A noite era envolta em um silêncio inquietante, quebrado apenas pelas respirações ofegantes que preenchiam o quarto. Niel estava ali, deitado ao lado de Gusta, o calor do momento ainda impregnado em sua pele, mas o peso em seu peito parecia maior do que nunca. Gusta tinha aquele olhar distante, como se o que acabara de acontecer não passasse de um ato vazio, algo mecânico.
Niel sentia a presença de Gusta ao seu lado, mas, ao mesmo tempo, parecia mais sozinho do que nunca. Ele desviou o olhar, encarando o teto como se buscasse respostas que sabia que não estavam ali. Por que se permitiu chegar a esse ponto? Por que deixou que Gusta, com toda a sua aura perigosa e avassaladora, o prendesse em uma relação que mais parecia uma prisão?
Você não sente nada, não é? - Niel sussurrou, a voz trêmula, mais para si mesmo do que para Gusta.
Gusta, sem olhar para ele, apenas se levantou, apanhando a camisa jogada no chão. Seu silêncio era uma resposta cruel, uma confirmação de tudo o que Niel temia. Ele era apenas um brinquedo, algo para ser usado e descartado, e essa realidade o golpeava como uma lâmina fria.
Niel fechou os olhos, segurando o soluço que ameaçava escapar. O arrependimento queimava em seu peito como um fogo lento e implacável. Ele se apaixonara por Gusta, por aquele homem tão enigmático quanto perigoso, mas agora via a verdade com uma clareza dolorosa: nunca foi amor para Gusta.
Você deveria ir embora - Gusta finalmente disse, sem emoção na voz. Era como se estivesse dispensando alguém sem importância.
Niel sentiu as palavras cortarem fundo, mas, mesmo assim, não respondeu. Ele sabia que precisava sair, sabia que não podia continuar ali, mas suas pernas pareciam pesadas demais para se mover. Ele estava preso, não apenas naquele quarto, mas nas correntes invisíveis do amor que o destruíam lentamente.
E ali, no escuro, enquanto ouvia os passos de Gusta se afastarem, Niel percebeu que o verdadeiro perigo não era Gusta, mas ele mesmo e sua incapacidade de deixar ir quem nunca o valorizaria.
EM PREVÊ....
A manhã estava nublada, mas Niel sentia o coração aquecido de expectativa. O campus da universidade era maior e mais impressionante do que ele imaginava, com prédios antigos misturados a construções modernas. Tudo parecia pulsar com vida nova, cheia de possibilidades que o faziam sorrir de leve enquanto segurava sua mochila.
— Você ouviu? — A voz animada de Lia, sua melhor amiga, rompeu seus pensamentos. Ela puxou Niel pelo braço, os olhos brilhando de curiosidade. — Dizem que o filho do maior mafioso do país vai estudar aqui.
Niel franziu o cenho, confuso. — Filho de mafioso? Isso não é meio absurdo? Por que alguém assim estudaria em uma universidade normal?
Lia deu de ombros, lançando um olhar dramático ao redor, como se o misterioso herdeiro pudesse surgir a qualquer momento. — Quem sabe? Ninguém sabe o curso dele, nem por que ele está aqui. Só sei que ele vai chegar hoje, e metade das pessoas está em pânico, enquanto a outra metade está morrendo de curiosidade.
Niel riu, achando graça do tom exagerado de Lia. — Tenho certeza de que é só um boato. Quem estudaria tranquilo ao lado de alguém assim?
Lia cruzou os braços, fingindo indignação. — Não subestime a fofoca do campus, Niel. Eu sei que ele está vindo. E sabe o que dizem? Ele é perigoso, mas lindo. Tipo um daqueles personagens de filmes que você nunca deve se apaixonar.
— Isso definitivamente não é pra mim — Niel murmurou, ajustando a alça da mochila enquanto se esforçava para não rir mais.
— É o que você diz agora — Lia provocou. — Vamos ver se você consegue resistir quando ele aparecer. Aposto que ele vai ser o centro das atenções.
Niel balançou a cabeça, tentando ignorar o assunto. Ele estava ali para estudar, construir seu futuro, não para se envolver em intrigas. Mas, mesmo enquanto andava ao lado de Lia, algo na conversa dela parecia plantar uma pequena semente de curiosidade em sua mente.
Ele balançou a cabeça novamente, como se tentasse afastar a ideia. Afinal, quem se importa com o filho de um mafioso?
