Olívia
Hei, Olívia, olha só esses brincos! Cassandra, melhor amiga de Olívia falou, maravilhada com o par de brincos na vitrine.
Olívia se afastou do balcão da loja, onde ela tentava escolher um colar para dar de presente para sua mãe, que faria aniversário no dia seguinte, e se aproximou de sua amiga. Olívia parou ao lado de Cassandra e observou o belo par de brincos com atenção.
São lindos... ela concordou.
Vai combinar perfeitamente com a cor dos olhos da dona Charlote. Cassandra comentou, fazendo com que Olívia analisasse a peça com mais atenção.
Cassandra tinha razão, Olívia pensou. Os brincos eram de ouro, e possuíam pedras azul-safira, que imitariam perfeitamente a cor dos olhos de sua mãe.
Você tem razão. ela concordou, sorrindo ao olhar para sua amiga, antes de observar a joia novamente. _ Acho que mamãe vai adorar esse par de brincos. O que eu faria sem você, amiga?
Cassandra sorriu satisfeita, e logo em seguida franziu os lábios, fingindo pensar em uma resposta.
Acho que você consegue se virar sem mim. ela comentou, coçando o queixo. _ Mas não pode negar que tenho um gosto melhor do que o seu. No fim, acho que eu é quem deveria ser a filha Gotti. Ou pelo menos sua irmã.
Olívia sorriu para Cassandra, concordando.
Eu adoraria se você fosse a minha irmã. ela respondeu, fazendo com que Cassandra abandonasse aquela expressão em seu rosto, uma mistura de deboche e orgulho. Cassandra suspirou, profundamente emocionada com a sua resposta.
Eu também adoraria ser a sua irmã de sangue, Ollie... ela respondeu. _ Mas me contento em ser apenas a sua melhor amiga.
Olívia sorriu em resposta.
Ela ainda se lembrava de quando havia conhecido Cassandra.
Foi logo quando sua família se mudou para os Estados Unidos e isso foi à uns dez anos atrás.
Nesse momento ela estava apenas com dez anos de idade. Ela foi obrigada a abandonar todos os seus amigos da escola, não que tivesse muitos, na verdade. Então viu-se em um país completamente diferente, com costumes diferentes, comida diferente...
Tudo ali era diferente para ela e isso só piorou quando seus pais a matricularam na escola.
Não era uma escola qualquer, na verdade.
Era uma escola onde apenas crianças de famílias ricas estudavam. Mas, mesmo que tivesse estudado bastante e aprendido a falar inglês perfeitamente, ela ainda sentia que todos ali olhavam para ela de uma maneira diferente.
Cassandra foi a primeira a se aproximar dela e pouco tempo depois elas se tornaram amigas inseparáveis, e assim permaneciam, mesmo depois de passados dez anos.
Vocês duas terminaram aí? Victor entrou de repente na loja, procurando por elas.
Victor era um belo rapaz, um ano mais velho que Olívia e Cassandra.
Fazia dois anos que Olívia o conhecera e se encantara pelo rapaz no mesmo instante.
Victor tinha cabelos negros e lisos, que caíam em sua testa às vezes, quando ele ficava muito agitado.
Olívia adorava observar quando ele os ajeitava de volta no lugar, sentindo um desejo imenso de tocá-los e sentir se eram tão macios e sedosos quanto pareciam.
E ela tivera essa oportunidade fazia alguns meses, quando participara de sua primeira festa com os amigos, graças a sua mãe, que havia convencido seu pai a deixá-la ir.
Naquela noite ela tivera seu primeiro beijo, na varanda da casa de sua melhor amiga.
Foi uma noite mágica, algo que ela jamais imaginara que aconteceria com ela.
Quase. Olívia respondeu, sentindo Victor passar um dos braços ao seu redor.
Olívia não pôde deixar de corar diante daquele gesto, mesmo sabendo que estavam apenas os três ali.
Cassandra já sabia do namoro secreto dos dois, apesar de não se mostrar tão feliz com isso. Às vezes parecia que ela não gostava do relacionamento de ambos, mas nunca se intrometera entre eles e isso deixava Olívia aliviada.
Esse anel aqui é muito bonito. Ele apontou para um anel na vitrine e Olívia e Cassandra se entreolharam rapidamente, discordando.
