Tenho 25 anos, mas o peso do trono da minha família parece estar sobre meus ombros desde que me entendo por gente. A verdade é que nasci para carregar esse fardo, para ser o homem que minha família esperava. O legado de meu pai, Lorenzo, e a grandeza dos Mansur foram minha herança desde o primeiro dia e eu a aceitei com gratidão, foi o que formou nossa família e não sinto vergonha disso.
Cuido da nossa rede de clínicas particulares e das boates que possuímos, sou formado em administração e atuo com CEO dos hospitais, algo que decidi tocar por conta própria.
Meu corpo, robusto e bem treinado, reflete essa preparação incessante para o que está por vir. Não sou apenas forte, mas preciso estar sempre pronto, em movimento.
Meus músculos definidos, os ombros largos, e a postura ereta são reflexos dessa disciplina imposta pela vida. Mas, acima de tudo, meus olhos — castanhos e profundos — carregam a mente afiada e o controle absoluto sobre tudo o que faço.
Sei que o que a vida exige de mim está mais perto do que parece e estou pronto.
Sou o primogênito de Lorenzo e Sofia, irmão mais velho de Rafa, de 17 anos, minha irmã é a minha princesa e tem nossa total proteção e zelo assim como nossas primas Ayla (22) e Belinda (23). Cresci cercado por eles, sempre sob o peso das expectativas. Ao meu lado, está Enzo, caçula de Cesare, que com seus 20 anos já assume um papel importante na família, meu futuro Consiglier. Sempre esteve lá, pronto para me apoiar em tudo. Théo, filho de minha tia Laura, com 18, é meu futuro executor. Ele faz parte da base da família, e juntos, somos a força que manteremos o legado dos Mansur intacto.
Meu dia começou cedo, como sempre. Acordei antes do amanhecer, uma rotina que já não me incomoda mais. Dormir pouco faz parte da vida que escolhi. Fui o primeiro a descer para o café, o aroma do café fresco me invadindo enquanto a luz suave da manhã preenchia o ambiente da mansão. Sentei-me à mesa de madeira escura, absorvendo a calma que precedia o caos do dia. Esses poucos minutos de silêncio, de reflexão, são raros e preciosos.
Logo Don Lorenzo entrou. Ele não era só meu pai, era o líder da nossa família, o homem que todos respeitavam, o homem que eu, na verdade, admirava. Ele se sentou à mesa com um sorriso discreto, mas sempre com o olhar de quem carregava o peso do comando. Minha mãe, Sofia, entrou logo atrás dele, com aquela calma que sempre traz consigo.
Ela sabia que o destino da nossa família estava em suas mãos, e embora não fosse o centro das decisões, sua presença sempre dava equilíbrio.
— Bom dia, filho — disse minha mãe beijando minha testa com um sorriso carinhoso. Ela tinha uma maneira tranquila de falar, sempre me fazendo sentir que tudo ficaria bem.
— Bom dia, mãe — respondi com um olhar de agradecimento. Eu sabia o quanto ela se preocupava com todos nós, e isso me dava forças.
Meu pai sorriu para nós e beijou minha mãe, antes que Rafa descesse ele foi direto ao ponto, com seu olhar mais sério:
— Você já sabe da festa de amanhã, não é? Vamos apresentar as candidatas ao casamento para você e os candidatos aos parceiros das meninas. O momento chegou. — falou furioso em pensar, não por nós, mas pelas meninas, nunca acharemos ninguém bom para elas.
Não me surpreendi. Sabia que isso viria, sempre soube. Não era apenas uma questão de tradição, mas algo necessário para consolidar o futuro da nossa família.
Ele olhou para mim com uma expressão que não deixava margem para dúvidas. Ele sabia o que esperava de mim, e eu sabia o que isso significava para o nosso legado.
— Sim, pai. Sei disso — respondi, com firmeza, mas sem desrespeitar sua autoridade — Entendo que o casamento precisa acontecer, mas ainda não é cedo para isso, elas podem ficar bons anos sem pensar nisso ainda.
Minha mãe olhou para meu pai, com uma leve expressão de preocupação. Ela sempre tinha um jeito sutil de fazer as coisas ficarem equilibradas.
