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O Mafioso e o Pobre

O mafioso

O dedo batia suavemente ao tecido luxuoso avermelhado da poltrona feita de madeira maciça, o anel brilhoso feito de diamante puro mostrava a sua identidade — filho primogênito de Albert Valente, o homem de grande história dentro da máfia Italiana. Afinal, quem seria realmente Albert Valente? Albert Valente não era um nome que se sussurrava facilmente. Na verdade, seu nome era quase uma força da natureza, reverenciado e temido tanto pelos aliados quanto pelos inimigos. A figura dele se erguia como uma lenda viva da máfia italiana, um homem que começara com quase nada e criara um império criminoso capaz de mover rios de dinheiro, e de sangue com o simples estalar de seus dedos. Dominic cresceu à sombra desse gigante. Desde pequeno, ele ouvira as histórias de como Albert Valente transformara um pequeno negócio familiar de contrabando de vinhos durante a era da proibição em um império que atravessava continentes. Ele não era apenas um mafioso; era um estrategista, um visionário e, acima de tudo, um homem que compreendia o verdadeiro significado de poder.

— O meu pai sempre disse que confiança é uma moeda rara. — Dominic levantou-se, caminhando até uma mesa próxima onde uma garrafa de uísque caro repousava.

— Senhor, por favor! Poupe a minha vida, não tinha escolha. Eles me ameaçaram. — um homem ajoelhado implorava por sua vida.

Dominic passou a mão pelos cabelos perfeitamente penteados. Em uma rápida troca de expressão no seu rosto, jogou o copo com força contra a parede.

— Como pode me trair, Pedro? Continua agindo como se fosse um inocente na história. Quem quer enganar, eu investiguei os fatos. — aproximou de Pedro e segurou com força na gola da camisa. O olhar furioso violento de Dominic já justificava o quanto estava furioso. — Já que é inocente, me explique a porra dessas fotos! — mostrou diversas fotos de Pedro em diversos encontros com umas das máfias rivais.

O silêncio da sala parecia amplificar os soluços do homem ajoelhado. Pedro tremia como uma folha seca, incapaz de responder diante da figura imponente de Dominic Valente. O brilho cruel no olhar do mafioso deixava claro que qualquer mentira ou desculpa barata não seria tolerada. O som dos estilhaços do copo ainda ecoava pelo ambiente, como um alerta final de que a paciência de Dominic estava esgotada.

— Senhor, eu... eu juro que não foi por escolha. Eles tinham minha família! — A voz embargada pelo desespero. Seu rosto estava pálido, o suor escorrendo pela testa. — Eu só queria proteger eles... por favor!

Dominic não se moveu por um longo segundo. Seu rosto, até então congelado em uma expressão de desprezo, agora parecia esculpido em mármore. Frio. Inflexível. Um Valente nunca perdoa traições. Ele respirou fundo, os dedos apertando ainda mais a gola de Pedro.

— Sua família? — Dominic murmurou, a voz baixa, mas repleta de ameaça. — Você acha que mencionar a palavra "família" vai me comover? Eu te dei tudo, Pedro. Confiança. Dinheiro. Segurança. E é assim que você retribui? Juntando-se aos Bellucci?!

Ele soltou Pedro com força, fazendo o homem cair no chão com um baque surdo. As fotos deslizaram das mãos de Dominic, espalhando-se como testemunhas silenciosas da traição. Em cada imagem, Pedro aparecia sorridente, apertando mãos e fechando acordos com os homens de Giovanni Bellucci, o maior rival dos Valente.

Dominic caminhou até a janela, suas costas eretas, mãos firmes nos bolsos do paletó sob medida. Lá fora, a cidade continuava sua rotina caótica. Carros buzinavam, as luzes das ruas piscavam, mas naquela sala, naquele momento, só existia o destino de Pedro, e a decisão que Dominic precisava tomar.

— Você sabe o que a traição significa para a família Valente, Pedro. — Ele falou, sem se virar. Sua voz era quase calma, o que tornava tudo ainda mais aterrorizante.

