...Perdida na Grécia ...
... ...
...Capítulo 1...
- Oh não! – exclamou Isabelle Herrera ao informar -se na recepção do aeroporto.
Tinha sonhado muito com aquela viagem desde que foi convidada para ser dama de honra do casamento de sua amiga com seu irmão do meio.
Isabelle sentiu um ar tenebroso ao olhar à sua volta e não acreditar que não estava na onde deveria estar. Confusa e desorientada, ficou paralisada por ver que estava completamente ferrada.
Na semana passada sua amiga Violet e seu irmão Davi haviam dito a toda a família que iriam se casar em Londres por causa dos pais de Violet que não podiam viajar. E como sua família eram muitos aventureiros decidiram viajar uma semana antes do casamento para conhecer a família da noiva.
No começo havia gostado da ideia de poder viajar, mas agora estava simplesmente perdida. Ela não costumava viajar e muito menos sozinha, e agora estava completamente sozinha num lugar desconhecido.
Naquela manhã havia uma confusão no aeroporto. Todos haviam se atrasado e tinham pouco tempo para chegar ao aeroporto. Ela tinha sido teimosa por ter ficado lendo o seu livro, enquanto todos estavam preocupados em chegar no embarque.
Havia agido como uma idiota. Ficou empolgada com o livro e quando se deu conta teve que correr atrás do pessoal todo. Escutara a sua mãe dizendo para parar de ler e prestar atenção aonde andava, e só se deu conta disso quando ouviu seu irmão mais velho gritar que o avião estava para sair.
Foi quando ela esbarrou numa moça na frente do embarque e viu que sua passagem havia se juntado com as demais.
- Sinto muito, mas tenho que entrar nesse avião, minha família acabou de entrar e... – Ela começou a contar o que aconteceu, enquanto ajudava a moça.
- Está com a sua passagem, senhorita?
- Sim, quero dizer que estava com ela..., mas deve estar aí no meio.
A moça olhou para ela confusa, por fim disse:
- Ok. Mas tem certeza de que é esse o seu voo?
- Sim.
A funcionária sorriu e conseguiu levá-la para o avião, arrumou um lugar para se sentar e agradeceu a moça.
- Obrigada.
- Não quer colocar sua mochila...
- Não, obrigada. Vou ficar com ela. – Sorriu e assim que a moça se afastou, olhou para o corredor, então pegou os fones de ouvido do seu celular e ficou escutando música.
Durante a viagem ficará quieta, mas conforme as horas foram passando, ficou enjoada e cansada. Pois não imaginava que a viagem fosse longa e resolveria dormir. Acordara quando a aeromoça anunciará que iriam aterrissar, rapidamente e ansiosa para descer e encontrar sua família, pegou sua mochila e colocou sua coisas dentro. Claro que tivera uma parada rápida, já que ela nem se importou com aquilo pois sabia que a viagem era longa. Mas não achou que seria tanta.
Quando finalmente saiu do avião e entrou no aeroporto, estranhou o local, não que nunca tivesse viajado antes e não vira outros aeroportos, porém ficou confusa ao ver que ao sair do avião não vira seus familiares por ali.
Assustada, correu para o balcão de informações e perguntou se há uma moça.
- Com licença, onde estou?
- Em Atenas, senhorita.
Oh meu Deus! Era isso que dava em não prestar atenção aonde andava, deveria ter prestado mais atenção e esquecido o livro de lado. Ao ouvir que estava em Atenas e não em Londres, fez uns cálculos.
Onde é que fica Atenas, mesmo?
Oh claro, na Grécia. Grécia é a cidade da história da mitologia. Odiava aquele lugar, ficava no fim do mundo, na verdade nunca gostará muito de história e filosofia quando estava no colégio e agora que estava ali passaria a odiar mais, ou odiar a si mesma por ser tão burra.
Durante os seus vinte e dois anos, aquela foi a pior burrice que já fizera na vida. Como fora tola ao errar o avião, por que colocará os fones de ouvido a viagem toda.
Caminhou devagar pelo aeroporto, estava cansada demais para procurar por ajuda, mas tinha que achar um telefone para ligar, seu celular havia descarregado. Há essa hora seus pais já teriam notado a sua ausência.
Desesperada para achar um telefone público, quando viu um saiu correndo, mas para sua tristeza precisava de moedas gregas.
Maravilha!
Era só o que lhe faltava? Só tinha dinheiro americano e não podia nem pensar em gastar ali. Coçando a cabeça desanimada foi até a central de informação, já que era os únicos que entendia o seu idioma.
- Será que poderia me ajudar?
- Sim.
- Como posso arrumar dinheiro daqui... eu sou americana. E necessito usar o telefone urgente.
A moça apenas sorriu.
- Olha, tem o banco que a senhorita pode trocar o seu dinheiro.
- Obrigada. Como posso chegar até o Banco?
- Sinto muito, mas a senhorita vai ter que se informar... espere um minuto. – A moça saiu e voltou segundos depois com um folheto. – Isso pode ajudar, mas pode ficar tranquila que o povo daqui gosta de ajudar os turistas.
Isabelle quis gritar para a moça que ela não era uma turista, só estava ali por engano, um engano pela burrice dela. Não era assim que havia sonhado viajar, e com certeza também não queria estar sozinha.
Sorriu para a moça e agradeceu. Deu uma olhada no folheto e não tinha nada de interessante, só tinha nomes de hotéis, museus, restaurantes e um pequeno mapa que não dava nem para ver nada.
Que porra de folheto era aquele?