— Lorenzo, elas precisam de liberdade, mas sabemos que as alianças certas são essenciais para o futuro da família. Especialmente agora que Noah assumirá, eu tive sorte, mas não quero pensar na Rafa ou nas meninas caindo em mãos erradas — falou minha mãe e ele concordou, eles casaram porque ela foi obrigada, mas ele a amou desde o primeiro momento.
— Eu sei, Sofia — disse ele, mais suave agora — Mas as coisas não mudam. Elas terão que escolher, mas entre os que apresentarmos, também não me agrada isso de casar elas, mas se for alguém aliado a nós e que a ame faremos isso.
Olhei para meu pai com a responsabilidade de quem entende a gravidade do que estava sendo dito.
— Entendo, pai. Mas o mais importante é que todos tenhamos liberdade para escolher o nosso caminho, mesmo que o destino nos guie de formas que não imaginamos.
— Na prática, não é bem assim filho, mas deixaremos isso para mais tarde, por hora é só uma festa — ele finalizou.
Minha mãe sorriu discretamente, percebendo que havia um equilíbrio ali entre respeito e independência.
— Vamos deixar que o tempo mostre o que é certo — ela disse, tentando apaziguar os ânimos. Ela sabia como lidar com isso, sempre foi assim.
Enquanto o dia se desenrolava, sabia que a festa de amanhã seria mais do que uma simples reunião. Seria um marco. Um momento de decisões. Meu papel como sucessor da família Mansur nunca foi tão evidente, e sabia que o futuro estava em jogo. Mas, uma coisa eu tinha certeza: tomaria minhas próprias decisões. Não apenas sobre o casamento, mas sobre o destino de nossa família.
Rafaela desceu as escadas com a leveza de quem não carregava os mesmos pesos que nós, mas sabia que seu destino, em algum momento, a envolveria nos compromissos da família. Ela tinha 17 anos, e embora ainda fosse jovem, já exibia uma presença marcante. Algo havia mudado nela, uma maturidade precoce que acompanhava seu crescimento. A menina doce e protegida que eu lembrava agora caminhava com uma postura que roubava olhares por onde passava, e não eram apenas os homens que se voltavam para ela; as mulheres também sentiram a força dela, uma mistura de beleza e inteligência.
Quando entrou na sala de café, o sorriso de nossa mãe, Sofia, foi imediato. Um sorriso doce, acolhedor, como sempre.
— Bom dia, minha linda — ela disse, indo até Rafaela e a abraçando. Esse gesto de carinho, simples, mas sincero, sempre me fez pensar na delicadeza que minha mãe trazia ao lidar com todos nós, equilibrando a dureza do destino com o amor que ela recebia aqui.
Rafaela retribuiu o sorriso, e o toque de sua mão no rosto de Sofia deixou claro o carinho mútuo. Ela parecia ainda ser uma menina que precisava de proteção.
— Bom dia meu bebê — falou meu pai enquanto ela o abraçava.
— Bom dia, pai — ela respondeu, sentando-se com a leveza de quem não tem pressa, mas com a confiança de quem já sabe o impacto que causa. Eu a observei com um misto de admiração e preocupação. Ela estava prestes a se formar e entrar no mundo dos adultos, mas não o faria sem carregar o peso da nossa história.
— Eu te levo à escola hoje, Rafaela — disse, quebrando o silêncio que se formou — Você se forma no final do ano, nem acredito que vencemos essa fase do ensino médio — falei rindo.
Ela sorriu, o tipo de sorriso que só uma irmã mais nova poderia oferecer, cheia de confiança e gratidão.
— Obrigado, Noah — falou levando a xícara a boca.
Eu a observei enquanto tomava meu café. Ela era mais do que uma simples irmã caçula; Rafaela estava se tornando alguém forte, alguém que, apesar de seu mundo diferente do meu, sabia da importância de nossa família e do legado que carregava.