O segundo andar estava movimentado, como era de se esperar no primeiro dia de aula. Niel e Lia caminhavam lado a lado, enquanto ela não parava de falar sobre os rumores misteriosos do herdeiro da máfia. Ele apenas assentia, sem dar muita atenção, mais interessado em se localizar naquele enorme prédio do que em fofocas.
De repente, uma garota de cabelos curtos e expressão nervosa surgiu ao lado de Lia, interrompendo a conversa com um sussurro animado:
— Ele chegou! — disse, quase sem fôlego. — Está lá embaixo, na entrada. Você tem que vir!
Os olhos de Lia se arregalaram de imediato, e ela virou-se para Niel com empolgação.
— Niel, vamos! A gente precisa ver isso! — disse, já o puxando pelo braço.
Niel, no entanto, parou, soltando o braço delicadamente e balançando a cabeça.
— Eu? Lá vou eu atrás dele? — respondeu com um tom divertido, mas firme. — Pode ir, Lia. Eu vou ficar bem. Acho que vou dar uma passada na biblioteca.
Lia fez uma careta de descontentamento, mas logo deu de ombros.
— Certo, do seu jeito, nerd. Mas depois não reclame se perder o evento do século! — brincou, acenando enquanto seguia com a outra garota.
Niel acenou de volta, sorrindo pequeno enquanto a observava se afastar. "Evento do século", ele pensou, balançando a cabeça com um meio sorriso.
A biblioteca estava silenciosa, um refúgio perfeito para Niel. Ele escolheu um livro de capa grossa, encontrou um lugar próximo à janela e se perdeu nas palavras, exatamente como gostava. O vazio ao redor o acalmava; era quase como se o mundo lá fora não existisse.
Enquanto lia, o som inesperado de uma cadeira sendo arrastada ecoou pelo espaço. Ele ergueu o olhar, irritado com a quebra do silêncio, e falou alto, sem pensar:
— Você por acaso é louco? Tá vendo que na biblioteca é proibido fazer barulho?
A voz ressoou, preenchendo o ambiente antes tão calmo. Niel fechou o livro com força, preparando-se para encarar o culpado. No entanto, quando ergueu a cabeça, seu coração quase parou.
Ali, parado diante dele, estava um garoto alto, de cerca de 1,90, com uma postura intimidadora. Ele era incrivelmente forte, os músculos perfeitamente visíveis sob a camisa justa, e tinha uma expressão que mesclava irritação e frieza. O tipo de aluno que qualquer um classificaria como problemático. Mas o que mais chamou a atenção de Niel foi o rosto dele. Ele era... bonito. Não, bonito era pouco. Ele tinha uma beleza quase intimidadora, daquelas que faziam o estômago dar voltas.
Niel engoliu em seco, percebendo o erro de ter gritado. — Desculpa por gritar — disse rapidamente, desviando o olhar e sentindo o rosto queimar de vergonha.
O garoto alto não disse nada. Apenas lançou um olhar carregado, como se estivesse decidindo se valia a pena responder. Em seguida, pegou a cadeira com uma mão só, erguendo-a com facilidade, e saiu da biblioteca sem dizer uma palavra, deixando Niel completamente atordoado.
Quando o silêncio voltou a reinar, Niel soltou um suspiro aliviado, mas ainda nervoso. — Acho que ele ficou irritado... — murmurou para si mesmo, passando a mão pelos cabelos.
Depois de um instante, um pequeno sorriso escapou, junto com um pensamento involuntário. — Mas é muito bonito... e faz meu tipo.
Ele tentou voltar ao livro, mas as palavras já não faziam sentido. Tudo o que conseguia pensar era no garoto e na aura perigosa e irresistível que ele carregava.
A sala de aula estava cheia de conversas e risadas abafadas enquanto os alunos se acomodavam. Niel entrou por último, o nervosismo batendo forte ao perceber que todos os lugares estavam ocupados, exceto um. Ele quase quis voltar para o corredor, mas então o viu novamente: o garoto alto, forte, de expressão enigmática, sentado no canto da sala.
Seu coração deu um salto, e ele tentou ignorar o aperto no estômago. Sem opções, Niel caminhou em direção à única cadeira vazia, que ficava justamente ao lado dele. Ele hesitou por um momento, mas, respirando fundo, colocou a mochila sobre o ombro e sentou-se.
