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DE VOLTA PARA CASA

 

Acordo pouco antes do avião pousar,chego ao aeroporto de Tokyo e vejo uma placa escrita "srta Fan", caminho até o motorista.

- Oi Jon. - comprimento o motorista da família que eu conheço desde quando era criança.

- Olá senhorita Mia. - reparo no seu olhar baixo e olhos inchados.

Entro no carro e seguimos para casa.

Poucos minutos depois reconheço o caminho familiar que me levava até a casa de meus pais. Paramos em frente a entrada principal, logo sai uma empregada que me comprimenta.

- Srta Mia. - diz Ama me dando um abraço forte, retribuo o abraço e sinto as lágrimas e ouço os soluços dela.

- Ta tudo bem Ama, vai ficar tudo bem. - digo dando um sorriso fraco.Ama tinha me criado desde de bebe, ela sempre esteve nessa casa desde quando me lembro. Consigo sentir seu ombros fracos tremerem devido ao choro.

Entro em casa e olho ao redor, pude me ver quando criança correndo pela casa, brincando, lembro dos meus pais sentados na sala, papai lendo um livro em sua poltrona preferida e mamãe lhe dando um beijo no rosto, me lembro do amor deles, lembro de todos os momentos que vivi naquela casa, tanto os bons quanto os ruins, vou até a porta e fico olhando o jardim nos fundos, me lembro de passar tardes e tardes sentada de baixo das árvores lendo, minha última lembrança é de estar sentada em um banco e dizendo ao meu irmão que eu o amava, mas não como irmã.

- Mia? Você veio. - me viro e o vejo, ele não mudou nada, estava exatamente como me lembrava. Corro e lhe dou um abraço e ele retribui, não consigo mais segurar, as lágrimas escorrem pelo meu rosto.

 

(foto ilusteativa do irmão de Mia)

- Chu. - abraço ele o mais forte que consigo e deixo que ele me console, ele afunda o rosto no meu cabelo e me abraça mais forte, percebo que assim como eu, ele também está chorando. Me afasto dele e observo seu rosto, seus olhos castanhos estavam inchados, havia olheiras, sua pele estava palida,abatida- Chu você não dormiu direito? - percebo seu olhar abaixar enquanto ele nega com a cabeça - Meu Deus Chu, você precisa dormir.

- Como??? Me parece q você também não dormiu. - enchugo minhas lagrimas e tento disfarçar minhas próprias olheiras.

- Eu tentei tirar um cochilo no voo. - admito envergonhada.

- Pelo menos um de nós precisa ter energia para isso.

- Como tudo aconteceu? - pergunto com a esperança de ter algumas respostas.

- Um acidente de carro. - Chu senta no sofá e segura a cabeça entre as mãos, sento ao seu lado e vejo que ele ainda chora, passo meu braço pelo seus ombros e o abraço, ele deita a cabeça no meu ombro e cai em lagrimas.

- Que horas devemos estar la?

- Daqui uma hora.

- Então temos que nos arrumar, temos que encarar as feras.

- Eles poderiam dar um tempo neh. - ele da um sorriso fraco.

- Até parece que vai ser fácil assim. - retribuo o sorriso dele, preciso ser forte por ele .... e por mim também.

PRECISO SER FORTE

 

O sol estava forte, parecia que o dia seria lindo e alegre, vejo as pessoas pela janela do carro seguindo suas vidas, crianças correndo pelas calçadas, casais jovens apaixonados, amigos se divertindo, sinto como se minha vida fosse uma parte separada de tudo isso, de toda essa alegria, brilho, longe de toda essa esperança.

Descemos do carro e entramos no salão, havia tanta gente que eu nem poderia contar, pessoas que eu nunca vi na vida, pessoas que só estavam ali para ver o sofrimento da minha família, pessoas que so queriam manter as aparências. Caminho até o fundo sentindo o olhar de todos sobre mim, ouço os cochichos e sussuros, as piadinhas, ergo minha cabeça e sigo em frente, meus pais jamais quiseram ou irão querer que eu me intimide por esse abutres. Chego perto dos caixões e vejo meu pai deitado e sereno, minha mãe estava ao seu lado parecendo um anjo, tão linda, não havia mudado nada. O que eu mais temia acontece, toda a força que eu acreditava ter se vai, me debruço em cima dos caixões e deixo a dor no meu peito falar mais alto, Chu me abraça e minhas lagrimas molham sua camisa.