Isabelle deu uma risadinha ao lembrar que não tinha ninguém da sua família ali para repreendê-la por xingar. Aliviada por isso, começou a olhar em volta à procura de um relógio, parecia ser tarde da noite e não sabia que horas seria naquele lugar para começar a procurar um lugar onde ficar.
- Como sou ridícula e estúpida. Deveria ter pegado o voo da Austrália, França ou México, mas para Grécia. – Ela resmungou sozinha, já que ninguém entendia o seu idioma. – Aí, como eu gostaria de voltar no tempo. Esse lugar é... pré-histórica, o que vou fazer... ninguém fala a minha língua nesse lugar.
- Eu entendo.
Isabelle parou de falar assim que ouviu uma voz atrás dela. Se apavorou ao lembrar que poderia ser um lunático ou estuprador, então ignorou e começou a andar sem olhar para trás, mas pareceu que o sujeito continuou a ir atrás dela, foi quando ela conseguiu encarar o homem de frente e se deparou com um moreno, alto e muito bonito.
Ele simplesmente sorriu ao ver que ela parara para encará-lo.
- O senhor me entendeu?
- Sim.
- Ficou me vigiando?
- Não.
Ela hesitou.
- Será que... poderia me... ajudar?
- Sim.
- Tem certeza de que entendi o que falo?
Ele sorriu meio que de lado e assentiu.
- Sim. A não ser que você não queira minha ajuda. – Ele disse fazendo a ficar sem graça. – Demétrio Lincoln e a senhorita?
- Isabelle Herrera.
- Veio de onde?
- Nova York.
Demétrio arregalou os olhos surpreso.
- Está bem longe de casa. Acabei de chegar da Itália, mas sou daqui mesmo.
Isabelle fez cara de pouco caso, e mordeu o lábio inferior quando se deu conta que os dois estavam chegando na frente do aeroporto. Ele lhe contou que o aeroporto era um pouco longe do centro da cidade e que poderia usar o metrô para ir até lá ou para onde quisesse.
- Será que você poderia me dizer que horas são?
- Agora são quase sete horas da noite.
- Mas que MERDA! – Ela havia se segurado para não dizer aquilo em voz alta, mas soltou mesmo assim. – Não era para ser uma viagem tão longa...
- É, desculpa em interromper a sua... conversa mental. Mas se quiser, posso lhe dar uma carona até o centro. – Ele ofereceu.
Ela sorriu sem graça ao ver que ele estava debochando dela.
- Seria ótimo, mas não tenho como pagar uma corrida com você até lá. – Ela disse. – Você aceita dólares em troca de... euro?
Ele sorriu.
- Sinto muito, mas não posso fazer isso. Mas lhe dou carona. – disse parando em frente a um Sedan preto impecável. – A não ser que queira pegar um metrô.
- O problema não é isso... você é um desconhecido. Você pode ser um estuprador ou maníaco, sei lá.
Demétrio sorriu.
- Ok. Só para lhe deixar mais tranquila, não sou nenhum maníaco e nem estuprador. – Contou, e acrescentou. – Posso lhe dar carona até onde você quiser...
Isabelle havia pensado se realmente tivesse feito a escolha certa em aceita carona de um completo estranho. Bem, se não fizera agora já era tarde. Estava sentada no banco de trás com aquele homem. Sem que ele percebesse, notou que o homem ao seu lado tinha um rosto marcante, olhos cor de mel, o cabelo curto e preto, o nariz era perfeito e os lábios eram finos e sensuais, capazes de enlouquecer qualquer mulher. Os trajes dele era muito social e podiam jurar que eram feitos sobre medida, pois modelava os ombros largos e fortes.
Nunca imaginaria que um homem grego poderia ser irresistível a ponto de fazê-la mudar de ideia sobre aquele lugar. Mas não poderia esquecer que não estava ali para passeios e sim por engano. Precisava de um telefone e um lugar para ficar o mais rápido possível.
- Espero que goste daqui todos que vem ficam fascinados que acabam voltando.
- Ah, eu não estou aqui... quero dizer que não sou turista.
Ele olhou-a de relance, confuso.
- O que veio fazer aqui, então?
Isabelle forçou um sorriso e começou a contar o que realmente aconteceu por ela ter parado ali e percebeu que aquele homem se segurou para não rir ao ver o seu problema.
- Isso soa muito ruim.
- Eu sei. Preciso de um telefone... preciso ligar para os meus pais e dizer o que aconteceu, eles devem estar preocupados com a minha ausência.
Ele assentiu ao dar uma olhada na janela.
- Posso arrumar um telefone para você. Mas tem certeza de que não vai querer dar uma olhada na cidade?
- Não. Desculpa lhe dizer isso, mas não gosto desse lugar.
- É uma pena.
Isabelle sorriu.
- Não quis ofender. Mas eu só quero voltar para onde eu deveria estar.
- Quantos anos você tem?
- Vinte e dois.
- Acho estranho alguém da sua idade precisar da ajuda de seus pais para sair daqui.
- Não vou discutir isso com um desconhecido.
Demétrio balançou a cabeça, e falou algo para o motorista em grego. E achou aquilo tão sexy.
- O que disse a ele?
- Bem, você quer um telefone e vou levá-la até um. – Pausou. – Só mais uma coisa, o que vai fazer depois que ligar para os seus pais?
Isabelle franziu o cenho, confusa. Nem havia pensado nisso, mas se arranjasse se conseguisse trocar um pouco de seu dinheiro, poderia ficar num hotel até que seus pais lhe mandassem uma passagem para Londres.
- Eu... me arranjarei.
- Sei.
