Dean Winchester nunca foi de esconder seus sentimentos. Quando se tratava de lutar contra monstros, ou de dar uma boa piada, ele era o primeiro a se jogar na ação com seu jeito descomplicado e irreverente. Mas quando o assunto era Castiel, o misterioso anjo de olhar sério e comportamento contido, ele não sabia o que fazer. Castiel era tão... diferente. Não como aqueles anjos convencionais, com um ar de superioridade, mas de uma forma que Dean não conseguia entender direito. Era confuso, mas ao mesmo tempo fascinante. E não ajudava nem um pouco o fato de que Castiel não dava a mínima para os esforços de Dean em se aproximar. Pelo menos não diretamente.
O problema real estava em Dean ser, bem... Dean. Imaturo, debochado, e com uma enorme obsessão por comida. E se tem algo que ele realmente gostava era ver Castiel tentar se entender com o conceito de comida humana. Sempre que o anjo tentava entrar na cozinha, Dean ficava mais do que interessado em ver o que iria acontecer.
"Você sabe que não pode simplesmente cozinhar pizza em uma panela, né?" Dean perguntou com um sorriso de canto, observando Castiel em frente ao fogão, tentando, de alguma forma, fazer o queijo derreter em uma pizza que mais parecia um pedaço de pedra.
Castiel olhou para Dean com sua expressão impassível, mas não disse nada. Isso era típico dele. Não tinha aquele sarcasmo imediato que outros poderiam ter. Era apenas... Castiel. O que, por algum motivo, só deixava Dean mais animado para provocar.
"Eu não vejo você fazendo melhor, Dean," Castiel respondeu, a voz séria como sempre, mas com um tom que, de alguma forma, fazia Dean dar risada. Como se ele estivesse tentando não se envolver demais.
"Ah, é? Você duvida de mim?" Dean caminhou até a bancada e pegou uma fatia de bacon, mordendo com prazer. "Olha só, você está fazendo a coisa errada. Você precisa de mais queijo, mais molho, e o principal... mais tempero! Eu sou um mestre da cozinha, Cas. Não se atreva a duvidar."
Castiel não parecia muito convencido. Ele olhou para a pizza e depois para Dean, levantando uma sobrancelha em um gesto que poderia ser confundido com curiosidade, se ele tivesse mais expressão. Mas aquilo só fez Dean se sentir mais confuso. O jeito como Castiel olhava para ele às vezes era como se fosse... quase humano. E aquilo fazia o estômago de Dean revirar de uma forma que ele não conseguia explicar.
"Você não tem ideia do que está fazendo," Castiel disse, virando-se para ele com uma leve frustração na voz, mas sem perder a calma. "Isso vai acabar sendo uma bagunça."
Dean deu um passo mais perto, com um sorriso travesso. "Eu sou a bagunça, Cas. E você me ama por isso." Ele sabia que estava exagerando. Sabia que estava tentando parecer mais confiante do que realmente se sentia, mas quando estava perto de Castiel, era difícil não ser esse Dean. O imaturo, o debochado, o que se escondia atrás de piadas.
Castiel o olhou por um longo momento. Algo em seu olhar, algo além da frieza usual, fez Dean se questionar se talvez estivesse entendendo tudo errado. O silêncio entre eles foi pesado, carregado de algo que Dean não queria reconhecer.
"Você está... diferente, Dean," Castiel disse finalmente, e isso pegou Dean de surpresa. Era a primeira vez que Castiel dizia algo mais pessoal. "Mas sua comida ainda é um desastre."
Dean riu. "Diz isso como se fosse algo novo, Cas. Mas eu vou provar que você está errado." Ele deu um sorriso travesso e foi direto para a panela, desafiando Castiel a discordar dele.
Mas, no fundo, havia algo mais ali. Algo que Dean tentava esconder. Ele estava se sentindo mais perto de Castiel do que jamais se sentiu com qualquer outra pessoa, e, por mais que tentasse negar, seu coração batia mais rápido quando estava com ele. E talvez... talvez fosse hora de admitir o que estava sentindo. Mesmo que isso significasse encarar o que estava escondido atrás de seu próprio sorriso debochado.
Mas por agora, Dean só se contentava com o desafio. Cozinhar e brincar com Castiel eram as únicas coisas que ele conseguia controlar. E quem sabe? Talvez, no fundo, ele estivesse apenas esperando o momento certo para fazer mais do que apenas provocar.
