ir morar na rua?
Ouço o som de uma mensagem vinda do meu celular, era uma velha amiga minha que me ofereceu uma vaga como garçom num bar.
Não pensei duas vezes antes de aceitar, segundo ela começaria amanhã mesmo. Talvez eu possa adiar um pouco isso de ir morar na rua.
Arrumo toda a papelada que estava na mesa e bebo o resto do leite que ainda tinha no meu copo.
Limpo o copo e guardo a caixa de leite na geladeira que estava bastante vazia, não lembro quando foi a última vez que tive uma refeição descente.
De qualquer forma é melhor que... sinto um arrepio e afasto as velhas memórias que queriam surgir na minha mente.
Nem sempre eu morei num apartamento minúsculo onde sala, quarto e cozinha ficam juntos. Eu venho de uma família reconhecida por ter uma forte linhagem de tigres, mas imagine a surpresa da família ao se depararem com um pequeno gato vira-lata? Nesse mundo tudo o que importa é a linhagem, por isso que ao descobrirem a infidelidade da minha mãe fomos expulsos sem direito a nada.
Mas não é como se eu tivesse acesso à riqueza da minha família. Sou apenas um vira-lata que ainda por cima é um ômega.
As vezes me vejo tentado a seduzir um cara rico e engravidar, mas minha vida seria miserável.
Me jogo na cama e fecho meus olhos.
Capítulo 2
O ambiente do bar é agradável e elegante, mas algo está claro todos são de famílias de alto nível. Segundo o que Eter havia me dito é uma festa de uma turma do curso de administração, todos ou ao menos a maioria vão herdar os negócios dos seus pais.
Volto ao balcão onde a beta preparava um coquetel, os seus longos cabelos negros estavam presos num elegante rabo de cavalo e os seus olhos eram como pérolas refinadas, a sua áurea realmente combinava com o ambiente.
Eter
Não arrumou nenhum problema certo?
Ela tinha um sorriso nos lábios enquanto entregava o coquetel a um dos clientes que tinha as suas bochechas coradas.
Eliot
Não pretendo causar problemas.
Abaixo o meu olhar e coço a minha bochecha, desde a escola ela sempre me ajudava quando eu me metia em problemas, ela é como uma irmã mais velha.
Eter
Mas não hesite em me chamar caso alguém tente algo contra você, conheço bem essas pessoas elas são sempre astutas.
Afirmo com a cabeça, e sigo a servir as mesas e a anotar os pedidos.
Lidar com os olhares é mais fácil, tudo o que preciso fazer é ignorar.
Eliot
Aqui estão os seus pedidos...
Sinto uma mão segurar o meu braço me impedindo de sair da mesa.
Tento soltar a sua mão, mas ele segurou mais forte liberando também os seus feromônios de maneira sutíl para que apenas eu fosse afetado.
???
Vamos nós divertir? O que acha?
Respiro fundo imaginando como seria prazeroso bater nesse idiota com a bandeja que estava na minha mão.
Peço educadamente olhando nos seus olhos de peixe morto, ele riu e então antes que eu realmente batesse nesse sem noção uma mão firme agarrou o braço dele.
???
Me solta! Quem acha que é para fazer isso?!
Volto a minha atenção ao homem de cabelos negros como carvão e olhos âmbar que apenas solta o braço do sem noção quando sou solto, ele não parecia nada com todos aqueles jovens bem vestidos e arrumados, dou um passo para trás e me afasto antes que o sem noção tentasse algo novamente.
Foi então que vi os longos cabelos negros de Eter passar por mim num piscar de olhos, mesmo sem ver o seu rosto havia uma áurea ao seu redor que demonstrava quão irritada estava.
Eter
O que está acontecendo aqui?
Mas mesmo com toda essa áurea irritada a sua expressão se limitava a um sorriso que fazia os seus olhos quase fecharem, lhe dando uma áurea realmente assustadora.
Sinto uma leve dor no meu braço, quão forte ele apertou? Abaixo o meu olhar havia uma marca, deixada por sua mão, mas com o tempo iria desaparecer assim como os seus feromonios.
Fecho os meus olhos ao sentir uma leve dor de cabeça, mesmo sendo exposto por pouco tempo e em pouca quantidade esses feromonios estão me afetando assim.
Enquanto Eter resolvia o problema naquela mesa, deixo a minha bandeja sobre o balcão e vou para a porta dos fundos para respirar um pouco.