Ela abriu a boca para protestar, mas preferiu virar o rosto e olhar para o lado de fora da janela. Era estranho ter encontrado alguém que estava disposto a ajudá-la, mesmo que não tivesse intenção de ficar ali na cidade. Ela não odiava o lugar, só não gostaria de estar ali naquele momento. Não tinha nada ali, nem roupas, calçados e nem ao menos sua família. Estava tão solitária quanto a sua insensatez.
Estava tão cansada que encostou a cabeça no banco e acabou adormecendo. Acordou assustada ao sentir uma mão em seu ombro e viu que era Demétrio.
- Desculpa acordá-la. Mas já chegamos... – ele avisou e a ajudou sair do carro.
Isabelle levou um susto ao ver que não estavam no centro da cidade. Imediatamente olhou para o homem que apenas sorriu.
- Onde estamos, Sr. Lincoln?
- Na minha casa. Espero que não se importe.
- Oh não vou me importar. – Ironizou ela, furiosa.
Ele sorriu.
Não era uma casa simples pelo que viu. Era um casarão antigo, como o resto da cidade. Mas o que lhe impressionou não foi a casa, e sim o dono.
Demétrio podia ser irresistível, mas era muito arrogante e autoritário. Isso incomodava muito, não gostava de pessoas assim e esperava que ele só quisesse ajudá-la. Depois de Demétrio se despedir do motorista e pegar suas malas e a mochila dela, entraram por um portão grande de ferro e na entrada da casa um mordomo os atendeu. Demétrio deu ordens ao mordomo que levasse a mala para cima e a levou para a sala.
Ela apenas observou o lugar, estava impressionada, pois a casa podia ter a construção antiga, mas dentro a maioria dos móveis eram todos de boa qualidade e novos, nada antigos.
Mal entraram na sala de estar, quando uma mulher muito elegante se levantou do sofá e o abraçou com carinho. Pena não poder ouvir o que falavam, até que a mulher com muita curiosidade a notou.
- Quem é a moça?
- Ah, essa é Isabelle Herrera. E Isabelle essa é minha mãe Miranda Lincoln.
A Sra. Lincoln sorriu.
- Muito prazer em conhecê-la Isabelle.
- Ah... o prazer é todo meu. – Ela tentou não fazer careta pelo constrangimento por aquela apresentação nada comum.
A Sra. Lincoln sorriu, olhou para o filho e disse em grego. Em segundos Demétrio riu balançando a cabeça, concordando.
- Já comeram alguma coisa, querido? – a mãe dele perguntou sem tirar os olhos de cima dela. – Posso pedir para preparar alguma coisa para vocês dois.
- Claro. Seria ótimo, mãe.
- Eu não vou jantar. Eu só quero usar o telefone, por favor. – Ela interrompeu. – Só quero fazer uma ligação.
- Bobagem. Depois de comer você usa o telefone, pode ser. – ele disse puxando-a pelo braço. – Será um prazer tê-la aqui em casa.
Como assim, será um prazer tê-la em casa? Nem a conhecia direito para falar daquele jeito com ela. Sem saber o que dizer, afinal estava na casa de um desconhecido e longe de casa, então teve que deixar ser levada, e para falar a verdade ela estava morrendo de fome.
Demétrio a levou para o andar de cima e deixou-a num quarto de hóspedes.
- Por que está fazendo isso? – indagou assim que a deixou no quarto.
- Você me pediu ajuda, estou lhe ajudando.
- Eu só queria o telefone e nada mais.
Ele cruzou os braços fortes e a encarou.
- Eu sei. Mas e depois de usar o telefone, o que vai fazer... dormi na rua?
Isabelle engoliu em seco sem saber o que responder.
- Foi o que pensei. Sei que você está desesperada por estar num lugar que não deveria estar, mas estou tentando lhe ajudar. – Ele sorriu. – Então, se quer mesmo sair daqui, aceite ficar aqui essa noite e amanhã podemos resolver o seu... problema.
Ela hesitou e assentiu.
- Ok.
- Certo.
...Capítulo 2...
Sozinha naquele quarto enorme, sentiu-se uma completa idiota e inteira. Estava completamente isolada naquele mundo estranho, principalmente aquele homem misterioso que estava conseguindo dominá-la com tanta facilidade. Mas sabia que nunca na sua vida tinha encontrado um homem que a fizesse chamar atenção.
Ao lembrar que quase não chamava atenção dos homens, a deixava meio que decepcionada consigo mesma. Ela não se achava uma garota bonita e muito menos perfeita. No colégio havia sofrido muito com os garotos e se decepcionou com um rapaz que seus irmãos pagaram para sair com ela e desde quando descobrirá ela tentará seguir com a vida como se nada daquilo tivesse acontecido. Claro que tivera um namorado que durou apenas seis meses e nada mais, e não tinha vergonha por dizer que não tivera muitos relacionamentos a sério, porque ela mesma não queria ser magoada novamente.
Ela se dedicava ao trabalho ao invés de ficar indo atrás de homens, essa fora a sua vida. Terminará os estudos e fizerá cursos para ajudar o seu pai na confeitaria e desde então foi só o que fizera na vida e tinha orgulho de ser o que era.
Observou ao redor e reparou que o quarto era em tons cor de rosa e branco, havia uma cama de casal com lençóis ricamente limpos, uma penteadeira num canto e um guarda roupa ao lado. Havia um banheiro pequeno e bonito. Ficou na vontade de tomar um banho na banheira, mas alguém bateu na porta interrompendo sua vontade.
Era apenas uma empregada lhe trazendo algo para comer. Agradeceu a moça que pareceu envergonhada e saiu sem dizer nada.
