ALICIA DUARTE
Eu me chamo, Alicia Duarte, tenho 20 anos, sou morena clara, olhos castanhos esverdeados, cabelos castanhos, longos e encaracolados. Tenho 1,60, um corpo proporcional e muito bonito.
Dizem que sou educada, amorosa, inteligente e sinceramente, eu creio que sou.
Trabalho numa casa de produtos naturais e esotérica, como chás, cristais, banhos e aromas, sempre tive dentro de mim, como uma intuição a facilidade para trabalhar com esses produtos. O que poucas pessoas sabem, é que eu e uma amiga, somos donas do estabelecimento, que tem por nome "Aroma astral".
Minha mãe dizia-me que eu sentia a dor das pessoas, que a minha intuição era aguçada, e eu sempre oferecia um chá, ou uma simples água, pois acreditava que aquilo curava tudo.
Hoje eu continuo tendo certeza que as plantas, a água, a terra, o fogo, o ar e tudo a nossa volta que é natural cura.
Desejo um dia fazer um curso de terapia holística, e me aprofundar nesse mundo.
Minha mãe, Nádia Giliard Duarte, faleceu a 8 anos.
Meu pai se chama Joaquim Duarte tem 49 anos, é assistente de diretor financeiro de uma grande empresa, trabalhando principalmente com compras e licitações.
Seu salário daria para oferecer aos filhos uma vida confortável, mas ele é viciado em jogos.
Ele não dá atenção para os filhos, e a 4 anos está casado com Cristina Santos, que podemos considerar com certeza ser a típica MÁdrasta.
Além de Cristina ter entrado na vida na nossa vida, trouxe a filha, Angélica, cópia fiel da mãe em caráter.
Quando a minha mãe morreu ela deixou uma pequena herança para mim e meu irmão, protegida por lei para que somente pudéssemos ter posse do dinheiro quando completarmos 18 anos.
Como eu já havia recebido, meu pai e madrasta sempre davam um jeito de tirar um pouco desse meu dinheiro. .
O meu ponto fraco é o meu irmão, Bento de 9 anos, que tem infantilismo, e as vezes age como uma criança de 3 anos e portanto precisava de cuidados especiais.
Eu protejo o irmão das maldades e preconceitos de todos, inclusive de meu pai, que vive dizendo coisas absurdas e dolorosos para ele.
Bento é retraído, e por causa do que sofre em casa longe de Alícia, e se considera uma aberração.
Meu pai ameaçava colocá-lo em um manicômio sempre que quer tirar algo, dinheiro, de Alícia.
Por Bento Alícia cede as chantagens do seu pai.
JOAQUIM DUARTE
Eu me casei cedo com Nádia, a doce Maisa, mulher linda e apaixonada por mim.
Ela era de família abastada, e eu precisava de alguém que pudesse manter meu jogo.
Todos dizem que jogar todos os dias é vício, eu chamo isso de lazer.
Nádia recebeu uma parte da fortuna quando casou, e outras duas quando seus pais morreram.
A primeira e a segunda parte ela me deu toda, e eu joguei até perder cada centavo.
É claro que também usei para fazer algumas amizades dentro da empresa onde eu trabalho, e conseguir chegar no cargo que estou hoje, nada como comprar pessoas da melhor resultado.
Meu trabalho é burocrático e me dá acesso a detalhes que me permite, tirar proveito, se é que me entendem, sem ser pego.
Eu gosto de ter esse poder e rir nas costas do meu chefe idiota.
Hoje sou casado com uma mulher, astuta, que sabe o que quer e me apoia e que tem uma filha linda Angélica, que sabe muito bem o que é bom na vida.
Estava esquecendo, a terceira parte da herança, minha falecida esposa, a vagabund@, colocou em uma conta privada no nome dos nossos dois filhos, e somente eles teriam acesso aos 18 anos.
Eu nunca senti tanta raiva, eu dei a maior surra da sua vida, tenho certeza que a doença que ela desenvolveu, câncer no seio, foi por causa dessa surra. Eu não me arrependo.
A minha filha mais velha, Alicia, já recebeu a herança a 2 anos, muitas vezes eu peço para ela pagar minhas dúvidas.
Ela no começo dizia não, mas quando eu descobri que seu ponto fraco é o irmão, foi só alegria, basta eu dizer que vou colocar a aberração em uma clínica psiquiátrica, que ela cede.
