Hoje é um dia tão importante, não vejo a hora de começar no meu novo trabalho, após anos de lutas vou finalmente conseguir ter um trabalho melhor, sou formada em Direito e agora sou sócia de um escritório de advocacia, indicada pelo meu professor.
Minha vida sempre foi muito difícil, fui adotada por Marco e Lilian, eles não podiam ter filhos, apesar de já ter 5 anos eles não se importaram de me adotar, é tão raro conseguir ser adotada nessa idade, me sentia privilegiada, após 3 anos que cheguei estava com 8 anos, minha mãe Lilian engravidou de Amélia, fiquei tão feliz, mas depois disso tudo chegou, bem antes de Amélia nascer, senti que minha mãe estava muito impaciente, e meu pai apesar de sempre ser frio ele parecia mais frio ainda.
Foi aí que tudo começou a ficar pior na minha vida, Amélia nasceu aquele bebê tão fofo, que eu amava tanto, mas com a chegada dela minha mãe se transformou, aquela impaciência que existia na gravidez transformou em agressões físicas e palavras que doía tanto, queria estar perto de Amélia, mas nunca pude segurar nem sua mãozinha, pois era repreendida. O quarto que antes era meu foi para Amélia, e eu fui para o quarto dos fundos, ele era arrumado tinha uma cama, guarda roupa e um banheiro, mas dormir sozinha era que me afligia.
Amélia foi crescendo, e aquele bebê que sempre sorria para mim mesmo de longe, começou a me tratar como meus pais, me sentia uma intrusa naquela casa. Apesar de sermos da alta sociedade eu estudava em escola pública, não participava dos eventos, pois era proibida. A maioria das pessoas não sabia que eu era filha do grande Marco, vivia como se fosse uma pessoa a parte daquela família.
Só de lembrar eu me sinto tão infeliz, quando consegui formar no ensino médio, e ninguém foi a minha formatura, ali eu percebi que eu tinha que levantar das cinzas e aproveitar a oportunidade de ter um teto. E correr atrás do meu futuro, foi quando comecei a estudar, estudei até passar na faculdade de Direito, ganhei uma bolsa. Trabalhava durante o dia de doméstica para minha família onde ganhava o quarto que eu dormia e pagava minha alimentação que era regrada, e a noite ia para faculdade, mas eu estava tão acostumada com aquela vida, que isso nem afligia meu coração, agora as alfinetadas as palavras, essas sim deixava meu coração apertado, triste.
Os momentos de felicidade que tive, ao longo dos anos que estou vivendo com a família Andrade, vulgo minha Família, foi quando encontrei Suzana, minha amiga do colégio pra vida, seguiu a mesma profissão que eu, a família dela é tão diferente da minha, comecei a passar as datas comemorativas, feriados e até mesmo fim de semana com eles, eles me acolheram, sem eu mesmo contar minha história.
Não vejo a hora de ter muitos clientes e poder comprar um apartamento, e me desligar da família Andrade, hoje eu só preciso de um teto para dormir, já não como com eles. Minha mãe Lilian fez questão de fazer um “puxadinho” pra fazer uma cozinha. o que me deixou muito feliz, pois com isso pude começar a comer melhor, com o dinheiro que comecei a ganhar estagiando e fazendo alguns bicos, comprava minha comida. Mas não deixei de trabalhar na casa deles, pela manhã fazia toda a limpeza e atarde ia para o estágio.
Diário só estou escrevendo todos esses rabiscos, por que esse é o diário que levarei para minha vida, os demais já queimei, mas tem coisas na nossa trajetória que não tem como pagar, não é verdade?
Que seja um divisor de águas na minha vida, pretendo escrever uma história linda aqui. Sempre fui tão sozinha, mas só de pensar que eu estou vencendo, valeu a pena esperar se humilhar.
Beijos, Liz Andrade
Era cedo, Marco não conseguiu dormir, sentado ao seu escritório, sem saber mais como calcular todas as dívidas que tinha com o senhor Hugo Fontana. Não tinha escapatória, teria que renegociar sua dívida pela segunda vez. Lilian não poderia sonhar que tinha negócios com Hugo, todos nós sabíamos da fama que ele tinha, e o que fazia com os mal pagadores, Lilian entra:
_ Querido, não foi dormir? A cama do seu lado está intacto.
Marco com um semblante abatido responde:
_ Lilian! Estava aqui fazendo uma auditoria!
Ela vinha aproximando da mesa, eu era um pessimo, mentiroso e ela sabia.
_ O que se trata esses extratos?
_ Não é nada querida, nada que se deva preocupar.
Dei um sorriso amarelo pra ela.
_Vamos tomar nosso café querida! Liz já deve ter posto a mesa.
Abraçados, mesmo Lilian desconfiada foram para a cozinha. Mas foram surpreendidos, a cozinha estava em um silêncio absoluto. As vasilhas do jantar estavam lá como deixaram, a mesa ainda tinhas os pratos sujos da noite anterior.
