Traição não é um ERRO,é uma ESCOLHA
a carne só é FRACA,quando o caráter não é grande.
Karine Machado
Sinopse
Nada Será Como Antes - O Princípio da Traição
Por Xandra Ferreira
Há coisas que só o amor pode apagar, há coisas que só o amor justifica.
Rafael Negrini vive o luto pelo amor da sua vida. E pela perda recente de sua atual esposa.
Aimée Sandiego vive o trauma de muitas perdas em sua vida. Por isso, decide que viver um relacionamento racionalmente é bem mais seguro para evitar futuros sofrimentos.
O que pode acontecer quando o caminho de dois corações machucados pelo amor, encontro e desencontros que causaram cicatrizes que inevitavelmente precisam se cruzarem para serem curadas.
O Princípio da Traição vai te mostrar a luta de dois corações machucados para voltar a acreditar no amor e deixá-lo entrar em suas vidas novamente.
Há pessoas que passam a vida inteira remoendo dores do passado, porque nunca foram capazes de perdoar quem as magoou.
Às vezes só o tempo perdoa atitudes, reconcilia pessoas e reacende afetos antigos. Ellie compreendeu isso e buscou consertar o que havia feito de errado.
Mas infelizmente o tempo estava contra ela...
Para maiores de 18 anos
Eram três da madrugada. Rafael Negrini bebia desde o anoitecer. Dispensando o copo, ele agora se servia diretamente da garrafa, e um tremor involuntário lhe percorreu o corpo enquanto o uísque descia como uma bola de fogo até o estômago vazio.
Enxugando a boca com o dorso da mão, ele prendeu a garrafa entre as pernas e imaginou, pela enésima vez, por que não estava completamente bêbado. Devia estar, a julgar pelo pouco que restava do legítimo uísque Macallan, reconhecidamente capaz de embotar os sentidos, afogar as mágoas e apagar da mente qualquer raciocínio coerente. Mas o efeito desejado não aparecia. Rael fechou os olhos e, apesar de uma leve tontura, as lembranças do funeral de Benício Sanzio na tarde anterior lhe afloraram na mente com nitidez. Embora não tivesse sido particularmente íntimo do avô de sua falecida esposa, a imagem do sepultamento não lhe saía do pensamento, acompanhada das palavras que esperara oito anos para ouvir.
— Ela vai voltar!... — P. V. Lombardi lhe confidenciara, estreitando os olhos contra os raios implacáveis do sol da Louisiana. — Ela disse que tentaria chegar a tempo ao enterro do avô, mas, considerando que não veio nem no de sua esposa, Rael, a irmã dela... Enfim... — Apagando o charuto com o pé, dissera um dos donos de um dos bancos mais famosos da região se limitara a balançar a cabeça freneticamente.
Rael abriu os olhos, apagando a cena da mente. Só não conseguiu banir a amargura que o corroía ao voltar a atenção para a única luz acesa no ambiente.
Num canto, uma lâmpada fluorescente iluminava um cavalete em que repousava o retrato de uma linda loira.
— Eu devia queimar essa droga!... — Ele balbuciou. E como se bastasse um olhar para destruir a tela, fixou os olhos azuis escuros nos verdes-acinzentados do retrato.
Quantas vezes ele pintara aquele mesmo rosto nos últimos sete anos?
Rael tomou outro gole da garrafa.
Era um pintor de paisagens, não um retratista. Entretanto, logo após a morte de Ellie, sua esposa apenas por alguns meses, ele sentira a compulsão de reproduzir seu rosto numa tela, capturar sua imagem numa forma concreta. Ansiara por algo que pudesse tocar, algo que pudesse ver.
Esperara que isso o ajudasse a acalmar a mente, apaziguando o sentimento de culpa e dissipando a confusão que envolvia as circunstâncias que o haviam levado a se casar com Ellie, em primeiro lugar.
