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AS CRÔNICAS DE MIDIRIN: O ESCOLHIDO

A TERRA DE MIDIRIN

As lendas dizem que o gelo trouxe o fim, mas o que veio antes disso é a verdadeira história. Começa aqui, onde reis caíram e heróis se levantaram, em Midirin, uma terra completa, que começa nas montanhas e vai até o litoral, uma terra cheia de mistérios e aventuras.

Como em quase toda terra e reino, a divisão entre classes sociais não é diferente por aqui.

Há Nobres e Plebeus, Guerreiros e Ladrões, sempre fazendo os seus trabalhos ou tentando.

Adiante conheceremos os 5 principais reinos da terra de Midirin, seu desenvolvimento, seus reis, suas batalhas, suas conquistas e seus fracassos.

REINO DE HOLLYO

Meriné uma terra distante e isolada, situada nas montanhas mais remotas de Midirin. Foi o primeiro reino a ser fundado em toda a terra e permanece um dos mais antigos, com uma história que remonta aos primórdios da civilização de Midirin. Seus habitantes, os Drarkons, são os mais antigos da terra, e a fortaleza que serve de castelo real, o Castelo de Hollyo, é um monumento imponente à sua história.

O Rei Besique Drarkon III governa Merincom mão firme, mantendo as tradições que definem sua terra e seu povo. A cidade é um reflexo da cultura Drarkon: selvagens e guerreiros, com um forte espírito de união e lealdade. Os Drarkons não possuem hierarquias de nobreza como os outros reinos, pois para eles, todos são nobres, todos são guerreiros. Cada pessoa que habita a cidade carrega o sobrenome Drarkon, pois a honra da luta e da defesa de seu território é o que os une, e a força no campo de batalha é a verdadeira marca de sua grandeza.

Os Drarkons são conhecidos por seu domínio sobre as armas pesadas, preferindo grandes martelos e machados em vez das tradicionais espadas. Estas armas são forjadas com o mais puro aço das montanhas de Hollyo, sendo mais pesadas e imponentes do que qualquer outra. O treinamento de combate é intenso e exigente, e todos os habitantes da terra são preparados desde jovens para se tornarem guerreiros habilidosos, prontos para enfrentar qualquer ameaça que surja.

Entretanto, após a derrota na Batalha da Libertação, as forças de Merinforam substancialmente enfraquecidas. Mesmo assim, os Drarkons não desapareceram das terras de Midirin. Hoje, atacam principalmente pequenas aldeias do norte, as quais são vistas como presas fáceis para seus guerreiros ferozes. As invasões de Merinsão temidas por todos os outros reinos, pois sua crueldade é lendária. Quando eles atacam, não há misericórdia: tudo é destruído e quem se põe em seu caminho é morto sem piedade.

Apesar da imagem de crueldade e selvageria que circula sobre Merinnos outros reinos, poucos sabem da verdadeira razão por trás de sua natureza guerreira. Afinal, os Drarkons são os primeiros a habitar Aderine, talvez, estejam apenas tentando proteger o que é seu, mantendo suas terras e tradições vivas. Eles não se vêem como uma ameaça sem motivo, mas como um povo que defende seu lar, sem considerar as consequências de seus atos para aqueles que não compreendem sua luta.

A terra de Merine seus habitantes, os Drarkons, permanecem como uma incógnita para o resto de Midirin. Eles são vistos com receio e desconfiança, mas sua história e sua bravura não podem ser ignoradas.

REINO DE HISKAN

Fundado no gelo e na neve, Hiskan foi o reino erguido pela família Downves, com a liderança de Jameres, o Grande. Jameres veio das terras geladas de Vasalys, ao norte da Terra de Midirin, e trouxe consigo uma força indomável e uma visão grandiosa para a criação de um novo reino. No entanto, antes que seu sonho pudesse se concretizar, o caminho de Hiskan foi marcado por diversas batalhas, e nenhuma delas tão sangrenta quanto a batalha que ficaria para a história como “A Batalha do Poder”.

Essa batalha, que ocorreu nas planícies geladas do Vale de Ossos, durou apenas um dia, mas seu impacto reverberaria para sempre na terra de Midirin. O confronto foi entre Jameres, o Grande, e Baskard Drarkon, o Terrível, duas figuras lendárias cujos exércitos eram vastos e ferozes. Jameres comandava uma força de soldados corajosos, aliados às feras de combate, animais treinados para o combate feroz, enquanto Baskard Drarkon trazia consigo um exército igualmente imenso, composto por guerreiros Drarkons implacáveis, todos com a fúria selvagem dos antigos habitantes de Hollyo.

A batalha começou logo ao amanhecer, quando o sol mal havia tocado o horizonte, e se estendeu até o pôr do sol. Durante o dia, o campo de batalha se transformou em um mar de sangue, com a luta incessante entre os exércitos. Martelos e machados de aço, empunhados por guerreiros Drarkons, se chocavam com as feras e espadas de Jameres. O som das armas batendo contra escudos e carne era ensurdecedor, e o ar gelado de Aderinfoi tomado pelo calor da batalha, o que fez com que o cenário se tornasse ainda mais surreal. O terreno, uma mistura de gelo e neve, foi rapidamente coberto por uma camada espessa de sangue, criando uma paisagem macabra.

Ao final do dia, os corpos de milhares de combatentes jaziam no chão, caídos no Vale de Ossos, tornando o local ainda mais infame. O lugar onde a batalha se desenrolou, já marcado pela presença de antigas ossadas, passou a ser conhecido como o Vale de Ossos em memória das centenas de guerreiros que ali pereceram. A quantidade de mortos foi tão grande que o solo, coberto de neve, mal conseguiu absorver os corpos, que se empilharam uns sobre os outros. Nenhuma vitória foi sem perdas, e o campo de batalha era um retrato de destruição e tragédia, com ecos das últimas palavras dos combatentes ainda pairando no ar.

