João, de 18 anos, é o herdeiro da máfia e possui uma beleza marcante que impressiona a todos ao seu redor. Com autismo de nível leve, ele demonstra uma inteligência analítica e uma calma natural, características que o tornam um estrategista nato. Apesar do peso de suas responsabilidades como herdeiro, João mantém uma postura tranquila e reservada, despertando tanto admiração quanto respeito no círculo familiar e entre os associados da máfia.
Luriel, aos 24 anos, é um jovem charmoso e estrategista. Ao trabalhar como segurança de João, ele aparenta ser leal e confiável, mas sua verdadeira motivação é sua busca incessante por poder. Sua ambição pode colocá-lo em situações que desafiam sua lealdade e intenções. Ele enxerga sua proximidade com João como uma oportunidade para avançar seus próprios interesses.
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P.o.v -Luriel
***12 Anos Atrás***
Aquele dia ficou marcado na minha memória, como o último em que vi minha mãe.
Ela chegou em um carro luxuoso, como sempre fazia. O barulho do motor já me enchia de expectativa. Assim que o carro estacionou, corri até ela. Quando desci os degraus da varanda, meus olhos caíram sobre um menino que estava ao lado dela, segurando sua mão. Ele parecia diferente, com um abafador de som nos ouvidos, mas eu não sabia dizer exatamente o porquê.
— Oi, filho! — ela disse, com aquele sorriso que fazia tudo parecer menos complicado. — Esse é o João, filho de um amigo... trouxe ele para o seu aniversário, porque hoje ele não teve aula.
Minha mãe sempre tinha esse jeito de tomar decisões como se o mundo girasse ao redor delas.
Eu olhei para o menino, tentando entender.
— Mãe, por que ele usa isso na cabeça? — perguntei, apontando para o abafador.
Ela abaixou para ficar na minha altura.
— Ele é um pouquinho diferente, Luriel. Ele é autista, e o barulho pode incomodá-lo às vezes.
Antes que eu pudesse perguntar mais alguma coisa, meu pai se aproximou.
— Ana, podemos conversar a sós um pouco?
Ela assentiu e se virou para mim.
— Cuida dele um pouco, filho, eu já volto.
Enquanto ela e meu pai se afastavam, eu fiquei ali com o João, que agora olhava fixamente para o movimento da festa. Ele parecia alheio à música, às risadas, mas não de uma forma ruim. Apenas... calmo.
— Vamos para um lugar mais tranquilo? — sugeri, apontando para uma área menos movimentada.
Ele não respondeu, apenas me seguiu. Sentei em uma cadeira perto do jardim e olhei para ele, curioso.
"Será que ele é mesmo diferente?", pensei. "Como seria isso? Tipo uma peça faltando?"
Estalei os dedos na frente dele.
Ele deu um pequeno salto e me encarou, surpreso.
— O que está fazendo?
— Tentando chamar sua atenção — respondi, rindo. — O que te faz ser diferente?
Ele franziu a testa, como se não entendesse.
— É tipo um superpoder? — insisti, tentando descobrir.
— Eu tô com sede... — ele disse, desviando o olhar.
Fui até a mesa e peguei um copo de refrigerante, entregando para ele. Ele tomou um gole e murmurou:
— Obrigado.
Eu o observei mais de perto enquanto ele bebia. Ele parecia normal para mim, mas, ao mesmo tempo, havia algo nele que eu não conseguia decifrar.
— De nada. Se quiser mais, é só pedir.
Ele assentiu.
— Quer ir no pula-pula?
— Não... Cadê a mamãe Ana?
Aquilo me pegou de surpresa.
— Ela não é sua mãe — corrigi. — Mas ela tá falando com o meu pai.
Ele ficou quieto, sem responder.
Foi quando meus colegas se aproximaram.
— Luriel virou babá de criancinha? — um deles provocou.
Eu os encarei.
— Ele é apenas um amigo novo.
Eles riram e se aproximaram de João, puxando o abafador de sua cabeça.
— O que é isso? Um fone? — zombaram.
João recuou, estendendo a mão para pegar o abafador de volta, mas não disse nada.
— Não sabe falar? — gritou outro menino, rindo.
João correu para trás de mim e segurou a manga da minha camisa. Era a primeira vez que eu via alguém procurar proteção em mim, e aquilo despertou algo novo.
— Ei, parem com isso! — gritei, empurrando o garoto que havia tirado o abafador. — Devolvam!
— Qual é, Luriel?! Por que me empurrou?
— Olha o que você tá fazendo com ele. Eu não faço isso com você.
Eles reviraram os olhos e foram embora. Entreguei o abafador de volta para João, que sorriu timidamente.
— Não liga para eles — disse, tentando parecer confiante.
— Obrigado... — ele respondeu, com uma voz baixa.
— Mesmo você sendo diferente, você é legal.