Eu já escolhi esse par de brincos. Olívia respondeu, fazendo um sinal para que a vendedora se aproximasse deles.
Assim que uma garota que parecia um pouco mais velha que ela se aproximou, Olívia avisou que queria levar o par de brincos.
São trezentos mil dólares. A garota avisou, arqueando levemente a sobrancelha. _ É um par de brincos de ouro e pedras preciosas. Tem certeza que pode levar?
Cassandra abriu a boca para responder, mas foi Victor quem falou primeiro:
O que a faz pensar que minha namorada não pode levar esse par de brincos? ele retrucou, encarando a garota com o queixo erguido. Você está diante de dois membros de famílias importantes, os Gotti e os Denaro.
Olívia notou a expressão da garota mudar completamente quando Victor falou o nome de sua família, os Denaro.
Sinto muito, senhor Denaro. ela respondeu, com o rosto pálido. _ A senhorita pretende pagar no débito ou no crédito?
Olívia encarou Victor por alguns segundos, antes de se voltar para a garota.
No crédito, por favor. ela respondeu, retirando o cartão da bolsa para efetuar o pagamento.
Alguns minutos depois os três saíam da loja, com Victor segurando sua mão, enquanto Cassandra caminhava ao seu lado.
Que estúpida! Victor reclamou, carregando as sacolas de compras.
Olívia olhou para trás, notando que dois homens os seguiam de perto.
Não precisava ter usado o nome de sua família para me defender, Victor. ela falou, sentindo-se mal com isso.
Ele a encarou por um momento, franzindo o cenho.
Não usei apenas o nome da minha família, mas da sua também! ele respondeu. _ Você sabe que sua família é tão importante quanto a minha.
Em parte, ele estava certo, ela sabia disso. Mas ninguém empalidecia ao ouvir o sobrenome da família Gotti. Mas, quando ouviam o sobrenome Denaro, todos abaixavam as suas cabeças ou empalideciam imediatamente, como havia acontecido na loja, minutos antes.
Tudo o que Olívia sabia sobre a família de Victor, era o que era exposto nas mídias sociais e nos jornais.
Victor era sobrinho de Stefano Denaro, um empresário de grande sucesso.
Seu nome era reconhecido em vários estados, assim como no exterior.
O sobrenome Gotti surgia aqui e ali, quando seu pai conquistava clientes importantes para a empresa da família, mas era apenas isso.
Quanto aos Denaro...
O nome deles permaneciam nos jornais e revistas, todas as semanas, mas, apesar de conhecer um pouco sobre o sucesso de Stefano Denaro, Olívia vira a foto do tio de Victor apenas uma vez.
Ela não estava tão certa se poderia reconhecê-lo de imediato, acaso se encontrasse com ele por aí.
_ Eu sei, Victor, mas eu posso resolver os meus problemas, sozinha.
Se havia algo que Olívia prezava, era a sua liberdade, mesmo que pouca.
Desde criança, ela nunca pudera tomar decisões por si mesma. Era sempre o seu pai quem tinha a última palavra e era sempre ele quem resolvia os seus problemas. Ela prometera a si mesma que isso mudaria, quando fosse maior de idade. Mas, sempre que Victor estava por perto, ela sentia que isso não era possível.
Victor soltou sua mão e a ergueu em um gesto de rendição.
Ok, me desculpe. ele se desculpou, mas no fundo ela sabia que ele não se sentia nem um pouco arrependido.
Ollie, eu preciso ir para casa. Cassandra avisou, guardando o telefone dentro da bolsa e olhando para os dois.
Oh, tudo bem, eu já estava indo embora também. Olívia respondeu, antes de abraçar sua amiga em despedida.
Cassandra olhou mais uma vez para Victor, antes de perguntar baixinho, para que apenas ela ouvisse;
Certeza que está tudo bem deixá-la aqui sozinha? ela quis saber, parecendo preocupada.
Olívia sorriu para ela, tentando tranquilizá-la.
Tenho certeza. ela respondeu. _ Vou direto para casa, não se preocupe.
Ok. Cassandra respondeu, lançando um último olhar para Victor. _ Tchau, Victor.
Até mais, Cassandra! Victor respondeu, sorrindo.