Assim que o fez, sentiu os olhos do garoto sobre ele, como se estivesse sendo analisado. Aquele olhar misterioso, impassível, parecia atravessá-lo, fazendo Niel se mexer desconfortavelmente na cadeira. Quando finalmente olhou para frente, o professor começava a organizar seus papéis, mas Niel não conseguiu se concentrar. Ele precisava dizer algo.
Virando-se levemente para o lado, chamou o garoto em voz baixa: — Oi... — começou, a voz saindo trêmula. — Sobre mais cedo, eu queria pedir desculpas. Não devia ter gritado daquele jeito.
O garoto continuou olhando para frente, como se não tivesse ouvido, mas Niel percebeu um leve movimento de seus olhos, que o encararam de relance.
— Eu sou Niel. Se quiser... bem, se quiser ser meu amigo algum dia, acho que seria legal. Mas de verdade, desculpa mesmo.
O garoto finalmente virou o rosto para ele, o suficiente para que Niel percebesse a intensidade de seu olhar, mas não disse uma única palavra. Ele apenas o observou por alguns segundos e, em seguida, voltou a encarar o professor, como se a conversa não tivesse acontecido.
Niel suspirou, encolhendo-se levemente em seu lugar. — Acho que ele ainda tá irritado... — pensou, sentindo o peso da rejeição.
Niel entrou no banheiro, ainda tentando processar o que tinha acontecido na sala de aula. Ele escolheu um dos mictórios no fundo, aproveitando o silêncio para murmurar algo consigo mesmo enquanto fazia xixi, tentando esquecer a presença enigmática do garoto que parecia estar por toda parte.
O som de passos ecoou pelo banheiro vazio, e Niel, distraído, apenas percebeu a presença de outra pessoa quando alguém parou ao mictório ao lado. Ele ergueu o olhar, curioso, e seu coração parou por um segundo. Lá estava ele, o mesmo garoto. Alto, forte e com aquele olhar que parecia desafiá-lo sem nem precisar falar nada.
Antes que pudesse evitar, seu olhar caiu brevemente para baixo, e a pergunta escapou de seus lábios antes que ele tivesse a chance de pensar:
— Por que é tão grande?
As palavras saíram baixas, mas suficientes para serem ouvidas. O sangue subiu ao rosto de Niel, que imediatamente quis desaparecer. Sentindo a vergonha queimando como fogo, ele tentou agir rápido. Terminou apressadamente, lavou as mãos e foi direto para a porta, desejando nunca mais cruzar com aquele garoto novamente.
Mas antes que pudesse girar a maçaneta, um braço forte surgiu ao seu lado, empurrando a porta para fechá-la com firmeza. Niel ficou estático, o corpo inteiro congelado quando percebeu a proximidade do garoto. Ele estava atrás dele, tão perto que ele podia sentir o calor de sua presença.
"É isso", pensou Niel, o coração disparado. "Entrei morto."
Antes que pudesse dizer qualquer coisa, sentiu o rosto do garoto se aproximar, a respiração quente roçando contra sua orelha.
— Vamos ter uma conversinha, cachorrinho. — A voz grave e provocativa dele parecia carregar algo entre ameaça e diversão, como se estivesse gostando de vê-lo tão vulnerável.
Niel engoliu em seco, sentindo a parede fria contra suas costas e o garoto a centímetros de distância. Ele não sabia o que estava por vir, mas tinha certeza de uma coisa: estava completamente fora do controle da situação.
Continua...
O silêncio no banheiro parecia mais pesado do que nunca, quebrado apenas pela respiração acelerada de Niel. Ele estava encostado na porta, com Gusta a centímetros de distância, a presença imponente dele tomando todo o espaço ao redor. O olhar de Gusta era intenso, quase predatório, e fazia o coração de Niel bater tão rápido que ele temia que fosse ouvido.
— Por favor, me deixa ir embora — Niel pediu, a voz quase falhando enquanto seus olhos encontravam os de Gusta, que brilhavam com algo entre diversão e malícia.
Gusta soltou um sorriso torto, um canto da boca levantando de forma provocativa. — Vou ser direto, garoto... você faz meu tipo. — Aquelas palavras caíram como uma sentença no ar.
Niel engoliu em seco, o calor subindo por seu rosto, mas ele não conseguia desviar o olhar.
— Durante a aula, você não conseguiu esconder — Gusta continuou, a voz baixa e arrastada, como se saboreasse cada palavra. — Me encarando como se eu fosse comida. Me olhando com os olhos de um leão faminto.