Se não fosse pelo dinheiro, dos dois eu colocava mesmo.
Eu achei que ia ter um filho macho, e o que aquela put@, me deu foi um bebê chorão e imprestável.
A Alicia, quer que eu deixe ela tratar ele nas clínicas e com os melhores médicos.
Não deixo, quando ele completar 18 anos eu vou ficar com todo dinheiro dele.
Esse dia será excelente, pois vou poder parar de roubar, ou não.
Dou um sorriso, está semana dei outro golpe na empresa.
Usei para pagar divida de jogo e o resto gastei com Cristina e Angélica.
BENTO DUARTE
Eu sou diferente dos outros garotos, eu sei disso, eu gosto de tomar o meu tetê de chocolate, durmo com a minha pepeta, os outros meninos da minha sala não gostam da mesma coisa.
A minha tata, Ali, diz que eu sou diferente, mas sou ótimo do jeito que sou.
O meu pai diz que eu sou uma aberração, e nunca fica comigo, ele já me bateu muito, está sempre gritando, e dizendo que eu faço tudo errado, que eu sou inútil. Isso faz doer o meu coração.
Eu não gostaria de ser assim, mas não consigo mudar.
Eu tô trancado no quarto, a minha madrasta trancou-me, eu queria um tete de chocolate e fui pedir para a tia Lia, mas a Cristina, proibiu e puxou a minha orelha e trancou-me aqui.
Eu olho o relógio, a Tata ensinou-me como ver a hora que ela chega, e eu acho que falta pouquinho.
Ela vai fazer o meu tetê, também vai me dar banho, eu amo a minha tata.
CRISTINA SANTOS
Tem 46 anos, loira, fútil, não trabalha, gananciosa. E uma mulher bonita, alta, magra. Chama a atenção por onde passa e gosta.
Vive na academia, fazendo compras e postando fotos nas redes sociais.
Foi casada por 24 anos com Lúcio, pai da sua filha Angélica de 23 anos, mas ele morreu. Deixou-lhe uma pensão, que ninguém sabe, muito menos o seu atual marido.
Ela não é uma otária, quando conheceu Joaquim viu que ele tinha condições de dar-lhe uma boa vida, porém, também percebeu o seu vício.
Para ela tanto fazia como ele conseguia pagar as dívidas de jogo, a da casa ou os seus luxos, ele pagava era o que lhe interessava.
Também tinha o problema dos filhos do primeiro casamento, uma filha chata e metida a certinha, uma fracassada, na verdade e um filho com problema mental.
Ela conseguiu em um mês colocar o pai contra os filhos.
Foi só apoiar tudo que ele fazia, enquanto Alicia tenta por algum juízo na cabeça do pai, eu apoio-o em tudo o que ele faz, "para o bem da família."
E assim sigo a minha vida de dondoca e feliz.
Se um dia essa corda arrebentar, eu tenho os meus meios de fugir do navio.
Só os ratos, fogem? Sou uma. O que importa para mim são duas coisas: dinheiro e a minha filha Angélica.
ANGÉLICA SANTOS
Sou linda, magra, alta, loira, olho castanho-claro. Eu nasci para ser rainha, para ser paparicada e ter tudo que eu quero.
Nunca aceito um não como resposta.
Minha mãe criou-me para ter o mundo aos meus pés, e não aceito menos.
Gosto do meu padrasto, ele faz todas as minhas vontades, mesmo quando eu e a filha legitima dele querem a mesma coisa, eu sou sempre a favorecida.
Moramos juntos a 10 anos, e desde sempre eu escolho o presente que eu e que ela iria receber, compro as melhores roupas, escolhi onde passaríamos as férias.
Até a maior mesada sempre foi a minha. Agora aquela ridícula trabalha, eu nunca trabalhei e nem vou.
Eu irei casar-me com alguém que me ofereça um padrão de vida igual, ou melhor do que tenho agora.
Essa sou eu, linda e poderosa. Não gosto de pobre, aqui em casa os empregados não têm liberdade comigo.
Alicia tem liberdade com empregados.
As pessoas costumam acha-la bonita e educada, vive a receber elogios. Teve até uns gatinhos que deram em cima dela, porém eu dei um jeito de aproximar-me e fazer com que ficassem comigo.