Os dois observaram Cassandra se afastar rapidamente entre a multidão do shopping.
Finalmente estamos a sós... Victor murmurou, tomando a mão de Olívia na sua novamente.
Olívia olhou para trás, para os dois homens que os seguiam a todo instante.
Não estou certa de que isso seja verdade... ela comentou.
Victor percebeu o seu olhar e se virou, encarando os seguranças que os seguiam de perto.
Eu já falei para não ficarem tão perto! ele resmungou e Olívia notou algo mudando em sua expressão, enquanto ele demonstrava sua raiva.
Ela nunca o vira assim antes, por isso franziu o cenho, preocupada.
Não brigue com eles. ela pediu. _ Eles estão apenas fazendo o seu trabalho.
Às vezes o meu tio exagera um pouco, sabe... Victor comentou, respirando fundo e se acalmando novamente. Então ele sorriu como se nada tivesse acontecido. _ Vamos apenas ignorar os dois. Podemos ir ao cinema juntos, o que acha?
Fazia algum tempo que eles não tinham um momento a sós e Olívia sentia falta disso.
De repente, a expressão de Victor mudou, ficando séria, enquanto ele a encarava.
Olívia, somos adultos agora. ele falou, segurando ambas as suas mãos, enquanto a encarava diretamente nos olhos. _Eu preciso saber... Você me ama?
Olívia arfou, surpresa com a pergunta inesperada.
Eu... ela hesitou por um momento, antes de responder. Ela sabia que estava completamente apaixonada por Victor.
O seu maior sonho era que ele sentisse o mesmo e a pedisse em casamento.
Ela sonhava com isso, em formar uma família com ele, um lar...
Eu... ela gaguejou novamente, então respirou fundo e respondeu: _ Sim. Eu te amo.
Victor abriu um enorme sorriso, puxando o seu corpo contra o dele, sem se importar que estavam no meio de um dos corredores do shopping, onde várias pessoas transitavam naquele momento.
_ Então, se eu convencer o meu tio e obter sua permissão, você aceitaria se casar comigo?
Aquela era mais uma pergunta que ela não esperava naquele momento.
Fazia poucos meses que estavam juntos.
Casar? ela repetiu sem querer, ainda surpresa com suas palavras.
Por um momento o sorriso de Victor vacilou, deixando claro o seu nervosismo..
Sim. ele respondeu. Sei que faz apenas alguns meses que estamos juntos, Olívia. ele gaguejou. _ Mas você me ama e eu te amo.
Aquela era a primeira vez que ela o ouvia falar daquele jeito.
_ Eu quero que haja um futuro para nós, Olívia. Eu quero que “você” seja o meu futuro...
Ficar ao lado de Victor era... intenso.
Ele era romântico e não se importava em demonstrar isso diante de todos.
Por um momento, Olívia se imaginou dizendo “sim”. Então, ela se lembrou que nem ao menos havia apresentado Victor para seus pais.
O que eles diriam quando descobrissem que estavam namorando fazia alguns meses?
Além disso, o tio de Victor aceitaria o relacionamento do sobrinho com alguém tão inferior, como ela? Olívia pensou, preocupada.
Porém, antes que ela pudesse dar uma resposta, seu telefone vibrou no bolso da calça jeans que ela usava naquele momento.
Ela olhou para Victor, em um pedido de desculpas, antes de pegar o telefone do bolso da calça.
Ao abrir a mensagem, seu coração deu um salto dentro do peito.
“Volte para casa imediatamente.”
Victor, eu sinto muito, mas preciso ir para casa. ela falou, guardando o telefone dentro do bolso mais uma vez.
Aconteceu alguma coisa? ele quis saber, precupado.
Eu não sei. ela respondeu, agitada.
_ Eu posso ir com você, se quiser...
Não! ela respondeu imediatamente, fazendo com que Victor a encarasse com surpresa. _ Eu não contei aos meus pais sobre... nós. Eu preciso de mais um tempo para fazer isso.
Victor a encarou por um momento, em silêncio.
De quanto tempo você precisa, Olívia? ele quis saber.
Ambos permaneciam parados no meio do corredor do shopping, sem se preocupar com as pessoas que passavam ao redor naquele momento.
