NovelToon NovelToon

Grávida Dele

Personagens + Capítulo 01

...ARTHUR VILLENEUVE...

...HELÔ...

...🌼...

Helô,

Os aromas na cozinha da mansão Villeneuve eram sempre os mesmos: ervas frescas, assados no forno e um leve toque de café, mesmo que fosse tarde da noite. Era um reflexo do luxo silencioso que habitava naquele lugar, um mundo que eu jamais imaginaria fazer parte, nem mesmo como funcionária. Enquanto mexia o molho para o jantar, meus pensamentos vagavam, como sempre, entre o passado que me trouxe até ali e o futuro que me aguardava.

Meu nome é Helô, tenho 26 anos e trabalho como auxiliar de cozinha na mansão de Artur Villeneuve, um dos homens mais poderosos que conheço. Ele tem 34 anos, uma aparência impecável e a habilidade de intimidar qualquer pessoa apenas com um olhar. Embora eu raramente o veja – ele é do tipo que vive para o trabalho. A mansão, com seus corredores de mármore e janelas imensas, parece estar impregnada com o perfume caro que ele usa e com as vozes de seus pais, os verdadeiros donos do lugar.

Os Villeneuve são franceses de origem, mas vivem no Brasil há anos. O pai, Jean-Pierre, é um senhor elegante e de poucas palavras, enquanto a mãe, Catherine, é gentil e exigente na mesma medida. Eu sou uma das funcionárias mais novas da equipe, mas não sou a única que sente o peso de trabalhar para uma família tão rica e poderosa.

Minha rotina aqui é simples, mas exaustiva. Trabalho cerca de dez horas por dia, com uma folga semanal, e recebo R$ 2.500 por mês. É o suficiente para me manter no pequeno apartamento que aluguei há dois meses, após sair da casa dos meus pais. Sair de lá foi uma decisão difícil, mas necessária. Depois que Renato – o homem que amei por anos – me deixou no altar gritando aos quatro ventos que não podia casar comigo, porque é gay. Tudo naquela casa e naquela cidade, parecia lembrar da humilhação que vivi.

Foi ali, na cozinha da mansão, que encontrei uma espécie de refúgio. Não sou chef nem nada sofisticado, mas sempre gostei de cozinhar. Meu trabalho consiste em cortar, limpar e ajudar a equipe com o preparo das refeições, algo que faço com dedicação porque sei que, sem isso, minha vida seria ainda mais difícil.

– Helô, está sonhando de novo? – disse Miriam, uma das funcionárias mais antigas, enquanto passava por mim. Ela era uma mulher robusta e carinhosa, mas nunca deixava de me cutucar quando percebia que eu estava distraída.

– Não, só pensando na receita – menti, sorrindo sem graça.

– Pensando, sei. Você vive com a cabeça nas nuvens. Precisa relaxar um pouco.

Miriam não estava errada. Eu vivia com a cabeça cheia. Afinal, morar sozinha em um apartamento simples na periferia, pagar contas e me manter saudável emocionalmente não era tarefa fácil. Desde que aluguei o lugar, minha vida se tornou uma sequência de desafios. Meu salário mal cobria as despesas básicas, mas pelo menos me dava uma sensação de independência que eu nunca havia experimentado.

A casa dos Villeneuve, por outro lado, era o completo oposto do meu apartamento. Cada canto parecia saído de uma revista de arquitetura. Lustres de cristal pendiam do teto como joias brilhantes, e o chão polido refletia a luz do sol que entrava pelas janelas imensas. A cozinha era um espetáculo à parte, equipada com tudo o que você poderia imaginar, de fornos industriais a utensílios importados que eu nem sabia usar.

Apesar de toda essa grandiosidade, o que mais me intrigava era o próprio Artur. Ele não era como os outros milionários que eu já havia visto em revistas ou na televisão. Enquanto muitos ostentavam seus bens e viviam em festas, Artur parecia preferir o silêncio. Seu rosto sério e a postura rígida me davam a impressão de que ele carregava um fardo maior do que demonstrava.

A primeira vez que o vi, lembro-me de como fiquei impressionada. Ele entrou na cozinha de surpresa, algo que quase nunca fazia, e pediu um café. Eu estava cortando legumes e congelei ao perceber que ele estava atrás de mim. Sua voz era grave e cortante, mas educada. Agradeceu o café e saiu sem dizer mais nada, deixando um rastro do seu perfume amadeirado pelo ar.