Ela era uma sonsa, que só pensava em trabalhar e cuidar do Bento, a aberração da família.
Duas inúteis, isso que eles eram.
LEONARDO SOUTO AGUIAR
Eu me chamo Leonardo Souto Aguiar, tenho 29 anos, sou o CEO da empresa Souto&Aguiar, tenho 1,94, cabelos pretos e olhos azuis intenso, sou implacável nos negócios, e extremamente reservado na vida pessoal.
A 5 anos sofri um acidente de carro e fiquei paralítico, o que me faz andar de cadeira de roda.
Não se iluda e pense em olhar-me com pena, a minha limitação física não limita a minha inteligência e nem a minha vida sexual.
Eu tinha uma namorada quando sofri o acidente, Luciana Rodrigues, na época ela tinha 24 anos, e quando soube que eu ficaria aleijado e também com o rosto deformado, abandonou-me, sem olhar para trás.
Atualmente sinto ela se aproximando novamente, espero que fique em tentativas, eu não tenho o interesse em reatar, não é desprezo. Ela não era importante, só isso.
Eu fiquei um ano e meio em tratamento intensivo, para poder conseguir sentar, e ainda tenho dores atrozes, que controlo com medicação, fisioterapia e exercícios.
Nada disso me faz ser menos astuto, e extraordinário nos negócios.
Aliás, acredito que o que houve comigo, forjou o meu caráter e o meu humor.
Sei que quem trabalha comigo, tem medo de falhar, eu exijo o melhor de mim, e espero o mesmo dos outros.
Se não aguenta, não tenta.
A empresa foi criada pelos meus pais, e tem como finalidade a segurança, tanto tecnológica como presencial.
Trabalhamos para pessoas e outras empresas no mundo inteiro.
Os nossos dispositivos tecnológicos são os melhores do mundo e os nossos guardas costas e seguranças são os melhores treinados. Não pode haver falhas, uma falha custa uma ou várias vidas.
O meu pai chama-se Theodoro, tem 59 anos, ele resolveu deixar a empresa para mim a 2 anos, desde então eu afundei-me no trabalho e fiz a nossa empresa crescer ate ser considerada a melhor das Américas, ainda quero conquistar o mundo.
O meu pai é um homem, um pai e um marido excelente, foi ele e a minha mãe que estiveram presentes em todo o momento de desespero e dor após o acidente. E continua a ser meu ponto de apoio.
Minha mãe tem a mesma idade do meu pai, com 3 meses de diferença. Ela é ventania ou brisa, depende do dia. Foi uma guerreira durante o tempo que trabalhou ao lado do meu pai, e é uma brisa calma que tranquiliza tudo a sua volta.
Enquanto o meu pai dá-me os melhores conselhos, a minha mãe dá-me os melhores abraços.
Um complementa o outro, e se um dia eu casar eu espero ter esse tipo de relação, entretanto é bom deixar claro que casamento, não está no meu pensamento e muito menos nas minhas prioridades.
Só se houver algo de força maior.
Pode até ser que isso já esteja a acontecer, estou a ouvir rumores entre os acionistas, parece que eles acreditam que um homem casado, tem maior responsabilidade e credibilidade nos negócios.
Não sei quem está por trás dessa ideia, mas irei descobrir.
Até lá tenho assustos mais importantes, entre eles um "rato ladrão" que vem se aproveitando para me roubar.
Eu não sou um patrão fácil de lidar, mas com certeza sou um patrão justo, que preza pela honestidade e respeito.
Por isso perdoar deslealdade e desonestidade não faz parte das minhas crenças.
THEODORO AGUIAR
Eu sou o pai do Leonardo, tenho maior orgulho do meu filho, pois, ele superou a dor física e emocional que o acidente causou e transformou-se num homem de bem, que mesmo com as suas limitações não se sente limitado.
Eu e a sua mãe, queríamos protegê-lo de todos, de cada dor que ele sofreu logo após o acidente, mas ele próprio não permitiu.
E tivemos de assistir a sua namorada deixá-lo, assim como os amigos de balada.
Foram muitos que se esqueceram, porém, os que ficaram foram aqueles que ajudaram e ajudam nas suas vitórias.
Depois que pior período passou, Léo resolveu trabalhar e entender a nossa empresa, durante um ano aprofundou-se em todos os setores, e fazem dois anos que tem o controle da mesma.