Após o terrível confronto, os Drarkons, que haviam sofrido pesadas baixas, recuaram para as montanhas, deixando o campo de batalha e a derrota para trás. Jameres, o Grande, saiu vitorioso, mas seu triunfo foi sombrio, pois ele soubera que não sairia ileso daquela guerra. O que restava agora para ele era a fundação de Hiskan, seu reino, e a promessa de que o sangue derramado no Vale de Ossos jamais seria esquecido.

Assim, Hiskan foi erguido sobre a dor e a perda, com Jameres, o Grande, se consagrando como o primeiro rei da terra, mas com um legado manchado pela memória daquela batalha brutal. O som das lâminas e o eco das feras que haviam lutado naquele dia ainda ressoavam nas mentes de todos que viveram para contar a história da Batalha do Poder.

Dentro da batalha, Baskard Drarkon, O terrível, Homem alto e musculoso, com cicatrizes que cruzavam seu rosto, símbolos de suas inúmeras batalhas. Ele tinha cabelos negros e olhos que refletiam uma selvageria intimidante. Baskard era um lutador excepcional, dominando o combate com machados duplos, sua arma característica. Sua força física era lendária, e poucos ousavam enfrentá-lo em combate corpo a corpo. Feriu e matou pelo menos 300 soldados de Jameres, ele morreu ferido pelas costas por Ragnor Althen enquanto Sombra, o lobo de Jameres, o agarrava pelo braço, mesmo no leito da morte Baskard conseguiu golpear e matar Sombra. Ragnor era de Vasalys também, depois do feito, foi nomeado mão do rei, por Jameres.

O reino de Hiskan foi fundado por Jameres, e teve a sucessão de Jameres II, Jameres III, Tartis I e Tartis II. O filho de Jameres II, Jamares o príncipe prometido era o mais novo dos irmãos por isso não está na sucessão, Tartis II foi morto no que chamamos de “O GELO MALIGNO” o inverno chegou muito forte em Hiskan o gelo congelou tudo na madrugada desde as pessoas aos animais, e até hoje o reino está congelado como se fosse uma maldição. E assim veio o fim da família Downves e do reino de Hiskan. Atualmente o reino é coberto de gelo e habitação de seres que gostam do frio, como lobos. Os Downves eram conhecidos por batalhar ao lado de lobos, os únicos a conseguirem domesticar esses animais selvagens.

VASQUES

Vasques, um dos primeiros reinos fundados nas terras de Midirin, não é mais o que costumava ser. No início, foi um reino próspero e influente, criado pela união das famílias Argan e Jarvem. Juntos, eles fundaram Vasques, mas a unidade não durou. A divisão surgiu quando os Argans, ansiosos por expandir seu poder, começaram a tentar subjugar as outras famílias nobres. Isso levou a um rompimento, e Mitaris Jarvem, desconfortável com a crescente ambição dos Argans, fundou Hontz, um novo reino independente. Com a saída de Jarvem, Mrntykficou sob o controle das várias famílias nobres que permaneceram, mas os nomes Jarvem desapareceram da história da cidade.

Mrntykseguiu prosperando com a liderança dos nobres, mas, com o tempo, esses mesmos nobres começaram a expandir seu território, o que chamou a atenção do Rei Visart de Tunskard. Ele não estava disposto a permitir que Mrntykcrescesse sem restrições, e, em resposta ao rápido avanço dos nobres, ordenou que a expansão fosse interrompida. Mas os nobres desconsideraram a ordem de Visart, e as discussões entre os reinos começaram a se intensificar. Logo, os soldados de Visart começaram a patrulhar as fronteiras de Vasques, aguardando qualquer pretexto para agir.

Foi durante uma dessas patrulhas que Visart II, filho de Visart, foi gravemente ferido. Ladrões contratados pelos nobres de Mrntykemboscaram o grupo real, e o filho do rei sofreu ferimentos que quase o levaram à morte. Quando Visart soube do ataque, a fúria tomou conta dele, e o povo da cidade começou a questionar o que poderia acontecer a seguir.

— Se fizeram isso com o filho do Rei, o que vão fazer conosco?

Essas palavras ecoaram pelos corredores da cidade, e logo o rei Visart ordenou que seus soldados se preparassem para atacar. Com força total, eles marcharam sobre Vasques, destruindo tudo em seu caminho. Casas foram queimadas, e a cidade foi devastada até que restasse apenas o castelo de Argan, que se erguia no topo da colina mais alta da região. O restante de Mrntykfoi reduzido a cinzas.

Desde aquele dia, Mrntykdeixou de ser um reino. O que antes era um lugar de grande poder e influência se tornou um mero ponto de passagem, um vasto território sem a presença de nobres, onde apenas os plebeus ainda trabalhavam nas plantações. O sobrinho de Vitares Argan, Dorne Argan, é quem agora controla os habitantes da cidade, organizando os trabalhos nos campos. Vasques, uma vez um símbolo de grandeza, virou uma terra de cultivo.

Hoje, a cidade é silenciosa. Não há mais a pompa da realeza nem a opulência que um dia caracterizou o reino. Mas, ao contrário de outras terras governadas pela nobreza, Mrntykencontrou uma forma de resiliência. Embora não seja um lugar onde se encontre luxo ou os vestígios de uma vida majestosa, o cotidiano da cidade gira em torno do trabalho árduo e do contato constante com a natureza. Os moradores, por mais simples que sejam, têm uma profunda conexão com o ambiente ao seu redor, e muitos escolhem viver ali não só pela necessidade, mas porque desejam estar próximos do campo, do ar puro e das paisagens naturais que se estendem ao redor.