Eu sou Alana Duarte, uma garota de 19 anos que viu todos os seus sonhos desmoronarem em uma única noite. Cresci ouvindo as histórias da minha mãe sobre como um dia eu poderia ser livre, viver sem os grilhões que a sociedade tenta me impor, mas não sabia que a liberdade que eu tanto desejava era uma ilusão, mais uma entre tantas que me contaram, recentemente descobri que no mundo que vivemos isso era impossível.
Aos 18 anos, terminei o ensino médio com a esperança de que finalmente pudesse estudar psicologia, algo que sempre amei, mas a liberdade para sonhar era um luxo que meu pai nunca permitiu.
A única coisa que ele sempre me disse foi que eu tinha um "destino", um papel a cumprir, algo que só se entendia com o tempo. E assim, eu fui me conformando, guardando meus desejos no fundo da alma, esperando que, um dia, as coisas mudassem.
A realidade chegou como um soco no estômago nessa tarde. Quando entrei em casa, um clima pesado pairava no ar.
Minha mãe, normalmente tão tranquila, estava visivelmente abalada. Meu pai, sentado na mesa da cozinha, olhou fixamente para os papéis espalhados diante dele, a testa franzida. Algo não estava certo. Eu sabia que ele estava enrolado com alguma dívida, mas jamais imaginei que isso nos levaria a um ponto sem volta.
— Alana — minha mãe chamou com a voz baixa, como se tentasse me preparar para o que eu não estava pronta para ouvir — Seu pai... ele perdeu tudo. Estamos falidos.
Eu olhei para ela, em choque. Falidos? Como? Meu coração começou a bater mais rápido, ou está ficando mais denso a cada palavra que ela dizia. Mas antes que eu pudesse perguntar mais, a porta da sala foi aberta com violência.
Homens apareceram e me puxaram pelo braço, derrubaram meus livros e começaram a me arrastar, não importava o quanto me debatesse, eles eram fortes, mas o que me surpreendeu foi a cara dos dois, imóveis e alheios a situação.
— Pai! Mãe! Por favor, me ajudem! — Minha voz saiu com desespero, mas a resposta que recebi de meu pai foi o oposto do que eu esperava.
— Calada! — Ele rosnou, virando-se para mim com um olhar frio e implacável. — Cale a boca e entenda que você cumprirá seu papel, suas obrigações como mulher! Você vai servir a alguém, vai salvar a nossa família. Isso é tudo o que você precisa saber.
Aquelas palavras cortaram mais fundo do que qualquer faca.
Olhei para minha mãe, tentando ver um sinal de apoio, algo que me dissesse que ela ainda me amava, que ela faria algo para me salvar. Mas tudo o que vi foi o rosto dela, pálido e desesperado, enquanto ela abraçava minha irmãzinha, que estava chorando em seus braços.
Foi quando a traição se fez clara para mim. Minha mãe, minha própria mãe, estava aceitando isso. Estava permitindo que eles fizessem o que queriam com a filha dela.
Vi a dor no rosto dela, mas não havia nada que ela pudesse ou quisesse fazer. Eles não me viam mais como filha, mas como uma mercadoria a ser trocada para salvar a própria pele. Eu era uma solução para os problemas financeiros que meu pai havia criado. E aquilo... aquilo era o pior tipo de traição.
— Por favor... pai, mãe, me salvem! Não deixe que faça isso comigo! — Implorei, minhas mãos suando enquanto eu me segurava na porta, tentando resistir ao peso que se aproximava. Mas antes que eu pudesse fazer mais, meu pai avançou em mim com um movimento rápido.
A tapa foi tão forte que me fez girar, meu corpo colidindo contra a parede do corredor. Fui jogar no chão, e a dor no rosto não era nada comparado ao que sentia por dentro. Minha mãe não disse uma palavra. Ela se afastou, abraçando minha irmã, e eu soube, naquele instante, que estava sozinha.
— Agora, vai entender o que significa ser mulher nessa casa! — Meu pai sincero, e as palavras dele ecoaram na minha mente, reverberando em um grito interno de revolta. Como ele poderia fazer isso? Como ele poderia me abandonar dessa forma, sabendo o quanto eu amava minha liberdade, sabendo o quanto eu queria mais do que aquilo?