— Não é apenas sobre dinheiro ou poder. É sobre respeito. Você cuspiria no legado que meu pai construiu?

Pedro engoliu em seco, tentando se levantar, mas suas pernas não sustentavam o peso do corpo. A humilhação de estar ali, de ser descoberto, se misturava ao medo palpável de que aquele momento poderia ser o último.

— Dominic, eu imploro... Me dê uma chance. Eu posso corrigir isso. Posso me redimir. Por favor!

Dominic finalmente se virou. Seus olhos, antes sombrios, agora ardiam como fogo. Ele caminhou lentamente até Pedro, parando a centímetros dele. Agachou-se, deixando o rosto alinhado com o do homem traidor.

— Uma chance? — sussurrou Dominic, o tom carregado de desprezo. — Você acha que um Bellucci te daria uma chance se fosse o contrário? Você acha que homens como nós ganham segundas oportunidades?

Pedro começou a soluçar, murmurando pedidos de perdão, mas Dominic não se deixou comover. Ele se levantou, ajeitando o terno com um gesto elegante, como se estivesse se preparando para uma reunião casual.

— Levem-no para o depósito. Quero que ele desapareça até o amanhecer.

As portas se abriram e dois homens musculosos de terno entraram na sala, seus rostos inexpressivos, prontos para obedecer. Pedro gritou, esperneando enquanto era arrastado para fora.

— Dominic! Dominic, por favor! Eu fiz isso pela minha família! — a voz dele foi ficando mais distante até ser silenciada pelas portas que se fecharam.

Dominic ficou ali por alguns segundos, encarando o chão onde Pedro estava ajoelhado. Sua expressão voltou a ser impenetrável. Ele sabia que cada decisão como aquela o levava mais fundo ao legado que Albert Valente deixará. Um legado construído com sangue, lealdade e medo.

Ele se serviu de outra dose de uísque e voltou para a poltrona vermelha.

— Família... — murmurou para si mesmo, observando o anel brilhando em seu dedo.

Enquanto o silêncio voltava a dominar a sala, Dominic sabia que aquela traição era apenas o começo. Giovanni Bellucci estava se movendo, e aquilo era um aviso claro: a guerra estava prestes a começar. E quando a guerra chegasse, não haveria misericórdia.

Giovanni Bellucci

— Limpem esses vidros. — falou em direção a um grupo de homens com ternos.

Dominic pegou outro copo e novamente deu outro gole no líquido.

— Senhor, o seu pai está lhe chamando. Ele acabou de acordar. — uma moça bem vestida entrou na sala para dar o aviso vindo de Albert Valente.

Dominic desviou o olhar do copo de uísque, a expressão endurecida suavizando por um breve instante ao ouvir o nome do pai. Respirou fundo e colocou o copo sobre a pequena mesa de vidro ao lado da poltrona, os dedos tamborilando de leve contra a madeira maciça do apoio de braço.

— Ele está acordado? — perguntou Dominic, sem se levantar ainda. Sua voz soou mais baixa, quase distante, como se a ideia de ver o pai naquele estado ainda lhe causasse desconforto.

— Sim, senhor. Ele pediu que fosse até o quarto imediatamente — confirmou a jovem, sua postura impecável e tom respeitoso. Ela sabia que Albert Valente não era apenas um homem poderoso, mas uma sombra constante que dominava a vida de Dominic.

Dominic se levantou devagar, ajeitando o terno impecavelmente cortado sobre os ombros largos. Caminhou até a porta, os sapatos de couro ecoando pelo mármore brilhante sob seus pés. Passou pela jovem com um breve aceno de cabeça, o rosto agora neutro, escondendo qualquer vestígio de emoção.

— Prepare o carro. Quero um relatório completo sobre os movimentos de Bellucci assim que eu voltar — ordenou ele, sem olhar para trás.

— Sim, senhor. — respondeu a jovem prontamente, desaparecendo no corredor.

