Young Hearts - Elias & Amaya & Alexander
Pote de Sal
Eu nunca fui boa com mudanças. Sempre odiei a bagunça de arrumar tudo depois, a sensação de estar em um lugar novo, com gente nova, como se tudo tivesse que ser recomeçado do zero.
Quando minha mãe disse que a mudança seria para um lugar mais barato, com um custo de vida melhor e tudo mais, eu fui contra. Mas, como sempre, ela venceu.
E cá estou eu, tentando me adaptar a esse nova casa.
Enquanto saía do caminhão de mudança com uma caixa, percebi que havia outro caminhão estacionado na casa ao lado. “Parece que não sou a única nova por aqui”, pensei, o que, de certa forma, me trouxe uma leve sensação de alívio.
Entrei em casa, passando pela sala desordenada, até meu novo quarto, onde as caixas estavam empilhadas por todos os cantos. Uma verdadeira bagunça.
Cinco caixas espalhadas pelo chão, uma mais desorganizada que a outra. Teria muito trabalho no fim de semana para colocar tudo no lugar.
Sora
Amaya, desça para o almoço!
A voz da minha mãe me chamou lá de baixo.
Suspirei, empilhando as caixas enquanto tentava colocar algumas de lado para abrir espaço no meu quarto. Fechei a porta, tentando ignorar o caos, e desci as escadas, saltitando de um degrau para o outro.
Sora
Oi, filha. Como estão as coisas por aí?
Amaya
A senhora sabe, mãe. Odeio mudanças, então está complicado.
Sora
Amaya, já te expliquei o motivo de termos nos mudado, não é?
Passei por ela e fui direto à geladeira, peguei a jarra de água e servi um copo, sem saber muito bem o que fazer. Era sempre a mesma conversa quando eu reclamava da mudança.
Sempre uma explicação, sempre o mesma coisa.
Sora
Pedi comida, mas ainda não arrumei a cozinha inteira.
Deixei o copo na pia e me apoiei na parede enquanto a observava.
Amaya
Tá bom, posso comer no meu quarto?
Sora
Claro, filha. Mas antes, faz um favor pra mim.
Sora
Vai ali na casa ao lado e pede um pouco de sal?
Eu olhei para ela com uma expressão de incredulidade. O que ela queria de mim dessa vez?
Amaya
Mãe, nem conhecemos esses vizinhos e já está pedindo isso?
Sora
Amaya, é só sal! Para a batata e a salada.
Sora
Se você quiser comer sem, fica à vontade.
Amaya
Não tem outra opção?
Ela me entregou um pequeno pote transparente e foi em direção à sacola de compras. Eu só suspirei e fiz o que minha mãe pediu, embora nem estivesse muito animada com isso
Saí pela porta dos fundos, passando pela cerca baixinha que separava a nossa casa da casa dos vizinhos, e apertei a campainha. Uns três minutos depois, uma mulher loira e elegante apareceu.
Amaya
Boa tarde, sou a vizinha da casa ao lado.
Mãe do Elias
Ah, então você é a vizinha nova! Como vai?
Ela sorriu, com um ar acolhedor.
Amaya
Vai tudo bem. Só queria pedir um pouco de sal. Sabe como é…mudança…
Eu dei uma risadinha nervosa, tentando me sentir à vontade, mas não estava ajudando muito.
Mãe do Elias
Entendo, claro.
Ela riu, abriu a porta um pouco mais e me convidou para entrar.
Mãe do Elias
Entre, fique à vontade.
Eu não queria, mas não tinha muita escolha. Acabei entrando.
Ela pegou o pote de sal e saiu para a cozinha, enquanto eu ficava ali, observando. A casa tinha um estilo bem diferente da minha, com móveis simples, mas bem organizados.
Olhei para uma estante cheia de fotos, curiosa. Peguei uma delas e examinei.
Amaya
Então ela tem filhos…
Eu estava perdida nos meus pensamentos quando ouvi passos vindo das escadas. Me virei e vi o mesmo garoto da foto.
Amaya
Eu sou a Amaya. Vim pegar um pouco de sal.
Elias
Ah, prazer. Eu sou o Elias.
Ele parecia um pouco surpreso.
Elias
Você é nova por aqui, né? Nunca te vi antes.
Amaya
É, acabei de me mudar.
Antes que a conversa pudesse continuar, a mãe dele apareceu.
Mãe do Elias
Vejo que já se conheceram!
Ela sorriu, satisfeita com a situação.
Mãe do Elias
Espero que se tornem amigos!
Eu ri nervosamente, não sabia muito bem como lidar com a situação. Estava começando a me sentir desconfortável.
Olhei para o pote de sal que estava em mãos de sua mãe.
Mãe do Elias
Desculpa, aqui está.