Eu não queria ser uma ferramenta para salvar a vida deles. Eu queria ser livre. Mas a realidade era dura demais, e não havia nada que eu pudesse fazer para mudar isso. Eles me usaram como moeda, me usaram para pagar uma dívida, minha liberdade arrancada antes mesmo de eu ter uma chance de agarrá-la.
O futuro que eu imaginava agora parecia uma prisão. Meu destino, traçado por mãos que nunca foram minhas, me conduzia a um caminho sem saída. Eu era filha, mas não era mais parte da família. Eu era um pagamento, um sacrifício necessário para a sobrevivência deles.
Fecho os olhos, sentindo as lágrimas quentes escorrendo pelo meu rosto. Eu já sabia que minha vida jamais seria a mesma. E o pior de tudo: eu nem ao menos teria a chance de escolher o que fazer com ela.
Fui empurrada em um carro preto, o som da porta batendo ecoando no silêncio pesado.
Me encolhi no banco, sentindo o medo de tomar conta de cada centímetro do meu corpo, medo do meu destino, de sofrer, fora a dor psicológica havia a física e eu nunca havia levado um tapa em minha vida.
Os homens ao meu redor riam, conversando sobre como a dívida estava sendo bem paga agora, uma característica era marcante neles, todos ruivos com sotaque carregado, russos eu acho.
Suas palavras sujas me fizeram sentir um vazio gelado no estômago, e eu pude sentir o peso de seus olhares sobre mim, olhares que só exprimiam desejo e desprezo. O asco que senti por eles era indescritível, e, por um momento, temi que meu destino estivesse selado ali, nas mãos daqueles homens que nem sequer viam minha humanidade, e se viam deixavam claro de que aquilo não importava para nenhum deles.
Se me livrar disso vou acabar com meu pai e entregar ao líder que ele está envolvido com Russos, ele não pensou em mim e não pensarei nele.
A rotina na minha vida nunca foi exatamente normal, mas naquela manhã, tudo parecia começar no mesmo ritmo frenético de sempre. Acordei cedo, fiz minha corrida matinal e, enquanto o café da manhã ainda estava sendo servido, passei pela sala para revisar alguns relatórios que haviam chegado das clínicas.
Trabalhar com a linha tênue entre o mundo legítimo e o submundo nunca foi simples, mas gostei da estrutura. Clínica organizada, pacientes atendidos, lucros em ordem. Mas, claro, nem tudo era tão simples assim.
Na mesa de reuniões, meu pai já estava analisando algumas informações enquanto tio Cesare e tio Antony, discutiam um problema sobre movimentações suspeitas de alguns russos na Itália.
— Eles estão testando nossa paciência novamente — disse tio Antony, sua voz era carregada de frustração, mas mantendo a calma.
— Testando ou esperando uma brecha para invadir território — respondeu Cesare, com seu tom mais ríspido de experiência que já carregava a anos como consiglier.
— Podem testar o quanto quiserem, mas vão acabar enterrados em algum campo — Antony Cortou, sempre direto ao ponto, enquanto girava o anel no dedo como quem já planejava a próxima execução.
Théo e Enzo, que estavam sentados no canto, observavam atentamente enquanto a conversa seguia. Théo, sempre atento, parecia pronto para qualquer ordem.
— É só dar a palavra, tio Lorenzo. Esses caras não sabem com quem estão pensando — ele comentou, com um sorriso que mesclava seriedade e diversão, Théo é filho da tia Laura e tem o sangue quente do tio Antony.
Nesse momento, a porta se abriu e a secretária entrou com uma pilha de papéis. Era uma mulher bonita, de postura profissional, mas o olhar meio disfarçado de Théo e Enzo me fez revirar os olhos. Ambos seguiram com os olhos enquanto ela entregava os documentos.
— Obrigado, Isabela — eu disse, tentando manter o ambiente sério. Quando ela saiu, os dois estavam parados, trocando olhares cúmplices como dois adolescentes.
— Você quer que eu mande arrumar a coleira ou agir como homens de verdade? — cortei, em tom seco, enquanto eles disfarçavam. Enzo respondeu com um sorriso provocador. — Ela pediu isso com aquele andar, não posso evitar.