Antes que Niel pudesse negar, Gusta se aproximou ainda mais, suas mãos firmes segurando o pescoço de Niel, não com força, mas com uma autoridade que o deixou paralisado. O toque era quente, quase queimava, e a proximidade fez com que Niel sentisse a respiração de Gusta contra sua pele.
— Eu imaginei que essa universidade seria um tédio — Gusta murmurou, os lábios tão próximos do pescoço de Niel que ele podia sentir cada palavra ressoar contra sua pele. — Mas acho que estou enganado. Parece que encontrei alguém interessante para passar o tempo.
Aquelas palavras carregavam um peso perigoso, como uma promessa que Niel não sabia se queria aceitar ou recusar. Ele tentou falar, mas sua voz não saiu. Estava preso entre o medo e a atração irresistível que emanava de Gusta.
O sorriso de Gusta se alargou, e ele recuou um pouco, apenas o suficiente para observar o rosto de Niel, que estava completamente vermelho, o olhar perdido entre o desconcerto e a confusão.
— Então, o que vai ser? — Gusta perguntou, a voz baixa, quase um desafio.
Niel, ainda vermelho de constrangimento, tentou empurrar Gusta, mas foi como empurrar uma parede. O corpo dele era firme, inabalável, como se nem tivesse sentido o impacto. Niel bufou, o rosto ardendo de frustração e vergonha.
— Você por acaso é uma barra de ferro? — disparou, cruzando os braços, irritado.
Gusta soltou uma risada baixa, divertida, o que só deixou Niel mais nervoso. Então, em um ato de puro instinto, ele ergueu a perna e acertou um chute certeiro nas partes baixas de Gusta.
O impacto fez Gusta soltar um grunhido, curvando-se levemente para frente. Aproveitando a brecha, Niel passou rápido por ele e correu em direção à porta.
— Isso é pra você aprender! — gritou, já segurando a maçaneta.
Antes de sair, ele olhou para trás, mostrando a língua e fazendo uma careta debochada. Então disparou corredor afora, o coração ainda martelando no peito, mas agora com uma pitada de orgulho pela escapada.
Do lado de dentro, Gusta se apoiou na pia, respirando fundo enquanto se endireitava. Apesar do golpe, um sorriso torto se formou em seus lábios.
— Nossa... depois de bater aqui embaixo, ele ainda reage e faz graça. — Ele riu baixinho, ajeitando o casaco enquanto olhava para a porta por onde Niel tinha saído. — Esse garoto é mais interessante do que eu pensava.
O refeitório estava cheio, o som de vozes e risadas ecoando pelo grande salão. Niel entrou apressado, ainda ofegante e com as bochechas coradas pela corrida. Ele avistou Lia sentada em uma das mesas e foi direto até ela, praticamente jogando a mochila no chão ao seu lado.
— Amiga, tem um babaca sem noção querendo... — começou, ainda tentando recuperar o fôlego.
Lia ergueu as sobrancelhas, já intrigada. — Como assim tem alguém afim de você? Logo você? — disse, com um tom de surpresa exagerado que fez Niel revirar os olhos.
— Não é isso! — tentou interromper, mas ela continuou.
— Apesar de você ser fofo... — Ela o olhou de cima a baixo, analisando como se estivesse confirmando algo. — E bem menor que eu. E olha que eu só tenho 1,55.
Niel bufou, cruzando os braços, enquanto tentava disfarçar a vergonha. — Não é isso, Lia! Ele não tá "afim" de mim, tá? Ele é um completo idiota que não sabe respeitar o espaço dos outros!
Lia apoiou o queixo nas mãos, um sorriso malicioso se formando. — Hum, claro... — disse, arrastando as palavras. — Mas ele é bonito, não é? Porque, pelo jeito que você está todo vermelho, tenho minhas dúvidas sobre quem não está respeitando o espaço de quem.
— Não começa! — Niel exclamou, pegando um pão do prato dela para abafar o desconforto. — Você não tem ideia do que aconteceu.
— Então me conta logo, baixinho — respondeu Lia, rindo. — Quem é esse cara que deixou você tão nervoso?
Niel apontou discretamente para a entrada do refeitório, onde Gusta acabava de entrar com aquele andar confiante e despreocupado que parecia atrair todos os olhares ao redor.
— É aquele garoto ali... — murmurou, tentando manter a voz baixa.
Lia virou-se para olhar e, ao reconhecer quem era, ficou boquiaberta.