Pouco tempo depois, minha mãe voltou. Ela se ajoelhou na minha frente e passou a mão no meu rosto.
— A mamãe já vai, mas eu venho te ver outro dia, tá?
Eu segurei sua mão, implorando.
— Fica mais, mãe!
Ela beijou minha testa e sorriu, como se soubesse algo que eu ainda não sabia.
— Eu preciso ir. Me acompanha até o carro?
Pegando minha mão de um lado e a de João do outro, ela nos levou até o carro. Antes de entrar, tirou algo do bolso: uma caixinha pequena com uma pulseira dentro, com a letra do meu nome gravada.
— Seu presente... Espero que goste.
Meus olhos brilharam. Coloquei a pulseira no braço e a abracei com força.
— Obrigado, mamãe.
Ela sorriu, me abraçando de volta.
— De nada, filho.
Do banco do carro, João me olhava em silêncio. Antes que o motorista fechasse a porta, ele pegou um carrinho personalizado e o jogou na minha direção.
— Pega... pra você.
Eu o segurei e notei os detalhes únicos.
— Obrigado, João.
Ele sorriu.
— De nada.
Minha mãe acenou uma última vez antes de partir.
— Seja um bom menino, Luriel.
Fiquei ali, parado, segurando o carrinho e a pulseira, assistindo ao carro desaparecer na estrada. Aquele foi o último momento que tive com ela. E foi também o início de algo que eu ainda não entendia, mas que mudaria tudo.
P.o.v -Luriel
***12 Anos Depois***
A vida dá voltas estranhas, e eu, Luriel, estava prestes a começar a minha em um caminho que jamais imaginei. Naquela manhã, no meu apartamento, eu me arrumava para uma entrevista que poderia mudar tudo.
— Como você ficou sabendo que o dono da maior máfia da cidade está precisando de segurança? — perguntei para Mirela, enquanto ajustava a gravata.
Ela estava sentada no sofá, verificando o celular, com aquele ar despreocupado que só ela tinha.
— Eu trabalho por lá, né? — disse, sem levantar os olhos. — E sua entrevista é hoje.
— Sei bem o seu trabalho... — comentei, rindo de leve. — Por isso estou indo bem arrumado. Vai que não seja um homem.
Ela revirou os olhos, divertida.
— Não é mulher, é homem. Disso eu tenho certeza. — Ela riu, mas eu não resisti à provocação.
— Pô, se fosse, já ia mostrar as minhas táticas pra ela.
Mirela riu alto dessa vez. Sempre me divertia com essas trocas de farpas entre nós dois. Quando terminei de me arrumar, fomos para o carro.
No caminho, ela me deu as últimas instruções:
— Quando chegar lá, diz que veio por indicação. Eles adoram saber que alguém confiável mandou você.
— Eu sei o que vou falar, Mirela. Relaxa. Agora você já pode ir trabalhar, deixa o resto comigo.
Chegamos ao clube da máfia, um prédio imponente que exalava poder. Na recepção, fui atendido por um cara bem apresentável, que se apresentou como Júlio.
— Bom dia, como posso ajudar? — ele perguntou com profissionalismo.
— Bom dia. Fui indicado para uma entrevista que vai acontecer hoje.
Ele fez um gesto educado, apontando para o elevador ao lado.
— Segundo andar, sala 21.
Agradeci e entrei no elevador. Assim que as portas começaram a se fechar, alguém as segurou. Era um rapaz com uma caneca de café na mão. Ele entrou calmamente, quase ignorando minha presença.
— Bom dia, senhor — cumprimentei, tentando ser educado.
Ele respondeu sem sequer olhar para mim.
— Bom dia.
O jeito casual dele me fez franzir a testa. Ele parecia... diferente. Não no jeito de se vestir ou falar, mas na forma como parecia desconectado do mundo à sua volta.
— Veio para a entrevista? — perguntei, tentando puxar conversa.
Ele me olhou rápido, quase por reflexo, antes de desviar o olhar de novo.
— Não. E você?
— Sim. Vim por indicação. — Minha resposta foi firme, mas ele parecia pouco interessado.
Tomou um gole de seu café antes de dizer:
— Para segurança?
— Sim — confirmei.
Ele me encarou por um breve momento e, para minha surpresa, estendeu a caneca para mim.
— Pega, toma um pouco.
Fiquei confuso. Quem oferece café para um estranho no elevador?
— Já tomei antes de vir. Muito obrigado. — Tentei ser educado, mas ele arqueou as sobrancelhas como se soubesse algo que eu não sabia.
— Não parece que tomou. Pode ficar.
O elevador parou no segundo andar. Ele saiu primeiro deixando a caneca na minha mão, caminhando com a tranquilidade de quem já sabia exatamente onde estava.
— Boa sorte na entrevista — disse ele, ainda sem olhar para trás.
— Obrigado — respondi, observando enquanto ele seguia para a última sala do corredor.