Dominic atravessou o longo corredor da mansão, decorado com quadros antigos e móveis importados que eram testemunhas silenciosas de décadas de poder e decadência. Cada canto da casa parecia sussurrar histórias do passado: negócios fechados, inimigos eliminados, lealdades quebradas. Tudo começava e terminava com Albert Valente, o homem cuja palavra era lei.

Chegando à porta do quarto do pai, Dominic parou por um momento, respirando fundo antes de girar a maçaneta. Quando entrou, o ambiente abafado o envolveu. As cortinas pesadas bloqueavam a maior parte da luz do sol, deixando o espaço mergulhado em penumbra. O cheiro de remédios e velas perfumadas misturava-se ao ar.

Na grande cama de madeira escura, Albert Valente repousava, os traços envelhecidos e a pele pálida contrastando com os olhos ainda vivos e intensos. Mesmo debilitado, havia algo em sua presença que impunha respeito. O velho patriarca virou lentamente a cabeça para encarar Dominic, e um leve sorriso curvou seus lábios finos.

— Finalmente apareceu, rapaz. Pensei que fosse me deixar esperando o dia todo. — murmurou Albert, a voz rouca, mas firme.

Dominic aproximou-se e sentou-se em uma cadeira ao lado da cama. Ele encarou o pai por um instante, vendo de perto as marcas que a vida e o tempo haviam deixado. Ali estava o homem que moldará não apenas seu destino, mas o de todos ao seu redor. E agora, fragilizado, ele parecia mais humano do que jamais fora.

— O senhor pediu para me ver. — respondeu Dominic, mantendo a voz controlada.

Albert soltou uma risada fraca, que terminou em uma tosse seca. Ele ergueu uma mão trêmula, apontando para Dominic com o indicador ossudo.

— Não banque o indiferente, meu filho. Sei o que está acontecendo. Sei que Bellucci está avançando nas nossas operações. Você acha que eu não percebo? A guerra está batendo à nossa porta, e você precisa estar pronto.

Dominic apertou os punhos sobre os joelhos. Aquilo não era novidade, mas ouvir o pai mencionar o conflito iminente deixava tudo mais real.

— Estou cuidando disso, pai. Bellucci não vai nos pegar desprevenidos — garantiu Dominic, com firmeza.

Albert assentiu lentamente, os olhos cansados, mas ainda cheios de fogo.

— Cuidado, Dominic. Não confie em ninguém. A traição vem de onde menos esperamos... — Ele parou, respirando com dificuldade, antes de continuar: — Não quero que o império que construí seja destruído quando eu partir. A família Valente precisa continuar... E você é a chave para isso.

Dominic olhou para o pai em silêncio, as palavras pesando sobre ele como um manto invisível. Por mais que evitasse pensar, sabia que Albert não viveria muito mais tempo. Quando aquele dia chegasse, toda a responsabilidade — a fortuna, o poder, as alianças e as dívidas de sangue

— cairia sobre seus ombros. E ele não podia falhar.

— Eu não vou decepcionar o senhor. — afirmou Dominic, levantando-se da cadeira. Seu tom não tinha hesitação.

Albert sorriu novamente, um sorriso fraco, mas satisfeito.

— É isso que quero ouvir. Agora vá, Dominic. Faça o que precisa ser feito. — sussurrou o patriarca, fechando lentamente os olhos.

Dominic ficou ali por mais alguns segundos, observando o homem que, mesmo deitado e doente, ainda parecia comandar o mundo. Então, sem dizer mais nada, ele deixou o quarto, fechando a porta suavemente atrás de si.

Do lado de fora, a mansão parecia mais silenciosa do que nunca. O jogo estava prestes a mudar, e ele precisava estar preparado. Bellucci não teria piedade, e ele também não teria.