Quando terminou de comer tudo, foi mexer na sua mochila a procura do carregador e tratou de colocar o seu celular para carregar, mas não encontrou nenhuma tomada por ali, estava procurando atrás dos móveis, quando a porta abriu e Demétrio apareceu, surpreso ao vê-la agachada ao lado da penteadeira.
- O que está fazendo?
- Ah... Estava só procurando uma... tomada. – Gaguejou e sorriu para disfarçar o embaraço.
- Você quer queimar seu celular, né. – Ele zombou e se aproximou dela. – Eu carrego para você, as tomadas daqui não são iguais de onde você veio.
- Sério?
- Sim. Se você tem celular, por que queria um telefone?
- Está descarregado. Escutei música a viagem toda. – Ela fez careta ao lembrar por ter sido tão burra.
- Entendi. Bem, você já comeu?
- Sim. Estava muito boa a comida.
Ele sorriu e sem tirar os olhos de cima dela, pegou o carregador e o celular das mãos dela. Aquele homem tinha olhos enigmáticos por deixá-la tão zonza e hipnotizada.
- Que bom. Vamos, o pessoal está esperando lá embaixo para conhecê-la.
- Quem?
- Minha família está lhe esperando.
- Para quê?
Demétrio a fitou.
- Vai descer ou vai ficar fazendo perguntas?
- Eu não sei. Não tenho muito o que fazer.
- Venha, vamos descer e conversa um pouco... – ele a chamou. – Só vou colocar isso para carregar.
Ela aceitou o convite e o acompanhou até uma porta, onde ele entrou enquanto ela ficou de fora esperando-o, foi coisa de segundos ele voltou e desceram juntos até a sala. A casa em si era muito bonita, nunca na sua vida entraria num lugar daquele se tivesse vindo à Grécia por vontade própria.
Ao entrar na sala, percebeu que não iam ficar sozinhos, tinha mais gente, um casal de velhos, a mãe dele e uma moça jovem e muito bonita que a olhou da cabeça aos pés. Sabia que não estava elegante como os demais, e isso a deixou preocupada. Costumava usar muita calça despojada e blusas simples e a jaqueta jeans por cima, e claro o seu maravilhoso tênis all star que nunca tirava dos pés, afinal era tão confortável.
Demétrio a apresentou aos demais e sentiu os olhares de Cassandra em cima dela o tempo todo, era uma amiga da família a muito tempo, pelo que notou e claro que também notou que ela dava em cima de Demétrio o tempo todo.
- Meu filho contou que se perdeu... ia para Londres num casamento?
- Sim. Meu irmão vai se casar com a minha melhor amiga.
- Nunca viajou sozinha?
Isabelle fez cara de deboche e respondeu.
- Já sim. Mas não tão... longe.
- Imagino como seus pais devem estar preocupados aonde você está. Eu fico preocupada quando Demétrio viaja e sei como é. – a mãe dele disse olhando para ele. – Mas pode ficar tranquila, está em boas mãos.
Será que estava mesmo em boas mãos? Fiz essa pergunta diversas vezes desde que entrou no carro daquele homem.
- Acho que vocês devem estar pensando como fiz uma burrice dessa? – Ela debochou dela mesma. – Nunca mais vou ler livros no aeroporto e usar fones de ouvido.
- Isso acontece.
- Ah, a senhora conhece outra pessoa que fez isso? – Ela foi irônica, mas viu que todos olhavam sérios para ela. – Desculpa, não era para soar irônica.
Miranda assentiu.
- Tudo bem. Mas não precisa se preocupar, pode ficar aqui até você conseguir ir para Londres.
- Obrigada, pela hospitalidade Mas acho que não vou ficar muito tempo.
- Não quer conhecer a cidade? – Demétrio perguntou.
- Não posso. Tenho um casamento para ir e a essa hora todo mundo deve estar querendo me matar.
- Sempre quis ir a Nova York. – Resmungou Cassandra.
- Eu não tenho que reclamar de lá. Adoro Nova York...
- As pessoas lá se vestem assim o tempo todo?
Isabelle olhou para suas roupas e não viu nada de errado. Sempre gostará de usar coisas simples, mas não sabia que naquele lugar as pessoas se importavam muito com a aparência.
- Na verdade não. Mas se você pretende ir lá, sugiro que troque seu guarda-roupa para acabar com uma gripe bem forte.
Demétrio e os demais riram da gozação dela. Não quis ser engraçado, mas não deixaria ninguém achar que podia humilhar ela daquele jeito.
- Mas acho que deveria conhecer a cidade. – Ele insistiu novamente.
Isabelle sorriu.
- Eu não gosto muito de história.
Todos ali a encararam perplexos ao ouvi-la dizer que não gostava de história. Não era obrigada a dizer que gostava do lugar para não os ofender e seria chato mentir há eles. Demétrio só estava insistindo naquele assunto para fazê-la mudar de ideia.
- Desculpa se ofendi há todos.
- Ah bobagens, a gente não pode obrigá-la a gostar de algo. Mas se eu fosse você aproveitaria dar uma volta na cidade, enquanto você resolve o problema.
- Vou pensar.
Miranda sorriu.
- Você trabalha?
- Sim. Meu pai tem uma confeitaria e eu o ajudo nos negócios.
- Legal. E você faz o que lá?
Isabelle olhou para Demétrio, confusa. Agora estava sendo entrevistada pela mãe dele.
- Bem, eu gerencio a parte de contabilidade e as vezes fico no caixa. Isso quando não me dá vontade de ajudar na decoração dos bolos. – Ela contou orgulhosa.