Olívia tentou pensar em uma resposta, afinal, ela conhecia muito bem o pai que ela tinha. Não importava a sua escolha, no fim, era a dele que importava.
Eu não sei. ela respondeu, com voz trêmula.
Olívia percebeu quando algo mudou na expressão de Victor. Ele parecia... desanimado.
Olha, eu prometo que conversarei com o meu pai. ela prometeu, para tranquilizá-lo. _ talvez ele não aceite o nosso casamento de imediato, mas... talvez um noivado?
Isso foi o suficiente para fazer Victor sorrir novamente, e isso a deixou mais tranquila.
Victor se aproximou ainda mais e pousou uma mão em seu rosto, acariciando-a suavemente.
Eu espero por você, Olívia. ele respondeu, depositando um beijo rápido em seus lábios. _ Pelo tempo que for preciso.
Olívia retribuiu ao beijo e quando Victor se afastou, ela sorriu para ele.
Eu preciso ir agora. ela falou. _ Nos falamos mais tarde?
Victor assentiu, concordando.
Eu vou esperar por você. ele respondeu.
Olívia então se afastou, indo para fora do shopping, em direção ao carro que esperava por ela no estacionamento.
Olívia
Ao entrar em casa, momentos mais tarde, Olívia se deparou com seus pais esperando por ela na sala.
Mamãe, papai... ela disse, se aproximando e observando suas expressões atentamente, tentando entender o que se passava. _ Aconteceu alguma coisa?
Minha filha, sente-se. Sua mãe pediu e ela obedeceu prontamente. _ Seu pai precisa conversar com você.
Ela notou que sua mãe não a olhava diretamente nos olhos, ao contrário de seu pai, então soube que, qualquer que fosse o assunto, sua mãe não estava de acordo.
Isso apenas serviu para que ficasse ainda mais apreensiva.
Qual o problema? ela perguntou, incerta se realmente queria saber, porque sentia que ela não gostaria de ouvir o que seu pai tinha a dizer.
E ela teve certeza disso no instante em que ele abriu a boca:
Você se casará com Leonard, um membro da família Camorra. ele soltou e ela sentiu o chão se abrir sob seus pés.
_ Mas papai, eu não…
Isso não é discutível, Olívia! ele a interrompeu bruscamente, chamando-a pelo seu verdadeiro nome. Isso foi o suficiente para ela entender que ele estava falando sério. _ Nossa empresa está passando por dificuldades, e a família Camorra está disposta a nos ajudar desde que você se case com o rapaz Leonard. E eu já aceitei o acordo.
Olívia ficou ali sentada, sentindo seu mundo desabando ao seu redor.
Há poucos minutos ela estava com Victor e ele a pedia em casamento.
Victor era sobrinho do poderoso Stefano Denaro, e sua família era conhecida em todo o país.
Ele era atencioso e carinhoso e ela se sentia sortuda por ele escolhê-la como parceira.
Além disso, ela ouvira boatos sobre o filho mais novo da família Camorra, envolvendo a morte de uma de suas namoradas...
Claro, no final conseguiram evitar que qualquer acusação sujasse o nome da família, alegando que tudo não passava de um engano, mas mesmo assim...
Seu pai ouvira os boatos!
Como poderia aceitar que se casasse com esse homem depois de tudo o que ouviram falar sobre ele?!
_Papai..._ ela murmurou\, em seu último apelo. _ É sobre Leonard Camorra que estamos falando!
Ela percebeu o olhar nervoso do pai antes dele balançar a cabeça e fazer um gesto de descaso com as mãos.
São apenas boatos, Olívia! A família Camorra é muito rica e respeitada, e você será bem tratada. ele disse. _ O nome Camorra é muito respeitado e nós precisamos dessa aliança para salvar o nome da nossa família!
Olívia sabia de tudo isso, mas mesmo assim, sentia-se decepcionada por seu pai entregá-la assim, para um homem com fama de assassino! Ele faria o mesmo se ela dissesse que estava apaixonada por Victor Denaro e que ele sentia o mesmo por ela, a ponto de pedi-la em casamento como fizera momentos antes? Ela se perguntou, mas ao mesmo tempo se perguntou o que seu pai diria se descobrisse que ela e Victor estavam namorando em segredo durante todos aqueles meses, sem contar nada a eles.
