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Lobos Tropicais

1. A Floresta Silenciosa

⚠️📖🌕🌳 AVISO IMPORTANTE 🌳🌕📖⚠️

Olá, leitores incríveis! 💕 Este é o meu PRIMEIRO mergulho na "fantasia" É uma fantasia GL, então, por favor, sejam pacientes com essa mente cheia de milhões de pensamentos 💭✨. 😅😁

🌌 Enquanto assistia a algumas microséries, fiquei imaginando, E se os lobos fossem no Brasil? 🐺🇧🇷 Comecei a pesquisar sobre lobos brasileiros, seus modos de vida, habitats e, claro, o nosso querido Cerrado 🌿🔥. Foi assim que surgiu a ideia de criar uma história cheia de elementos que celebram a riqueza desse pedaço de chão chamado Brasil 🌎❤️.

🍃 Ah, e a fruta que é o centro do interesse? Que parecerá na minha história. É ficção pura! ✨ Para quem já leu histórias de lobisomens, pode ser um pouco estranho encontrar algo tão diferente 🐾, mas tentei trazer uma abordagem abrasileirada enquanto respeitava as correntes literárias atuais de histórias de lobos e metamorfos.

🌈 Espero que vocês curtam essa jornada! Sei que talvez não seja fiel a todas as expectativas, mas quem sabe, com o tempo e a ajuda de vocês, eu melhore cada vez mais no mundo das fantasias? ✨💖

🌳🐺💬 Com carinho, de uma autora com sonhos infinitos. 💬🐺🌳

Joy Campos💫

Boa leitura 📚

A noite estava fria e vento, quebrava o silêncio da floresta americana, normalmente viva com os sons dos animais, estava estranhamente silenciosa. Emma Winterbourne corria por entre as árvores, o coração disparado, os pulmões queimando, e os ruídos atrás dela pareciam se aproximar.

Ela sabia que o caçador estava perto. Ele era rápido, implacável e sabia exatamente o que estava fazendo. A adrenalina corria em suas veias enquanto ela tentava se transformar. Se conseguisse assumir sua forma de lobo, teria uma chance de escapar.

"Merda, porque não está funcionando", reclamava ela.

Seu corpo, que sempre respondia instintivamente, falhou. Um espasmo percorreu sua espinha, e uma fraqueza tomou conta dela. "Não, agora não", pensou Emma, lutando contra o medo crescente.

Os sintomas do parasita estavam piorando. Era como se ele sugasse sua força vital.

O caçador surgiu, ele a encarava com um sorriso cruel, uma arma apontada diretamente para ela.

— Está sem forças, alfa? — disse ele, com um tom de deboche. — Parece que essa doença está funcionando melhor do que esperávamos.

Emma rangeu os dentes, tentando reunir forças para lutar. Mas, antes que pudesse fazer qualquer coisa, um vulto cinzento emergiu das sombras, lançando-se contra o caçador. Um grande lobo cinzento o derrubou no chão.

— Corra, Emma! — o lobo rosnou em sua direção.

Ela hesitou por um momento, mas sabia que não poderia ficar. Com as últimas forças que tinha, correu na direção do território de seu clã. Seus pés mal tocavam o chão, e sua visão estava embaçada. "Preciso avisá-los", pensou, antes de desabar na entrada do acampamento.

Emma foi recebida por rostos preocupados quando chegou ao centro do acampamento. Marcus Blackwood, o segundo no comando, correu para ajudá-la a se levantar.

— Emma, o que aconteceu? — perguntou ele, com a voz grave.

— Caçadores... — ela conseguiu dizer, entre respirações rápidas. — Mas não é só isso. Eles... eles estão nos matando de outro jeito.

Todos ao redor se entreolharam, tensos. Emma respirou fundo, tentando se recompor.

— Eles estão usando algo novo. Uma empresa de madeireira contratou um laboratório clandestino. Eles modificaram parasitas tropicais, algo que vem do Brasil. Agora, esses parasitas estão infectando nossa floresta, através de mosquitos. Eles nos enfraquecem, destroem nosso sistema imunológico. E não conseguimos nos transformar direito. Se isso continuar, vamos morrer.