O sol nasce e se põe sobre Vasques, e suas cores pintam o céu com tonalidades que muitas vezes são ignoradas nas grandes cidades. As montanhas ao longe, as planícies e os campos cultivados lembram um lugar de paz, longe das disputas e da violência de outros reinos. Mesmo com os ataques dos ladrões ainda sendo uma ameaça constante, a comunidade local encontra consolo na simplicidade da vida, vivendo em harmonia com a natureza e com os outros.

Vasques, portanto, continua a ser um lugar peculiar. Não é o reino glorioso que foi no passado, mas, por algum motivo, há uma serenidade no ar, um tipo de paz que surge não das conquistas, mas da sobrevivência. As pessoas de Mrntykvivem por dias tranquilos e, embora o passado seja manchado pela destruição, o presente se torna um símbolo de resistência. Não é um lugar para aqueles que buscam poder ou riqueza, mas talvez, em sua simplicidade, seja um lugar onde se pode encontrar algo mais valioso: a quietude e a beleza da vida cotidiana.

REINO DE TUNSKARD

Tunskard, também conhecido como o “Reino da Espada”, tem uma história profundamente marcada pela habilidade e pela força, tanto de suas armas quanto de seu povo. Fundado uma época depois de Vasques, o reino foi criado por Visart Valeris I, um nobre das terras nortenhas. A necessidade de fundar Tunskard surgiu após vários desastres que afetaram o norte de Midirin, levando Visart a buscar estabilidade e proteção para sua terra. Foi ele quem consolidou o Reino da Espada, e sua visão para Tunskard sempre foi clara: um lugar onde a excelência nas armas e na forja fosse o alicerce da força do reino.

Conhecido por ser o lar dos melhores ferreiros de toda a terra de Midirin, Tunskard se destaca pela criação de armas de qualidade inigualável. As espadas forjadas ali são as mais afiadas e resistentes, com as lâminas sendo verdadeiras obras de arte. Entre essas espadas, duas se destacam como símbolos de poder e legado: a “Espada de Valeris” e a “Espada do Dragão”. Ambas foram forjadas por Dansk Ramost, o ferreiro mais lendário da terra Midiranita, que também foi amigo íntimo de Visart. A “Espada de Valeris” e a “Espada do Dragão” foram usadas por Visart nas batalhas que definiram o destino do reino, especialmente na Batalha da Libertação e na Batalha de Vasques, onde Visart obteve vitórias decisivas.

A Batalha da Libertação foi uma das mais importantes da história de Tunskard. Visart, após fundar o reino, voltou para o norte com um único objetivo: destruir os Drarkons, um povo temido pelas suas incursões violentas e constantes que assolavam as aldeias do norte. As batalhas no norte foram muitas, algumas menores e outras de grande magnitude, mas a batalha final, a Batalha da Libertação, selou o destino dos Drarkons, expulsando-os do norte por alguns tempos e garantindo a segurança de Tunskard e das aldeias sob sua proteção.

A Batalha de Mrntykocorreu posteriormente, quando Visart, em resposta aos nobres de Mrntykque se expandiam rapidamente e desrespeitavam suas ordens, atacou a cidade. A destruição de Mrntykfoi brutal, e após o ataque, apenas o castelo de Argan, da família Argan, permaneceu intacto, como uma lembrança do que uma vez existiu.

Hoje, as lendárias espadas, “a Espada de Valeris” e “a Espada do Dragão”, são relicários do poder do reino e estão cuidadosamente guardadas no coração de Tunskard, como símbolos da força e da história de Visart. Estas espadas não são apenas armas, mas peças de um legado que ainda permeia o reino.

No presente, Tunskard está sob o controle de Jargan Valeris, o sucessor de Visart. O reino, embora sem grandes inimigos no momento, ainda tem os Drarkons como uma ameaça constante, embora distantes. As batalhas entre os Valeris e os Drarkons são quase tão antigas quanto o próprio reino, e continuam a ser um tema de tensão e história entre as duas famílias. Os Drarkons, conhecidos por sua ferocidade e selvageria, vivem no norte, ainda oferecendo algum perigo, mas não representando uma ameaça imediata à estabilidade de Tunskard.

Apesar disso, o reino continua em paz, próspero e cheio de uma força silenciosa, alicerçada na tradição de suas armas, na forja de seus ferreiros e na defesa implacável de sua terra. O povo de Tunskard continua a respeitar o legado de Visart Valeris I e a proteger as espadas que definiram o destino do reino. Assim, o “Reino da Espada” segue firme, como um bastião de força e honra no norte de Midirin.

REINO DE Hontz

O Reino de Hontz, localizado no litoral, é uma terra que sempre foi marcada pela força do mar e pela grandeza de suas pedras costeiras. Fundado por Mitaris Jarvem, um homem de grande poder e paixão por navios, Hontz é o único reino da terra de Aderinque possui acesso ao mar, e sua frota de navios é a única da região. Mitaris, que também foi um dos fundadores de Vasques, após o rompimento com os Argans, se estabeleceu na costa, e ali fundou Hontz, erguendo uma cidade que logo se tornaria sinônimo de riqueza e força naval.