A velha senhora resmungou algo em grego e fez todo mundo rir, enquanto Cassandra resmungou em grego. Esperava não estar sendo mal falada por eles.
- Isso é muito bom.
- Acho que por hoje é só, você deve estar cansada não é. – Demétrio indagou levantando-se.
- Que pena, adorei conversar com você Isabelle. Amanhã podemos conversar mais...
Ela suspirou e assentiu.
- Claro.
Isabelle se despediu de todos e seguiu Demétrio até o quarto onde iria dormir naquela noite.
- Quando vou poder usar o telefone?
- Amanhã.
- Olha sobre o que sua mãe disse lá embaixo sobre ficar aqui, não vou ficar. Posso me arranjar num hotel barato... O que foi? Tem algo de errado com as minhas roupas?
Demétrio parou de observá-la e respondeu calmo.
- Nada. Não tem nada de errado com suas roupas.
- Então porque está me olhando como se tivesse algo errado.
Ele deu de ombros.
- Só estava verificando uma coisa. Mas não há nada para se preocupar.
- Você é estranho.
Ele sorriu colocando as mãos no bolso da calça.
- É melhor ir dormir. Tem roupas no guarda roupa e fique à vontade. O café é servido às oito... até amanhã.
- Espera... – Ela chamou-o, mas ele já havia se afastado.
Demétrio fechou a porta do seu quarto e pôs a desabotoar a camisa e pensou na mulher que trouxera até a sua casa.
Isabelle Herrera era uma mulher que faria qualquer homem enlouquecer. Havia algo nela que o fazia esquecer de quem ele era realmente. Queria muito conhecê-la de verdade, quando a virá tão perdida e desesperada no aeroporto sentiu vontade de agarrá-la, mas infelizmente teve que usar o bom senso e fazer as coisas da maneira mais simples.
Sempre se perguntará como uma simples mulher com poucos atrativos podia acabar com a vida de um homem. Era difícil de acreditar, mas estava atraído por aquela mulher.
Isabelle era pequena, talvez com um e sessenta de altura, não era tão magra mas tinha um belo corpo, com curvas perfeitas, o cabelo castanho com franja combinando com os olhos azuis e a boca carnuda e rosada, pronta para um beijo apaixonado.
Sabia que estava sendo irracional, sendo um homem que sabia a diferença entre atração física e paixão. E o que sentia por Isabelle não era atração física, tinha perdido a razão, quando havia pensado em trazê-la para sua mansão e fazê-la prisioneira. E conseguirá, mas não estava sendo gentil o bastante com ela desde que a conhecerá naquela tarde.
Era óbvio que o único pensamento que ela tinha era sair dali o mais rápido possível. Sabia o que ela pensava sobre a Grécia, e gostaria que ela conhecesse o lugar antes de julgar o local sem conhecer.
Estava disposto a mudar aquele pensamento dela.
Na manhã seguinte Demétrio acordou tarde, tomou banho e trocou de roupa, desceu e encontrou sua família na sala de estar e logo percebeu que não fora o único a ter acordado tarde. Isabelle acabara de entrar depois dele, que se entreolharam confusos.
Ambos pediram desculpas pelo atraso e sentaram se juntando aos demais. Mas assim que o café foi servido a Sra. Lincoln perguntou.
- Como foi sua noite, Isabelle. Espero que tenha dormido bem?
- Sim, Sra. Lincoln.
- Ah, me chame de Miranda.
- Todos lá de casa me chamam de Izzie. – Ela contou e sorriu.
Miranda sorriu.
- Maravilha. E você meu filho, tem planos para hoje?
- Não. Acho que o papai já está resolvendo tudo.
- Maravilha. Você poderia levar a Izzie ao centro da cidade, acho que ela precisa de algumas roupas.
- Não precisa se preocupar...
- Nada disso. Até que resolva o seu problema não vai ficar andando com a mesma roupa por aqui. – Miranda disse.
Izzie franziu as sobrancelhas, desgostosa.
- Mas vocês nem me conhecem.
- Bem, sinta-se privilegiada. – Miranda sorriu.
- Eu tenho dinheiro, posso trocar daqui e...
- Bobagem. Aceite o meu presente... não gaste o seu, você vai precisar do seu em casos de emergência.
Isabelle ia recusar novamente, mas viu que seria perda de tempo. Teria que dar um jeito de cair fora dali, não poderia ficar ali como se o casamento não acontecesse. Tinha apenas seis dias para estar em Londres. Odiaria a si mesma por não poder participar do casamento de sua melhor amiga e do seu irmão.
Quando terminaram de tomar o café da manhã, Demétrio sumiu, enquanto ela foi até o quarto e ficou lá esperando que alguém aparecesse para que ela pudesse sair. Queria muito falar com os seus pais e esperava que Demétrio não tivesse mentido para ela e não deixasse de fazer ligação e claro que tinha o seu celular que estava carregando.
Resolveu sair do quarto e parece que foi Deus, Demétrio passava por ali assim que saiu do quarto.
- Oi, você me deve uma ligação?
Demétrio encarou-a por um momento, por fim levou-a um escritório que ficava no fim do corredor. O escritório era incrível, havia uma escrivaninha de mogno, e envolta uma estante repleta de livros e um tapete persa.
Observou-o ir até a escrivaninha que tinha um computador e o telefone, ele pegou o aparelho e estendeu a ela.
- Vai ter que vir para o telefone.
Isabelle se aproximou e pegou o fone.
- Vai ficar aqui me observando?
- Tem algum problema?
- Bem, a conversa é... particular.
Ele nem sequer se moveu, então fez a ligação já que não podia reclamar, afinal estava usando o telefone dele. Minutos depois, sua mãe atendeu o telefone.
