NovelToon NovelToon

O Guarda Costas: Entre Sombras e Paixão

Capítulo 1

Alice sempre fora o centro das atenções, mesmo sem tentar. Com seus cabelos longos e castanhos escuros, que brilhavam ao sol, e sua pele impecável que contrastava com suas bochechas sempre rosadas, ela atraía olhares por onde passava. Pequena em estatura, mas com um corpo que chamava a atenção de forma natural, era alvo constante de comentários e olhares de admiração.

Filha de empresários renomados, Alice cresceu cercada de luxo e expectativas. Seu pai, dono de uma das maiores empresas de construção civil do país, e sua mãe, à frente de uma famosa rede de salões de beleza, sempre exigiram perfeição. Apesar disso, Alice era sonhadora. Queria mais da vida do que o caminho previsível de herdar os negócios da família. Por isso, escolheu cursar Direito, determinada a seguir sua própria trajetória.

Desde os 15 anos, Alice namorava Ryan. Ele fora seu primeiro amor, um reencontro casual no colégio que evoluiu para um relacionamento aparentemente perfeito. No início, ele era tudo o que ela desejava: atencioso, carinhoso, alguém em quem confiava completamente. Mas, com o passar dos anos, as faíscas começaram a apagar.

Ryan era um homem gentil e bondoso, mas sempre dividido. Seus pais eram separados desde que ele era criança, e ele cresceu tentando manter uma conexão sólida com ambos. Essa preocupação constante em agradar sua família o consumia, deixando pouco espaço para Alice. Muitas vezes, ele priorizava jantares com a mãe ou viagens com o pai em vez de encontros com ela. Embora Alice compreendesse a situação, ela se sentia constantemente deixada de lado, como se ocupasse um lugar secundário em sua vida.

Ela ansiava por um gesto que mostrasse que ele a colocava em primeiro lugar, algo que simbolizasse o compromisso que ela desejava. Um pedido de casamento, talvez. Mas, ao invés disso, ela tinha longos fins de semana solitários, enquanto Ryan se dedicava a reforçar os laços com a família.

Sua vida tomou um rumo inesperado quando, ao sair da faculdade certa noite, foi abordada por dois homens que a cercaram no estacionamento. Com o coração acelerado e a respiração pesada, Alice achou que seria o fim. Eles queriam tudo: seu carro, seus pertences e, pior, ameaçavam ir além. A sorte estava a seu favor quando Lois, um amigo próximo, apareceu e a salvou.

O incidente foi o suficiente para seu pai tomar uma decisão drástica: Alice precisaria de um guarda-costas. Ela protestou, é claro. “Pai, isso é ridículo! Eu sei me cuidar!” Mas ele foi irredutível. Ela era jovem, bonita, rica e alvo fácil. E assim Henrico entrou em sua vida.

Alice quase perdeu o ar quando o viu pela primeira vez. Henrico era o oposto de Ryan, tão diferente que parecia de outro mundo. Moreno, com a pele que lembrava um rico café com leite, ele tinha ombros largos e um físico impecável. As tatuagens que adornavam seu braço esquerdo e a grande peça de um cervo que subia do peito até o pescoço eram impossíveis de ignorar. Seu cabelo crespo, sempre arrumado, parecia tão perfeito quanto ele. E seus olhos castanhos escuros a perfuraram como lâminas afiadas.

Henrico manteve-se profissional, mas não era cego. Alice era deslumbrante, e ele sentiu o impacto imediato ao vê-la pela primeira vez. Mesmo assim, sabia que seu trabalho era protegê-la, não se envolver.

Alice, por outro lado, não admitiria a ninguém, nem a si mesma, o quanto aquele homem mexera com ela. Fingindo indiferença, ela cruzou os braços e encarou o pai com irritação. “Isso é completamente desnecessário. Eu estou bem. Não preciso de um guarda-costas!”

Mas seu pai apenas balançou a cabeça, firme. “Você não tem escolha, Alice. Ele estará ao seu lado sempre que você sair de casa.”

A jovem bufou, irritada, mas sabia que não adiantaria discutir. Agora, além de lidar com o distanciamento emocional de Ryan, precisaria conviver com Henrico, cuja simples presença já começava a virar seu mundo de cabeça para baixo.

Capítulo 2

Alice estava sentada no sofá de couro branco na sala de estar da mansão, as pernas cruzadas e os braços firmemente apertados contra o corpo. Seus olhos castanhos, agora intensos de irritação, estavam fixos no pai.

“Isso é ridículo, pai. Eu não sou uma criança. Já disse que não preciso de um guarda-costas!”

“Você quase foi atacada, Alice. Isso é mais sério do que você quer admitir. Não vou correr riscos com sua segurança,” respondeu ele, firme, ignorando a expressão de indignação da filha.