Ouço então alguns miados e vejo numa caixa de papelão alguns filhotes juntos da mãe que havia pego no sono enquanto amamentava os seus filhotes.
"— Isso tudo é culpa minha, nunca deveria ter deixado você nascer.— Sinto as lágrimas caírem enquanto o meu corpo se debate, aranho os seus braços tentando fazê-la soltar o meu pescoço. — M.Mãe..."
A quanto tempo será que estão aqui?
Noto que havia um pequeno pote de água e um pouco de comida fora da caixa, sorrio levemente e continuo a observá-los.
Eliot
Deve ser legal ter uma família... *resmunga*
Ouço a porta ser aberta, olho para trás e vejo Eter, ela suspirou e cruzou os seus braços.
Eter
O que faz aqui fora? Está frio.
Volto o meu olhar para frente, nem havia percebido, passo a mão nos meus braços.
Eliot
Eu só queria respirar.
Eter
Se não estiver se sentindo bem, vá para casa.
Levanto e volto-me para ela.
Eliot
Eu estou bem, não se preocupe.
Ela abriu a boca, mas logo a fechou respirando fundo.
Eter
Muito bem, mas caso não se sinta bem não hesite em ir para casa.
Afirmo com a cabeça e volto para o bar, a mesa do sem noção estava vazia, provavelmente Eter os expulsou.
Síndico
Então finalmente resolveu chegar! Quando vai pagar o aluguel? Já é o terceiro mês de atraso!
Respiro fundo fechando os meus olhos, é quase 01:00 da manhã por que ele está aqui?
Eliot
Eu irei pagar no final do mês então...
Sou interrompido por ele que ri a duvidar.
Síndico
É bom mesmo, porque senão jogo todas as suas tralhas lá fora.
Afirmo com a cabeça e ele sai, entro naquele pequeno cômodo e me deito na cama exausto demais para trocar as minhas roupas.
Capítulo 3
Realmente eu devo ter muita má sorte. Não contenho uma boa risada ao ver todo aquele cubiculo revirado. Deveria ser grato por não estar em casa quando durante o furto?
Nem se quer houve um grande esforço para arrombar a porta já que claramente nunca foi realmente segura.
Sinto dor de cabeça só de pensar o quanto irá custar para consertar a porta, imaginar o restante do prejuízo só me faz querer simplesmente jogar tudo para o ar.
Ouço o meu celular tocar, atendo a ligação era Eter.
Por favor seja uma boa notícia...
Eter
Olha tenho um amigo que está precisando de uma ajuda numa festa daquelas famílias de elite, soube que a gorjeta é boa, o que acha?
Sorrio aliviado, nem que eu tenha que engolir minha dignidade eu vou ganhar o máximo de gorjetas possível.
Eter
Mas olha toma cuidado eles podem ser...
Vou me certificar de tirar até o último centavo desses idiotas sem noção.
Porém não é seguro eu passar a noite aqui com a porta desse jeito.
Eliot
Ah Eter posso te pedir um favor?
Eliot
Posso dormir essa noite na sua casa?
Eter
Claro, mi casa és tu casa.
Sorrio levemente e a agradeço antes de desligar o celular, já está perto de anoitecer então preciso arrumar tudo logo.
Quando todos os clientes vão embora o bar ganha uma nova áurea mais aconchegante. Observo Eter preparar um coquetel sem álcool para mim.
Brinco com a barra do meu avental.
Eliot
Minha casa foi furtada, quando cheguei da faculdade estava tudo um caos.
Depois de prestar queixa na delegacia, e ouvir as lamurias do síndico pela porta quebrada, ainda tive que arrumar tudo.
Eter
Wow, aquele lugar não tem segurança nenhuma.
Eliot
Mas é o único lugar acessível para mim.
Ela me entrega o coquetel e me olha nos olhos.
Eter
Já disse mil vezes para vir morar comigo, pode não ser grande, mas é mais confortável e seguro.
Realmente eu gostaria de viver aqui, mas eu já devo muito a ela.
Eliot
Eu consigo me virar.
Eter
Eu sei, mas as vezes todos nós precisamos de ajuda.
As vezes sinto como se estivesse sempre recebendo ajuda, eu sou realmente patético. Bebo um gole do coquetel.
Eter
De qualquer forma vai mesmo aceitar aquela oferta? Eu sei que foi eu quem falei mas...
Eliot
Eu vou, preciso de um dinheiro extra.
Eter
Bom... você quem sabe.
É eu preciso desse dinheiro.
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