- Mamãe... é a Izzie, eu estou bem. – Ela disse e depois começou a contar o que havia acontecido, mas depois afastou o fone do ouvido. – Mãe, eu estou bem ok... só liguei para contar onde estou e para pedir para o papai me mandar outra passagem. Será que dá para fazer isso? – ouviu sua mãe reclamar do outro lado. – Eu não sei o que fazer, não tenho como... já se foram minhas economias... eu sei, e estou ferrada até o último fio de cabelo que tenho. – Ela fez careta. – Não fiz isso porque quis... foi um acidente. Se eu quisesse fugir de vocês teria ido para Austrália, pelo menos lá não tem monumentos. – Suspirou e novamente escutou sua mãe reclamar. – Ok. Tenho que desligar... até mais e manda beijos para todos.
Assim que desligou o telefone, suspirou desanimada. Sabia que iria ficar caro todo aquele negócio todo sobre a viagem.
- Desculpa pela demora... espero que não fique caro a ligação.
- Sem problema.
- Será que você poderia me dizer como encontrar um hotel... não posso ficar aqui, meus pais vão dar um jeito de comprar uma passagem para mim.
- Que bom. Mas minha mãe me pediu para levá-la no centro e não posso deixar de cumprir ordens dela.
- Eu não posso aceitar presentes e nem ficar num teto de gente desconhecida.
- Bem, passou a noite aqui...qual é o problema de ficar mais alguns dias.
Isabelle hesitou.
- Não posso ficar aceitando isso.
- Bem, você pediu minha ajuda e estou fazendo isso.
- Sim, pedi ajuda para usar um telefone e não para ficar aqui e se aproveitar da bondade de sua mãe. – Ela cruzou os braços. – E, além do mais, cadê o meu celular?
Demétrio encarou-a e só então foi até uma outra mesa, em seguida lhe entregou o seu celular.
- Obrigada.
- Será que agora podemos ir?
- Tenho que ir mesmo? – Ela fez careta ao vê-lo assentir, então resmungou algo e saiu dali indo até o quarto.
...Capítulo 3...
Faz quinze minutos que ambos haviam saído do casarão e por incrível que pareça ele estava dirigindo, e pensando que ele fosse aquele tipo de caras que andava sempre no banco de trás. Quem dera ela poder ter aquele luxo todo, o único automóvel que ela costumava andar bastante era o seu maravilhoso metrô que às vezes mal conseguia arrumar um lugar para se sentar.
Mas é claro que não poderia reclamar da vida, era muito feliz assim, vivendo como uma pessoa comum.
O silêncio dentro daquele carro há estava a matando aos poucos, detestava ficar de boca calada, mas não poderia ficar falando com uma pessoa que ela nem ao menos conhecia direito.
- Desculpa por ter falado com você daquele jeito. Não quis ser grosseiro.
- Tudo bem.
-Efaristo.
- O quê?
--Efaristo é obrigado em grego. Seria bom aprender um pouco o nosso idioma.
Ela meio que sorriu.
- Ótima ideia. Mas não vou ficar muito tempo por aqui, então não vai ser necessário.
- Você é difícil, hein.
- E você tem que parar de insistir nas coisas.
Ele olhou para ela de relance.
- Ok. Chegamos, vou só arrumar um lugar pra estacionar.
Demétrio estacionou em um lugar reservado e foram andando até a Praça Syntagma que Demétrio passou a mostrar os lugares. A praça era em frente à qual está o prédio do Parlamento. Ela era praticamente o centro moderno de Atenas, e dela irradiam-se diversas avenidas importantes, como a Vasillis Sofias, Staton, Ermou, cada uma conduzindo à um lado diferente da cidade.
Decidiram seguir para o norte, mas ao passarem em frente ao Parlamento Isabelle parou e foi até a multidão de turistas.
- O que está acontecendo ali? – Ela indagou a ele assim que conseguiram se aproximar.
- São guardas do Parlamento. Estes homens são escolhidos a dedo, com cerca de dois metros de altura. Durante sessenta minutos eles ficam imóveis em suas guaritas. – Ele contou. – A cada hora, quando e feita a troca de guarda tanto os que vão sair, como os que chegam, aproximam-se com passos enormes, batendo ruidosamente os tamancos no chão, elevando suas pernas até o horizonte e entre outras piruetas, se equilibrando em uma só perna e encostam as respectivas solas do tamancos.
Isabelle franziu o cenho, surpresa. Ela observou os guardas e viu que Demétrio contará exatamente nos mínimos detalhes, exceto os uniformes que eram a típica roupa branca, maiores e tamancos com um pompom.
Ela não se conteve e riu achando engraçado.
- Muito interessante. Tem mais desses guardas por aqui? – Ela perguntou quando ambos caminhavam agora em direção ao norte.
- Sim.
- Onde vamos agora?
- Para a Praça Omonia.
A praça Omonia era cercada de altos e modernos prédios, hotéis e restaurantes, era o coração de Atenas moderna e empresarial.
- Quer dar uma volta no Zappeion?
- Onde?
- Zappeion é um parque nacional.
O jardim era adjacente ao Parlamento e obrigava várias plantas, árvores e flores em extinção. O local também contava com um café, renomado restaurante Egli e um cinema ao ar livre. Aproveitaram para observar a beleza do Palácio de Zappeion, um edifício neoclássico.
- Quando vamos ver as lojas, não que esteja com pressa. Mas sua mãe não vai gostar de nos ver voltar de mãos vazias.
Ele sorriu e viu o olhar malicioso através dos óculos escuros.