De lá para cá, nossos encontros foram raros e sempre formais. Mas, de alguma forma, Artur tinha uma aura que me fazia pensar nele mais do que deveria. Talvez fosse o contraste entre sua frieza e o calor humano que eu sentia ao trabalhar na mansão. Ou talvez fosse apenas o fato de que, depois de Renato, eu precisava de algo – ou alguém – que me distraísse dos pensamentos sombrios que invadiam minha mente todas as noites.

– Helô, os Villeneuve vão jantar daqui a vinte minutos. Você terminou o molho? – perguntou a chef, uma mulher alta e severa chamada Dolores.

– Sim, já está pronto. Só falta ajustar o tempero – respondi, provando uma colherada antes de entregá-la.

– Ótimo. Cuide das entradas agora. Vamos, mexa-se!

Dolores era uma perfeccionista, e trabalhar com ela significava aguentar críticas constantes. Ainda assim, eu respeitava sua habilidade e tentava aprender com ela sempre que possível. Meu trabalho podia não ser glamoroso, mas, para mim, era mais do que apenas um emprego. Era minha chance de reconstruir a vida, de provar a mim mesma que podia seguir em frente sem depender de ninguém.

Enquanto preparava as entradas, lembrei-me da última vez que falei com minha mãe. Foi uma ligação curta, cheia de silêncios desconfortáveis. Ela ainda não aceitava o fato de que eu havia saído de casa e, menos ainda, que estava trabalhando em um lugar como aquele, ganhando tão pouco para pessoas que poderiam me pagar mais que 2.500, era isso que ela jogava na minha cara todas as vezes que me ligava.

– Você merece mais, Helô. Por que está aí? – ela disse, pela milésima vez.

– Porque preciso pagar minhas contas, mãe. E, honestamente, não estou reclamando. Gosto do que faço.

Claro, não contei a ela sobre as noites solitárias no meu apartamento, onde o silêncio era quebrado apenas pelo som dos vizinhos ou pela televisão ligada. Nem sobre os dias em que eu me sentia tão cansada que mal conseguia comer antes de dormir. Tudo isso fazia parte da nova vida que eu escolhi, e não queria que ninguém sentisse pena de mim.

De repente, fui tirada dos meus pensamentos por um som inesperado. Olhei para a porta e lá estava ele, Artur, de terno preto e expressão séria, como sempre.

– Dolores está? – ele perguntou, olhando ao redor.

– Está no escritório, senhor Villeneuve – respondi, tentando não parecer nervosa.

– Obrigado – disse ele, mas, antes de sair, seus olhos pousaram em mim por um segundo a mais do que o necessário.

Por que ele me olhou assim? Talvez fosse apenas coisa da minha cabeça, mas aquela troca de olhares deixou meu coração acelerado. Voltei ao trabalho, tentando ignorar a sensação estranha que percorria meu corpo.

Trabalhar na mansão dos Villeneuve era um desafio diário, mas, ao mesmo tempo, me dava a sensação de que eu estava exatamente onde deveria estar.

Capítulo 02

Arthur,

O relógio na parede marcava 8h05. Eu deveria começar a reunião pontualmente às 8h, mas esperava, com paciência calculada, que todos estivessem devidamente instalados antes de abrir a boca. Sempre me incomodou a falta de pontualidade, mas preferia demonstrar meu desagrado com gestos sutis, como silêncios prolongados, em vez de palavras.

Sentado à cabeceira da longa mesa de madeira maciça, em minha sala de reuniões, eu observava os diretores ajustarem seus papéis e laptops, evitando cruzar meus olhos. A tensão no ar era visível, algo que se tornou comum em todas as reuniões que conduzo. Não era intencional, mas a responsabilidade de comandar uma das maiores empresas do setor financeiro no país exigia certa postura. Meu nome, Artur Villeneuve, significava excelência para uns, temor para outros, mas para mim era apenas o reflexo do que construí: trabalho duro, disciplina e uma aversão absoluta a falhas.

Sou o CEO da Villeneuve Investments, uma empresa fundada pelo meu pai, Jean-Pierre, e que eu assumi aos 30 anos, depois de provar, repetidamente, que tinha competência para liderar. Meu pai é um homem de poucas palavras, mas exigente, e nunca hesitou em me desafiar. Cresci sob o peso de suas expectativas e com a certeza de que só havia um caminho para o sucesso: ser impecável.

Hoje, quatro anos após assumir o cargo, a Villeneuve Investments é uma potência no mercado financeiro, especializada em fusões e aquisições. Quando entrei na empresa, os negócios estavam estagnados, ainda presos a estratégias tradicionais que meu pai relutava em abandonar. Sob minha liderança, reformulamos nossa abordagem, modernizamos operações e expandimos internacionalmente. Nossos lucros triplicaram em três anos. Não foi sorte – foi competência.