O que sua mãe diria, quando soubesse que estava mentindo para ela todo esse tempo, quando ela fizera de tudo para conseguir ao menos um pouco de liberdade para a própria filha?
Olívia sentiu as lágrimas se formando por trás de suas pálpebras e respirou fundo para não chorar na frente de seus pais.
Um olhar de relance para sua mãe, lhe mostrou que ela não estava satisfeita com aquele arranjo.
Parecia assustada, até.
Mas Olívia sabia que sua mãe nada poderia fazer por ela naquele momento. Na família Gotti, apenas os chefes da família tinham o poder da decisão final sobre qualquer assunto e isso era a regra que todos seguiam, durante décadas.
Isso não seria modificado agora, por sua causa, ela pensou, sentindo o mundo desabar ao seu redor.
Só lhe restava uma única opção...
Tudo bem, papai... ela murmurou, baixando os olhos para o chão, como uma filha obediente deveria fazer.
Sua família vinha em primeiro lugar. Desde pequena, ela sabia que esse momento chegaria. Ela apenas fora tola o suficiente quando pensou que, ao se mudarem para outro país, tudo mudaria também.
Você sabe que eu preciso fazer isso, minha filha. seu pai falou, soando um pouco menos autoritário do que minutos atrás, quando lhe dera a notícia de seu casamento.
Mas isso não mudava o fato de que estava noiva, ela pensou, extremamente chateada.
Nossa família depende de você. ele continuou. _ O nome de nossa família está em suas mãos e esse casamento beneficiará a todos nós.
Ela assentiu, mesmo que, no fundo, não concordasse com nada do que ele estivesse falando.
Então ela se lembrou do pedido de Victor.
Se ele esperasse apenas mais um pouco, ela se casaria com um membro da prestigiosa família Denaro.
A família Denaro era tão rica quanto a família Camorra! Muito mais, até!
Além disso, Victor não era um assassino...
Mas o acordo já havia sido feito, e não havia mais nada que pudesse fazer para mudar os fatos.
Estava noiva!
E precisava terminar seu relacionamento com Victor, quanto antes.
Eu compreendo, papai. ela disse e ouviu seu pai suspirar, satisfeito, apesar de sua expressão demonstrar o contrário.
Você é uma ótima filha, Olívia. ele disse, se levantando e se aproximando dela.
Pousou uma mão em seu ombro e olhou diretamente em seus olhos.
Eu jamais a colocaria nessa situação se não fosse necessário. explicou e ela sabia muito bem disso.
Seu pai era muito sério e autoritário, como um pai deveria ser, mas jamais a forçaria a um casamento daqueles se realmente não estivesse desesperado.
Ela só não estava preparada para tudo aquilo, pois não sabia da atual situação de sua família.
Então Olívia se lembrou do par de brincos que havia comprado para sua mãe, como presente de aniversário, e se sentiu culpada.
Ela não tinha conhecimento da atual situação financeira de sua família e acabara piorando tudo ainda mais ao comprar um presente tão caro.
Tudo o que ela esperava, era que os boatos sobre a família Camorra fossem apenas isso, boatos!
Quando será o casamento? ela perguntou, esperando que tivesse um pouco mais de tempo para terminar tudo com Victor, da melhor maneira possível.
Essa era a única solução, já que seu pai já havia prometido sua mão em troca do que o poder do nome da família Camorra poderia fazer pela sua.
Não havia mais opções para ela, além de aceitar o seu destino.
Em um mês. ele afirmou, pigarreando logo em seguida e desviando o olhar do dela antes de avisar: E é necessário que se mantenha virgem até o casamento. ele disse e ela podia jurar que seu pai tinha corado ao dizer aquilo.
Ela mesma sentia suas bochechas corando de constrangimento e olhou para sua mãe, que permanecia olhando para qualquer lugar, menos para a própria filha.
Havia um motivo para que ele lhe fizesse essa exigência e ela sabia muito bem qual era:
Um casamento entre membros das famílias da máfia era uma espécie de pacto, um laço de confiança. Para isso, era necessário que a noiva fosse pura, caso contrário a família do noivo poderia recusar esse laço.
