Olá, eu sou a Bella, e sou nova por aqui. É a primeira vez que escrevo, então espero que sejam gentis e pacientes comigo. Vou me esforçar ao máximo para que fiquem satisfeitos, mas lembrem-se: os personagens têm características e escolhas próprias. Tentem olhar pelas perspectivas deles e entender seus sentimentos, assim como eu tento.
Talvez você não goste de ouvir, mas nem sempre as coisas são como queremos, e infelizmente eu não vou conseguir agradar a todos. Àqueles que não se sentirem satisfeitos, desejo que encontrem histórias com as quais possam se encantar e personagens com quem possam se identificar.
Aceito críticas construtivas e sugestões para melhorar, mas palavras ofensivas não serão toleradas.
Se houver algum erro ou incoerência, peço que me perdoem. Como disse, estou apenas começando. Lembrem-se: esta é uma história fictícia, não real. Portanto, qualquer semelhança com pessoas, lugares, eventos ou situações da vida real é mera coincidência. Se algo parecer inverossímil, peço que relevem. Esta não é uma história hot e pode conter gatilhos.
No mais, espero que aproveitem a leitura e se apaixonem pelos personagens e suas vidas — um pouco dramáticas, mas muito envolventes.
Desejo a todos um feliz ano novo e uma ótima leitura.
Beijos de luz e abraços de urso. 😘
— Bella_Soares
CONHECENDO ALGUNS PERSONAGENS:
Rebecca Villar, 19 anos
Trabalha fazendo resenhas na internet, cursa Letras e ama livros. É uma menina carinhosa e sincera, mas com uma vida difícil. Além da deficiência auditiva, ela tem POTS e SVV. É desprezada pelos próprios familiares, que não entendem sua condição.
Alexsander Monteiro, 22 anos
Guitarrista de uma banda com seus amigos, eles tocam em bares, restaurantes e eventos. Estagia em uma escola para deficientes auditivos e cursa Letras/Libras. Ficou um ano sem estudar após a trágica morte dos pais, mas, apesar disso, é um garoto sempre sorridente. Tem um irmão mais novo com deficiência auditiva total.
Pietro Monteiro, 7 anos
Irmão de Alex. Sofreu bastante com a perda dos pais, mas, com os cuidados do irmão e o carinho da tia, conseguiu superar essa fase difícil. Gosta de aprontar e está sempre metido em encrenca, apesar da surdez.
Lucas Mendes, 22 anos
Amigo de Alex. Cursa Engenharia Mecânica e já deveria estar se formando, mas reprovou. É baterista da banda e trabalha em uma fábrica automotiva. Mulherengo e festeiro, é o palhaço do grupo.
Kauan Mendes, 22 anos
Melhor amigo de Alex e irmão gêmeo de Lucas. Cursa Medicina/Pediatria e é tecladista da banda. Estagia em um hospital especializado em doenças raras e crônicas. Ao contrário do irmão, é extremamente dedicado aos estudos, odeia festas e prefere a companhia de um bom livro. É o mais sensato do grupo.
Anne Emanuelle de Carvalho, 20 anos
Ex-colega de quarto e amiga de Rebecca. É vocalista da banda, cursa Letras e trabalha em uma biblioteca. Doce e gentil, cativa todos ao seu redor. Namora Kauan.
Augusto Villar, 40 anos
Pai de Rebecca e dono de um conglomerado familiar. É um homem frio e rude com a filha, dando ouvidos apenas à esposa, que despreza a garota por ser filha de uma antiga amante do marido.
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...Notas de tradução:...
POTS (Síndrome de Taquicardia Ortostática Postural):
É uma condição médica que afeta o sistema nervoso autônomo, resultando em uma resposta anormal do corpo à posição vertical. Caracteriza-se pelo aumento anormal da frequência cardíaca ao se levantar, podendo causar tonturas, desmaios, dores de cabeça, entre outros sintomas.
SVV (Síndrome ou Síncope Vasovagal):
Desmaio causado por queda repentina da pressão arterial e da frequência cardíaca. O nervo vago, que liga o coração ao cérebro, reage de forma exagerada a estímulos como medo, dor, calor, jejum ou mudanças posturais.
Embora sejam frequentemente confundidas, a POTS envolve o aumento excessivo da frequência cardíaca ao mudar de postura, enquanto a SVV é uma queda abrupta da pressão arterial em resposta a estímulos. Ambas geralmente não são fatais, mas causam desconforto e requerem acompanhamento médico.
Observo as ondas revoltas do mar. Estão agitadas, assim como o meu coração, que bate descontroladamente contra o peito. Passei tempo demais em pé. Deito na areia fofa e respiro profundamente, tentando me acalmar. Encaro o céu sem estrelas — elas foram escondidas pelas nuvens. A lua também desapareceu entre elas. A noite, excessivamente escura, reflete o que há dentro de mim, como um espelho.