– Senhor Villeneuve? – chamou minha assistente, Camila, com a voz firme e sem emoção, como eu preferia.

– Sim? – respondi sem desviar o olhar do tablet onde lia o relatório trimestral.

– Todos estão prontos. Podemos começar?

Dei um leve aceno de cabeça e deixei o tablet sobre a mesa. A sala ficou em silêncio absoluto enquanto eu me levantava.

– Senhores, obrigado por estarem aqui – comecei, minha voz ecoando no ambiente. – Temos uma agenda apertada hoje, então serei breve. Vamos revisar os resultados do terceiro trimestre e alinhar estratégias para o fechamento do ano fiscal. Não quero surpresas negativas no relatório final, entendido?

As cabeças ao redor da mesa assentiram em uníssono, e a reunião começou.

Conduzir reuniões como essa era parte da rotina de um CEO, mas, para mim, era mais do que apenas discutir números. Era uma oportunidade de observar como meus diretores reagiam sob pressão, de identificar fraquezas e ajustar a equipe conforme necessário. Sempre acreditei que a força de uma empresa reside em sua liderança, e, se alguém não consegue acompanhar meu ritmo, não hesito em substituí-lo.

Durante a apresentação do primeiro diretor, percebi um deslize em um dos relatórios de marketing. Interrompi imediatamente.

– Isso está incorreto – disse, apontando para o gráfico projetado na tela. – Os números de conversão não batem com o que foi apresentado no último trimestre. Explique.

O diretor gaguejou por um momento, claramente desconfortável. Não era um erro grave, mas deixá-lo passar seria inaceitável.

– Desculpe, senhor Villeneuve. Deve ter sido um equívoco na análise. Vou corrigir e enviar um novo relatório ainda hoje.

– Não espero correções depois, espero precisão desde o início – respondi, sem alterar o tom de voz. – Resolva isso agora, caso contrário, está demitido.

Ele assentiu rapidamente, e a reunião prosseguiu. No mundo dos negócios, não há espaço para erros. Qualquer deslize pode custar milhões ou, pior, a reputação da empresa – algo que nunca estou disposto a arriscar.

Após duas horas de discussões intensas, finalmente concluímos a reunião. Quando os diretores começaram a se retirar, voltei minha atenção para Camila, que aguardava pacientemente ao meu lado.

– Qual é o próximo compromisso? – perguntei, enquanto organizava meus papéis.

– Uma ligação com os investidores europeus às 11h, seguida de um almoço com o Sr. Nishida para discutir a possível fusão com a Technocorp.

– Certo. Certifique-se de que os relatórios financeiros estejam prontos para a chamada. Não quero surpresas.

Camila assentiu e saiu da sala, deixando-me sozinho por alguns minutos. Respirei fundo, sentindo o peso do dia apenas começar a se acumular.

Trabalhar como CEO de uma empresa desse porte não é para qualquer um. As decisões que tomo diariamente impactam não apenas o futuro da Villeneuve Investments, mas também os empregos de milhares de funcionários ao redor do mundo. Isso pode ser um fardo esmagador para muitos, mas, para mim, é um desafio que escolhi enfrentar.

Ao olhar pela ampla janela de minha sala, que oferecia uma vista deslumbrante da cidade, pensei em como tudo isso começou. Cresci acreditando que o sucesso era uma obrigação, não uma escolha. Meu pai sempre foi um homem rígido, alguém que nunca demonstrava fraqueza e esperava o mesmo de mim.

Embora Jean-Pierre ainda seja uma figura influente na empresa, ele me deu liberdade para tomar decisões desde que assumi o comando. Ele confia em mim, mas sempre deixa claro que espera resultados. Não posso decepcioná-lo – nem a ele, nem a mim mesmo.

Minha mãe, Catherine, é diferente. Ela é calorosa e compassiva, sempre buscando equilibrar a frieza de meu pai com palavras de encorajamento. Foi dela que aprendi o valor de cuidar das pessoas ao meu redor, mesmo que eu tenha dificuldade em demonstrar isso. Eles vivem viajando para a França, ficam uma temporada por lá e após retornam, mas esses dias eles têm parado.

– Senhor Villeneuve, sua ligação está pronta – disse Camila, entrando novamente na sala.