Amaya
Preciso ir, minha mãe deve estar me esperando.
Foi um prazer conhecer vocês, mas eu realmente queria sair dali logo.
Mãe do Elias
Qualquer coisa, é só chamar, querida.
Saí dali às pressas, soltando um suspiro de alívio ao sentir a liberdade de estar novamente do lado de fora.
Entrei em casa, caminhando rápido até minha mãe.
Amaya
Mãe, nunca mais me peça para fazer isso.
Sora
Por que, filha? Algo deu errado?
Eu entreguei o pote de sal para ela, tentando disfarçar a ansiedade.
Amaya
Não, mãe. Nenhum problema. Agora, vamos comer.
Me senti mais aliviada, mesmo que ainda estivesse tentando lidar com a estranheza de tudo.
Janela
Sora
Bom dia, filha, já está na hora de acordar.
Amaya
Mãe, só mais 10 minutos.
Eu cocei meus olhos, me virando de barriga para cima, tentando afastar o sono que ainda pairava sobre mim. A cama estava tão confortável, e eu quase não queria sair dela, mas sabia que não podia perder tempo. A luz fraca da manhã entrava pela janela, iluminando um pouco o quarto bagunçado.
Ela entrou no quarto com um sorriso gentil, mas uma leve firmeza na voz.
Sora
Hoje é seu primeiro dia na escola.
Amaya
Ah, eu havia esquecido.
Falei com um suspiro, me sentando na cama. Ontem, eu fiquei até tarde tentando arrumar um pouco do meu quarto, mas não consegui muito, só consegui organizar as roupas no guarda-roupa.
O resto estava uma bagunça, como sempre.
Sora
Tá bom, filha. Levante-se e se arrume. Vou fazer o café.
Ela me deu um beijo na testa e saiu do meu quarto, fechando a porta atrás de si. Eu fiquei ali por um momento, tentando organizar os pensamentos.
Eu sempre fico assim quando acordo, demorando um pouco para entender o que está acontecendo ao meu redor.
Andei até a janela, puxando a cortina com um movimento rápido. Olhei lá fora e vi dois meninos na janela de suas casas, Elias, da casa ao lado, e um outro garoto que eu não conhecia.
Eles acenaram um para o outro, e logo depois, Elias fechou a janela. O outro garoto, até então desconhecido, olhou diretamente para mim. Fiquei parada por um segundo, sem entender.
Ele apontou para mim e deu um sorrisinho. Confusa, eu olhei para baixo… E percebi que estava apenas de sutiã e um short leg.
Rapidamente, me cobri com a cortina e dei um aceno rápido antes de fechá-la.
Meu rosto ficou completamente vermelho. Como eu pude esquecer disso? Como vou olhar na cara desse garoto?
Sai correndo para pegar uma blusa, me xingando mentalmente. Coloquei uma camiseta confortável e fui direto para o banheiro. Escovei os dentes e escolhi uma roupa para o dia.
Não estava muito frio, mas não queria vestir algo tão leve. Coloquei um short jeans e um moletom preto por cima do sutiã, sem uma blusa por baixo.
Eu nunca tinha tentado isso antes, mas logo percebi que estava amando. Era muito confortável.
Coloquei meus tênis, peguei minha mochila e desci até a cozinha.
Sentei-me à mesa, e ela colocou as panquecas na minha frente, junto com um copo de suco de laranja. O cheiro estava delicioso.
Sora
Já vou ter que sair, minha princesa.
Amaya
Tá bom, mãe. Bom trabalho.
Sora
Talvez eu não venha para casa hoje.
Sora
Tenho plantão no hospital.
Ela fez uma pausa e me olhou com carinho.
Sora
Tem comida congelada na geladeira, é só esquentar quando chegar.
Ela deu um sorriso brincalhão, me beijou na bochecha e saiu porta a fora. Eu fiquei ali, absorvendo a tranquilidade do momento.
Terminei de comer, lavei os pratos e os copos, deixando tudo limpo. Peguei minha mochila, a chave da bicicleta e fui até a porta. Quando a abri, tive uma surpresa.
Elias estava prestes a apertar a campainha quando a porta se abriu, e nós nos deparamos cara a cara.
Ele estava um pouco sem graça, e eu podia ver o sorriso tímido em seu rosto.
Elias
Então… Queria saber se você quer ir para a escola comigo?
Amaya
Por mim, sem problemas.
Amaya
Não estava muito afim de ir sozinha, mesmo.
Ele fez um gesto para que eu saísse. Fechei a porta atrás de mim e fui até a minha bicicleta. Destranquei-a e coloquei a chave na bolsa, seguindo até Elias.
Ele já estava na sua bicicleta, e juntos começamos a pedalar.
Elias
Então, o que está achando da cidade?
Amaya
Bom, ainda não saí de casa para conhecer direito.