- Fique tranquila. Está com fome?
Ela hesitou e assentiu.
- Podemos almoçar no restaurante Aegli Zappeiou. O que você acha?
- Bem, para mim está ótimo. Não tenho muito que opinar por aqui.
Era um restaurante muito bom e simples, e aquela hora do almoço estava cheio. Ambos se sentaram numa mesa de canto para não serem perturbados, um garçom aproximou e lhe entregou dois cardápios.
Isabelle pegou, abriu e viu que tudo estava escrito em grego, o que não era de se esperar daquele lugar. Sentiu-se inútil.
- Sr. Lincoln... será que pode me ajudar...com isso.
Ele sorriu zombeteiro.
- Pode deixar que eu peço para você... gosta de comer o quê?
- Bem, gosto de muitas coisas. Mas acho que vou querer comer algo daqui. – Ela respondeu e sorriu.
- Ótimo! – ele fez os pedidos ao garçom e devolveu os cardápios e a encarou. – Antes de tudo, quero deixar bem claro. Chega de formalidades, de agora em diante eu sou Demétrio e você Isabelle, ok.
Isabelle hesitou e só então concordou, mas ficou sem graça quando percebeu que ele não tirava os olhos de cima dela.
- Então, o que faz quando não está na padaria?
- Bem, acho que não tenho rotinas. Faço o que der para fazer ou que me convém. – Ela fez careta. – Mas geralmente estou sempre vendo TV.
- Mora com seus pais?
- Não. Saí da casa dos meus pais quando tinha vinte anos, foi na época em que estava terminando a faculdade conheci uma pessoa e começamos a dividir o apartamento. – Ela contou.
- E essa pessoa aí ainda mora com você?
- Por enquanto sim. Ela vai se casar com o meu irmão na semana que vem.
Ele sorriu aliviado, parecia que tinha ficado interessado no assunto.
- É sua amiga?
- Sim.
- Achei que essa pessoa fosse seu namorado.
Izzie franziu as sobrancelhas e riu.
- Não. Eu não tenho namorado.
Ele ia dizer algo, mas o garçom apareceu com os pratos. Isabelle agradeceu, mas esqueceu que o garçom não entendia muito do inglês, deu uma risadinha. Pela sua sorte, Demétrio agradeceu aos dois pelo garçom que sorriu e se afastou.
- Pode me dizer o que é isso que vou comer? – Ela perguntou olhando para o prato.
- É Gemista. Prove, e uma delícia, você vai gostar.
Ela fez careta antes de dar sua primeira garfada. E ao saborear a comida sentiu o gosto do tomate, pimentão e azeite. Como ele disse, era realmente muito gostoso.
- Nossa, é uma delícia!
Ele sorriu.
- Ah, e você pensa o mesmo que suas amigas?
- Sobre o quê?
- Em casar-se.
Isabelle franziu as sobrancelhas, confusa.
- Não. Quero dizer não que não queira me casar... É que no momento estou mais focada no meu lado profissional, será que você me entendeu.
- Sim, entendo.
- E você, por que não tem namorada?
Demétrio balançou a cabeça.
- Estou focado no meu lado profissional.
Isabelle hesitou e sorriu zombeteira. Será que ele estava tirando onda com a cara dela.
- Mas e Cassandra?
- Cassandra é minha prima. Não posso me envolver com ela mesmo se quisesse.
- Por quê?
- Porque ela já é comprometida.
- Jura?
Ele riu ao ver a cara dela de espanto.
- Sim.
- Nossa, e eu aqui pensando que ela tinha uma queda por você.
- Todo mundo tem essa impressão. Mas ela não tem uma queda por mim, é que crescemos juntos e somos como irmãos.
Isabelle sorriu. O assunto acabou por ali, comeram a sobremesa que veio como cortesia, o que ficou surpresa já que em Nova York não tinha aquilo mais nem se quisesse. Quando terminaram, Demétrio pagou a conta e saíram do restaurante.
- Onde vamos agora?
- Acho melhor irmos às compras. Temos que voltar antes das cinco. – disse e após andar em direção ao sul.
Isabelle notou que estavam voltando para o bairro Plaka, que situava debaixo do Acrópole, ali era uma parte distinta da cidade velha. Estando por baixo das sombras das paredes do Acrópole e com suas estreitas, a Plaka foi restaurada a sua antiga Georio. O encanto das suas paredes e das suas varandas de ferro, os gerânios que caem nos vasos de pedra, as pequenas igrejas por todo o lado e tavernas e lojas, que competem para chamar atenção das visitantes, fazem parte de um cenário magnífico. Depois do mercado de Atenas, sobre a sua de Athinas, está a Platia del Dimarcheo, a pra cá da Câmara, o centro do governo de Atenas, a praça de Kolonaki, é uma praça famosa e divertida para tomar café.
Demétrio levou-a em várias lojas chiques, como viera de uma família simples, escolheu as roupas mais baratas e bonitas, é claro. Apesar que as vendedoras só lhe traziam roupas extravagantes.
Num dado momento em que foi experimentar um vestido e quando saiu da cabine, viu que a vendedora estava rindo de algo que Demétrio falava. Quando a vendedora percebeu que estava sendo observada, sorriu sem graça e aproximou dela dizendo algo que fez Demétrio rir.
Fiquei tão sentida com aquilo que começou a escolher as roupas com menos interesse, por fim das contas acabou levando apenas um vestido que gostará muito, uma calça jeans, duas blusas e dois shorts que gostará muito.