Marcus franziu a testa, pensativo.

— Como sabe disso, Emma?

— Eu vi — respondeu Emma. — Me infiltrei em uma das bases deles e encontrei os documentos. Eles estão usando mosquitos infectados para espalhar os parasitas. Nos lobos comuns, não causa muito dano. Mas para nós, metamorfos... É devastador.

— Há como reverter isso? — perguntou Marcus.

Emma assentiu, sua expressão endurecendo.

— Sim. Eles desenvolveram um antídoto, mas precisa de algo raro. Um fruto que só cresce em uma região específica do Brasil.

O grupo começou a cochichar, surpreso com a informação.

— Fala onde encontramos, que mercado? — perguntou uma jovem lobo ao lado.

— Não tem esse fruto aqui, os Estados Unidos nunca importaram esses produtos.

— Então vamos tentar entrar em contato com produtores deste produtos, e vamos importar.

Emma balançou a cabeça.

— Não é tão simples. Esse fruto não é exportado em grande escala. É raro, e a maioria das amostras usadas no laboratório vieram de um único produtor no interior de São Paulo. Não está disponível em mercados ou lojas especializadas.

Marcus cruzou os braços, ponderando.

— Então o que fazemos? Não podemos ficar esperando.

Emma endireitou-se, mesmo com o corpo ainda fraco. Sua determinação era inabalável.

— Vamos para o Brasil. Vamos encontrar esse produtor e garantir o que precisamos. Essa é nossa única chance.

Marcus assentiu lentamente.

— Certo. Você lidera a equipe, Já que fala português. Escolha quem vai com você. Mas tome cuidado. Não podemos nos expor.

Emma teve uma babá que falava português, seus pais contrataram ela para cuidar dela, embora, era mais comum, que fosse um lobo nesta tarefa, mas seus pais por terem bom coração, sabendo que a mulher poderia ser expulsa do país, e essa babá ajudou Emma Winterbourne a ter interesse em português. Ela nunca imaginou que neste momento iria precisar.

Ela chamou Lydia e Ethan, pois eles falavam espanhol, embora línguas diferentes, a sonoridade era próxima, mas, mesmo assim, ela deu uma semana para eles tentarem aprender o máximo que conseguiam do português, pois o dono da plantação de Ibirapê não falava inglês.

...----------------...

Enquanto Emma se preparava para a viagem, no Brasil, no resto que sobrava do cerrado paulista, estava Aruanã Pari caminhava pelas terras de sua família, observando o horizonte. Ela sempre soube que havia algo especial em sua linhagem.

Os lobos-guarás eram solitários por natureza, mas sua família havia construído algo único, uma unidade.

Mal sabia ela que o destino estava prestes a colocar dois mundos em rota de colisão.

"Quando lobos do norte encontram lobos do sul, o mundo nunca mais será o mesmo."

— Vamos nessa? Falou Emma.

2. Família Pari

O sol do Cerrado se erguia com força, lançando sua luz amarela sobre a paisagem vasta e cheia de vida. Aruanã Pari ajustou o chapéu de palha enquanto enchia a cesta com os frutos do Ibirapê.

O aroma doce e levemente amendoado do coquinho invadia o ar, misturado ao som da brisa e dos pássaros.

O Ibirapê era um fruto pequeno, de casca dura e textura oleosa. Seu sabor lembrava azeite, mas com uma doçura peculiar. Mais importante que o gosto, eram suas propriedades únicas. Apenas a família Pari sabia como extrair corretamente o líquido do fruto, um processo que exigia paciência, técnica e cuidado. Dimas, o pai de Aruanã, sempre dizia:

— Esse é o nosso legado, filha.

Afinal, não era só colher e estava pronto para o consumo, tinha que saber extrair-los.

