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A Filha Desconhecida

Novidade inesperada

A atmosfera do consultório médico estava carregada de tensão quando a ginecologista, com um olhar sério e uma frustração visível, alertou:

— Seja cautelosa! A senhora poderia ter perdido o bebê, senhora Rasmussen. - As palavras dela reverberaram na mente de Roxanna, que inconscientemente tocou a barriga, um gesto quase instintivo, como se tentasse se conectar com a vida que pulsava ali dentro.

A realidade da gravidez parecia surreal; ela ainda não conseguia acreditar que algo tão precioso estava crescendo dentro dela.

A ginecologista entregou o resultado do exame, e Roxanna, apesar do choque, sentiu uma onda de alegria. Agradecendo à médica com um sorriso nervoso, ela saiu do consultório.

Seus passos ecoavam pelo corredor do hospital, cada batida no chão refletindo a empolgação e o nervosismo que se aglomeravam dentro dela. A ideia de contar ao marido sobre a gravidez a fazia vibrar internamente. Ela se perguntava como Alessandro reagiria à notícia.

Será que ele gritaria de felicidade?

Será que o beijo dele seria caloroso e cheio de amor?

Essas fantasias dançavam em sua mente enquanto caminhava.

No entanto, ao sentir o frio do anel no seu dedo, o seu coração acelerado começou a se palpitar. O brilho do metal a lembrou da realidade complexa em que vivia.

Alessandro não era exatamente o tipo de homem que sonhava em ser pai; seu casamento havia sido arranjado pela família dele, e isso pesava em sua mente. Roxanna sabia que essa nova vida poderia mudar tudo entre eles.

Mas será que era para melhor?

O contraste entre sua alegria e suas preocupações criava um turbilhão emocional dentro dela.

Enquanto saía do hospital, Roxanna precisava encontrar um equilíbrio entre a felicidade pela nova vida e as incertezas que cercavam o seu relacionamento com Alessandro Ela olhou para o céu claro lá fora e respirou fundo, decidindo que precisava dar um passo adiante.

Mas qual seria esse passo?

Alessandro sempre foi indiferente em todos os aspectos do relacionamento deles, especialmente na intimidade. Cada momento que compartilhavam era envolto em agresividade e desrespeito. Ele costumava dizer a Roxanna que não era necessário adicionar grilhões extras, que a paixão entre eles deveria fluir naturalmente, sem pressões desnecessárias.

No entanto, a ideia de um bebê estava longe de seus planos; era uma surpresa, uma reviravolta que deixava sua mente inquieta.

Ela então lembrou de uma noite em que ele chegou bêbado de uma viagem rápida e não usaram preservativo. Ele depois voltou no dia seguinte, sem se despedir dela.

Enquanto se aproximava do carro, Roxanna não conseguia se livrar da ansiedade que a consumia. A dúvida a acompanhava: Será que Alessandro ficaria feliz com a notícia?

A imagem dele sorrindo ao saber que seria pai se desenhava na sua mente, mas logo era substituída por uma sombra de preocupação; E se ele não quisesse ter um bebê?

Essa incerteza a atormentava enquanto ela entrava no carro e se sentava no banco do passageiro. Aquele momento deveria ser de celebração, mas sua mente estava cheia de questionamentos sobre o futuro deles.

— Sra.? - O motorista particular interrompeu os seus pensamentos, sua voz preocupada, quebrando o silêncio tenso dentro do veículo: — A senhora está bem? A senhora quer ligar para o chefe?

 Ele notou a expressão franzida no rosto dela, mostrando que estava atento ao seu estado emocional. Ele era confiável, quase como parte da família, sempre disposto a ajudar. Mas Roxanna hesitou; ela queria compartilhar sua alegria, mas ainda assim sentia que Alessandro deveria ser o primeiro a saber da novidade.

— Estou bem, obrigada. - Ela respondeu com um esforço para sorrir, mesmo que a sua mente estivesse em tumulto.

Ela apreciou a preocupação do motorista, mas o desejo de contar ao marido tornava-se cada vez mais forte. Afinal, ele era o pai do bebê, e essa notícia era algo que deveria ser compartilhado entre eles antes de qualquer outra pessoa.

Enquanto o carro começava a se mover, Roxanna olhou pela janela e viu as árvores passando rapidamente. Cada uma delas parecia simbolizar um pensamento diferente—os sonhos que tinham juntos, as expectativas de um futuro incerto e agora essa nova vida que poderia mudar tudo. O coração dela pulsava com emoção e nervosismo ao mesmo tempo; ela precisava encontrar coragem para contar a Alessandro e enfrentar o desconhecido juntos.

— Tem certeza, senhora que não quer ligar para ele? - Sugeriu o motorista.

— Não, não precisa. Ele está no avião, vou falar com ele assim que ele chegar. - Roxanna respondeu ao motorista, tentando manter a calma.

A janela do carro desceu lentamente, e o ar fresco entrou, trazendo com ele uma onda de nostalgia. Enquanto observava a cidade passando, sua mente começou a viajar para tempos mais simples, quando eram apenas estudantes na faculdade.