O som da campainha tocou, interrompendo o que estava se tornando uma competição culinária intensa entre Dean e Castiel. Dean olhou para Castiel com um sorriso travesso. “Isso não é meu jeito de cozinhar, Cas. Mas, quem sabe? Talvez a pizza acabe sendo boa… depois de uma hora de forno, claro.”
Castiel, com a mesma expressão impassível de sempre, observou o forno. Ele sabia que a pizza estava longe de ser uma maravilha gastronômica, mas algo no processo de preparar o prato o intrigava. Se fosse qualquer outra pessoa, ele teria apenas observado de longe e se afastado. Mas, com Dean, não conseguia fazer isso. Algo em sua energia, na forma como ele ria e desafiava o impossível, o fazia ficar por perto.
“Quem será?” Dean perguntou, indo até a porta, ainda com o sorriso de quem estava pronto para uma nova piada. Quando abriu, deu de cara com Sam, seu irmão, que estava carregando um monte de sacolas de supermercado. “Cara, você não pode simplesmente ligar e avisar que vai trazer comida, né? Não, tem que chegar com isso tudo.”
Sam fez uma careta, empurrando Dean para o lado para poder entrar. “Eu sou o único que parece se preocupar com as necessidades alimentícias dessa casa. Então, sim, eu trago as coisas. E, por favor, tentem não fazer mais uma tragédia na cozinha.”
Dean revirou os olhos, mas não conseguiu esconder o sorriso. “Tragédia? Isso é arte, Sam. Vou fazer Castiel perceber que a culinária é mais do que um simples prato. Vai ser uma experiência transcendente. Eu sou o mestre da cozinha, depois de tudo.”
Sam olhou para Castiel, que estava na mesma posição, com a expressão inalterada. “Você já viu a pizza deles? Vai ser uma experiência de outro mundo, isso é certo.”
Dean deu um tapinha nas costas de Sam, guiando-o até a mesa. “Castiel e eu estamos no meio de uma competição, e você não vai querer perder o melhor momento.”
Sam olhou de volta para Dean, depois para Castiel. Algo nos olhos de Castiel chamou a atenção de Sam, algo que ele não tinha visto antes. Como se ele estivesse… mais focado. Menos distante, talvez. Ele franziu o cenho, mas não disse nada.
Dean começou a preparar o jantar com Sam, e Castiel, mais uma vez, se viu em silêncio, observando os dois de longe. Era uma cena comum para ele, mas, naquele momento, a atmosfera parecia diferente. Ele não sabia bem por quê, mas, quando olhou para Dean, com suas mãos ocupadas em preparar mais comida, algo apertou seu peito. Não era desconforto, mas era algo novo e intrigante.
A conversa continuou, mas, por mais que Dean estivesse animado e debochado, havia uma tensão crescente no ar. Dean estava mais quieto do que o normal, e Castiel percebeu. Não era o comportamento usual dele, como se uma parte de sua personalidade estivesse sendo deixada de lado. O que estava acontecendo? Castiel sentiu algo estranho, uma pressão no peito, que ele não soubera como interpretar. Ele nunca sentira isso antes.
“Ei, Castiel! Você vai ficar aí só observando ou vai ajudar a colocar o molho na salada?” Dean perguntou, com um sorriso travesso, tentando ignorar a sensação que o incomodava. Não podia ser nada, certo? Ele estava apenas sendo idiota como sempre. Não devia pensar nisso.
Mas Castiel o observou. Dean não sabia o que estava escondendo, mas Castiel sim. Ou, pelo menos, ele começava a perceber.
“Por que está tão quieto, Dean?” Castiel perguntou, de repente. A pergunta foi direta, sem rodeios. A sinceridade na voz do anjo fez Dean quase engasgar com o pedaço de carne que estava mastigando.
“Eu? Quieto? Claro que não. Eu só estou tentando salvar a cozinha, você sabe. Essa pizza aqui não vai se salvar sozinha,” Dean respondeu, tentando manter o tom debochado, mas sua voz falhou um pouco.
Castiel não se moveu, mas seu olhar parecia mais penetrante do que o normal. “Você está escondendo algo. Eu posso ver isso. Não sou tão bom com sentimentos, Dean, mas posso perceber quando algo não está certo.”