Antes que Alice pudesse retrucar, a porta da sala se abriu, revelando Henrico. Ele entrou com passos decididos, uma presença que parecia encher o ambiente. Alice virou a cabeça instintivamente, e seus olhos se encontraram com os dele.

Henrico era tudo o que seu pai prometera: um profissional impecável. Mas ele também era muito mais. Alto, com os músculos bem definidos visíveis sob a camisa preta justa, ele parecia saído diretamente de um sonho proibido. As tatuagens que cobriam o braço esquerdo e subiam para o pescoço pareciam contar histórias que ela queria descobrir.

“Henrico, esta é minha filha, Alice,” anunciou seu pai.

“Prazer, senhorita,” ele disse, sua voz grave e controlada, estendendo a mão.

Alice hesitou por um momento antes de apertar a mão dele. O toque quente e firme enviou uma onda de eletricidade por seu corpo, e ela imediatamente puxou a mão de volta, tentando não demonstrar nada.

“Eu não preciso de você,” ela declarou, encarando-o. “Então, não precisa se preocupar em se esforçar muito.”

Henrico manteve o rosto sério, mas os cantos de sua boca quase se curvaram em um sorriso. “Minha prioridade é garantir sua segurança, senhorita. Apenas isso.”

Alice bufou e se virou para o pai. “Isso é um exagero! Eu vou me sentir vigiada o tempo todo!”

“Esse é o objetivo,” respondeu o pai dela, calmamente. “Henrico vai acompanhá-la em todos os lugares, seja na faculdade, em eventos ou até mesmo em compromissos sociais.”

“Ótimo,” ela murmurou, levantando-se e pegando sua bolsa. “Vou subir. Boa sorte com o espião, pai.”

Ela saiu da sala sem olhar para trás, mas sentia os olhos de Henrico queimando em suas costas.

Cena de transição

Mais tarde, no quarto, Alice jogou a bolsa em cima da cama, frustrada. Quem ele pensa que é? Ela sabia que não deveria estar tão irritada. Ele estava apenas fazendo seu trabalho. Mas havia algo em Henrico que a desconcertava completamente. Era a maneira como ele a olhava — direto nos olhos, sem hesitar, como se pudesse enxergar tudo o que ela tentava esconder.

E o pior de tudo: Alice sabia que aquele homem seria um problema. Não para sua segurança, mas para algo muito mais perigoso.

Henrico, do lado de fora da mansão, observava o céu escurecer enquanto se posicionava próximo ao portão. Ele precisava se concentrar em seu trabalho e ignorar qualquer distração. Mas a imagem de Alice — seu olhar intenso e sua postura desafiadora — pairava em sua mente.

Ele sabia que proteger aquela mulher não seria nada fácil.

Capítulo 3

Alice ajeitou a bolsa no ombro e entrou na cafeteria da faculdade, onde suas melhores amigas, Emy e Sam, já a aguardavam em uma mesa no canto. O cheiro de café fresco misturado ao burburinho do ambiente era quase reconfortante, mas ela ainda estava irritada.

“Você está com uma cara hoje, amiga,” Emy comentou, empurrando uma xícara de cappuccino na direção de Alice.

“Deixa eu adivinhar,” Sam brincou, apoiando o queixo nas mãos. “Seu pai te deu outro motivo para surtar, né?”

Alice bufou e se jogou na cadeira. “Vocês não têm ideia. Ele contratou um guarda-costas para me seguir por aí como se eu fosse incapaz de respirar sozinha.”

“Guarda-costas?” Emy arregalou os olhos. “Tipo um segurança parrudo que usa terno preto?”

“Algo assim,” Alice murmurou.

“Ok, mas ele é feio ou…” Sam deixou a frase no ar, com um sorriso malicioso.

Alice hesitou. “Ele é… ok, eu acho.”

“Ok?!” Emy exclamou. “Se você está tentando esconder alguma coisa, já sabemos a resposta. Me conta: ele é gostoso, não é?”

Alice suspirou, mas não pôde evitar o sorriso tímido que escapou. “Ele é bonito, tá bom? Mas isso não importa. Ele é insuportável.”

Sam jogou a cabeça para trás, rindo. “Ah, amiga, se fosse eu no seu lugar, já estaria nos braços desse homem. Imagina ter um deus grego te protegendo o tempo todo.”

“Vocês não estão ajudando,” Alice resmungou, tentando ignorar as imagens que a piada de Sam plantou em sua cabeça.

“Ajuda? Não, querida, isso aqui é um aviso,” Emy disse, piscando. “Se você não aproveitar, alguém vai. Então, melhor pensar bem.”