_ O que significa isso? Aquela ordinária não sabe que nosso café deve ser servido as 08:00hs ? E com a cozinha limpa.
_ Calma Lilian, deve ter acontecido alguma coisa, ela nunca atrasa. Desde pequena sempre está aqui 05 da manhã.
_ Marco ja são 7:40h e ela não está aqui, será que consegue arrumar tudo em 20 minutos ? isso é que você dá muita asa a ela, se a tratasse em rédias firmes, isso não aconteceria. Vai lá ver a sua protegida.
Marco caminha até os fundos da casa, onde Liz morava. Observa pelo blindex, mas nem sinal de liz, ela não estava. Ao voltar pra casa, Amélia já estava acordada:
_ Bom dia, papai! Cadê nosso café da manhã, eu estou faminta, tenho que sair agora cedo, minha roupa não foi passada. Cadê Liz ? Meu quarto está uma bagunça, minhas roupas estão amarrotadas. Não tem nem café da manhã pronto.
Marco sai, respondendo apenas bom dia, e volta pra pergunta onde Amélia ia tão cedo, afinal após terminar o ensino médio ela não fazia nada além de ir para festas e passear nos shopping da cidade.
_ Amélia, onde você vai tão cedo?
_ Marquei com umas amigas, vamos ao shopping. Já é final de ano, precisamos fazer compras, e soube que vai chegar uma pulseira em uma relojoaria que é exclusiva, quero chegar lá antes que abram.
_ Amélia, você não deveria estar a procura de um emprego ou até mesmo estudando para ingressar em uma faculdade?
_ Papai, eu faço isso sim! Não posso sair um dia com minhas amigas.
_ Está bem, minha pequena! Estou indo para empresa.
Era uma mentira, Marco ia fazer uma visita ao senhor Hugo. Chegando na portaria foi anunciado e adentrou a uma sala de espera, onde ficou plantado por 3 horas. Quando estava quase desistindo foi chamado pela secretaria:
_ Senhor Marco, pode me acompanha! Senhor Hugo te espera.
Acompanhou a moça que o deixou em frente à porta do escritório de Hugo, deixando uma batida de leve:
_ pode entrar!
Quando Marco entrou e Hugo confirmou que realmente era ele, foi recebido com um sorriso chegou de sínismo nos lábios. Hugo tinha uma presença marcante, era um homem de uns 60 anos, muito bem conservado.
_ Senhor, Marco! Que honra recebê-lo aqui, já trouxe meu pagamento ?
_ Hugo, tudo bem ? Foi exatamente por isso que eu estou aqui. Eu não consigo te pagar. Nem se eu der todo os meus bens, conseguirei pagar a minha dívida. A minha empresa está a beira da falência.
_ Pois, eu não te obriguei a ir jogar nos meus cassinos? Ou obriguei ?
Marco estava mudo, apenas balançou a cabeça.
_ Eu te dou uma semana pra juntar tudo que tem e vender, e aparecer com todo o dinheiro, aqui na minha mesa, você me conhece muito bem. Não preciso falar nada, não é mesmo ? Sabe das consequências.
Hugo não daria a ele um tempo, Marco sabia, que se nao pagasse eles sofreriam a consequência, e seria a morte.
Quando marco ia sair, Hugo o chamou:
_ Marco eu tenho uma proposta, eu sei que você tem uma filha, ela é nova mas para o intuito que quero ela serve.
Ele olhava para o homem, assustado tentando digerir o que ele queria dizer com aquelas palavras.
_ Hugo, não estou entendendo! Seja mais claro.
_ Você me dá a sua filha em troca esqueceremos a sua dívida.
_ A minha filha não está a venda, que absurdo.
_ E uma ótima proposta, afinal ela nem vale isso tudo mesmo.
Marco estava se consumindo em ódio, quando ia abrir a boca foi interrompido por Hugo.
_ Eu sei tudo sobre vocês, onde você almoça depois do trabalho, o nome da sua amante, o que você faz, o que sua esposa faz, onde ela vai. Inclusive ela não ficaria nem um pouco feliz, de saber que você tem uma outra família. A sua filha é uma p*, mimada. Vive de torrar o dinheiro que você nem tem, mas segundo os relatórios ela é bonita, não estuda vive a te enganar que vai pro cursinho, já está bem rodada, mas para o meu intuito ela vai servir. Vamos fazer um bom casamento.
Marco estava pálido, sem reação sabia que Hugo não estava de brincadeira, sabia que tinha que tomar uma providência urgente. Ele não via saída a não ser aceitar aquela proposta, começou a caminha de um lado para o outro, mas não tinha outra opção.
_ Hugo, eu aceito a sua proposta.
“Queridos leitores, comecei a escrever a história e coloquei um narrador, mas irei começar a escrever como se a própria pessoa narrasse, esse é o meu primeiro livro, acho que vai ser melhor assim, espero que entendam”
Liz
Meu primeiro dia dia no trabalho, foi tão incrível ter a minha própria sala, eu já estou familiarizada com o ambiente, pois fiz o meu segundo estágio lá, e já conheço todo mundo. Estava entrando no elevador, Lucas chama meu nome:
_ Liz, já está indo? Me espera vou com você.