É notório o quanto fez ela crescer, e o quanto fará para continuar crescendo.
Embora toda o crescimento da empresa, passamos por uma crise junto aos acionistas, que querem forçar Leonardo ao casamento.
Eu entendo os dois lados, o direito do meu filho permanecer solteiro e dos acionistas, mesmo isso sendo retrógrado, sim alguns homens de negócios, acreditam que ser casado é um sinal de confiabilidade.
Solteiros passam a ideia de ser “playboy” e sem responsabilidade.
Está não é a vida do Leonardo, não mais pelo menos, porém infelizmente o fato dele ser solteiro atrapalha.
Eu quero ver até onde podemos evitar esse assunto.
MAISA SOUTO AGUIAR.
Eu sou a mãe do Leonardo, dizem que sou intensa, fogo e água, sinceramente eu sou mesmo.
Casei cedo e engravidei do Léo, no momento que eu e o Théo estávamos a construir a nossa empresa.
Poderia ter ficado em casa? Sim, mas daí perderia a melhor parte da história, que para mim era fazer ela dar certo.
Théo ficou muitas vezes doído, pois, eu mesmo grávida e com uma barriga imensa, nunca deixei de estar nas pequenas e grandes ações.
Leonardo nasceu praticamente na empresa.
Lembro que fui para o hospital depois de ter que manter as pernas fechadas para ele não nascer.
Depois do parto, em 15 dias eu voltei a trabalhar no home office.
A nossa empresa é de segurança, tanto eu como o Théo, fizemos todos os cursos, usamos todos os dispositivos e armas que oferecemos para os nossos clientes e funcionários.
Alguns dispositivos foram desenvolvidos pela empresa, assim como “softwares”.
Eu deixei a empresa quando o Léo acidentou-se, pois, nosso mundo da segurança é machista, e o Théo tinha mais facilidade para entrar em alguns lugares por ser homem. Isso me revolta? Sim. Porém, não fiquei nenhum pouco revoltada por ir cuidar do meu filho.
Lidar com o Léo foi difícil, cada conquista era celebrada, pois, os médicos, afirmavam que ele poderia perder os movimentos do corpo todo.
Graças a Deus, isso não aconteceu, e acreditamos que ele voltará a andar.
Minha maior revolta sobre o acidente diz respeito a Luciana, sua ex-namorada. Eu tinha afeto pela mesma. Ela afastou-se do Leonardo e eu considerei isso falta de caráter.
Ah, mas, você queria que ela aceitasse ele sem querer? Não, eu queria que ela tivesse conversado com ele, e não simplesmente sumido sem dar notícias.
Léo, ficou por dias esperando ela aparecer para visitá-lo, e foi um amigo que informou que ela havia mudado de pais.
Os primeiros tempos de recuperação não foram fáceis, mas superamos.
Hoje eu e o Théo continuamos a dar o nosso total apoio ao nosso filho.
A notícia de que ele precisa casar se não perderá a liderança da NOSSA empresa, deixa-me indignada, mas o fato é que precisamos dos acionistas.
Eu quero o melhor para o meu filho, e ficarei de olho aberto, até com relação a uma suposta esposa.
Sou mãe, e posso ser uma leoa.
LUCIANA ALVES
Eu sou ex-namorada do Leonardo. Tínhamos um relacionamento muito bom, mas eu sei que ele não morria de amores por mim, nem eu por ele.
Na verdade, eu gostava das baladas, dos presentes, e do status. Quando ele sofreu o acidente, eu não me vi obrigada a permanecer com ele.
Alguns amigos também desapareceram, poucos foram o que ficaram.
Eu fui viajar, fiz um curso de moda, trabalhei em algumas revistas, mas não deu muito certo.
Eu sou muito bonita, alta, magra, cabelos negros e lisos, morena, de olhos castanhos. Tenho um corpo de dar inveja.
Eu voltei para o São Paulo, e sinceramente arrependi-me de ter ido embora quando vi o Léo, o meu Léo.
O fato dele estar numa cadeira de roda, não tira a beleza e o ar de poder que senti a sua volta. Sem contar que ele se tornou mais milionário.
