Levi Winchester, 15 anos, tinha uma vida que muitos considerariam uma prisão. Câncer avançado, uma mãe ausente e um pai bêbado o cercavam com desespero. Mas ele tinha um refúgio: Zumbi Z. O jogo online multiplayer era tudo para ele, especialmente no nível de dificuldade "impossível", onde poucos jogadores ousavam permanecer. Enquanto outros desistiam, Levi continuava, matando zumbis com sua faca militar, acumulando mais de 100 milhões de mortes no total.
Mesmo assim, ele não estava satisfeito.
Naquela noite, após voltar da escola, como de costume, ele se sentou na frente do computador. O mundo lá fora desaparecia enquanto ele se concentrava no jogo. Mas então, uma mensagem inesperada apareceu:
"Caro usuário, devido à falta de jogadores, anunciamos o fim do jogo. Você pode aproveitar os últimos momentos. À meia-noite, o servidor será encerrado."
Levi suspirou, jogando o corpo contra a cadeira e olhando para o relógio digital no canto da tela. Era 23:59. Ele pegou um pedaço de pizza fria ao lado do teclado e murmurou para si mesmo:
— A vida é uma merda. Eu tô morrendo, acho que nem chego aos 20. Não sou bonito, nunca tive namorada... E agora até o jogo que me mantinha vivo vai desaparecer.
Enquanto a última fatia de pizza se desmanchava em sua boca, o relógio virou para meia-noite. Uma nova mensagem apareceu, diferente de qualquer coisa que ele já tinha visto:
"Obrigado, usuário, por jogar nosso jogo. Você é diferente dos demais."
Levi piscou, confuso, lendo a sequência de dados que surgiam na tela.
"Número de vezes que morreu: nenhuma... O jogo era um teste. Eu sou de outro mundo. Topa uma aventura?"
Ele olhou para o monitor, incrédulo.
— Tô sendo trollado por um jogo? — resmungou, dando uma risada irônica. — Bom, eu não perco nada.
Sem hesitar, clicou no botão "Aceitar".
De repente, a tela brilhou intensamente e uma figura começou a tomar forma diante dele. Uma mulher imponente, sentada em um trono, surgiu. Seus cabelos dourados caíam como um rio, e uma venda cobria seus olhos.
— Bem-vindo, Levi Winchester — disse a figura. Sua voz era grave, mas carregava uma calma quase celestial. — Eu sou a Deusa deste mundo. Obrigada por passar no teste. Agora, calculando suas recompensas...
— Recompensas? — perguntou Levi, sem expressão, já acostumado com diálogos automáticos em jogos.
— Transformando o número de mais de 100 milhões de mortes em suprimentos. Você terá tudo o que precisa, meu querido.
Ele cruzou os braços, tentando processar o que estava acontecendo.
— Valeu — respondeu, seco.
A Deusa sorriu, como se já esperasse sua reação.
— Suas habilidades serão mantidas. Seu corpo agora aprenderá o que seu personagem sabia.
Uma lâmina familiar apareceu em sua mão. Era seu canivete meia-lua, o mesmo que ele usava no jogo. Ele o girou uma vez e o guardou no bolso, sem qualquer emoção aparente.
— Tem zumbis? — perguntou, direto ao ponto.
— Tem sim. Mas o mundo é grande. Três vezes maior que o seu. Há bases, recursos e muitas... pessoas com habilidades únicas. Boa sorte, Levi Winchester.
Ele assentiu, finalmente exibindo um leve sorriso.
— Entendi. Se tem zumbis, é o mundo perfeito pra mim.
Antes que pudesse dizer mais alguma coisa, seu corpo começou a se desintegrar em partículas de luz. Ele nem sequer teve tempo de se despedir do velho quarto. O próximo capítulo de sua vida estava começando — um mundo novo, cheio de zumbis, aventuras e desafios à sua espera.
Continua...
Levi abriu os olhos e imediatamente percebeu que não estava mais em seu mundo. O cheiro de poeira, carne podre e sangue era sufocante. O céu, que deveria ser azul, exibia um tom vermelho escarlate, enquanto um sol sinistro brilhava como um olho vigilante. Ele estava em um prédio destruído, com paredes rachadas e janelas quebradas.