Mitaris governou Hontz por muitos anos, deixando um legado duradouro, até que seu filho, Lartiris Jarvem, assumiu o trono. Porém, Lartiris não seguiu os passos de seu pai, e seu reinado foi marcado pela decadência. O jovem rei, diferente de seu pai, não tinha a sabedoria necessária para liderar, e sua gestão levou o reino a um colapso econômico. Durante seu reinado, o povo de Hontz sofreu, e as tensões aumentaram até que várias rebeliões e revoltas estouraram contra Lartiris. Um dos episódios mais emblemáticos de sua decadência foi o incêndio de dois dos cinco grandes navios da frota de Mitaris, um ataque diretamente ao símbolo do poder naval do reino.

Foi nesse contexto de caos e descontentamento que surgiu Viseris Argan, um nobre de Vasques, que liderou uma rebelião contra Lartiris. A batalha que se seguiu ficou conhecida como a Batalha das Águas Vermelhas, um nome dado devido à coloração macabra das águas do mar, tingidas pelo sangue dos mortos após o conflito. Viseris, com o apoio de seus guerreiros de Mrntyke de uma parte da população de Hontz, invadiu a cidade de madrugada, pegando os soldados de Lartiris de surpresa enquanto dormiam. Muitos dos defensores estavam desarmados, e a cidade foi tomada rapidamente. A batalha, que começou nas ruas da cidade, se estendeu até as costas e as águas turbulentas do mar de Hontz, onde o confronto final ocorreu.

Lartiris, um homem valente, não se entregou facilmente. Ele lutou até o último momento, expulsando Viseris de Hontz, mas a luta ainda não estava acabada. Lartiris, em um ímpeto de raiva e desejo de vingança, seguiu Viseris até a costa, onde enfrentou o exército inimigo em uma última tentativa de derrotá-lo. Foi então que, ao chegarem à beira-mar, o exército de Viseris, que havia se reorganizado do lado de fora da cidade, atacou com toda sua força. A batalha se intensificou, e ambos os lados sofreram grandes perdas. No entanto, o exército de Viseris foi o vencedor da madrugada sangrenta.

Viseris matou Lartiris com suas próprias mãos, um golpe que pôs fim ao reinado do filho de Mitaris. Lartiris já estava ferido, o que facilitou o ato de Viseris. Junto a Lartiris, sua irmã Tarquisia também foi morta. Tarquisia, ao contrário de seu irmão, era uma mulher bondosa e gentil, que sempre buscou o bem do reino, mas sua influência dentro da corte era limitada. Tarquisia estava prometida ao príncipe Jamares Downves, de Hiskan, em uma tentativa de estabelecer uma aliança entre Hontz e Hiskan, mas seus sonhos e esperanças foram abruptamente interrompidos pela violência do conflito. Sua morte foi sentida em todo o reino, e seu destino trágico teve um grande impacto em Hiskan, especialmente em seu pai, o rei Jamares II, que ficou decepcionado com a morte de sua futura nora.

A morte de Lartiris, embora fosse um alívio para muitos, não foi completamente comemorada. O rei Jameres II, embora aliviado pela morte de um homem que considerava tirano, lamentou profundamente a perda de sua nora, especialmente por se tratar de um casamento estratégico que traria benefícios para Hiskan. Alguns dizem que Jameres II, ao ouvir da morte de Lartiris, afirmou que nunca se uniria a um rei como ele, mas a verdade é que a aliança nunca foi firmada, e o casamento de Tarquisia com Jamares foi visto por muitos como uma oportunidade perdida para Hiskan.

Ao amanhecer, as águas do mar de Hontz estavam tingidas de vermelho, refletindo o terror e a tragédia daquele dia. A morte de Lartiris e Tarquisia marcou o fim da casa dos Jarvem, e o reino de Hontz foi entregue ao controle de Viseris Argan, o primeiro rei da casa Argan de Hontz.

Viseris, com sua habilidade nas artes da guerra e seu domínio de duas espadas, tornou-se um dos guerreiros mais temidos de Midirin. Sua armadura, feita de oris – um metal resistente, mas leve – ajudava-o a ser ágil e eficaz no combate. Ele reinou sobre Hontz até o dia de sua morte, que ocorreu em circunstâncias misteriosas. Viseris, um homem corajoso e acostumado a caçar sozinho na Floresta Negra, foi encontrado morto ao lado de seu cavalo, com duas flechas feitas de vidro dedragão cravadas em seu peito. O mistério em torno de sua morte permanece até os dias atuais, pois o vidro de dragão é um material raro e desconhecido para os humanos da época, e ninguém sabia de onde aquelas flechas haviam vindo.

O reino de Hontz continua sob a liderança da casa Argan, com seu neto, Vitares Argan II, assumindo o trono. O legado de Viseris, suas conquistas e sua morte misteriosa, continuam a ser lembrados por todos, enquanto a casa Argan mantém o domínio sobre Hontz, agora com o peso das dúvidas sobre a verdadeira natureza do fim de seu primeiro rei.

VIVENDO SOBRE OPRESSÃO

Vasques…

Pela manhã em Vasques o nevoeiro cobre todo o vale verdejante e também as plantações, as pessoas trabalham nas suas plantações desde o amanhecer. São com esse trabalho que eles sobrevivem, as plantações servem de alimento para quase todos os reinos e a principal economia, Vasques não é tão desenvolvido pois todos os recursos, digo, todo dinheiro que os Argans ganham em Vasques é enviado para Segara. Aqui em Vasques há diversas pessoas, incluindo plebeus, soldados rebaixados, bastardos e vários ladrões que estão sempre cometendo alguma delinquência na região. Dorne, sobrinho de Vitares, é o senhor de Vasques, o líder que permanece no castelo.

Lá está ele, vindo em seu cavalo preto através do nevoeiro, seguido por seu mais fiel soldado da guarda real, Sir Will Tornis, ele vem cobrar dos mercadores de Vasques e pagar as dívidas.