Mas o retrato não atingira o objetivo terapêutico, nem produzira a imagem concebida a princípio. Rael pensara, ao buscar uma explicação para o fato, que talvez houvesse algum; verdade na observação um tanto filosófica que um amigo fizera certa vez: "Você não pinta nem com a cabeça, nem com as mãos, mas com os olhos da alma".
Na época ele apenas rira, contudo, agora, tinha motivos para se intrigar, pois em sua mente os olhos de Ellie eram castanhos e meigos, completando a aura de fragilidade do rosto alvo, porém, das sombras de sua alma, outro par de olhos emergira, esverdeados e frios. Olhos que o perseguiam... e acusavam. Olhos que, ironicamente por arte de suas próprias mãos, o fitavam com uma intensidade que se projetava da tela.
Rael se pôs de pé e, com pernas que pareciam de chumbo, cambaleou pelo pequeno cômodo até o canto onde estava o retrato.
Ele ficou parado ali por um longo tempo, as sobrancelhas cerradas, os lábios comprimidos e as feições marcadas pela tensão. Um turbilhão de lembranças invadia sua mente, trazendo consigo perguntas... sentimento de culpa... acusações. A quem condenar? Como os olhos do quadro, essa pergunta o perseguia.
Um misto de emoções angustiantes — dor, frustração, impotência — o tomou de assalto no instante fugidio em que seus dedos deslizaram pela tela fria em contraste com o calor de seu toque gentil e quase reverente.
Apesar das semelhanças, jamais se poderia tomar aquele rosto de maçãs altas e queixo altivo como os de Ellie. Aquela mulher, com olhar intenso e reflexos de sol nos cabelos, era a que ele nunca conseguira deixar de vislumbrar toda vez que fitava a esposa.
— Droga! — Rael praguejou num sussurro. Passando a mão pelos cabelos, virou-se e parou junto à janela, o olhar perdido na escuridão da noite.
"Eu poderia ter amado Ellie", ele pensou com desespero. "Devia".
Ela precisava ser amada, e no entanto, apesar de toda a meiguice, coragem e dedicação, não passara de uma luz pálida em seu caminho, insuficiente para iluminar a escuridão de seu coração. Ele não pretendera magoá-la, quisera apenas ajudá-la. Só mais tarde, tomara consciência de que seus motivos para desposá-la haviam sido distorcidos por uma tentativa egoísta de se redimir de um sentimento de culpa. Um gesto pouco nobre, um erro que prejudicara uma pessoa inocente.
Na vidraça, o rosto com a barba por fazer refletia cansaço, os efeitos da bebida e a consciência de que ele não encontraria consolo nem na escuridão. Sempre soubera que a veria de novo, que algum dia, de um jeito ou de outro, ela voltaria.
Desejava que tivesse sido mais cedo; agora tudo eram águas passadas. Talvez, apenas talvez, fosse melhor assim. Afinal, ele tivera oito anos para avaliar que tipo de mulher era realmente aquela: egoísta, indiferente, insensível.
Sentindo desprezo, Rael se virou da janela num gesto tão brusco que quase lhe custou o equilíbrio e deixou sua cabeça a girar.
Largando-se na cadeira, tomou outro gole de uísque, uma careta lhe contraindo o rosto. Novamente seu olhar recaiu sobre a mulher no quadro, a hostilidade ainda mais acentuada.
Ele a veria de novo, sem dúvida. Mas daquela vez não seria como da última.
Daquela vez diria a ela o que nunca tivera chance de dizer, uma única palavra gravada a sangue no fundo de seu coração.
Rael fechou os olhos, respirando fundo. De uma vez por todas, daquela vez ele lhe diria adeus definitivamente.
**Mentira e Traição**
Tem coisas que a gente pensa que só acontece em filme.