Amaya
Ontem passei a tarde toda arrumando minhas roupas.
Elias
Eu posso te mostrar a cidade algum dia desses, se quiser.
Amaya
Pode ser. Tava com medo de sair sozinha, sabe?
Amaya
Não conheço muito ainda.
Elias
Não se preocupe. Essa cidade é bem tranquila.
Elias
Você vai gostar bastante.
Chegamos na escola, rindo. Elias era muito engraçado e parecia ser muito legal.
Ele era bem diferente de mim em algumas coisas, mas isso não me incomodava. Ele parecia ser alguém fácil de se dar bem.
Amaya
Bom, eu não vou poder ir com você agora.
Amaya
Tenho que ir até a direção primeiro, ver minha sala e os horários.
Elias
Tá bom, caso você precise de ajuda com algo, é só me chamar.
Ele apertou minha mão e seguiu para dentro da escola. Respirei fundo, observando todos os alunos entrando. Eu logo fui atrás deles, tentando encontrar a direção.
Demorei um pouco, mas finalmente encontrei o caminho. Bati na porta da sala.
A voz da diretora me fez sentir um pouco mais nervosa. Respirei fundo e entrei.
Falei baixo, olhando para o chão, evitando olhar para os outros. Não estava nervosa, estava apenas tentando me acalmar. A diretora me olhou com um sorriso simpático.
Diretora
Bom, você deve ser a outra aluna nova, certo?
Diretora
Já que vocês dois estão aqui, vou apresentar a sala de vocês.
Eu fiquei surpresa. “Vocês dois?” Levantei meu olhar, e logo vi o mesmo garoto da janela de mais cedo, o mesmo com quem quase me embaracei.
Meu rosto ficou vermelho instantaneamente. Eu queria enfiar a minha cara em um buraco naquele momento.
Ele estava olhando para mim com um sorriso discreto. Eu virei o rosto, tentando disfarçar o constrangimento.
Falei baixo, para ninguém ouvir, mas me sentindo completamente envergonhada.
Fechei os olhos, tentando me acalmar, como se aquilo fosse apenas um sonho.
Adiretora entregou os horários e livros para nós e logo nos guiou até a sala de aula. Ela andava à frente, e eu caminhava ao lado de Alexander.
Eu estava tão desconfortável que queria que ele não puxasse conversa, mas ele fez.
Amaya
O seu também é bonito.
Eu falava sem olhar para o rosto dele, provavelmente eu estava tão vermelha quanto uma tomate agora.
Mas antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa, a diretora nos interrompeu.
Diretora
Essa é a sala de vocês. Façam amizades e se enturmem.
Ela bateu na porta e logo abriu. Alexander foi o primeiro a entrar, com um sorriso no rosto. Todos na sala se levantaram. Eu entrei logo em seguida.
Diretora
Alunos, esses são seus novos colegas: Alexander e Amaya.
Olhei rapidamente pela sala e vi Elias. Ele olhava para nós com um sorriso no rosto, quase parecendo mais animado do que eu.
Eu até pude ver um brilho nos seus olhos, o que me fez sorrir de volta.
Professor
Alexander e Amaya, estou muito feliz por vocês estarem aqui.
O professor sorriu e continuou.
Professor
Turma, é o primeiro dia deles, então, por favor, cuidem deles.
Percebi que todas as garotas estavam olhando para Alexander, como se estivessem admirando sua aparência. Tudo bem, eu entendi. Ele era bonito, mas não precisava olhar tanto assim.
Professor
Vocês podem se sentar lá no fundo.
Eu estava aliviada por não ter que ficar muito perto dele, mas, claro, o professor me colocou na mesma fileira, um ao lado do outro.
Eu fiquei ao lado de Alexander, e não pude deixar de notar que Elias olhava para nós dois.
Demaio
Finalmente, o sinal tocou, liberando todos para a próxima aula. Peguei minha mochila, jogando os livros dentro de qualquer jeito, sem me importar com organização.
Tudo o que eu queria era sair dali o mais rápido possível e me afastar de Alexander.
Eu estava com vergonha. Nem conseguia trocar um olhar com ele sem lembrar da cena constrangedora mais cedo.
Com certeza, ele devia estar me achando uma idiota!
Durante a aula, notei algumas trocas de olhares entre Alexander e Elias. Era impossível ignorar a tensão no ar, mas o que me deixava ainda mais desconfortável era a sensação de que, às vezes, ambos estavam olhando para mim.
Não fazia sentido. Eles são tão bonitos, tão seguros de si. Por que olhariam para mim assim?
Assim que a aula terminou, saí apressada. Minhas pernas caminhavam rápido pelos corredores, mas antes que eu pudesse alcançar a saída, senti uma mão firme agarrar meu pulso, me puxando para trás.