No meio do vale ele encontra uma amiga. Diana, com seus 1,69 metros, cabelos ruivos e olhos azuis, parecia quase ser a própria imagem de Vasques — uma beleza tranquila, mas marcada pelas dificuldades da vida. Ela sempre foi amiga de infância de Dorne, e o laço entre eles era inquebrável.

— Olá, minha amiga! — disse Dorne com um tom entusiasmado, esboçando um sorriso enquanto caminhava pela rua de pedras de Vasques, onde as casas humildes, mas acolhedoras, estavam dispostas ao longo da via. O vento suave fazia com que as folhas das árvores ao redor se movessem levemente, e o cheiro de terra fresca invadia o ar.

— Olá, Dorne! — respondeu Diana, com um sorriso suave, como sempre, mas com os olhos marcados por uma preocupação que não passava despercebida.

Ela estava parada perto de uma das poucas plantações que restavam de Noah, seu marido. A terra ao redor estava marcada por oscilantes campos verdes, mas as cicatrizes de destruição eram visíveis, com algumas áreas da plantação bem arrasadas. O vento levava consigo a promessa de mais dificuldades, e Diana, embora parecesse calma, sabia que as coisas estavam prestes a piorar se nada fosse feito.

— Eles estão cada vez mais ousados. Se acampam na floresta ao redor de Vasques e atacam ao cair da noite — disse ela, com uma expressão de preocupação. A imagem de Noah, que sofria tanto desde que perdera a mão esquerda na batalha contra os invasores, apareceu em sua mente. Era difícil ver o homem que amava nessa condição, mas ainda assim ele lutava, trabalhando naquilo que podia.

— Vou colocar alguns soldados em patrulha, não se preocupe. Esses malditos não perdem por esperar — afirmou Dorne com uma confiança calma, seu olhar firme. Ele sabia que tinha que agir, não só por Diana e Noah, mas por todo o povo de Vasques. A cidade, antes próspera, estava se enfraquecendo, e ele sentia o peso de sua posição como nobre da região.

— Eles roubaram algo seu? — Dorne perguntou, a voz cheia de compaixão. Ele sabia que Diana, com sua força, jamais se abalaria por um simples roubo, mas talvez houvesse algo mais profundo.

— Só estão acabando com a plantação do Noah — respondeu Diana, seu tom refletindo a frustração. Ela balançou a cabeça levemente, como se a ideia de mais perdas fosse algo com o qual já estava familiarizada, mas que ainda assim não conseguia aceitar.

— Não se preocupe. Vou fazer o melhor para que eles fujam dessa região — disse Dorne com firmeza, tentando acalmá-la. Ele estava decidido, afinal, Vasques e as pessoas que ali viviam estavam sob sua responsabilidade agora. Ele havia assumido o título de nobre depois de toda a agitação em torno da queda do Reino de Vasques, e não poderia permitir que a paz fosse mais uma vez ameaçada. — Aliás, o rei mandou Sir Will Tornis para minha proteção real, ele é chefe da guarda real de Segara. Ele tem experiência e saberá lidar com essa situação.

Diana ouviu com atenção e assentiu. Sir Will Tornis, Chefe da guarda real de Segara, era conhecido por sua habilidade e coragem. Ela sentiu uma leve esperança acender dentro de si, algo que ela não permitia sentir com frequência, dada a situação das últimas semanas.

— Então é isso, até outro dia, Diana — disse Dorne, seus olhos transmitindo a segurança que ele procurava dar.

Ele virou-se para caminhar em direção ao castelo, a imagem do futuro da cidade e da proteção que ele prometera aos moradores ocupando sua mente. Ele estava confiante de que, com Sir Will Tornis ao seu lado e suas tropas, os ataques de ladrões não seriam mais uma preocupação. A paz, ao menos por um tempo, retornaria a Vasques.

Enquanto Dorne se afastava, Diana observava sua figura alta e imponente desaparecer entre as ruas de pedra de Vasques. A confiança dele lhe dava certo alívio, mas uma dúvida ainda pairava em seu coração. Ela sabia que os tempos estavam mudando rapidamente, e que desafios ainda maiores poderiam surgir.

Os ladrões sempre estiveram presentes na região, desde a fundação dos reinos eles estavam lá, porém os ataques deles nem sempre eram tão fortes. Porém, no dia em que Noah, marido de Diana, perdeu a mão, foi o maior ataque deles em Vasques.

Noah era um soldado em Vasques, responsável pela proteção das plantações e também das pessoas junto com outros soldados, ele era canhoto, tinha uma habilidade com a espada impressionante, Ele e Dorne foram treinados juntos quando eram jovens, porém hoje eles não se falam muito como anos atrás.

Era de manhã cedo em Vasques, todos os soldados estavam se preparando para iniciar mais um dia de proteção no vale.

Noah, após ter amolado a sua espada, seguiu a andar pelos caminhos de Vasques, entre os becos das casas, com um olhar atento, percebeu que algo estava errado. Enquanto o silêncio dominava, ouviam-se gritos bem longes, ele virou-se e voltou a correr pelo mesmo caminho que estava a ir.

“Ladrões” Alguém gritou.

Nesse momento, Noah, tirou a sua espada da bainha e correu em direção aos gritos, enquanto corria no meio do caminho deparou-se com três homens que o cercaram, ele percebendo que haveria um confronto preparou-se.

“Matem ele!” gritou um dos homens, com um sorriso cruel.

Sem hesitar, Noah se lançou para a luta. O primeiro ladrão avançou com uma faca afiada, mas Noah desceu sua espada com destreza, cortando a lâmina do inimigo no meio do ar e, com um golpe rápido, perfurou seu peito, derrubando-o instantaneamente.