Fecho os olhos. As palavras do médico se repetem na minha mente, como em um looping:
"A perda auditiva neurossensorial é quase sempre irreversível e progressiva, mas, com o uso do aparelho auditivo e os medicamentos, podemos evitar a perda total da audição e diminuir os sintomas."
Eu estava apavorada e perguntei o que mais temia:
"Eu posso ficar completamente surda, doutor?"
Ele me olhou com compreensão e respondeu:
"É possível. Mas, se seguir o tratamento, pode ser que não chegue a esse ponto. O apoio da família é fundamental. O tratamento depende de você se manter positiva e bem mentalmente."
Minha família… Se pudessem, já teriam me anulado da vida deles. Ainda me lembro quando meu pai descobriu o diagnóstico do médico.
"Surda? Você vai ficar surda? Como eu posso ter uma filha tão fraca e inútil?"
Ele disse aquilo como se eu fosse o ser mais desprezível do mundo. Mas eu não era inútil. Era uma das melhores alunas da escola, sempre em primeiro lugar nas disciplinas. Sempre fui boa em tudo o que fazia — cantar, desenhar, tocar instrumentos. Falo dois idiomas além do português.
Ele continuou, sem se importar se me feria ou não:
"Além de ficar desmaiando por aí, também vai ficar surda? Não quero que ninguém saiba sobre isso. Se entupa de remédios, faça o que for preciso, mas não deixe ninguém saber! O que os meus amigos e sócios vão pensar? Eu planejava casar você com o filho dos Hernandez, e agora?"
Olhei para ele, perplexa. Ele queria me casar com aquele garoto mimado? Aquele que nem sabe respeitar uma mulher? Como ele pode ser um bom marido?
"Bom, agora não importa. Tudo o que você precisa fazer é não deixar que ninguém descubra sobre as suas doenças. Me ouviu? Não seja mais um incômodo nem atrapalhe os meus negócios!"
Ele disse e saiu, batendo a porta.
Abro os olhos. Estou de volta à praia. Um raio corta o céu, anunciando a tempestade que virá. Não havia previsão para tempestades nessa época, mas, de repente, uma onda de frio mudou de rota.
Enxugo as lágrimas que banham meu rosto e caminho de volta para o hotel. Minha família tem uma casa de praia aqui perto, mas eu não sou digna de estar entre eles. Todos os anos, eles fazem uma festa luxuosa e feliz, convidam amigos e sócios — pessoas importantes, pessoas que não podem descobrir quem eu sou de verdade.
Cresci com minha avó materna, mas há dois anos descobrimos que ela tinha Alzheimer, e tivemos que interná-la numa casa de repouso. Eu ainda a visito sempre que posso, mas tive que ir morar com meu pai. Nós duas passávamos os finais de ano juntas, cantando músicas de Natal e fazendo a contagem regressiva para o novo ano. Agora, passo os finais de ano sozinha, num quarto de hotel. Segundo meu pai, se eu ficar com eles, alguém pode descobrir que eu sou 'doente e fraca'. Ainda assim, preciso aparecer de vez em quando, para não parecer estranho.
Caminho para dentro. O hall está vazio — já passa da meia-noite. Coloco as mãos no bolso do moletom preto e sigo em direção ao elevador. No caminho, alguém esbarra em mim. É um garoto, talvez um pouco mais velho que eu. Tem o cabelo loiro, quase ruivo, caído em volta do rosto. Os olhos são castanho-claro-esverdeados, como uma fruta começando a amadurecer.
Ele tem pintinhas salpicadas pelo rosto. São claras, quase invisíveis de longe, exceto as que ficam no canto do olho esquerdo e do lado direito do nariz — essas são maiores e mais escuras. Ele veste um conjunto de moletom branco, com a frase “Good Boy” em letras douradas. A roupa só destaca sua beleza. Em contraste com o cabelo e os olhos, ele parece brilhar.
Ainda encantada com sua aparência, ouço sua voz suave e gentil:
"Desculpe-me. Se machucou?"
Ele estende a mão. Eu a pego e me levanto rápido demais. Sinto meu coração acelerar. Uma tontura me invade e encosto nele para me apoiar. Ouço sua voz novamente:
"Você está bem?"
Ele parece preocupado. Sei que vou desmaiar, então digo:
"Vou desmaiar… coloque-me deitada. Não precisa chamar a ambu…"
Antes de terminar a frase, sou abraçada pela escuridão.
...Alexsander...
A garota à minha frente começa a despertar. Eu a coloquei deitada no sofá — não sabia o que fazer, ela tinha me pedido para não chamar ajuda. Observo quando ela abre os olhos. Parece confusa. Ela me encara e pergunta:
— Onde estou?
Ela permanece deitada. Ofereço minha mão para ajudá-la a se levantar.
— Está no meu quarto. Você me pediu para não chamar a ambulância e deixá-la deitada. Achei que não seria uma boa ideia deixá-la no meio do hall.