Aos poucos as pessoas foram embora, tivemos que conversar e comprimentar todos, ouvir as lamentações falsas de cada um deles.

\- Olá querida priminha, sinto muito pela sua perda.

\- Shia, como vai?

\- Bem melhor do que você, eu imagino. \- percebo o tom cínico em sua voz.

\- Não acredito muito nisso. \- retribuo o sorriso falso.

\- Bom, de qualquer forma eu sempre estarei melhor do que você, agora que seus pais morreram você não tem mais quem a proteja não é mesmo pequena órfã. \- ela pronuncia as ultimas palavras como se fossem ofensas \- Agora não tem mais quem vai te manter, como você vai viver sem o dinheiro do papai?

\- Da mesma forma que vivi nos últimos 3 anos, agora eu te pergunto, como é que você viveu a sua vida toda com essa cara de demônio? Acredito que nem a melhor cirurgia plástica do mundo va resolver o seu problema \- me aproximo dela e percebo que ela não esperava que eu a enfrentasse \- nem mesmo todo o dinheiro do seu papai, agoŕa o meu problema eu ja resolvi.

\- Como você ousa? Você que é feia, sempre foi. Agora você está pobre, você não vai receber nenhum sentavo da empresa dos seus pais, agora é tudo meu. \- no meio do estress ela comeca a gritar e todos olham para nossa direção \- Você é e sempre vai ser aquela pirralha abandonada que meus tios fizeram a caridade de adotar, como meus pais dizem, você foi so um ato de pena.

Não me seguro e dou um tapa na cara dela, quando ouço o som do contato da minha mão com seu rosto percebo que todos no salão estavam calados apenas observando a situação. Sinto que alguém se aproxima de mim.

\- Shia va embora agora, você não é mais bem vinda aqui. \- ouço a voz de Chu e sinto sua mão em meu ombro.

\- Chu foi sua irmã que me bateu. \- os olhos de Shia se enchem de lágrimas e sua atuaçao começa. \- Como você pode deixar ela bater na sua noiva? Chu ela não é da família, ela que deveria ser expulsa daqui.

Chu se aproxima dela, consigo sentir o ódio emanar do seu corpo como uma frente fria antes de um temporal.

\- Ela é a minha irmã, ela é a minha família, você não é nada, não sou seu noivo, meu pai assinou aquele contrato a pedido do seu pai, porém meu pai está morto agora, então eu não sou mais obrigado a me casar com você.

\- Chu seu pai assinou o contrato, ele prometeu que você se casaria com sua prima. \- o pai de Shia fala com um tom de desespero.

\- Sinto muito tio, mas eu não assinei nada.

\- Você não pode quebrar o contrato, se você fizer isso vai haver muitas consequências para você.

\- Se você analisar o contrato com atenção, verá que tem uma cláusula que permite a quebra de contrato caso algo aconteça com algum dos meus pais, que é o exato caso em que estamos, não é mesmo tio?

Vejo que meu tio não esperava por isso, aos poucos o sangue vai saindo de seu rosto e vejo o desespero em seus olhos, assim como nos olhos de Shia.

\- Agora vocês podem se retirar do velório dos meus pais.

 

DECISÃO

 

Cheganos em casa vivos após todo o caos causado pelo escândalo feito por Shia, apos a poeira abaixar pude ouvir os murmúrios a meu respeito aumentarem, haviam pessoas que diziam que eu era apenas uma interesseira querendo a fortuna dos meus pais, outros me chamaram de coitada e pude sentir seus olhares de pena, mas isso não era nada, a dor em meu peito ainda era maior do que qualquer ofensa ou comentário impróprio.

\- Finalmente aquilo acabou. \- me sento no sofá e tiro os meus sapatos.