Aruanã ergueu o olhar para a vastidão da fazenda. A casa principal, grande e feita de barro, dominava a paisagem. Apesar de simples, tinha dois andares e um charme rústico, com varandas largas e janelas adornadas com cortinas bordadas à mão. Ao lado, um prédio menor, moderno e discreto, servia como centro administrativo. Ali, a família gerenciava as vendas e os contratos da produção, mas sempre mantinham um pé firme na tradição.

De repente, o som de motores distantes chamou sua atenção. Aruanã virou-se, franzindo a testa ao ver uma nuvem de poeira ao longe, levantada por carros grandes que se aproximavam. Ela deixou a cesta no chão e limpou as mãos no avental.

— Pai! — gritou, chamando Dimas. — Tem gente chegando.

Os carros estacionaram na entrada da fazenda, e Emma Winterbourne desceu do primeiro veículo. Seu porte elegante e os olhos determinados denunciavam sua posição de liderança. Ao seu lado, dois lobos cinzentos disfarçados de humanos, Ethan e Lydia — olhavam ao redor com curiosidade e cautela.

A fazenda parecia simples demais para esconder algo tão valioso. Emma observou a casa de barro, os campos extensos e as plantações de Ibirapê espalhadas ao longo da propriedade. Havia uma harmonia ali, algo que ela não via há tempos em sua terra natal.

Dimas Pari saiu da casa principal, com um chapéu na cabeça e um sorriso educado. Aruanã o seguia de perto, cruzando os braços enquanto avaliava os estranhos.

Seus olhos encontram o de Emma. E Emma que não sabia o porque, sentiu uma sensação de familiaridade, como estivesse próximo de uma parte sua.

— Bem-vindos à fazenda Pari — disse Dimas, apertando a mão de Emma. — O que traz vocês aqui?

Emma respirou fundo, decidindo ser direta.

— Estamos interessados no fruto que vocês produzem, o Ibirapê. Sabemos que é raro e extremamente valioso. Queremos negociar um contrato.

Dimas assentiu lentamente, mas antes que pudesse responder, Emma continuou.

— Sabemos também que houve uma venda recente para uma empresa madeireira. Isso nos preocupa, porque estamos cientes de que o fruto pode ser mal utilizado.

Dimas franziu a testa, cruzando os braços.

— Venda para madeireiros? Isso nunca aconteceu. Nossa família é cuidadosa. Só vendemos para quem conhecemos bem. Houve uma invasão nas nossas terras há alguns meses, mas desde então reforçamos nossa segurança. E posso garantir que não fizemos negócios com ninguém desse tipo.

Os olhos de Emma se estreitaram. Aquela informação mudava tudo. Ela trocou um olhar com Ethan e Lydia Tompson, ambos atentos ao que estava sendo dito, mesmo com pouco familiaridade, com a Língua, o grupo entendeu. Embora os irmãos Tompson tivessem um don de aprender idiomas rápido.

— Se não houve venda, isso significa que esses madeireiros podem ter roubado o fruto — Emma deduziu. — Precisamos garantir que algo assim não aconteça de novo. O que vocês precisam para fecharem um contrato conosco?

Dimas sorriu de canto, mas seu olhar era firme.

— Aqui, nós não fechamos negócios só com papéis. Precisamos conhecer vocês, saber quem são, quais suas intenções. Já fomos enganados antes.

Ele deu uma pausa, apontando para as plantações.

— Além disso, o Ibirapê não é fácil de manusear. Vocês acham que podem simplesmente colher e usar? É preciso conhecer o fruto, entender o Cerrado e o que ele significa. Isso leva tempo. Se vocês realmente querem fazer negócios, terão que passar um tempo aqui conosco.

— Quanto tempo? — perguntou Emma, com uma expressão de leve irritação.

— Duas semanas, pelo menos. É o suficiente para entenderem como trabalhamos e para garantirmos que vocês não estão aqui para nos prejudicar.

Emma suspirou, avaliando as possibilidades. Eles não tinham escolha. O antídoto dependia daquele fruto, e o clã estava cada vez mais enfraquecido. Finalmente, ela assentiu.