Ela confirma com a cabeça.
— Então... está bem? Você desmaiou do nada. Foi por causa do esbarrão? Machucou a cabeça ou outra parte?
— Estou bem, obrigada! — diz, desviando o olhar. Claramente está mentindo, mas decido não pressionar.
— Quer comer alguma coisa? — pergunto, tentando mudar de assunto. — Disse que não se alimentou direito... posso preparar algo, se quiser.
Ela parece um pouco desconfiada. Tiro o clima do ar:
— Estou falando sério. Tudo bem... deixa eu me apresentar. Sou o Alex. E você?
Estendo a mão. Depois de alguns segundos me avaliando, ela finalmente aperta a minha e responde:
— Becca.
Ela dá um pequeno suspiro e continua:
— Vou aceitar o que você disse que ia preparar. Estou mesmo há horas sem comer.
Faço um “ok” com a mão e vou até a pequena cozinha conjugada com a sala.
💭 Só tem porcaria nesse armário 💭
Pego dois macarrões instantâneos e quatro ovos na mini geladeira. Coloco água numa panela, deixo ferver com os ovos dentro. Depois de cozidos, retiro-os e preparo o macarrão. Descascando os ovos, misturo os temperos e sirvo.
— Obrigada — ela me dá um sorrisinho tímido e começa a comer.
Trocamos algumas palavras e depois a convido para assistir a um filme.
— Não assisto muitos filmes. Prefiro livros.
— Sério? Eu não tenho paciência para ler. Minha mente não é lá muito criativa... os filmes são mais fáceis de entender.
— Talvez você só não tenha encontrado os livros certos. Cada pessoa tem uma personalidade, um jeito diferente de raciocinar e criar. Você precisa achar autores com quem se identifique, personagens que despertem seu interesse.
Ela fala com uma paixão que quase me convence.
— Pode ser... mas ainda assim não consigo imaginar e ler ao mesmo tempo. Séries são mais práticas.
— Tudo bem. Mas tenta depois. Tem muitas indicações boas na internet. Vai que você encontra um e se apaixona?
— Tá bom. Vou pensar. Agora vamos ver o filme, ok?
Ela concorda com a cabeça. Ficamos assistindo até tarde. Quando o sol estava prestes a nascer, ela resolveu ir para o seu quarto — que, ironicamente, descobri ser ao lado do meu.
A acompanhei até a porta. Combinamos de andar na praia mais tarde.
Quando deu 14h, me arrumei e saí. Ela já me esperava na porta, usando um conjunto rosa de short e blusa, com o cabelo solto. Agora percebo como ele é longo, quase na altura do quadril. Liso na raiz, com leves ondas nas pontas, preto como a noite, em contraste com a pele clara. Seus olhos azuis acinzentados lembram o céu de uma noite estrelada.
Caminhamos pela praia, jogando conversa fora. Paramos num quiosque para comer. Enquanto esperávamos a comida, puxei assunto:
— Você veio passar o fim de ano com sua família?
— Não... eles estão ocupados demais para comemorar comigo — respondeu, visivelmente desconfortável. — E você? Veio com a sua?
— Infelizmente não. Meus pais tiveram que fazer uma viagem de trabalho de última hora. Meu irmão foi com eles. Mas disseram que, se der, voltam a tempo da virada. Você pode passar conosco, se quiser. Eles não vão se importar. O pirralho é meio atentado, mas é um garoto legal.
Sorri para ela, e ela retribuiu. Acho que não sorri muito com frequência.
A comida chegou. Conversamos mais. Na verdade, eu falo. Ela diz algumas coisas: livros, músicas, comidas favoritas. Eu conto sobre meus pais e meu irmão. Ela parece entretida.
Depois do almoço, fizemos uma caminhada à beira-mar, esperando a comida assentar. Brincamos na água, na areia. Em certo momento, ela empalideceu. Me aproximei — ela desmaiou nos meus braços. A deitei na areia, sem saber o que fazer. Ela respirava normalmente, mas o coração batia em um ritmo estranho. Em menos de dois minutos, voltou à consciência.
— O que aconteceu? Está se sentindo bem?
— Estou sim... não foi nada. Isso é normal. Não precisa se preocupar. Vamos tomar um açaí? Fiquei com vontade.
Ela muda de assunto. Sei que tem algo errado, mas se ela não quer contar, não vou forçar. Nos conhecemos há menos de um dia.
Tomamos o açaí. Ela parecia um pouco aérea. Já estava ficando tarde, então voltamos para o hotel. Depois do banho, ela veio assistir uma série comigo.
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Passamos os três dias seguintes praticamente juntos. É incrível como criamos uma conexão tão especial em tão pouco tempo.
Hoje é 31 de dezembro. Vamos passar a virada juntos.
Saio do meu quarto e caminho até o dela. Bato, mas ninguém atende.
Onde será que ela está?
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