Voltei para a sala de reuniões e me sentei diante da câmera, ajustando a gravata. A chamada com os investidores era uma das tarefas mais delicadas do meu dia. Convencer europeus conservadores a investir em nossos projetos exigia um equilíbrio cuidadoso entre números sólidos e a habilidade de contar uma história convincente.

– Bom dia, senhores – comecei, com um leve sorriso. – Espero que todos estejam bem. Vamos direto ao ponto.

A reunião durou cerca de uma hora, e terminei com a sensação de dever cumprido. Os investidores estavam satisfeitos, e eu já podia visualizar os resultados positivos que aquele acordo traria para a empresa.

No entanto, enquanto desligava a câmera, senti um leve desconforto. Não físico, mas algo mais profundo. Era um sentimento que me acompanhava há anos, como uma sombra. Mesmo com todo o sucesso que conquistei, havia uma parte de mim que nunca se sentia completamente satisfeita.

Era estranho. Parece sempre faltar algo.

Não havia tempo para pensar nisso agora. O relógio marcava 12h30, e o almoço com Nishida estava se aproximando. Peguei meu blazer e saí da sala, pronto para enfrentar o próximo desafio do dia.

Essa era a minha vida: reuniões, decisões e resultados. Não havia espaço para distrações ou fraquezas, e eu gostava disso. A previsibilidade do trabalho era minha zona de conforto, mesmo que, às vezes, eu me perguntasse se estava perdendo algo importante.

Mas perguntas como essas eram perigosas. No mundo dos negócios, olhar para dentro pode ser mais arriscado do que enfrentar concorrentes externos. Afinal, um CEO não pode se dar ao luxo de hesitar.

Capítulo 03

Helô

Eu cheguei ao final de mais um dia de trabalho. A senhora Villeneuve chamou a todas as funcionárias, e nos entregou o envelope com o pagamento. Peguei minha bolsa, troquei de roupa tirando o uniforme, e depois caminhei em direção ao portão principal da mansão Villeneuve. Amanhã é sábado, o dia em que eu não precisava vir ao trabalho, e tudo que eu queria era esquecer o mundo por algumas horas.

Os R$ 2.500 que recebi seriam divididos entre o aluguel do apartamento, as contas e os mantimentos que precisava comprar. Não sobraria muito, como sempre, mas ao menos eu teria comida na geladeira e um teto sobre minha cabeça. Não era a vida que eu sonhei, mas era a vida que eu tinha agora.

Ao sair pela portaria, a noite já havia caído, e a brisa fresca fazia meus cabelos voarem. Podia sentir a exaustão em cada músculo do corpo, mas, em vez de ir direto para casa, decidi fazer algo que raramente fazia: me permitir uma pausa. Caminhei alguns quarteirões até um bar pequeno e discreto que costumava ver no caminho para o trabalho. O letreiro luminoso piscava, quase apagando em alguns momentos, como se quisesse avisar que ali não era o lugar mais sofisticado do mundo – mas, para mim, era perfeito.

Pedi uma bebida. Não sabia bem o que queria, então apontei para algo no cardápio que parecia forte. Não costumava beber, mas hoje parecia a ocasião certa para abrir uma exceção. Enquanto o líquido dourado queimava minha garganta, saquei o celular da bolsa e dei uma olhada rápida. Dezesseis mensagens não lidas. Todas de Renato, meu ex-noivo.

Minha mão tremeu levemente. Li as primeiras mensagens, tentando ignorar o aperto no peito:

> “Helô, atende o telefone. Precisamos conversar.”

“Eu sinto muito por tudo.

“Por favor, você sabe que eu ainda me importo com você.”

Ele não parava de enviar mensagens desde o dia em que fez aquela palhaçada comigo, bem ali, no altar, diante de todos. E, como se isso não bastasse, agora ele também estava me ligando. O celular começou a vibrar novamente sobre a mesa, o nome de Renato brilhando na tela.

– Maldito... – sussurrei, ignorando a ligação pela terceira vez naquela noite.

Será que não deu certo a vida dele com o cara que ele me trocou, e agora quer voltar?

Pedi outra bebida e continuei encarando o celular. Não entendia por que ele insistia tanto em falar comigo. Não bastava ter destruído a minha vida? Por que ele precisava me assombrar agora, quando eu finalmente começava a juntar os cacos?

Depois da terceira dose, o calor da bebida começou a me fazer sentir mais leve, como se as paredes do bar se tornassem mais largas e a música baixa ao fundo fosse o suficiente para abafar a bagunça na minha cabeça.