— Muito bem. Ficaremos. Mas precisamos começar o quanto antes.

Dimas deu um leve sorriso e olhou para Maíra, e Aruanã.

— Mostrem os quartos para os nossos visitantes.

Maíra assentiu, embora sua expressão mostrasse desconfiança. Ela não gostava da ideia de estranhos na fazenda, mas obedeceu. Enquanto caminhava ao lado de Emma e dos outros, apontou para os campos ao redor.

— Vocês sabiam que São Paulo já foi um grande Cerrado? Hoje, menos de 1% do bioma original ainda existe. Se não fossem as leis de proteção, tudo isso teria sido devastado há décadas. — falava enquanto levavam ele para dentro da casa.

Emma ouviu em silêncio, observando os campos de Ibirapê. Algo na força daquela família parecia diferente. Ela sentia que havia mais ali do que os olhos podiam ver.

Mais tarde, enquanto se acomodava no quarto simples, Emma refletia sobre o que ouvira. A ideia de passar uma semana ali não era confortável, mas algo no lugar a intrigava.

O quarto tinha uma cama de madeira, com lençóis de tecido grosso e remendado, e uma cortina, provavelmente feita artesanalmente. Ao lado da cama, havia uma mesinha com um jarro de barro, que Emma supôs ser para água. Um guarda-roupa simples completava o ambiente.

Antes de dormir, Maíra trouxe uma bacia de aço e disse que era para eles lavarem os pés antes de se deitarem, pois a casa feita de barro costumava deixar poeira nos pés. Logo em seguida, apareceu uma menina tímida, de cabeça baixa, carregando água quente. Até então, Emma não havia percebido a poeira por conta de suas botas.

— Aruanã, deixa a água na mesinha aqui — disse Maíra, com um tom firme, mas gentil.

— Sim, mãe — respondeu a jovem, concordando.

Maíra se virou para Emma, com um sorriso acolhedor.

— Devo apresentar minha filha a você. Ela pode ajudar a auxiliar no que precisar. O nome dela é Aruanã, mas sei que, para vocês gringos, o nome dela seria um trava língua, então podem chamá-la de Nã.

Aruanã evitava olhar diretamente nos olhos de Emma, que a observava com curiosidade. Havia algo fascinante nela. Apesar de morar em condições tão simples, seus cabelos eram lindos e bem cuidados, caindo de forma sedosa sobre os ombros, em um contraste notável com a rusticidade ao redor.

— Posso ir, mãe? — perguntou Aruanã, apressada, enquanto olhava de relance para a porta.

— Sim, mas não fique conversando com seu noivo até tarde, pois amanhã levantamos às quatro e meia da madrugada — respondeu Maíra, com firmeza.

Quando ambas saíram, Emma suspirou profundamente. Ela estava destinada a ser a Luna do Alfa aristocrático Jean-Pierre Pondé, um francês arrogante. O acordo era crucial para alianças com os lobos europeus, e ela sabia que seu destino já estava selado.

Ela tinha uma reunião daqui um mês, com a família de seu noivo, mas... estava presa em compromissos, e temia não conseguir ir a França a tempo.

"Para salvar seu clã, Emma precisará de muito mais do que apenas o fruto do Ibirapê. Ela precisará enfrentar um mundo que vai além da razão... e talvez encontrar algo que nunca procurou." o vínculo inquebrável.

— Espero que essa família não empaque as negociações.

3. Lobos estranhos no campo

Aruanã caminhava pelo pequeno terreiro iluminado pela lua, com o coração batendo rápido. Sabia que Sinval a esperava perto do galinheiro, onde costumavam conversar longe das vistas da família. Quando o viu, ele abriu um sorriso largo e correu em sua direção, os passos levantando um pouco de poeira no chão seco.

— Minha linda Aruanã! — exclamou, enquanto a puxava para um abraço e a rodopiava no ar. — Você está cada vez mais bela, sabia?

Aruanã riu, mas logo estreitou os olhos, cruzando os braços quando ele a colocou de volta no chão.