— Menos meninos. O foco aqui é o que interessa — Lorenzo interrompeu, lançando um olhar severo para os dois.
A leveza da interação ocorreu tão rapidamente quanto surgiu. O ambiente voltou ao seu tom habitual de seriedade. O que tínhamos em mãos não era brincadeira. A transmissão dos russos representava mais do que uma provocação; era um risco direto à estabilidade do que construímos por décadas.
— Vamos precisar dar um aviso — afirmou meu pai, olhando para Cesare e Antony — Algo que eles não esqueçam.
— Estou à disposição para garantir que o recado chegue claro e direto — disse Antony, já com aquele sorriso frio que fez qualquer inimigo se arrepender de ter nascido.
— A questão é: quem está trazendo eles aqui? — falei — deve ter uma razão ou razões.
— Concordo, eles não fariam isso sem algum apoio. Precisamos descobrir quem está puxando as cordas antes de mandar alguém para o cemitério.
— Vou trabalhar nisso com os contatos do norte — garantiu Cesare — Tem um nome que precisa ser confirmado antes de agirmos.
O peso do submundo estava ali, em cada palavra dita e em cada decisão tomada. Mas para nós, isso era apenas mais um dia normal.
A noite caiu, e com ela veio a necessidade de espairecer. Entre as reuniões tensas e os problemas com os russos, minha cabeça estava pesada demais para simplesmente voltar para casa.
Então, decida ir até o Savage, uma das boates que servem tanto para encontros casuais entre os associados quanto para negócios discretos.
Era o tipo de lugar onde o entretenimento conversava mais alto, mas, para mim, era só uma distração — uma forma de observar o ambiente e lembrar a todos que os Mansur estavam presentes.
Quando entrei, a música pulsante me atingiu como uma onda. As luzes neon dançavam pelo ambiente, iluminando rostos desconhecidos e conhecidos. O cheiro de perfume caro e álcool se misturava no ar, enquanto os corpos se moviam em sintonia com a batida. Homens conversavam em tons baixos em mesas reservadas, enquanto mulheres se exibiam no centro da pista ou nos balcões.
Caminhei até o bar, cumprimentando alguns rostos familiares com um aceno de cabeça. Enzo e Théo estavam por lá, como eu imaginava. Enzo parecia já ter encontrado companhia para a noite, uma morena de vestido justo que ria alto demais para alguém que realmente estava prestando atenção nele. Théo estava mais discreto, mas os olhos dele dançavam entre as opções possíveis da noite.
— Noah! — Enzo me chamou, erguendo um copo de whisky. — Pensei que você iria passar a noite mergulhado em papelada!
— E perder o show de vocês dois? Não pense. — Sorri de canto e pedi um whisky duplo ao barman.
Enquanto observava o ambiente, uma loira alta passava por mim, os olhos verdes carregados de provocação. O vestido curto e os saltos altíssimos diziam claramente que ela sabia o efeito que causava. Ela sorriu, e eu apenas levantei meu copo em resposta.
Não foi a primeira vez que via algo assim — não seria a última. Essas mulheres eram o entretenimento que muitos procuravam por ali.
Mas para mim? Aquilo não tinha tanto apelo. Os quartos no andar de cima não eram meu destino habitual, e a ideia de perder o controle com uma desconhecida nunca me agradou. Talvez fosse meu lado racional demais, ou uma responsabilidade que carregava sempre pesando nos ombros.
Ainda assim, eu apreciei os momentos em que um visitante realmente me chamava a atenção. Algo fora do comum, alguém que não parecia apenas parte do cenário. Mas essa noite não parecia ser uma dessas.
— Pensativo demais para quem está num lugar assim irmão — Théo comentou, parando ao meu lado com uma cerveja na mão.
— Vocês já se divertiram o suficiente por mim — respondi, dando um gole no meu whisky. — Além disso, alguém tem que manter os olhos abertos.
— Relaxa, Noah. Aqui, a única coisa perigosa é o preço das bebidas — Enzo riu, mas eu sabia que ele estava errado.
Nessa vida, o perigo nunca esteve realmente longe. Mesmo em um ambiente como aquele, sob as luzes e o som alto, sempre havia uma sombra à espreita.
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