— Como assim, é ele? — Ela se inclinou na direção de Niel, o tom repleto de incredulidade. — Você realmente não sabe quem ele é?
Niel franziu a testa, já se arrependendo de ter falado. — Não, eu não sei! Quem ele é, afinal?
Lia se aproximou ainda mais, quase sussurrando. — Ele é o garoto da máfia.
As palavras dela bateram como um trovão na mente de Niel. Ele sentiu o estômago revirar, o medo começando a se enraizar enquanto olhava de relance para Gusta. O garoto parecia calmo, mas carregava uma aura perigosa que agora fazia ainda mais sentido.
Antes que pudesse reagir, Gusta começou a caminhar em direção à mesa deles. Cada passo parecia ecoar na mente de Niel como um alerta. Quando ele parou ao lado de Niel, sua presença era tão avassaladora que o garoto sentiu o corpo inteiro congelar.
— Então, você está aqui — Gusta disse, a voz carregada de uma calma assustadora. Ele abriu um sorriso que parecia mais uma ameaça velada. — Sabe, eu realmente não esperava aquele chute. Acho que vou ter que devolver na mesma moeda.
Niel engoliu em seco, o coração disparado no peito. Ele tentou manter a compostura, mas era impossível não levar aquilo como uma ameaça direta.
Gusta se sentou casualmente ao lado dele, como se fosse algo natural, e cruzou os braços, encarando-o com um olhar que era impossível de decifrar.
— Por que você está tão pálido? — perguntou, o tom carregado de ironia. — Parece que acabou de ver um fantasma.
Niel finalmente ergueu os olhos, encontrando os de Gusta, que estavam cheios de uma confiança desafiadora.
— Acho que sim... — murmurou, tentando manter a voz firme. — Você.
Gusta arqueou uma sobrancelha, mas Niel continuou antes que ele pudesse falar algo.
— Por que está me seguindo? Eu já pedi desculpas! Por favor, só... me deixa em paz.
Por um momento, o sorriso de Gusta desapareceu, e ele apenas encarou Niel em silêncio. Mas então, como se estivesse se divertindo com a situação, ele inclinou a cabeça e abriu novamente aquele sorriso enigmático.
— Não vou te deixar em paz, garoto. Você é muito interessante para isso.
E com essas palavras, ele se levantou, ajeitando o casaco com calma antes de se afastar, deixando Niel em um estado de confusão total. Lia observava tudo com os olhos arregalados, completamente sem palavras.
— Você tem noção no que acabou de se meter? — ela sussurrou, olhando para Niel como se ele fosse uma bomba prestes a explodir.
Niel abaixou a cabeça, os cotovelos apoiados na mesa, e soltou um suspiro pesado.
— Lia, o que eu faço? — perguntou, a voz carregada de desespero. — Ele é da máfia! Como eu fui me meter nessa? Eu não queria nada disso, só pedi para ele me deixar em paz, e agora... agora ele acha que eu sou interessante!
Lia, que já estava mexendo no celular, deu uma risadinha nervosa.
— Niel, eu realmente adoraria ajudar, mas... estamos falando do filho de uma máfia inteira. Não dá pra me meter nisso, tá? Eu não quero acabar sumindo misteriosamente.
Ele ergueu o olhar para ela, indignado. — Você está falando sério? Você vai me deixar sozinho nisso?
Ela deu de ombros, se levantando com a bolsa já no ombro. — Olha, você vai se sair bem. Você sempre dá um jeito, mesmo sendo meio desajeitado. E, além disso, ele claramente tem algum interesse em você. Então, quem sabe isso não vira algo bom?
— Algo bom?! — Niel exclamou, incrédulo. — Ele é perigoso! Ele me ameaçou! Lia, por favor, não vai embora!
Ela olhou para ele com um sorriso meio culpado, já se afastando.
— Desculpa, Niel, mas eu tenho um compromisso agora. Boa sorte!
E antes que ele pudesse protestar, ela já estava atravessando o refeitório, deixando-o sozinho à mesa.
Niel passou as mãos pelo rosto, frustrado. — Estou ferrado. Completamente ferrado.
Ele olhou ao redor, sentindo como se todos estivessem observando, embora ninguém realmente prestasse atenção. Na verdade, a única coisa que ele conseguia pensar era na expressão de Gusta e na forma casual como ele havia ameaçado "devolver o chute".
— Como eu vou sair dessa? — murmurou para si mesmo, sentindo o peso de uma confusão que só parecia começar.
Continua...
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