Algumas maldades eu achava que só podiam existir na cabeça de escritores, autores de novelas ou de cinema. Por exemplo, gente que mente por compulsão, que tem coragem de enganar e trair com a cara mais lavada do mundo, que faz isso e ainda acredita que está certo. Talvez eu tenha tido a sorte de não ter vivenciado sofrimentos terríveis durante praticamente a minha vida toda, só algumas situações difíceis que não fogem ao padrão da maioria das mulheres neste vasto planeta. Tudo bem, já me disseram que eu fui muito protegida, puro engano de gente que não sabe nenhum um pouco da minha história, as pessoas possuem a péssima manai em tirar conclusões precipitadas em praticamente tudo e o pior vem depois, a terrível mania de querer dar palpite ou comandar a sua vida! Por isso, realmente eles acreditam que todo mundo é legal até que se prove contrário. Comigo não, sei muito bem separar o joio do trigo. Por isso, não tente me dizer o que devo fazer, a vida é minha, as escolhas são minhas e a porra do livre arbítrio também é meu.
Deve ser isso mesmo...
Mas não é que esta semana descobri que gente maluca existe na vida real mesmo?
Gente que sabe que está fazendo o outro sofrer e mesmo assim continua causando mal, de forma consciente?
Insiste no erro?
Vocês vão me dizer, isso é Impressionante!
Gente capaz de achar que foi legal com uma pessoa que enganou de forma covarde, que fez sofrer além de qualquer limite? Gente que diz que não mentiu apesar de sempre ter inventado mil histórias para justificar todas as suas traições? Gente que afirma que vai continuar mentindo até o final, mesmo sabendo que essa é a causa do sofrimento da pessoa com quem divide o teto? Pois é...
Ainda assim, continuo dando o benefício da dúvida a essa criatura.
E sabe por que ainda faço isso, por que eles possuem o meu sangue!
Recuso-me a acreditar na existência da maldade pura e simples.
Na minha opinião, só uma pessoa doente, mas muito doente mesmo, pode fazer tudo isso e achar que não está fazendo nada de errado. Mas há um lado bom nessa história sórdida: como não existe luz sem escuridão, as pessoas boas, de verdade, ganham ainda mais valor quando nos deparamos com esse tipo de gente louca.
Otimista que sou, ver e sentir a loucura de tão perto me faz ser ainda mais grata pelas pessoas maravilhosas que tenho ao meu redor.
Pobres coitados não somos nós, os enganados e traídos. Pobre coitada é essa criatura louca, que vai continuar infeliz a vida toda, porque não sabe fazer outra coisa a não ser causar sofrimento justamente àquelas pessoas que se dispõem a dar a ela o melhor de si.
Enfim, isso é apenas um desabafo meu, pois essa história está longe de acabar ainda.
Por Aimée Sandiego
**Me perdoe, por favor, me perdoe**
Ao longo da vida é certo cometermos inúmeros erros, talvez faça parte do processo de crescimento, talvez seja necessário à própria evolução interior de cada um. Hoje eu posso com autoridade dizer que o maior erro que já cometi foi ter traído você, meu marido.
Foi um erro tremendo, um erro horrendo, e por ele eu estou pagando e me penitenciando diariamente. Mas me perdoe, por favor, me perdoe! Tente encontrar dentro do seu coração a grandeza do perdão, a vontade de não desistir da única mulher que fez morada em seu coração.
Eu amo você, apenas você, e minha vida sem você será igual ao mais desolador, tortuoso e amaldiçoado deserto, por isso, eu menti e te enganei, fiz você acreditar que Aimée não tem amava.
Me perdoa, meu marido! Eu sei quanto magoei você, mas me dê esta oportunidade de pelo menos tentar lhe explicar os meus motivos para ter atos tão mesquinhos e eu terei uma vida inteira para me redimir na eternidade, pois prometo estar velando pelos dois. Para provar que mereço o seu perdão e talvez recuperar sua total confiança. Deixei cartas explicando tudo... Por favor, não me odeie, eu já fiz isso por muitos anos.