— Bela, é? Então por que você estava na festa da cidade ontem, hein? — perguntou, com a voz carregada de acusação. — Dançando com as moças de lá.

Sinval arregalou os olhos, surpreso, mas logo sorriu, despreocupado.

— Ah, Nã, você sabe que eu não resisto a um bom arrocha — disse, levantando as mãos como se se rendesse. — Mas eu só dancei, juro! Meu coração é só seu, e você sabe disso.

Aruanã o encarou por um momento, o olhar desconfiado, mas havia algo na maneira como ele falava que a fazia hesitar. Ele sempre conseguia desarmá-la.

— É melhor que seja só dança mesmo — resmungou ela, desviando o olhar para esconder o sorriso que tentava escapar.

Os dois ficaram em silêncio por alguns segundos, trocando olhares intensos sob a luz prateada da lua. Então, Sinval deu um passo à frente, segurando suavemente o rosto dela com as mãos.

— Nã, eu não preciso de mais ninguém... Só de você — sussurrou, inclinando-se para beijá-la.

Mas antes que seus lábios se tocassem, a voz severa de Dimas ecoou, fazendo ambos se sobressaltarem.

— Aruanã! O que está acontecendo aqui? Já falei que não quero abraços, quanto mais beijos!

Aruanã rapidamente se afastou, as bochechas queimando de vergonha. Sinval olhou para o chão, como um menino pego em travessura.

— Pai, isso não é justo! — protestou Aruanã, tentando recuperar a compostura. — Meu irmão já beijou até gente de fora, e ninguém nunca falou nada!

Dimas estreitou os olhos, cruzando os braços.

— Seu irmão é homem. Você é mulher, tem que se valorizar.

— Me valorizar? — rebateu Aruanã, com o tom cheio de indignação. — O senhor e a mamãe namoraram antes do casamento. Ela vive contando como vocês se beijavam debaixo do pé de Ibirapê!

Dimas engasgou, claramente pego de surpresa.

— Isso... isso foi diferente! — balbuciou, tentando se explicar.

Nesse momento, Maíra apareceu ao lado dele, com um sorriso divertido no rosto.

— Diferente? Ah, Dimas, não seja hipócrita! Você me beijava sempre que podia e ainda dizia que aquele era nosso lugar especial.

Dimas coçou a nuca, visivelmente desconcertado, enquanto Aruanã e Sinval trocavam olhares cúmplices e mal disfarçavam os sorrisos.

— Naquela época era outra coisa, agora é diferente! — tentou justificar Dimas, mas todos sabiam que não era tradição ou moral o que o movia.

A verdade era que Dimas estava tomado pelo ciúme. Era o ciúme natural de um pai protetor vendo sua menina crescer. E, embora tivesse prometido Aruanã a Sinval, o filho de seu primo, não podia evitar o desconforto que sentia em relação ao rapaz.

Sinval nunca havia dado um motivo concreto para desconfiança, mas o instinto de Dimas lhe dizia que havia algo nele que não era certo. Mesmo assim, ele se mantinha firme no acordo de família, mesmo com o coração inquieto e a mente cheia de dúvidas.

Após a confusão, Sinval se afastou rapidamente, lançando um olhar furtivo para Julião, que o esperava ao lado de um velho tronco caído, na sombra da noite.

— A fazenda agora está protegida — começou Julião, em um tom baixo e cauteloso. — Eles têm o Pedro Lobo, e você sabe que ele tem um grupo bom na segurança. Não vai ser fácil desviar o Ibirapê.

Sinval soltou um suspiro impaciente, cruzando os braços.

— Os gringos da madeireira não vão gostar nada disso. Temos um contrato com eles.

Julião franziu o cenho, inquieto.

— E o que você pretende fazer?

Sinval sorriu de canto, com uma expressão que misturava arrogância e determinação.

— Em breve vou me casar com Aruanã e mandar em tudo isso aqui. Vou acabar com essa droga de tradição! Odeio viver escondido, como se fôssemos errados. Somos lobos! Não temos que nos curvar perante esses humanos.