Ao olhar para fora, viu o que parecia ser uma cidade devastada. Zumbis vagavam sem rumo pelas ruas, suas carcaças deformadas emitindo gemidos assustadores. Ao longe, muralhas enormes se erguiam, aparentemente protegendo bolsões de humanidade.
— Então essas devem ser as bases que ela mencionou... — Levi murmurou, estreitando os olhos.
Antes que pudesse se mover, uma janela flutuante surgiu diante dele, cintilando com um brilho esverdeado:
"Bem-vindo, Levi. A Deusa transferiu seus suprimentos para um anel especial. Além disso, você recebeu um antídoto que o torna imune à contaminação por mordidas. No entanto, isso alterará sua humanidade."
Levi observou a notificação enquanto um pequeno anel preto fosco aparecia em sua mão. Ele o segurou por um momento antes de colocá-lo no dedo, sentindo um leve formigamento quando o fez.
Logo em seguida, uma ampola contendo um líquido estranho e brilhante surgiu em sua outra mão. Ele tirou a tampinha, encarando o conteúdo com uma mistura de curiosidade e hesitação.
— Será que eu sou nada? — perguntou a si mesmo, segurando a ampola firmemente. Seus olhos vagaram pelo cenário destruído. — Tentando ser alguém... Mas quem seria essa pessoa? Ninguém me entende.
Ele suspirou profundamente, a voz saindo quase como um sussurro.
— Mas, se ninguém me entende, eu vou aprender a me ouvir.
Sem mais delongas, ele bebeu o líquido. O gosto amargo o fez estremecer, e, em instantes, ele sentiu uma dor insuportável rasgando seu corpo.
— AAAAAH! — Levi gritou, caindo no chão enquanto cada fibra de seu ser parecia estar sendo incendiada. Seu corpo tremia incontrolavelmente, e lágrimas de dor brotavam de seus olhos. Ele tentou se mover, mas a dor era avassaladora, como se algo estivesse alterando sua essência no nível mais profundo.
Seu DNA estava sendo reescrito. Seus olhos mudaram de cor, assumindo um tom roxo vibrante, com pupilas fendidas como as de um predador. Sua pele parecia mais resistente, e seus sentidos começaram a se aguçar.
— Merda... — ele arfou, deitado no chão, enquanto tentava controlar a respiração. — Isso dói tanto...
Ele fechou os punhos, sentindo a dor começar a diminuir gradualmente. Ainda ofegante, um leve sorriso se formou em seus lábios.
— Mas vai ser diferente dessa vez. O motivo de eu não morrer no jogo é porque eu não sou idiota... — Ele se levantou, apoiando-se em uma parede destruída. — E uso a cabeça. Essa dor não é nada comparada ao que está por vir.
Levi observou sua mão, agora mais firme, mais forte. Ele sentiu o canivete meia-lua aparecer novamente em sua palma, como uma extensão de si mesmo. Seus olhos roxos se fixaram nos zumbis do lado de fora, e, pela primeira vez, ele sentiu algo parecido com determinação.
— É um mundo novo... — disse, mais para si mesmo. — E eu vou sobreviver.
Continua...
Quando Levi se ergueu por completo, algo inesperado aconteceu. Uma máscara negra surgiu, envolvendo seu rosto por completo, deixando apenas seus olhos roxos visíveis. Ele passou a mão pelo material, que parecia frio ao toque, quase vivo.
— Entendo... — murmurou, encarando o reflexo distorcido em uma vidraça próxima. — O antídoto, na verdade, é um vírus. Tá se protegendo, hein?
De repente, uma pequena rachadura apareceu na máscara, como se ela reagisse ao toque de Levi. Ele sorriu de canto, com um misto de curiosidade e ironia.
— Desculpa, acho que você só não quer que meu rosto seja visto, né?
Como se respondesse, a máscara começou a se regenerar, fechando a rachadura em segundos. Levi soltou uma risada leve.
— Ah, entendi. Você realmente é diferente.
Enquanto ele observava a cidade desolada abaixo de onde estava, algo chamou sua atenção. Havia movimento. Olhando mais de perto, percebeu um pequeno grupo de zumbis cambaleando pelas ruas destruídas. Seus corpos eram deformados e nojentos, um contraste grotesco com as criaturas pixeladas que ele enfrentava no jogo.