Aquelas palavras atingiram Dean como um soco no estômago. Não era nada que ele quisesse lidar, e muito menos com Castiel. Mas a verdade era que Castiel tinha razão. Algo estava mudando. Ele estava mudando. E, por mais que tentasse ignorar, a sensação de estar perto de Castiel… de querer mais do que apenas provocar, estava crescendo.
Dean se afastou da mesa e respirou fundo. “Você não sabe o que está falando, Cas. Eu só… tenho uma leve dor de cabeça. Nada demais.”
“Não se engane, Dean,” Castiel disse suavemente. “Eu vejo o que você tenta esconder.”
A tensão ficou no ar, e, por um momento, Dean ficou em silêncio, olhando para Castiel com mais seriedade do que jamais faria normalmente. Ele queria desviar o olhar, mas não conseguia. Algo em Castiel estava chamando sua atenção de uma forma que ele não queria admitir. Era confuso, e, de certa forma, um pouco assustador.
Mas então, como se a tensão tivesse se quebrado, Dean deu uma risada, tentando se livrar da sensação desconfortável. “Olha, eu não sei o que você está pensando, mas não estou pronto para ser examinado por um anjo da maneira que você faz, Cas.”
Castiel deu um pequeno sorriso. Era raro ver um sorriso em seu rosto, mas naquele momento, ele fez isso. Não era um sorriso grande ou cheio de emoção, mas era genuíno de uma forma sutil. Como se, no fundo, ele estivesse começando a entender mais sobre Dean do que o próprio Dean queria admitir.
Dean desviou o olhar rapidamente, sentindo o calor subir até suas bochechas. Ele não podia mais esconder o que estava começando a perceber. Mas, por agora, ele escolheria ignorar, fazendo piada como sempre.
"Bom, enquanto isso, vamos comer. Não sei sobre vocês, mas eu estou com fome."
E, enquanto todos se sentavam à mesa, a bagunça na cozinha ficou para trás. Mas algo mais estava prestes a acontecer. Algo que nenhum dos dois poderia prever.
A noite caiu rapidamente sobre o bunker, trazendo com ela uma calmaria estranha. O cheiro de comida recém-preparada se misturava ao ar, e os três estavam sentados à mesa, mas, apesar da normalidade aparente, havia uma tensão sutil que Dean não conseguia ignorar. O comportamento de Castiel estava diferente. Ele estava mais quieto, mais atento, como se estivesse processando algo que nem ele mesmo compreendia.
Dean, por sua vez, tentava manter o ritmo usual, fazendo piadas e brincadeiras para esconder o turbilhão de pensamentos que não parava de martelar em sua cabeça. Ele olhou para Castiel, observando-o enquanto o anjo tocava a comida com uma curiosidade silenciosa, mas ainda assim distante, como se estivesse em outro lugar.
Sam estava ocupado comendo, mais alheio ao clima estranho entre os dois. Mas Dean sabia que, se houvesse alguém capaz de perceber o que estava acontecendo, seria Sam. Era ele quem sempre tinha o radar ligado para as pequenas coisas, para os detalhes que todo mundo mais ignoraria.
“Então, Cas,” Dean disse de forma casual, tentando quebrar o silêncio tenso, “você vai continuar com esse olhar de quem está resolvendo os mistérios do universo, ou vai nos dar um pouco de atenção?”
Castiel olhou para ele, mas o que havia em seu olhar não era de apatia ou de indiferença. Era uma mistura de perplexidade e… algo mais. Ele respirou fundo antes de falar, a voz calma, mas com uma leve hesitação.
“Dean,” ele começou, a palavra saindo como se fosse cuidadosamente escolhida, “eu não sei o que estou sentindo. Mas percebo que, de algum jeito, você está diferente também.”
Dean parou de comer. O som da faca e garfo batendo contra o prato ecoou pela sala. Ele olhou para Castiel, com o peito apertando, e, por um segundo, o tempo pareceu parar. Aquilo não era uma conversa qualquer. Não era apenas sobre pizza ou piadas de cozinha. Castiel havia tocado um ponto mais profundo, algo que ele não queria, mas precisava enfrentar.
Dean deu uma risada sem humor, tentando esconder o que realmente sentia. “Isso é uma piada, Cas? Eu estou sempre ‘diferente’. Mas a questão é… por que você está falando disso agora?”