— Eu nunca vou me curvar, sempre me transformo toda vez que quero. E não recebo ordens dos Pari — retrucou Julião, desafiador.

Sinval deu um passo à frente, com os olhos secos em um tom ameaçador.

— E eu sou Pari, esqueceu? Recebe ordens sim... de mim.

Julião ficou em silêncio por alguns segundos, mas a tensão entre os dois era palpável.

— E esse casamento com a filha do Dimas? É só por estratégia? — perguntou Julião, tentando medir as intenções de Sinval.

Sinval soltou uma risada curta, mas seus olhos revelavam algo mais.

— Não é só estratégia. Eu gosto dela de verdade. É linda, esperta, do tipo que quero para sempre ao meu lado. Mas, enquanto isso não acontece, eu ainda quero me divertir um pouco... Só coisas sem importância, com humanas. No fim, Aruanã será a única para mim, como deve ser.

Julião assentiu, mas com um olhar cauteloso. Ele sabia que o sentimento de Sinval por Aruanã era real, mas também sabia que a impulsividade e a arrogância do amigo poderiam ser sua ruína.

...ΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩ...

Enquanto Ethan olhava para a lua e os campos à noite, uma sensação de inquietação tomava conta dele. A decisão de ficar na fazenda o preocupava, e o silêncio do lugar só tornava seus pensamentos mais intensos. Foi então que avistou algo no campo, um movimento estranho. Parecia um animal que ele nunca tinha visto antes. Ethan sabia que o Brasil tinha muitos animais exóticos, mas aquilo parecia diferente, algo que não se encaixava na natureza comum do Cerrado.

Sem pensar muito, ele saiu pela janela, confiando no faro que o guiava. Ele avançou cuidadosamente, tentando localizar a criatura. De repente, a viu. O cheiro era inconfundível: era um lobo, mas diferente dos que ele conhecia. Não era um animal comum; Ethan tinha certeza de que era um metamorfo.

O lobo o encarou por alguns segundos antes de atacar. Instintivamente, Ethan se transformou em lobo também, e os dois começaram a se rodear, avaliando cada movimento. Mas algo no comportamento do outro lobo mudou, e ele recuou, fugindo rapidamente. Ethan, cauteloso, decidiu não perseguir.

Quando voltou à sua forma humana, sentiu um movimento atrás de si. O mesmo lobo traiçoeiro havia retornado, pronto para atacá-lo pelas costas. No entanto, um disparo ecoou pelo ar, afastando o animal. Pedro Lobo, o capataz da fazenda, apareceu segurando uma espingarda, sua expressão firme.

— Você está bem, senhor? — perguntou Pedro, aproximando-se. — Sou Pedro Lobo, cuido da fazenda. Você deve ser um dos gringos de que o Dimas falou, não é?

— Sim, sou. Mas... o que era aquilo? — respondeu Ethan, ainda recuperando o fôlego.

Pedro olhou para a direção onde o lobo havia desaparecido e respondeu calmamente:

— Lobos-guarás. São animais daqui do Brasil, vivem em lugares como o Cerrado. Normalmente não são agressivos.

Ethan balançou a cabeça, confuso.

— Não são agressivos? Ele me atacou!

Pedro franziu a testa, pensativo.

— Talvez tenha se sentido ameaçado pela sua presença. Ou algo em você o incomodou.

Pedro farejou discretamente. O cheiro forte de lobo ainda estava em Ethan, resquícios de sua recente transformação, mesmo que ele estivesse em forma humana.

— Algo em mim? — perguntou Ethan, intrigado.

Pedro cruzou os braços e deu um leve sorriso.

— Não sei. Mas sair da casa a essa hora não é uma boa ideia. Aqui pode ser perigoso. Ladrões de galinhas, animais selvagens... ou outros lobos como esse. Melhor você ficar na fazenda. Pode ser que da próxima vez eu não esteja por perto para te salvar.

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