O segundo homem tentou atacar por trás, mas Noah percebeu a movimentação e virou-se com agilidade, desferindo um corte horizontal que atravessou o pescoço do agressor, fazendo-o cair sem vida no chão.

Restava apenas um. O último ladrão, agora furioso, avançou com um machado pesado, com a intenção de derrubar Noah com um único golpe. O som do metal batendo contra o ar soou ameaçador, e Noah foi rápido, saltando para o lado, mas o golpe do machado o atingiu parcialmente. Ele bloqueou com sua espada, mas a força do impacto foi tão grande que o machado cortou profundamente a sua mão esquerda, arrancando-a quase completamente do pulso.

Noah gritou de dor, mas, com um impulso de sobrevivência, aproveitou o momento de desequilíbrio do inimigo e, com a espada na mão direita, perfurou o peito do último homem, derrubando-o no chão com um único golpe fatal.

A vitória foi sua, mas o preço foi alto. Sua mão esquerda estava inutilizada, ensanguentada, e ele mal conseguia manter sua espada. A dor era insuportável, mas ele não tinha tempo para se render ao sofrimento. Com o corpo debilitado, ele cambaleou até se apoiar contra a parede, a visão turvada e a respiração ofegante.

Foi quando a guarda local, finalmente, chegou ao local da batalha. Eles rapidamente o ajudaram a se levantar, e Noah, agora sem a mão esquerda, sentiu uma sensação de vazio crescente. Ele havia vencido a batalha, mas havia perdido mais do que imaginara. A dor de perder a mão foi um preço alto demais para a vitória e essa foi sua última batalha.

Anos mais tarde, ele se casou com Diana. E adotaram Jon.

Durante os eventos sombrios do Gelo Maligno, nem todos os habitantes de Hiskan sucumbiram. Muitos fugiram, abandonando suas casas e vidas, buscando refúgio em terras mais seguras. O destino os levou às cidades de Vasques e Segara. Foi assim que Jon, ainda uma criança, chegou a Vasques. Ele era apenas um entre os muitos refugiados que escaparam da destruição, uma criança sem memória de seus pais, como tantos outros. A cidade de Hiskan era imensa, e muitos pereceram no inverno rigoroso que acompanhou o desastre. Os pais de Jon certamente estavam entre os que não sobreviveram.

Na época, Diana e Noah ainda não tinham filhos e decidiram acolher Jon, criando-o como se fosse seu próprio sangue. Alguns anos depois, o casal teve Bran, o irmão mais novo de Jon. Mas a alegria da família foi abalada pela tragédia: Bran contraiu uma febre forte e, apesar de todos os esforços, não sobreviveu. Sua morte precoce deixou uma marca de tristeza na família, mas também os uniu em um vínculo mais forte.

JON

Agora jovem, Jon é cheio de vigor e sonhos. Ele sabe que seus pais prefeririam que ele não seguisse a carreira de soldado, mas a realidade de Vasques é dura. Quem não quer passar a vida cultivando hortaliças, ajudando na plantação, precisa encontrar outras formas de se sustentar — e a espada é o caminho mais comum. Durante as manhãs, Jon ajuda seu pai na terra, plantando e colhendo, mas as tardes são suas. Ele as dedica a treinar com amigos, praticando com espadas de madeira sob a sombra das árvores. O local de treino é próximo ao castelo de Argan, não muito distante da casa de Grynrem.

Grynrem, um bastardo da antiga família Jarvem, é um ancião respeitado na cidade. Com 69 anos, pele escura, cabelos grisalhos e uma presença que exala sabedoria, ele carrega consigo histórias de uma era que poucos se lembram. Vestindo um longo manto feito de peles de animais, sua aparência rústica e digna o faz parecer alguém de importância, quase como um membro esquecido da realeza.

Enquanto os jovens tentavam batalhar com suas espadas improvisadas, Grynrem se aproximou lentamente, seus passos medidos pelo peso da idade.

— Jon, o que você pensa que está fazendo? — perguntou Grynrem, sua voz grave ecoando entre as árvores.

Jon parou de “lutar” e virou-se para o ancião, o sorriso brincando nos lábios.

— Por quê? — respondeu Jon, sua curiosidade misturada com respeito.

— Você está fazendo errado! — disse Grynrem, avançando com passos lentos, o olhar fixo em Jon.

— O senhor é um cavaleiro agora? — retrucou Jon, rindo com um toque de reverência. Ele sempre admirou Grynrem, considerando-o uma das mentes mais sábias da cidade.

Grynrem riu também, seu sorriso quebrando a seriedade de sua expressão.

— Nunca fui, mas no tempo que estou aqui, já vi muitos soldados lutando. Sei o suficiente sobre a arte da guerra. Se você ficar muito parado, torna-se um alvo fácil para o inimigo. Pense nisso.

Jon ficou em silêncio por um momento, impressionado com a sabedoria simples, mas prática, do ancião.

— O senhor pode me ensinar mais coisas? — perguntou Jon, com o entusiasmo típico da juventude. — Não sou soldado ainda, mas quero treinar para proteger minha família dos ladrões.

Grynrem olhou para o jovem, avaliando sua determinação, e respondeu com um sorriso.

— Como eu disse, já vi diversas batalhas. Talvez não possa te ensinar a lutar, mas sei que você será um grande guerreiro.

Um dos amigos de Jon, rindo, interrompeu:

— Guerreiro de verduras!

— Cale a boca! — respondeu Jon, rindo também, mas lançando um olhar de advertência ao amigo.