Eu seria incapaz de humilhá-lo, papai. ela respondeu e seu pai apenas assentiu.
_ E eu confio em você para salvar nossa família, minha filha.
Ele saiu assim que disse isso e ela entendeu que a conversa estava encerrada.
Ficaram apenas ela e sua mãe na sala, e Olívia olhou para ela, os olhos marejados de lágrimas agora.
O que eu farei agora, mamãe? ela perguntou, em busca de qualquer solução que a livrasse daquela situação.
Ela temia pela própria vida nas mãos de Leonard Camorra, mas também temia pela desgraça de sua família.
Isso destruiria seus pais e ela não poderia permitir que isso acontecesse.
Não há nada a se fazer, minha filha. ela disse com pesar e então Olívia se levantou do sofá, indo até ela e recebendo um abraço de conforto. _ Tudo o que precisa agora, é ser forte, como sempre foi, e tudo ficará bem…
Olívia
Tudo ficará bem?!
Ela pensou mais tarde, enquanto seguia para a casa da família Denaro.
Nada ficaria bem!
Ela seria forçada a se casar com um homem conhecido por sua brutalidade!
E estava prestes a terminar um relacionamento que ela ansiara por tanto tempo...
Ela precisava terminar tudo, ela pensou, com pesar no coração.
Era melhor do que provocar a ira da família Denaro sobre ela.
Principalmente a de Stefano Denaro, tio de Victor.
Olívia esfregou uma mão na outra, nervosa, antes de tocar a campainha da porta e aguardar que alguém atendesse.
Ela viera até aquela casa apenas uma única vez e, mesmo naquele momento, enquanto voltava ali, não conseguia deixar de se impressionar com a suntuosidade do local.
Uma empregada atendeu a porta de madeira cara e grossa.
Na verdade, tudo naquela casa era muito luxuoso, desde o jardim bem aparado, repleto de Peônias e Crisântemos que ladeava o caminho até a porta da frente da casa, até sua fachada elegante e iluminada.
Olá. ela a cumprimentou. _ Eu sou a Olívia... Eu sou... namorada do Victor. Ele está?
A empregada olhou para ela da cabeça aos pés e assentiu de maneira brusca, abrindo a porta para que ela entrasse.
Olívia observou o interior da casa, assim como havia feito na primeira vez em que estivera ali, enquanto a empregada caminhava rapidamente até o centro da sala.
Espere, vou avisar que está aqui. ela ordenou e sumiu rapidamente, deixando-a sozinha no meio da sala.
Ela não sabia dizer quanto tempo se passou, enquanto ficava olhando em volta, admirando as várias pinturas penduradas nas paredes da sala, assim como os vasos caros e bonitos que enfeitavam o local. Então Victor apareceu, olhando para ela com um misto de confusão e satisfação por sua visita inesperada.
Olívia? ele falou com uma pergunta silenciosa no olhar enquanto se aproximava e a tomava em seus braços, tentando lhe alcançar os lábios.
Mas Olívia se esquivou e ele se afastou, confuso.
Ela nunca havia negado os seus beijos e seus carinhos.
O que houve? ele indagou, percebendo que havia algo errado. _ Pensei que nos falaríamos mais tarde. Aconteceu alguma coisa?
Olívia se afastou, observando o seu olhar confuso enquanto se sentia culpada pelo que estava prestes a fazer.
Mas era necessário e ela sabia que Victor jamais acreditaria que fazia aquilo apenas pelo compromisso com sua família.
Ela respirou profundamente antes de assumir o papel que ela precisava desempenhar perfeitamente.
Eu quero terminar! ela soltou.
Por um momento, Victor a observou, sem reação.
Depois deu uma risada, e revirou os olhos, tentando abraçá-la.
Nossa! Eu quase tive um ataque cardíaco. ele disse, sorrindo. _ Não faça esse tipo de brincadeira comigo novamente, meu anjo, ou ficará viúva antes mesmo de se tornar uma noiva.
Olívia imaginou que seria isso mesmo o que lhe aconteceria em um mês, quando estivesse casada com Leonard Camorra, mas não podia falar isso para Victor.
Precisava fazê-lo acreditar que não queria nada com ele e era isso o que viera fazer ali.