\- Aceita um vinho? \- pergunta Chu, me estendendo uma taça.

\- Obrigada.

\- Sr Chu, a Ana esta de volta, ela esta no quarto. \- Ama entra na sala com o olhar cansado porém eu consigo ver um pouco de alegria no seu rosto. \- O jantar ja vai sair.

\- Ana deve ser sua namorada, não vou atrapalhar, vou pedir para Ama levar meu jantar la em cima. \- me levanto do sofá e sigo para cozinha.

\- Ei espera, não precisa comer lá em cima, só me espera aqui que eu tenho algo para te mostrar.

Chu fala com ânimo e alegria e sobe as escadas o mais rápido que seu corpo exausto consegue. Me pergunto se essa nova namorada o faz tao feliz assim a ponto de ele esquecer por um isntante a dor da perda dos pais. Em questão de segundos minha pergunta é respontida.

Observo meu irmão descer as escadas com um enorme sorriso no rosto e um pacotinho nos braços que se remexia e chutava, logo atrás vinha uma moça alta de cabelos compridos, realmente a namorada dele era muito bonita. Chu se aproxima de mim e consigo ver o que realmente trás nos braços, era um bebe, um lindo menino embalado em uma manta azul, com grandes olhos azuis e um desgrenhado cabelo preto. Me lembrava meu irmão quando mais novo, porém não pude ver muitos traços da moça no rosto do bebe.

\- Mia esse é o Lin, meu filho.\- Chu estava tão feliz e satisfeito quando me apresenta seu filho que nem parece o mesmo homem que eu vi a três anos atrás.

 

- Meu Deus Chu, ele é lindo, é a sua cara, também parece com você... - fico esperando para que Chu me apresente a mãe de seu filho.

- Ah não, ela não é a mãe, Ana é a babá. Ele é adotado. - Chu me observa atentamente após dizer as ultimas palavras. Aquele bebe era adotado assim como eu, e assim como nossos pais, Chu contia muito amor dentro de si e escolheu aquele menininho para dividi-lo.

- Chu... - eu não sabia o que dizer, aquelas palavras me pegaram de surpresa, no instante em que vi meu irmão descer as escadas com o bebe e a moça atrás dele eu pude imaginar a bela família que ele havia construido sem mim, longe de mim. Mas isso não era verdade, ele havia adotado um bebe. - Chu isso é maravilhoso, meu Deus eu nem sei o que dizer.

- Apenas diga oi ao seu sobrinho. - pego o pequeno Lin nos braços, sinto a maciez de sua pele, quele cheirinho único que os bebes tinham, olho seus grandes olhos azuis e sinto uma paz e alegria que somente uma vida nova poderia dar. - Nossos pais estavam me ajudando a cuidar dele...

- Espera, os nossos pais sabiam disso e não me falaram nada? Bem eu consigo entender porque não anunciaram, o jovem rapaz da família Fan tem um filho fora do casamento, mas não contar nem para mim??

- Bom eu pedi que eles não dissessem nada, eu mesmo queria dar essa notícia para você assim que os papéis saisem e o Lin fosse realmente meu filho. Mas as coisas não aconteceram como o esperado, e agora eu não sei o que fazer. - ele senta no sofá e eu vejo o desespero no seu rosto, sento ao seu lado. - Eu tenho que ir para o hospital, daqui uns dias preciso assumir a empresa antes que nosso tio faça a cabeça dos acionistas e a roube de nós, eu não sei como cuidar de uma criança, não sei como ser um bom pai.

- Ei não fica assim, você ja deu um passo que 90% dos homens no mundo jamais tomaria, ainda mais sozinhos. Você consegue, pelo amor de Deus você é Chu Fan, o mais novo CEO do grupo Fan, um dos melhores médicos do país, não tem ninguém que seria um pai melhor para esse pequeno pandinha do que você.

- Eu não consigo sozinho.

- Bom você tem a Ama e também a babá.

- Eu não quero que meu filho seja criado pela babá ou até mesmo a Ama, eu quero criar meu filho. E eu quero que você me ajude.

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