Traição

Dominic entrou no seu escritório, o lugar que ele considerava o coração de seu pequeno mundo. Era um espaço amplo, com móveis feitos sob medida, uma mesa de madeira maciça de mogno no centro e estantes repletas de livros e arquivos confidenciais. As cortinas pesadas estavam entreabertas, permitindo que a luz da lua iluminasse parcialmente o ambiente. Ele fechou a porta atrás de si e caminhou até a poltrona de couro preto que ficava posicionada atrás da mesa.

Deixou-se cair na cadeira com um suspiro pesado, esfregando os olhos com os dedos. Sua mente fervia. A traição de Pedro, seu assistente pessoal, ainda ardia como uma ferida aberta. Anos de confiança haviam sido jogados no lixo. E a pior parte? Pedro não era apenas um funcionário; ele era alguém que Dominic confiava o suficiente para permitir que soubesse de detalhes sensíveis de suas operações. Isso tornava a traição ainda mais amarga.

Na mesa, estavam as fotos que ele havia confrontado Pedro mais cedo. Dominic as pegou, estudando cada uma delas com uma atenção meticulosa. Pedro conversando com homens que ele sabia pertencerem à máfia de Giovanni Bellucci. Sorrisos, apertos de mão, até mesmo trocas de envelopes. As provas estavam ali, claras como o dia.

— Maldito — murmurou Dominic, jogando as fotos de volta na mesa. Ele se levantou e caminhou até o bar no canto do escritório, onde pegou uma garrafa de uísque e serviu-se de um generoso gole. A bebida desceu quente e amarga pela garganta, mas não era suficiente para apagar o gosto da traição.

Dominic começou a andar de um lado para o outro no escritório, o copo de uísque na mão. Sua mente estava cheia de perguntas. Como Pedro tinha sido comprado? Quanto ele havia revelado? Bellucci estava mais perto do que Dominic gostaria de admitir, e isso significava que ele precisaria reforçar sua segurança.

Mais importante, ele precisava de pessoas em quem pudesse confiar. Mas, no mundo dele, confiança era tão rara quanto ouro. As palavras de seu pai ecoavam novamente em sua mente: "Não confie em ninguém."

Ele parou em frente a uma janela, olhando para a paisagem escura da cidade portuária. Lá fora, as luzes piscavam como estrelas artificiais, mas Dominic sabia que, nas sombras, inimigos se moviam. Bellucci não estava apenas tentando enfraquecer suas operações; ele estava mirando no império Valente como um todo. E, com Albert à beira da morte, Dominic sabia que era o alvo mais vulnerável.

O celular de Dominic vibrou sobre a mesa, trazendo-o de volta aos seus pensamentos. Ele pegou o aparelho e viu o nome de Enzo, um de seus homens mais leais. Atendeu imediatamente.

— Enzo, diga — falou Dominic, direto ao ponto.

— Senhor Valente, temos um problema. Encontramos evidências de que Pedro estava repassando informações sobre os seus armazéns no porto. Bellucci já sabe sobre o carregamento de amanhã. É quase certo que ele vai tentar algo — relatou Enzo, sua voz grave.

Dominic apertou o copo de uísque com mais força. As mãos quase tremiam, mas ele manteve a voz controlada.

— Certifique-se de que Pedro nunca mais veja a luz do dia. E quanto ao carregamento... envie reforços. Quero homens em cada entrada e saída. Se Bellucci ousar aparecer, vamos mostrar a ele que atacar um Valente é um erro fatal.

— Sim, senhor. Eu cuidarei disso.

 — respondeu Enzo, desligando em seguida.

Dominic colocou o celular sobre a mesa e olhou para o copo em sua mão. Ele estava no meio de uma guerra que não escolheu, mas que, inevitavelmente, seria obrigado a vencer. Sentou-se novamente, cruzando os braços enquanto olhava para as fotos de Pedro mais uma vez.

— Confiança é mesmo uma moeda rara...

— murmurou para si mesmo.

Ele sabia que precisava de alguém fora do círculo de sua organização para lidar com as tarefas mais delicadas, alguém que não estivesse envolvido no jogo sujo da máfia.

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