Ele parecia descontraído, mas eu estava tensa.
Elias
Você quer ficar com a gente agora?
Olhei ao redor, notando que seus amigos estavam reunidos perto do campo de futebol, todos me observando com curiosidade.
Amaya
Se não tiver problema…
Elias
Nenhum, né, pessoal?
Elias perguntou ao grupo, que respondeu em uníssono.
Seus amigos logo começaram a andar na frente, conversando entre si, enquanto Elias ficou um pouco atrás comigo.
Caminhamos até o lado de fora da escola, próximo ao muro que cercava o campo de futebol.
Alguns garotos jogavam enquanto nosso grupo se acomodava por ali. Eu me sentei no muro, ficando mais alta que todos ao meu redor, e me encostei na parede.
Elias estava ao meu lado, e do outro lado dele estava uma garota que parecia muito próxima dele. “Amiga” era como ele a apresentava, mas os dois não agiam exatamente como amigos.
Enquanto conversávamos, de repente, Elias apoiou a cabeça nas minhas coxas, completamente distraído. Paralisei.
Minha respiração ficou descompassada, e, mesmo tentando me controlar, senti meu rosto esquentar. Será que alguém tinha percebido?
Personagem aleatórios
O cara novo está sozinho, né?
Disse uma garota de pele morena que mexia distraidamente no cabelo de outra.
Personagem aleatórios
Sabe de uma coisa? Vou lá buscá-lo.
Ela saiu andando em direção a Alexander. Mesmo de longe, era evidente que ela tinha uma personalidade cativante e facilidade em fazer amigos.
Em poucos minutos, ela conseguiu trazer Alexander para o grupo.
Elias continuava deitado em mim, e, por algum motivo, eu não fiz esforço algum para afastá-lo.
Personagem aleatórios
Pessoal, este é o Alexander!
Anunciou a garota animada.
Personagem aleatórios
Ele está no nosso grupo agora.
Alexander se aproximou, com um sorriso de canto nos lábios.
Alexander
Nós já nos conhecemos.
Ele apontou para mim e para Elias.
Alexander
Eles moram na frente da minha casa.
A conversa fluiu naturalmente, e o grupo parecia receptivo. No entanto, algo chamava minha atenção: Alexander trocava olhares com Elias o tempo todo.
Por um momento, pensei que havia química entre eles, mas, de repente, ele começou a olhar para mim também, de forma intensa. Parecia que seus olhos alternavam entre mim e Elias.
Algo que eu odiava mais que tudo é educação física.
Na minha antiga escola, sempre arranjava desculpas para não participar. Dores imaginárias, menstruação, qualquer coisa.
Mas hoje, o professor insistiu que eu precisava participar, sob a justificativa de que ele queria avaliar meu porte físico.
O uniforme de educação física estava apertado e desconfortável. Meu humor já estava péssimo.
Quando cheguei à quadra, o professor nos posicionou para uma corrida. Fiquei entre Elias e Alexander.
Ele perguntou, com um tom autoritário.
Posicionei-me, sem nenhuma empolgação.
Ele gritou, e os alunos dispararam.
Eu apenas corri em um ritmo calmo. Não estava ali para competir, mas o tom debochado do professor me atingiu como um tapa.
Professor
Vamos, Amaya! Não comeu feijão, não?
Minha paciência acabou. Senti minha determinação crescer, e acelerei o passo, ultrapassando alguns meninos.
Porém, minha energia logo se esgotou. Minha visão ficou embaçada, minha respiração ficou pesada, e eu não conseguia mais distinguir as pessoas ao meu redor. Continuei correndo, meio desnorteada, até que esbarrei em alguém.
Ou melhor, em duas pessoas.
Senti mãos firmes na minha cintura. Cai sobre os dois minhas mão ficaram no ombro de ambos, e minhas pernas ficou cada uma entre as deles. Uma perna no meio das pernas de Alexander e a outra na de Elias.
Alexander parecia preocupado.
Elias perguntou, segurando-me com cuidado.
Murmurei, sentindo minha garganta seca.
Alexander rapidamente me entregou uma garrafa. Eles me ajudaram a sentar no chão, entre as pernas de Elias, enquanto Alexander segurava minha mão para me ajudar a beber água.
Minha visão foi voltando ao normal aos poucos.
Elias perguntou, olhando diretamente nos meus olhos.
Amaya
Estou, sim. Obrigada.
Quando tentei me levantar para continuar correndo, eles me impediram, segurando minha cintura.
Amaya
Meninos, já disse que estou bem!
Alexander
Nada disso. Vamos garantir que você não desmaie de novo.
Alexander rebateu, com um sorriso de canto.
PUTA MERDA! O que estava acontecendo?
Senti meu rosto esquentar novamente, e meu coração parecia querer saltar do peito.
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