O meu tio Alfredo Alves, faz parte dos acionistas minoritários da empresa do Léo, mas eu pedi, ou melhor, induzi que ele acreditasse que um CEO casado era melhor.
É meu tio que vem fomentando essa ideia junto aos acionistas, e quando o Leozinho, não tiver outra saída a não ser casar, eu irei aparecer como única opção.
É claro que para isso eu tenho que voltar a ser uma presença em sua vida.
E isso está a ser um problema, ele raramente sai, quando sai é para negócios.
Eu vou dar um jeito nisso, ou não me chamo Luciana Alves.
Alicia acordou eram 5 horas da manhã, ela fez sua higiene, se trocou e foi para a cozinha.
Embora tivessem empregados, ela acordava cedo para preparar o seu café e o do Bento.
Sua família implicava com suas escolhas de alimentação, achavam ela simples demais.
Para ela, preparar um alimento era algo sagrado, onde uma vida era doada a outra.
Hoje ela resolveu fazer, ovos mexidos, pão, leite e café para ela e para o Bento.
Preparou para si primeiro, arrumou o canto da mesa com carinho, colocando uma toalha, xícaras e pires, um bule de leite, um de café, os ovos mexidos em um prato e o pão do lado e sentou-se sozinha. Era normal estar só, e não se importava.
Ela aproveitou para saborear seu café, planejando seu dia com tranquilidade e coerência.
Equilíbrio, definiria Alicia, se não fosse os problemas que ela enfrentava com seu pai, a madrasta e Angélica, com certeza sua vida seria muito melhor.
Esses três eram o motivo dela ficar com raiva e revoltada, e isso era algo que realmente a perturbava.
Alicia achava que discutir por coisas inúteis, era pura perda de tempo, mas também sabia que isso lhe causava problemas.
Sua melhor amiga e sócia Vilma, dizia que sua bondade era tóxica para ela mesma.
Talvez ela tivesse razão. Só talvez.
Alicia suspirou e terminou de tomar seu café.
Depois ajeitou em uma bandeja, um pão com ovo, uma caneca de leite com café e foi acordar Bento.
O quarto de Bento ficava ao lado do seu, desta forma ela podia escutar ele a noite, mas Bento era do tipo de pessoa que dormia muito bem.
Ela entrou no quarto, colocou a bandeja sobre uma mesa e se aproximou do irmão chamando seu nome baixinho.
_ Bento, bom dia! Acorda meu amor! A Tata trouxe um café para você.
O menino abriu os olhos e sorriu, depois olhou para a bandeja e seu sorriso desapareceu.
_ Sem tete? Perguntou desgostoso.
Alicia passou as mãos por seu cabelo.
_ Lembra do que a Mel falou? Perguntou, referindo a psicóloga.
_ Que eu podia ficar sem tomar meu tetê de manhã.
_ Isso mesmo, por isso que eu trouxe na caneca, e olha que caneca, é dos carros.
Os Carros era o desenho preferido dele.
_ Eu queria o meu tetê! Disse, fazendo bico.
_ A noite! Combinado? Alicia levantou a mão para ele apertar.
Bento apertou a mão, e suspirou indo tomar seu café.
Acabou devorando tudo.
Ela levou ele ao banheiro para tomar banho e fazer sua higiene pessoal, ele não precisava de ajuda para fazer isso tudo, mas de orientação.
Depois de higienizado, Bento colocou seu uniforme da escola, ele estava na quinta série.
O fato dele ser infantilista, não o impedia de tirar boas notas na escola, o maior problema estava no convívio social.
As crianças, adolescentes e até adultos, não compreendem com facilidade sua condição, na verdade o infantilidade ainda é discutível no meio médico.
A escola de Bento era pública, pois seu pai se recusava em coloca-lo em uma particular, Alicia, porém, não achava que uma escola particular, iria mudar o preconceito, e por isso fez questão de construir com a escola um bom relacionamento, e sempre que acontecia algo era informada.
Bento tinha dois amigos na escola, Giovanna e Rafael, esses cuidavam dele e não permitia que o maltratasse.
Giovanna e Rafael também foram, de certa forma, fazendo com que uma boa parte da sala entendessem Bento.
Depois de arrumado, Alicia levou Bento para a escola, os seus dois amigos esperava-o no portão, ela deu um beijo no irmão e um tiau para os outros, e esperou para entrarem, e só depois seguiu para sua loja.