Castiel não se afastou, seus olhos fixos em Dean com uma intensidade que fazia o coração de Dean bater mais rápido. "Porque você não parece ser o mesmo Dean. Eu sinto isso. Algo mudou."
Aquelas palavras caíram sobre Dean como um peso. Ele tentou rir de novo, mas não conseguiu. As palavras de Castiel estavam acertando um lugar que ele não queria tocar. Era mais fácil brincar e fazer piada do que encarar a realidade. Mas agora, não tinha como negar.
Ele olhou para Castiel, um silêncio denso entre os dois. A tensão era palpável, quase dolorosa. Dean se levantou da mesa, pegando uma cerveja na geladeira e abrindo a lata de forma um pouco brusca. O som da lata se abrindo foi um alívio temporário, mas não dissipou a sensação de desconforto que ele sentia.
Sam olhou de relance para eles, mas sabia que não era seu lugar interferir. Ele não era ingênuo o suficiente para não perceber o que estava acontecendo, mas também não queria ser o catalisador da confusão entre os dois. Eles precisavam resolver isso sozinhos.
Dean deu um gole na cerveja, tentando não olhar para Castiel, mas não conseguia evitar. A verdade era que ele estava com medo. Medo de admitir o que sentia. Medo de que as coisas entre eles mudassem para sempre. E, talvez, ele não estivesse pronto para isso.
“Você sabe, Cas,” Dean disse, quebrando o silêncio de forma abrupta, “você tem um jeito de complicar tudo, sabia? Eu só estava brincando, tentando salvar a pizza, e aí você vem e me faz pensar que estamos em um filme dramático, cheio de sentimentos.”
Castiel permaneceu em silêncio por um longo momento, os olhos focados em Dean. Ele não se intimidou com as palavras, com a tentativa de Dean de se afastar do assunto. Castiel não era tolo. Ele sabia o que estava acontecendo, e talvez, no fundo, fosse ele quem estivesse mais ciente daquilo tudo.
“Não é assim, Dean. Eu só quero entender o que está acontecendo entre nós,” Castiel disse, sua voz suave, mas cheia de sinceridade. Ele não estava tentando pressionar, mas as palavras pareciam pesar no ar, tornando tudo ainda mais real. “Eu não sei como lidar com isso. Mas posso ver que você está… lutando contra algo.”
Dean se sentou novamente, de costas para Castiel, tentando dar espaço para os próprios pensamentos se reorganizarem. Ele queria gritar. Queria dizer que estava tudo bem, que ele não estava com medo de nada, mas não conseguia mentir. A verdade estava ali, à flor da pele, mais clara do que nunca.
“Eu… não sei, Cas,” Dean falou finalmente, sua voz baixa, quase um sussurro. “Eu só sei que não quero perder isso. Perder você.”
As palavras saíram de sua boca antes que ele pudesse se controlar. E, ao dizer isso, Dean se sentiu vulnerável de uma forma que nunca imaginou. Ele olhou para baixo, sentindo a vergonha crescer, mas quando olhou para Castiel, os olhos do anjo estavam mais suaves, mais… humanos.
Castiel se levantou lentamente, caminhando até Dean com passos calmos. Quando estava perto o suficiente, ele colocou a mão em seu ombro, a pressão leve, mas reconfortante.
“Dean,” Castiel disse, e pela primeira vez, havia uma suavidade na sua voz, uma gentileza que Dean não esperava. “Eu não sou bom com isso. Eu não entendo completamente, mas posso tentar. Eu também não quero perder isso.”
E, naquele momento, algo dentro de Dean se quebrou. As palavras de Castiel foram como uma chave, destrancando um lugar dentro dele que ele não queria enfrentar. Mas, ao ouvir aquilo, ele sabia que, de alguma forma, tudo iria mudar. Para melhor ou pior, não importava. O que importava era que eles estavam prontos para começar a entender.
Dean olhou para Castiel, seus olhos mais sinceros do que nunca, e finalmente sorriu. Não era um sorriso debochado ou forçado. Era um sorriso genuíno, cheio de algo que ele não sabia como chamar. Mas estava ali, claro e presente.
“Então, vamos ver no que isso vai dar, né?”
Castiel apenas assentiu, e os dois se sentaram novamente à mesa, agora mais próximos do que nunca. O futuro era incerto, mas, por agora, estavam juntos. E isso parecia ser o suficiente para ambos.
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