— Agora vá para casa. Está ficando tarde, e essa espada de madeira não vai te proteger. — concluiu Grynrem, a voz gentil, mas firme.

As noites em Vasques, embora tranquilas às vezes, agora estavam mais seguras graças às patrulhas ordenadas por Dorne.

Dorne, o líder de Vasques, passava grande parte de seus dias dentro do castelo. Embora raramente saísse para algo que não fossem suas obrigações, ele encontrava tempo para escrever. Em suas anotações, ele buscava registrar a essência de sua terra e seus sentimentos mais profundos.

Em uma dessas reflexões, ele escreveu:

“De toda a terra de Midirin, é somente em Vasques que eu encontro a paz.”

Essa frase era um reflexo da alma de Dorne, um homem que, apesar das dificuldades, via em Vasques não apenas um lugar para governar, mas um lar.

GELO MALIGNO

VASQUES

Jon estava trabalhando ao lado de seu pai nas hortas da família, onde cultivavam tomates, repolho e cenouras. O frio cortante do inverno fazia o ar parecer mais denso e gelado, mas eles estavam habituados. Enquanto Jon se agachava para colher as cenouras, ele olhou para seu pai e fez uma pergunta incomum.

— Pai, por que ninguém volta para Hiskan? — perguntou Jon, com um olhar curioso.

Noah, seu pai, parou o que estava fazendo, deu uma leve risada e respondeu:

— Hiskan? Ninguém vai lá há mais de dez anos, filho.

Jon, sem demonstrar desconforto, olhou para seu pai e, com uma expressão genuína de curiosidade, perguntou:

— E como está lá?

Noah suspirou, como se lembrasse de algo distante, e disse:

— Coberto de gelo, é claro. Filho, eu sei que você tem várias dúvidas sobre a destruição de Hiskan, mas esse reino fica a vários dias daqui. Eu nunca estive lá. Não conheço quase nada sobre ele, só ouvi falar.

Jon, ainda pensativo, continuou a fazer perguntas. Ele sabia que seu pai nunca falava muito sobre o assunto, mas sempre dava respostas que deixavam ainda mais perguntas no ar.

— E se ninguém foi até lá depois da destruição, como sabem que está coberto de gelo? — perguntou Jon, intrigado.

Noah, com um sorriso irônico, respondeu:

— Pergunte a Grynrem. Aquele velho parece saber de tudo, ou inventa.

Jon refletiu por um momento e concordou:

— Sim, por mais que as pessoas o acham meio doido, algumas coisas que ele fala podem ser verdade.

Noah balançou a cabeça, pensativo, e disse:

— Talvez você tenha razão.

Jon continuou a trabalhar com o pai, recolhendo verduras e colocando-as em uma cesta. Ele levava para dentro de casa, onde sua mãe, Diana, lavava as hortaliças e preparava o jantar.

A casa da família era simples, feita de madeira, como todas as casas do vale. Tinha três cômodos: a cozinha-sala, o quarto de Jon e o quarto dos pais. As únicas construções de pedra na região eram as ruas e os becos, além de alguns pedaços de muro que ainda estavam inacabados.

Depois de um tempo, Jon levantou outra cesta com verduras e, enquanto caminhava para dentro da casa, disse:

— Pai, eu ainda não te contei isso, mas…

Noah olhou para ele, interessado.

— Pode falar, filho! — respondeu Noah.

Jon, hesitante, confessou:

— Eu sempre tive o desejo de lutar, e você sabe que treino todo dia. Tenho o desejo de me tornar um cavaleiro.

Noah parou por um momento e olhou para o filho com seriedade. Depois, com um tom de voz calmo, falou:

— Ah, filho, em algum momento você vai ter que aprender a se defender sozinho, porque nem sempre estarei aqui para ajudar. Mas ser um cavaleiro não é fácil, exige esforço, muito treinamento e força de vontade.

Jon fez uma pausa, refletindo sobre as palavras do pai, e então respondeu:

— É... você tem razão.

Eles continuaram conversando e trabalhando, mas a semente de um novo desejo estava plantada na mente de Jon.

Mais tarde, Jon entrou em casa, comeu um pouco da refeição preparada pela mãe e, sem perder tempo, saiu novamente.

— Onde você vai, filho? — perguntou Diana, olhando-o com um olhar de curiosidade.

Jon, já distante, gritou:

— Vou falar com Grynrem!

— O que ele quer com Grynrem? — perguntou Diana, preocupada, olhando para Noah.

Noah, sem desviar o olhar da comida, respondeu:

— Parece que ele quer saber mais sobre o “Gelo Maligno”.

Diana, desconfiada, perguntou:

— Gelo Maligno? E ele acha que aquele senhor sabe alguma coisa sobre isso?

Noah, com um sorriso meio cínico, respondeu:

— Claro que ele sabe, ou vai inventar. Isso não vai mudar nada.

CASA DE GRYNREM...

Jon chegou até a casa de Grynrem, mas encontrou a porta fechada. Com um suspiro de frustração, ele gritou:

— Olá!

Ele ficou aguardando, mas não ouviu resposta. Então, curioso, se aproximou da janela, espiando para dentro. Foi quando ouviu uma voz autoritária vindo de trás de si.

— O que você pensa que está fazendo? — disse a voz, seguida de passos pesados.

Jon virou rapidamente e viu um soldado da guarda. Assustado, tentou se explicar:

— Eu só... eu só estava tentando chamar meu amigo.

O soldado, irritado, brandiu sua espada e disse:

— Cale a boca, seu pequeno ladrão! Você está preso!

Jon tentou correr, mas o soldado foi rápido, dando um soco em seu estômago, fazendo-o cair no chão.