— Zumbis... — murmurou, cruzando os braços. — No jogo era divertido. Mas, vendo pessoalmente, é... nojento.
Ele estreitou os olhos, o olhar calculista de um jogador veterano voltando à tona.
— E agora não tenho outras chances. Se eu morrer aqui, vai ser idiotice.
Enquanto pensava em sua estratégia, algo peculiar o distraiu. Olhando para o prédio ao lado, um pet shop parcialmente destruído, ele sentiu um leve sinal de vida. Uma respiração fraca ecoava em seus ouvidos, amplificada pelos seus sentidos recém-aguçados.
— Humanos... — disse em voz baixa. Sua primeira reação foi virar o rosto. — Não é problema meu.
Ele começou a se afastar, mas parou subitamente. Aquele pensamento o pegou de surpresa. Não era o Levi de antes.
— Que engraçado... — sussurrou, olhando para suas mãos. — Eu já perdi metade da minha humanidade, não foi?
Seus olhos roxos brilharam sob a máscara. Algo dentro dele lutava entre a lógica fria que havia adquirido e os resquícios de empatia que ainda restavam.
— Vou dar uma olhada — decidiu, soltando um suspiro resignado.
A lâmina meia-lua surgiu em sua mão enquanto ele descia cuidadosamente pelas ruínas, cada passo meticulosamente calculado. Mesmo em um mundo novo e hostil, Levi sabia que, para sobreviver, precisava se tornar mais do que apenas humano.
Continua...
>>>
Levi desceu com cuidado pelas ruínas, pisando silenciosamente para evitar atrair atenção.
porém , um pequeno ruído chamou atenção de um grupo de cerca de dez zumbis. eles se viraram em sincronia, seus gemidos guturais ecoando pelas ruas enquanto avançavam em sua direção.
_ "ah, ótimo...", Levi murmurou, sacando sua lâmina meia-lua com calma.
os zumbis correram para ataca-lo , mas Levi se movia entre eles como um espectro. cada passo era preciso, cada movimento fluido. quando o último zumbi caiu , Levi olhou para trás e viu uma cena: uma chuva de sangue encharcando o chão.
_ "habilidade boa...", comentou, observando sua lâmina impecavelmente limpa , como se o sangue não pudesse aderir a ela.
_" mas esses caras são sensíveis ao som. esquecer isso pode ser fatal..."
ele continuou andando até chegar ao pet shop lá dentro, ouviu o som de mastigação e, ao entrar viu um homem jovem, com cerca de 17 anos , sentado no canto. ele comia ração de cachorro diretamente do pacote, com lágrimas escorrendo pelo rosto.
_ "nunca imaginei que ia comer ração de cachorro...", o homem murmurou entre soluços .
_" mas a fome é tanta que não penso em mais nada..."
Levi permaneceu em silêncio, observando.
_" minha perna tá quebrada...", continuou o homem, sem perceber Levi ali.
_" porque fui explorar por suprimentos? eu sou um capitão de ataque, mas olha pra mim... que patético...
ele largou o pacote de ração no chão, apertando os punhos.
_" aquele corvade me traiu só pra ficar com os suprimentos. tenho uma irmãzinha... deixei ela com minha amiga. agora, com 17 anos , vou morrer solteiro. que mundo desgraçado..."
nesse momento, Levi se moveu, posicionando-se na porta , e disse, com seu tom frio:
_" que história triste a sua. mas não sou sentimental, muito menos psicólogo..."
o jovem congelou a virou-se, seus olhos arregalados ao ver Levi parado ali . ele agarrou uma adaga com as mãos trêmulas e apontou para Levi .
_" Quem é você? humano?...", perguntou, tentando soar corajoso, mas sua voz estava cheia de medo.
_" eu nem te ouvi chegando. esses olhos... que medo! você é um monstro mutante? não me coma! tô avisando, eu não tenho gosto bom. não sou fácil de devorar !
antes que o rapaz pudesse continuar, Levi desapareceu. ele reapareceu segundos depois sentado na janela destruída, com as pernas cruzadas, observando o garoto com um olhar divertido.
_" que intrigante...", disse Levi,
_" mesmo com a perna quebrada, você ainda faz piada com a morte..."
o rapaz engoliu em seco , mantendo a adaga apontada , mas não conseguiu esconder a confusão e o fascínio em seu rosto.
continua...
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