Não, Victor... ela disse, se afastando dele com um olhar sério. _ Eu realmente quero terminar.
O sorriso nos lábios de Victor foi se apagando aos poucos antes de ele exclamar, quase gritando:
O quê! ele falou e Olívia se afastou mais um pouco ao perceber que ele estava nervoso.
Ela acabara de ofender um membro da família Denaro, mas esperava que Victor gostasse dela o suficiente para não criar problemas maiores do que os que ela já possuía.
Você só pode estar de brincadeira! ele exclamou, gesticulando de maneira furiosa. _ Eu acabei de falar de você para o meu tio. Contei sobre o quanto a admiro e gosto de você, Olívia! E é isso o que recebo em troca?!
Olívia engoliu em seco.
_ Se for pelo meu pedido de casamento inesperado, se você está se sentindo pressionada de alguma forma, eu posso esperar... Eu...
Sinto muito, Victor, mas eu... ela interrompeu, umedecendo os lábios antes de continuar: _ Eu não amo você e não posso mais fazer isso... Eu não posso continuar com isso e…
Era terrível ver a tristeza que tomou conta da expressão de Victor naquele momento. Mas isso era necessário! Ela pensou.
_ Eu realmente sinto muito, Victor, mas eu…
Pare! ele gritou e Olívia se encolheu com sua explosão. _ Algumas horas atrás, você disse que me amava!
O que está acontecendo aqui? uma voz firme soou, vindo do corredor que, ela imaginava, levava aos fundos da casa, e então Olívia se deparou com Stefano Denaro, que encarava os dois com seriedade.
Ele possuía as mesmas feições do sobrinho, porém alguns anos mais velho.
Seus cabelos negros e lisos estavam perfeitamente arrumados, enquanto seus olhos negros como a noite a encararam por um instante.
Olívia engoliu em seco diante do seu olhar.
Victor continuou encarando Olívia por mais um instante, a dor evidente em seus olhos, antes de se voltar para o tio.
Me perdoe se o atrapalhamos, meu tio. ele disse chamando a atenção de Stefano. _ Olívia e eu estávamos apenas tendo uma discussão de namorados…
Ex-namorados. ela o corrigiu e sentiu o olhar de Stefano cair sobre ela novamente.
Victor olhou para ela com um olhar de quem havia acabado de ser apunhalado no peito.
Você tem certeza disso, Olívia? ele questionou, sua voz soando mais triste do que ela imaginava que seria e isso a fez se sentir culpada. Ela não poderia contar a ele o que estava acontecendo, pois sabia que ele procuraria sua família para tentar convencer seu pai a mudar de ideia, algo que ela sabia que nunca aconteceria. Seu pai era um homem de palavra, e ele havia feito uma promessa para a família Camorra. Ele nunca voltaria atrás com sua palavra.
Olívia assentiu, olhando para ele com firmeza, enquanto sentia seu coração se despedaçando aos poucos por dentro.
Tudo o que estava fazendo era por sua família, ela pensou.
Desde pequena, ela sabia que a qualquer momento isso poderia acontecer, que seu pai escolheria quem seria o seu parceiro para a vida toda.
Ela só não esperava que isso aconteceria tão cedo, muito menos que o nome de sua família estivesse em jogo.
Qual o preço deveria pagar para evitar que sua família fosse arruinada?
Sua felicidade? Ela pensou, angustiada. Sua vida?
Mais uma vez eu digo que sinto muito, Victor. ela falou, ignorando a presença de Stefano e reunindo todas as suas forças para se virar e caminhar em direção porta.
Era isso! Ela pensou, contendo as lágrimas que se formavam por trás de suas pálpebras.
Missão cumprida.
Ela tinha acabado de destruir o seu futuro e havia se transformado em uma vadia, mentirosa!
Agora, ela pensou, enquanto se afastava da casa enorme de Victor, só faltava esperar pelo maldito casamento e torcer para que permanecesse viva!
Ou, talvez, a noite de núpcias fosse a sua última noite nesse mundo... ela pensou, deixando finalmente as lágrimas escorrerem livremente por seu rosto.
Então ela olhou uma última vez para a casa de Victor, sentindo que seu coração se despedaçava cada vez mais, a cada passo que dava para longe.
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