Alice revirou os olhos, mas não pôde evitar a sensação de que, talvez, suas amigas estivessem certas em alguma coisa.

Enquanto isso, no carro…

Henrico fechou a porta do carro e se encostou na lateral, esperando por Alice. Ao seu lado, André, o novo motorista, dava risada enquanto ajustava o retrovisor.

“Você tem sorte, cara,” André comentou, olhando para Henrico de soslaio. “Trabalhar com uma garota como essa? Não vou mentir, ela é bem bonita.”

Henrico cruzou os braços e olhou para frente, tentando manter a postura profissional. “Ela é bonita, sim. Mas também é teimosa como ninguém.”

André riu. “Ah, então já está conhecendo o lado difícil dela. Boa sorte.”

Henrico deu um sorriso discreto. “Ela tem um jeito… complicado, mas eu admiro isso nela. Não se curva fácil, sabe?”

“Então, tá encantado já,” André provocou.

“Não viaja,” Henrico respondeu, balançando a cabeça, mas a expressão dele denunciava mais do que ele queria admitir.

Antes que André pudesse continuar a conversa,

Alice descia os degraus da faculdade com Emy e Sam ao seu lado. O sol estava se pondo, tingindo o céu de tons alaranjados, e o campus começava a esvaziar.

“Você tem certeza que não quer passar no shopping com a gente?” Emy perguntou, ajustando a bolsa no ombro.

“Não, meu pai colocou um motorista novo e um guarda-costas me esperando. Se eu atrasar, é capaz de mandarem um relatório para ele,” Alice respondeu com um sorriso forçado.

Sam apontou discretamente para o outro lado da rua, onde André e Henrico estavam encostados no carro. “É daqueles dois ali que você tá falando? Porque, olha, eu trocaria um shopping por uma carona com eles qualquer dia.”

Alice seguiu o olhar da amiga e viu Henrico de braços cruzados, a postura rígida, enquanto André mexia no celular. O contraste entre os dois era óbvio — Henrico parecia imponente, enquanto André tinha um ar mais descontraído.

“É, Alice, se você não quer, posso ir no seu lugar,” Sam brincou, passando a mão nos cabelos e sorrindo de maneira provocante. “Mas, sério, Henrico é um daqueles tipos de homens que… bem, não se encontra em qualquer esquina, né?”

Emy se juntou à conversa, mexendo no celular. “Amiga, ele é um espetáculo. E eu não sou de me jogar nos braços de qualquer um, mas com ele… quem sabe? Não custa tentar.”

Alice tentou ignorar o comentário e se afastou ligeiramente. Ela sentia o olhar de Henrico sobre ela, mesmo à distância, e isso a incomodava. Mas também havia algo que a atraía. Ela não sabia o que era, mas a tensão entre os dois era palpável.

“Vocês estão viajando,” Alice disse, tentando parecer indiferente. “Ele é só… um segurança, nada mais.”

Sam deu uma risadinha e cruzou os braços. “Só um segurança? Amiga, se ele for só isso, então todos os homens do mundo têm o mesmo potencial. Porque, meu Deus… Esse corpo, essa tatuagem…”

“É, ele é bem de tirar o fôlego,” Emy completou, olhando para Henrico novamente. “Mas sei lá, acho que você deveria aproveitar. Ryan está tão… distante.”

Alice congelou por um momento. As palavras de Emy acertaram em cheio. Ryan, seu namorado de tantos anos, estava sempre ocupado com a família, mais preocupado em agradar aos pais do que em prestar atenção nela.

“Ele nunca fez o pedido,” Alice murmurou, mais para si mesma. “Nunca me pediu em casamento.”

As amigas ficaram em silêncio por um momento, trocando olhares significativos.

“Então, amiga,” Sam finalmente disse, “quem está te fazendo sentir viva agora? Quem está ao seu lado, mesmo que não queira? Porque, olha, se não for o Ryan, já sabemos quem pode ser.”

Alice sentiu uma pontada no coração, mas, ao mesmo tempo, uma emoção que não queria reconhecer. Ela sabia o que estava acontecendo — estava começando a se atrair por Henrico. Algo que nunca havia imaginado, mas que agora parecia inevitável.

“Vamos embora,” Alice disse, tentando não mostrar a confusão interna. “Senão o motorista vai acabar nos deixando.”

As três se despediram e, enquanto Alice caminhava em direção ao carro, as palavras de Sam e Emy ecoavam em sua mente. O que ela faria agora? Estaria pronta para se entregar ao que fosse crescer entre ela e Henrico, ou continuaria a esperar algo de Ryan que nunca chegava?

Para mais, baixe o APP de MangaToon!

novel PDF download
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!