A loja de Alicia era uma mistura de aroma e cores. Cada canto era especial e criado com muito carinho.
Ela abriu a loja e sorriu, aquele era o melhor lugar do mundo para ela.
Nas prateleiras de vidro, via-se cristais de várias cores e tamanho, cada um tem uma serventia diferente de cura e limpeza do ambiente e da alma.
As pessoas podiam até não crer nisso, mas Alicia achava poderosa a energia de um cristal, quando pensava em como ele era formado.
Também havia chás naturais, velas aromáticas, incensos, pomadas e óleos essenciais.
Cada um com a finalidade de dar ao comprador, um momento de paz.
Quem entrava ali era envolvida por aromas e pelas cores do ambiente.
Além disso a loja trazia coisas aleatórias e antigas, como a primeira edição de um livro, uma joia de família que alguém teve que vender, um vestido de baile, e outras coisas que ela e a sua amiga encontrasse.
A última aquisição fora um cofre de moedas antigas, que Alicia estava a limpar cuidadosamente, sem, no entanto perder a aparência antiga e iria ser colocado para compra.
Alicia foi preparar o chá e o bolo servidos na loja. O chá seria de alecrim com hortelã e o bolo seria recheado com creme de hortelã.
Era interessante como várias pessoas entravam na loja a procura de algo e sempre encontrava o que precisava.
A bandeja com o chá e o bolo estava no lugar quando a sua primeira cliente chegou.
Bom dia! Disse Alicia para a moça.
A forma como a moça olhava para a loja, demonstrava ser sua primeira vez.
_ Bom dia! Respondeu à moça.
_ Em que posso ajudar? Perguntou Alicia.
_ Eu gostaria de um presente.
_ Está a procurar algo específico? Perguntou Julia.
_ É para meu pai. Respondeu.
Alicia levou-a onde havia um relógio de bolso antigo.
A moça sorriu ao pega-lo e disse:
_ O meu avô tinha um deste, poderia dizer que igual. Ele precisou vender para poder sustentar a família durante um período difícil.
_ Eu achei este em uma casa de penhor, o dono estava fechando definitivamente, e por isso vendeu todas as mercadorias.
_ Não seria incrível se fosse o mesmo relógio? Disse a moça.
_ Sim, seria. Olha, deixa eu te mostrar!
Alicia pegou o relógio da mão da moça e mostrou que atrás estava uma data. 02/06/1933.
_ Essa data tem algum significado para você? Perguntou para a moça.
_ Não sei, eu vou levar o relógio. Pois, com certeza, mesmo que não for o do meu avô, sinto que tem história e significado.
Alicia sorriu e concordou.
Depois que a freguesa saiu, outra já conhecida entrou.
_ Bom dia!, Graça! Disse Alicia.
_ Bom dia, menina! Qual chá teremos hoje? Perguntou a Senhora.
_ Alecrim e hortelã. Respondeu.
A senhora torceu o nariz e disse.
_ Não creio que essa mistura seja boa, mas vamos lá sirva-me uma xícara com um pedaço de bolo.
Alicia buscou a xícara e uma fatia de bolo servindo a senhora numa mesa que estava num cantinho florido.
A tal Graça experimentou e fez uma cara de satisfação.
_ Retiro o que disse, está uma delícia. Para que serve?
_ O alecrim traz alegria e também é um anti-inflamatório natural e a hortelã acalma e também é anti-inflamatório.
_ Estava precisando disso. Você sempre tem o melhor para mim, Alicia.
Após beber e comer Graça levou um creme próprio para cabelo, que deixava-os cheiroso, sedoso e brilhante.
_ Este vou levar para minha amiga Maisa. Um dia eu quero que você vá comigo num encontro com as minhas amigas.
_ Seria um prazer, Dona Graça.
Assim como entrou a mesma saiu.
Eram 9 horas e a sua amiga e sócia chegou.
_ Bom dia! Como está?
_ Bom dia! Estou bem, e você.
_ Estou maravilhosa! Ontem consegui fechar negócio com aquela comunidade que faz os óleos essenciais.
_ Parabéns! Merece uma xícara de chá.
Alicia pegou a xícara para a amiga.
O resto do dia foi dividido entre limpar as moedas e atender os clientes.
Era mais de 18h quando enfim foram para a casa.
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