Enquanto isso segurava o elevador, para ele entrar:
_ Achei que você ia ficar, estava com uma pilha de papel na sua mesa.
Ele riu, aquele sorriso lindo que ele tinha, ficava encantada com aquele sorriso, e o cuidado que ele tinha comigo, Lucas era alto, 1,80, cabelo preto liso, que jogava pra trás, e caía pelo rosto, que era lindo, tinha um corpo atleta. Que dava pra ver pelo terno impecável que ele usava.
_ haha, eu também sou filho de Deus né, Liz. E você como está se sentindo agora no seu próprio escritório?
_ Não dá pra colocar em palavras, a minha gratidão.
Ele se aproximou, e estava tão perto, senti a sua respiração, seus olhos foi para trás de mim:
_ você não apertou o andar, só fechou a porta. Você é muito esquecida.
Soltei a respiração que eu nem sabia que estava segurando, deu um sorriso que nem subiu aos olhos. Achei que ele ia me beijar, não sei se estava chateada ou aliviada. Nunca tinha tido um relacionamento com ninguém, mas eu gostava de Lucas, não amava mas ele me fazia muito bem, esse sentimento eu sempre manti só pra mim. O elevador abriu, ele todo cavaleiro, deu passagem para que eu passasse, encontramos com Suzana, estava esperando para subir, ao escritório.
_ Olha a nova socia, meus parabéns minha irmã, você merece!
_ Obrigada, estou tão feliz. Você vai subir ?
_ Não, Lucas não te contou ? Vamos comemorar a sua sociedade.
Olhei para Lucas e vi seu olhar na minha amiga, um olhar de cumplicidade, mas tinha algo a mais, que eu não conseguia entender.
Estávamos tão felizes juntos, partimos para um restaurante onde a galera era acostumado a se encontrar após o trabalho. Chegando lá tinha uma música bacana, Lucas sentou ao lado de Suzana, eles trocavam olhares, fizemos nossos pedidos. Meu olhar estava atento ao ambiente, chegaram alguns estágiarios do escritório e que se juntaram a nós.
_ Hoje vamos comemorar a nova Sócia da advocacia Ribeiros. (Lucas falou)
Todos nós levantamos nossas taças, e foi uma verdadeira felicidade. Até Lucas completar sua fala
_ e quero também anunciar, que eu e Suzana estamos namorando.
Eles levantaram e se beijaram, e todos começaram a aplaudir. Não vou negar fiquei tão surpresa com tudo, eu nao tinha nada com Lucas, mas algo estava desordenado dentro de mim, será que eu gostava dele? Ou foi mais pelo fato da minha melhor amiga nunca ter mencionado que tinha algo entre eles.
Parabenizei o casal, não deixei transparecer os meus sentimentos, mais todo aquele questionamento estava ali presente, tinha que tirar a limpo.
_ Suzana eu vou ao banheiro, tá bom e já volto.
Levantei e fui ao banheiro chegando lá lavei as minhas mãos, quando levanto a cabeça lá estava minha amiga.
_ Liz, eu queira ter te contado, mas tudo foi tão rápido, e a sua viagem para terminar o doutorado, não tivemos oportunidade. Me desculpe.
_ Eu entendo, fiquei muito surpresa. Achei que havia acontecido algo na nossa amizade. Pra você não compartilhar comigo.
_ Não Liz, nunca aconteceu nada. Só não tivemos a oportunidade.
_ Agora eu entendo, realmente minha vida estava uma loucura. Cheguei do doutorado e tive que fazer todos os meus serviços pendentes lá em casa, antes de voltar hoje ao trabalho.
_ Já falei pra você parar de ser escrava daquele povo.
_ Você sabe que não dá né ? Deixei o quarto de Amélia sem arrumar, ela mandou uma mensagem quase me expulsando de casa.
Enquanto conversávamos, fomos em direção a mesa que o pessoal estava.
_ você não vai conseguir, dar conta do escritório e daquela casa.
_ Eu sei Su, eu preciso ter dinheiro pra conseguir me sustentar, pagar um aluguel. Ainda não ganho pra dar conta de tudo, essa cidade o custo de vida é tão alto. Por isso ainda estou arrumando as coisas lá.
_ Se eu não tivesse aquele tanto de irmãos em casa, te convidaria pra morar comigo, mas agora minha cunhada esta lá e ainda grávida.
_ Eu sei minha amiga, não precisa se preocupar. E você sabe que eu gosto de paz né kkkkkk
Nós duas rimos, a casa dela tinha uma energia maravilhosa, só que era muito agitada. Sentamos e fomos comer e conversar com o pessoal. Já está a tarde devia voltar pra casa. Só de imaginar o que me espera, minhas pernas ficavam bambas. A primeira vez que não faço o café
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