Entrei na sala 21 e esperei ser chamado. O tempo parecia arrastar enquanto eu tomava o café devagar, mas finalmente alguém apareceu, um homem com a postura rígida e olhar atento.
— Luriel?
Levantei-me, ajeitando a gravata.
— Sim, senhor. Sou eu.
Era a hora de provar meu valor, sem saber que aquele rapaz no elevador já tinha mais a ver com meu futuro do que eu poderia imaginar.
P.o.v -Luriel
Quando o diretor me chamou, respirei fundo, ajustei a postura e caminhei até ele com firmeza.
— Bom dia, eu mesmo, senhor — cumprimentei, estendendo a mão para apertar a dele.
Ele correspondeu com um sorriso discreto e um aperto de mão firme.
— Olá. Pode entrar. — Ele abriu a porta e fez um gesto indicando a sala.
— Licença — disse, entrando e me acomodando em uma cadeira de frente para ele.
O homem se apresentou como Carlos.
— Soube que veio por indicação.
— Prazer, Carlos. Sim, fui indicado — confirmei, tentando parecer o mais confiante possível.
Ele foi direto ao ponto:
— Sabe usar armas? E é bom de briga?
Sorri levemente. Estava preparado para essas perguntas.
— Tenho porte de arma até calibre .50 e sou graduado em algumas artes marciais.
Carlos parecia satisfeito, mas, ao olhar para a caneca em minha mão, algo mudou em sua expressão.
— Como conseguiu essa caneca? — perguntou, apontando.
— Ah, isso? Um rapaz de cabelo branco me deu no elevador — respondi casualmente.
O rosto dele demonstrou surpresa.
— E ele falou com você?
Percebi que havia algo de especial naquele "rapaz".
— Sim, ele me desejou boa sorte. Por quê?
Carlos respirou fundo antes de dizer:
— Porque... ele é o chefe.
Meu coração deu um salto.
— Então eu tive a sorte de conhecer o chefe?
— Sim. E, se passar na seleção, é dele que você ficará perto e o protegerá.
De repente, tudo parecia mais sério.
— Não vai ser difícil protegê-lo — disse, tentando demonstrar segurança.
Carlos assentiu.
— Que bom. Ele é bem tranquilo... Você sabe dirigir?
— Sei, tenho vários cursos.
Ele digitava no computador enquanto me fazia mais perguntas.
— É casado? Tem filhos?
— Não.
— Tem vícios?
— Não, não bebo e nem faço uso de drogas.
Carlos parecia satisfeito com minhas respostas, mas fez uma pausa para olhar diretamente para mim.
— Por que quer entrar na máfia como segurança do chefe?
Minha resposta veio rápida, mas sincera:
— Quero ser reconhecido pelo que faço e trabalhar no que gosto.
Carlos assentiu mais uma vez e concluiu:
— Certo. Você pode esperar pelo resultado. Enquanto isso, fique à vontade para conhecer o local. O refeitório fica no primeiro andar.
Agradeci e saí da sala. Desci para o refeitório, onde Mirela já estava sentada com um grupo de pessoas. Quando me viu, acenou para eu me juntar a eles.
Peguei minha comida e sentei ao lado dela, sorrindo.
— Olha o novato — brincou um rapaz ao lado dela, que Mirela apresentou como Júlio.
— Prazer, Luriel — cumprimentei, confiante.
— Prazer. Acho que você tem grandes chances de ser aprovado. — Ele sorriu.
De repente, o ambiente mudou. Todos se levantaram, e eu os acompanhei, confuso. Quando olhei na direção de onde vinha o respeito, lá estava ele: o "rapaz do elevador".
João parecia alheio ao movimento que causava, mas sua presença dominava o espaço. Pegou sua comida e sentou-se em uma mesa isolada. Assim que ele se acomodou, todos voltaram a se sentar.
Aproveitei a oportunidade para sussurrar para Mirela:
— Hoje peguei o elevador com ele.
Ela arregalou os olhos.
— Sério? E o que rolou?
— Ele me deu uma xícara da máfia e me desejou boa sorte.
Júlio se inclinou, entrando na conversa.
— O senhor João é bem bonito, né?
Mirela riu.
— Verdade, Júlio, mas acho que você não faz o tipo dele.
— Algum dia eu posso fazer. Nunca se sabe. A esperança é a última que morre. — Ele piscou, arrancando risadas da mesa.
Continuei observando João. Percebi que ele estava me olhando. Quando nossos olhares se cruzaram, sorri para ele. Mas ele desviou rapidamente e voltou a comer.
"Parece que ele não gosta de interações", pensei, mas não conseguia tirar da cabeça a ideia de que ele havia me notado de alguma forma.
Logo depois, um outro rapaz chegou no refeitório, animado:
— E aí, pessoal! — disse ele, cumprimentando a todos com energia. Era Thiago, pelo que ouvi alguém comentar.
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