Pois fiz o homem que sempre amei sofrer por muitos anos. Um sofrimento que você, Rael escondeu através de seus cuidados para comigo. Cuidados esses que nunca mereci na verdade! Vendo a minha vida se esvaindo a cada dia percebi o quanto estava errada.
Por isso, se deseja me dar um pouco de paz e consolo, lute por minha irmã. Não permita que não e ninguém volte a separa-los!
De sua odiosa esposa Ellie Sandiego Negrini
**Você está perdoada**...
Eu perdoo você, Ellie
Apesar de estar me sentindo ainda bastante machucado por causa de tantas mentiras, eu perdoo você. O carinho e o respeito foi recíproco apesar das circunstâncias cruéis. Na balança, o prato tombou mais para o lado do nosso casamento. Espero que você consiga apagar seu erro em breve e que possa encontrar finalmente a paz que tanto buscava.
De outra forma será difícil dar continuidade ao crescimento da insegurança e desconfiança que sinto neste momento. Pois também me sinto culpado, por todos esses anos nunca ter consigo lhe amar de verdade.
Meu coração e minha alma sempre pertenceu a outra mulher desde os meus dez anos de idade. eu sempre acreditei que havia nascido para fazer sua irmã feliz, mas também não posso crer que só você tenha errado o caminho. Nós três somos culpados por nossas escolhas e só estávamos colhendo as consequências dessas escolhas.
Sempre desejei ter um casamento longo e feliz. É somente por isso, e por sentir um carinho por você de verdade, que nosso casamento ficou tantos anos de pé. Confesso que fiquei tremendamente desiludido porque tinha você na maior consideração, seu semblante de anjo nunca me deixou imaginar que tudo não passava de uma grande farsa.
Sempre vi você como uma mulher perfeita. A esposa que sempre cuidou de nossa família com empenho e muito carinho. São coisas dessas que motivam a gente a continuar em frente, sabe?
Acreditei que poderíamos ter uma vida tranquila e feliz, acreditei que sua doença poderia ser curada se eu me empenhasse em cuidar de você direito.
O problema é quando a gente cai na real e se apercebe que tudo não passava de uma farsa. É muito complicado. Muito triste!
De qualquer forma, tenho esperança que tudo volte a ser como era algum dia. Que a gente um dia volte a se encontrar e possa caminhar juntos como a família que deveríamos ser.
Vou seguir os seus conselhos e não precise ficar preocupada comigo. Agora tenho a sua mãe para cuidar de mim, mesmo que eu tenha a certeza que ela vá precisar mais dos meus cuidados que eu. Paolla tem algo que me deixa assustado e muito motivado, sua mãe sabe viver a liberdade por inteiro como ninguém.
Fico feliz que ambas tenha se acertado, que juntas puderam se reconectar novamente.
Irei fazer a mesma coisa por sua irmã, Aimée não pode perder a oportunidade de ser feliz. Espero ter forças suficientes para reconquistá-la novamente.
Essas palavras são a prova que não estou cometendo tantos erros de novo.
Descanse em paz, Ellie!... Prometo tentar ser feliz daqui para frente!...
Por Rafael Negrini
**Eu Sonho com seu Perdão**
Eu preciso do seu perdão! Eu sei que errei muito, mas como não posso mudar o passado pretendo melhorar no presente para poder ter um futuro ao seu lado.
Você é o amor da minha vida, Aimée e não vou desistir de ser e fazer você feliz. Mas preciso do seu perdão. Me desculpe!
Sei que pode ser difícil, mas assim como a sua irmã me perdoou. Eu lhe peço que tente se por no meu lugar e me aceitar como a sua mãe agora.
Não é fácil viver com a culpa, com o arrependimento, com a tristeza de um erro. E só espero que esse erro não seja fatal, porque eu não consigo viver sem você. Me perdoe, por favor! Eu te amo muito minha filha!
Por Paolla Sandiego
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