Não se importava se a Sra. Lincoln não gostava de suas compras, pois não queria ficar recebendo ordens de uma mulher que nem conhecia e não gostava da ideia de usar o dinheiro que aquela mulher ofereceu para gastar. Bem que ela poderia me dar dinheiro para ir embora dali, pensou com ela.
Desde que começará a fazer compras perceberá que todas as vendedoras ficavam de olho em Demétrio como se ele fosse algo raro de se ver, quando olhavam para ela, riam. Na verdade, elas davam aquelas olhadas de desagrado pensando “como ele pode sair com ela" .
Odiava estar passando por aquilo. Também não era de se esperar que aquilo iria mesmo acontecer, ela andando com um cara grego e maravilhoso, enquanto ela era apenas uma mulherzinha sem graça e americana. Afinal, ambos não eram nada um do outro para se importar com aquilo.
Voltaram para o casarão em silêncio e antes das cinco. Isabelle foi obrigada a mostrar suas compras à Sra. Lincoln foi uma surpresa para ela.
- Comprou só isto?
- Sim. Não sou muito fã de fazer compras, Sra. Lincoln.
- Miranda, por favor. – lembrou-a e virou-se para o filho começou a conversa com ele em grego, pelo jeito estavam discutindo, pois Demétrio deu uma olhada para ela antes de se retirar do aposento.
O jantar ocorreu tranquilo e silencioso. Isabelle se sentiu culpada pela discussão entre mãe e filho que tiveram por algo tão bobo, mas não fizeram aquilo de propósito. Afinal só disse a verdade, não era mesmo fã de fazer compras como muitas mulheres por aí.
Estava disposta de sempre lembrar que ela era apenas uma intrusa naquela casa e não precisavam se preocupar com que ela estivesse confortável, afinal ela só queria ir para casa.
Foi para o quarto onde estava hospedada e ligou para a sua melhor amiga em vídeo pelo celular.
- Eu queria estar com você..., mas o destino nos pregou uma peça. – Sua amiga disse olhando em volta, já que ela estava sentada na cama.
- Seria bom se tivesse sido burra comigo.
Sua amiga riu do outro lado fazendo rir também.
- Veja bem, se eu tivesse sido burra como você provavelmente não estaria numa casa como essa aí.
- Ah estaríamos numa quitinete por aí. – Ela sorriu. – Mas pelo menos não iria se sentir sozinha.
- Mas cadê o bonitão que você contou?
Isabelle fez careta.
- Nem me lembre. Passei o dia andando com ele, foi maravilhoso até o momento em que todas, sabe que todas as mulheres olhavam para mim com desdém.
Sua amiga fez careta.
- Jura? Que chato isso..., mas não fica assim não você é linda, talentosa e a melhor amiga que só eu tenho.
- Obrigada.
Uma batida na porta a fez arregalar os olhos e se despediu da amiga o mais rápido que pode. Ao abrir a porta viu que era Demétrio.
- Estava falando sozinha? – ele perguntou ao olhar para dentro do quarto.
- Não.
- Pensei em ter ouvido alguém...
- Estava apenas conversando com a minha amiga. – Ela respondeu. – Estava resolvendo algumas coisas para partir na segunda-feira.
Ele ficou sem graça ao ouvi-la falar a palavra partir. Será que ele não queria que aquilo acontecesse?
- Vai mesmo ir embora sem conhecer a cidade?
Isabelle deu espaço para ele entrar no quarto. Era ridículo ficar conversando no corredor.
- Não posso ficar aqui. Eu sou uma das madrinhas de casamento da minha melhor amiga.
- É mesmo uma pena. Estava querendo te levar para conhecer o resto da cidade.
Ela sorriu sem graça.
- Pode me levar amanhã.
- Não dá para conhecer em um dia.
- Então ficará para a próxima. – Ela disse meio que sarcástica deixando-o totalmente desapontado. Estava sendo tão grossa com ele, não merecia ser tratado daquele jeito depois de tudo o que ele andou fazendo por ela. – Me desculpe. É que não quero perder... o casamento.
- Entendo.
- Eu sinto falta deles. Era para ter sido uma viagem em família, mas eu não estou lá com eles. – falou desanimada. – Será que é muito longe daqui?
Demétrio hesitou.
- Sim. De avião leva umas sete horas de viagem mais ou menos.
- Tudo isso. Você não tem um helicóptero escondido por aí não?
- Não.
Ela fez careta sentando-se na ponta da cama.
- Sinto falta dos meus pais e a única coisa que eles querem agora é me matar. – Resmungou chorona. - Eu estraguei a viagem e o casamento do meu irmão.
- Sinto muito.
- Como se isso ajudasse. Desculpa, não quero ser um estorvo para vocês aqui.
- Você não está sendo um estorvo.
- Mas fiz sua mãe brigar com você por causa... das compras.
- Ela gostou de você.
- Jura?
- Sim.
- Pelo menos alguém aqui gostou de mim.
- Eu gosto de você. Você é diferente, é espontânea.
Ela sorriu.
- Você ia falar alguma coisa para mim?
- Ah sim. Só queria avisar que amanhã iremos dar um passeio e queria saber se não quer ir junto.
- Ah bem, não tem para onde eu ir a não ser com vocês.
- Ótimo. Você vai gostar... e até amanhã. – Ele disse indo até a porta. – Kaliníxta, Isabelle.
- O quê?
Ele riu baixinho.
- É só uma boa noite em grego.
- Ah, um... kaliníxta para você também. – Ela respondeu toda sem graça.
Isabelle observou-o sair do quarto sorrindo. Toda contente, trocou de roupa e se deitou na cama, passou horas ali olhando o teto e pensando naquele homem enigmático até finalmente conseguir dormir.
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