Meu celular vibrou novamente, e eu peguei o aparelho com raiva, decidida a desligá-lo de vez. Mas antes que pudesse fazer isso, outra mensagem apareceu:

> “Atende, Helô. Por favor. Estou indo até você. Nem que para isso, eu viaje a essas horas.

A ideia de ver Renato me fez estremecer de ódio. Ele não poderia saber onde eu moro. Se eu descobrir que ele sabe, ou me encontrar, eu juro que mudo rapidamente de telefone e de cidade.

Suspirei, largando o celular na mesa, e virei mais uma dose, sentindo a ardência descendo pela garganta.

Perdi a conta de quantas doses tomei, mas a sensação de alívio foi suficiente para me fazer esquecer as mensagens, as chamadas e tudo o mais. Não pensei no futuro, no meu trabalho, nem mesmo em como eu voltaria para casa. Só queria me afogar naquele instante de esquecimento.

Depois de um tempo, decidi que já era hora de ir embora. Levantei-me, mas o mundo parecia girar ao meu redor. Segurei na beirada da mesa para não cair e caminhei lentamente em direção à saída, tropeçando uma ou duas vezes.

Quando empurrei a porta do bar, tropecei de vez, perdendo o equilíbrio. No momento em que pensei que meu corpo bateria contra o chão frio da calçada, mãos firmes me seguraram pela cintura, impedindo a queda.

– Cuidado – uma voz grave e familiar soou acima de mim.

Levantei o olhar e encarei um rosto que não esperava ver: Artur Villeneuve, meu chefe. Ele estava ali, segurando-me com firmeza, e seus olhos me estudavam com uma mistura de surpresa e desaprovação.

– Oi, chefe... – murmurei, arrastando as palavras enquanto apontava o dedo para ele. – Você... você é meu chefe, sabia? É tão lindo assim de perto.

Artur arqueou uma sobrancelha, mas não soltou minha cintura.

– Eu sei disso, senhorita. E parece que você bebeu mais do que deveria. Onde você mora? Vou levá-la para casa.

Eu ri, mas meu riso saiu mais como um soluço.

– Ah, onde eu moro... é uma boa pergunta, chefe. Você sabe onde eu moro? Porque eu não sei. Acho que é um apartamento... ou um buraco no chão… Eu não sei.

Artur suspirou, claramente sem paciência, mas continuou me segurando firme.

– Certo, parece que você não está em condições de ir sozinha. Vou resolver isso.

– Resolver? – perguntei, ainda apontando o dedo para ele. – Você resolve tudo, né, senhor importante? CEO isso, CEO aquilo... Mas aqui... aqui no bar... não tem reunião pra você!

Ele estreitou os olhos, mas não respondeu. Antes que eu pudesse continuar falando bobagens, senti meus pés saindo do chão. Artur me ergueu nos braços como se eu fosse uma pluma, ignorando completamente meus protestos fracos.

– Ei! O que você está fazendo? – tentei me debater, mas minhas forças eram praticamente inexistentes.

– Estou evitando que você caia no meio da rua. Agora fique quieta.

Carregado como uma boneca de pano, fui colocada gentilmente no banco do passageiro de um carro preto luxuoso. Artur entrou pelo outro lado, ligou o motor e começou a dirigir, o rosto sério e focado.

– Onde estamos indo? – perguntei, com a cabeça girando.

– Vou levá-la a um hotel. Você não está em condições de voltar para casa, nem sabe onde mora, e não vou deixá-la sozinha assim.

– Hotel? – soltei uma risada. – Olha só, o chefe tá querendo impressionar... vai me colocar numa suíte presidencial?

Artur ignorou meu comentário, mas percebi um pequeno sorriso de canto surgir em seu rosto antes que ele voltasse a olhar para a estrada.

— Você fala bastante quando está bêbada, ao contrário de quando está trabalhando, não escuto nem sua voz.

— Hurrum… — foi só o que consegui dizer.

Não lembro muito bem do resto do trajeto, apenas flashes de luzes passando pela janela e a voz grave de Artur dizendo algo ao recepcionista do hotel. Tudo parecia um borrão, como se eu estivesse sonhando. A próxima coisa que percebi foi o toque macio de lençóis contra minha pele e a sensação de que finalmente estava segura.

Antes que o sono me dominasse completamente, ouvi a voz de Artur mais uma vez, baixa e calma:

– Boa noite, senhorita Helô. Descanse.

Sem pensar muito, puxei ele para um beijo, sentindo seu corpo acima do meu, enquanto ele apoiava-se nos próprios cotovelos.

Para mais, baixe o APP de MangaToon!

novel PDF download
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!