Foi nesse momento que uma voz familiar surgiu.

— O que está fazendo? — disse Sir Will, olhando com desconfiança para o soldado.

O soldado, assustado, tentou explicar:

— Senhor, esse ladrão estava tentando arrombar a casa.

Sir Will, com uma expressão severa, olhou para o soldado e disse:

— Soldado, você não sabe quem é esse "ladrão". Ele é filho de Diana, uma amiga de Dorne. Você quer morrer?

O soldado, apavorado, rapidamente pediu desculpas, mas Jon ainda estava sem saber o que fazer, pois nunca imaginou que um soldado pedisse desculpas.

— Sinto muito, senhor, farei qualquer coisa, só não conte para sua mãe o que aconteceu.

— Tá, tá, não vou contar — respondeu Jon, aliviado.

Sir Will, com um sorriso irônico, disse ao soldado:

— Agora saia daqui, seu inútil.

Jon, ainda atordoado, perguntou a Sir Will:

— Senhor Will, você sabe onde está Grynrem?

Sir Will, com um ar de desinteresse, respondeu:

— Ninguém sabe onde esse velho anda.

Wil perguntou:

— E o que você quer com essa casa?

Jon olhou para a casa e, com um suspiro, respondeu:

— A casa é dele.

Jon, com a mente cheia de novas perguntas, perguntou:

— Você sabe algo sobre o Gelo Maligno?

Sir Will, com uma expressão grave, disse:

— Claro que sei. Dizem que foi o inverno que chegou em Hiskan, tão forte que congelou a cidade inteira. Há alguns anos, eu estava conversando com um homem que veio com a multidão. Ele me disse que o gelo não é chamado de maligno por acaso.

Jon se aproximou, ansioso por mais detalhes.

— Sério, por que é chamado assim? — perguntou Jon.

— Ele disse que estava perto da cidade na hora do gelo, era de manhã cedo, e o tempo começou a esfriar do nada. Normalmente já é frio lá, mas o frio aumentou demais. Quando ele olhou para o castelo, viu o gelo subindo rapidamente, cobrindo tudo. Nenhum nobre sobreviveu. Algumas pessoas ainda tentaram escapar, mas o gelo permanece até hoje.

Jon, impressionado, perguntou:

— E quem era o rei na época?

Sir Will, com um tom sombrio, respondeu:

— Tartis II. Ele morreu naquela manhã.

Jon, com os olhos arregalados, concluiu:

— Então isso significa que Hiskan foi destruído por magia?

Sir Will fez uma pausa antes de responder:

— É o que dizem. Mas você vai acreditar no que o velho disse? Eu acreditei.

Jon, pensativo, agradeceu:

— Obrigado por me contar isso. Eu gostaria de ter a oportunidade de conhecer Hiskan um dia.

Sir Will sorriu com um ar de cautela:

— Se você conseguir quebrar um feitiço, talvez consiga descobrir. Agora, vá para casa. Não quero que você tenha mais problemas com meus soldados.

Jon, com os pensamentos agitados, voltou para casa. Durante a noite, ele refletiu sobre tudo o que aconteceu, sobre o que Will havia lhe contado e sobre seu próprio desejo de conhecer Hiskan. A ideia de sua infância, de um lugar distante e coberto de gelo, parecia mais próxima do que nunca.

Naquela noite, enquanto tudo parecia calmo, Jon se lembrou de Grynrem. Sem fazer muito barulho, ele se levantou, abriu a porta e saiu sem que seus pais percebessem. Enquanto caminhava, viu duas tochas se aproximando eram soldados em patrulha. Com o coração acelerado, Jon se escondeu atrás de uma árvore, ouvindo a conversa.

— Você já sabe que o rei virá nas próximas semanas aqui? — disse um soldado.

— O rei? — perguntou o outro.

Jon tentou ouvir mais, mas os soldados já haviam passado. Ele pensou em ir até a casa de Grynrem, mas, com um suspiro, optou por voltar para casa. No dia seguinte, ele resolveria tudo.

Pela manhã, Jon levantou-se mais cedo que o próprio pai e correu até a casa de Grynrem. Quando chegou lá, para sua surpresa, Grynrem já estava regando suas plantas. O velho, com um sorriso leve, cumprimentou Jon.

— Jon, que surpresa agradável — disse Grynrem.

Jon, com os olhos arregalados, perguntou:

— Grynrem, pensei que você estivesse morto!

Grynrem, rindo suavemente, respondeu:

— Por que você achou isso?

Jon, ainda surpreso, explicou:

— Eu vim aqui ontem e não te encontrei.

Grynrem sorriu, como se tivesse esperado pela visita.

— Eu estava na casa de um amigo — disse Grynrem. — Jon, você me disse que queria aprender a batalhar, não foi?

Jon, com os olhos brilhando de excitação, respondeu:

— Sim, eu falei.

Grynrem, com um tom misterioso, respondeu:

— Então, ontem eu ouvi uma conversa que pode te interessar.

Jon, ansioso, perguntou:

— Sério? E o que foi?

Grynrem, com um olhar sério, disse:

— Não posso contar agora. Não sei se é verdade. Mas venha aqui nas próximas semanas. Tenho algo para te contar. Vai ter um treinador para você.

Jon, ficou surpreso quando ouviu isso, mas não duvidou da palavra de Grynrem.

Grynrem parecia estar ficando mais fraco a cada dia. Sua saúde estava visivelmente comprometida. Ele morava sozinho, mas sempre insistia que um homem só é mais sábio quando reflete em silêncio, sem a distração de outras pessoas ao redor. Essas palavras pareciam carregar uma sabedoria profunda que Jon sempre admirou.

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