Ela lembrou-se da primeira vez que viu Alessandro. Ele estava sentado numa mesa da biblioteca, concentrado nos seus livros, o cabelo bagunçado e um sorriso despreocupado que iluminava o seu rosto. Naquela época, ela se via como uma nerd insuportável, sempre com o nariz enfiado nos livros e sem muitos amigos.

Alessandro era tudo que ela não era- o rapaz bonito, popular e nerd inteligente que atraía olhares por onde passava. No início, havia uma rivalidade entre eles; ela o achava arrogante e ele a via como um fardo. Mas algo inesperado aconteceu: a amizade floresceu quando ele começou a ajudá-la em suas matérias mais difíceis.

Roxanna suspirou ao lembrar do momento em que estava prestes a confessar os seus sentimentos por ele. Era uma tarde ensolarada e ela estava nervosa, ensaiando as palavras na mente.

Mas então, uma outra garota entrou em cena —linda e confiante, conquistando a atenção de Alessandro em um piscar de olhos. O coração dela se partiu ao ver como ele rapidamente se interessou por aquela nova garota, enquanto ela se sentia invisível.

Tentando afastar essas lembranças dolorosas, Roxanna olhou para sua aliança de casamento reluzente no seu dedo.

"O passado não voltará,” ela repetiu para si mesma como um mantra. A vida havia mudado muito desde aqueles dias; agora ela era a esposa de Alessandro, alguém que finalmente conquistou seu coração. Ele tinha lhe prometido que havia terminado com aquela garota do passado e que ela era a única para ele.

Mas agora, com um bebê a caminho, as incertezas voltavam a assombrá-la. Roxanna sabia que precisava ser forte; eles haviam construído uma vida juntos e essa nova fase exigiria ainda mais deles como casal. Ela queria acreditar que Alessandro ficaria feliz com a notícia do bebê e que juntos poderiam enfrentar qualquer desafio que surgisse no caminho.

O carro continuava a deslizar pelas ruas enquanto o vento fresco acariciava seu rosto e as memórias começavam a se dissipar lentamente.

Ela precisava focar no presente e no futuro que estavam prestes a criar juntos— um futuro onde o amor deles poderia prosperar ainda mais com a chegada desse novo ser.

Roxanna secou as lágrimas que teimavam em escapar dos cantos dos seus olhos, respirando fundo para se recompor. Com um leve tremor nas mãos, ela abriu a porta de sua casa e, ao entrar, foi envolvida por um aroma familiar que a fazia sentir-se em paz. O cheiro e o toque aconchegante da decoração que ela mesma tinha escolhido a acolheram como um abraço caloroso. A casa não era tão luxuosa quanto a vila da família de Alessandro, mas era o lar que ela havia construído com amor e dedicação.

Enquanto observava as paredes adornadas com fotos de momentos felizes, Roxanna disse a si mesma que estava pensando demais.

Aquela mulher do passado de Alessandro já não fazia parte de suas vidas há muito tempo, e seu casamento com ele tinha sido lindo como um conto de fadas nos últimos três anos. Ela sorriu ao lembrar das risadas compartilhadas e das pequenas aventuras que tiveram juntos.

Um olhar para o relógio na parede trouxe-a de volta à realidade. Ele já deveria ter desembarcado. Alessandro estava viajando a trabalho há mais de três meses— um período longo, mas necessário para os negócios da família.

Ele era o presidente da “Vogue Vibe”, a principal revista de moda da cidade, e Roxanna ocupava o cargo de vice-presidente. Juntos, eram uma dupla imbatível, tanto na vida pessoal quanto profissional.

A saudade apertou seu coração; ela realmente sentia falta dele. Com determinação, pegou seu celular e discou o número dele imediatamente.

A expectativa crescia dentro dela enquanto aguardava a conexão. Ela queria ouvir sua voz agora, saber quando ele voltaria para casa. Roxanna já começava a planejar uma refeição especial para recebê-lo; talvez um prato que ele gostasse.

Ela sonhava com aquele beijo doce que sempre selava seus reencontros.

Mas também havia algo importante que precisava contar a ele: ela estava grávida.

Essa notícia era uma das mais significativas de suas vidas e ela queria compartilhar esse momento especial antes de qualquer outra coisa. Enquanto imaginava como seria esse reencontro carregado de amor e emoção, seu coração disparou ao ouvir uma voz feminina do outro lado da linha.

"Alô? Quem fala?"

O mundo pareceu congelar por um instante. Roxanna sentiu um frio na barriga e seu sorriso desapareceu instantaneamente.

O que aquela voz estava fazendo na ligação?

Um turbilhão de pensamentos invadiu sua mente enquanto ela tentava processar a situação inesperada.

O retorno dela

Roxanna desligou o telefone com um gesto brusco, como se a ação pudesse apagar a voz que ainda ecoava na sua mente.

No segundo seguinte, as suas pernas fraquejaram e ela caiu no chão, sentindo o frio do piso contra a sua pele. Um tremor incontrolável percorreu o seu corpo enquanto sussurrava para si mesma:

"Não! Não! Não podia ser ela! Não podia ser a Violet!"

A negação era como um mantra, uma tentativa desesperada de afastar a realidade que havia se infiltrado na sua vida de forma tão abrupta.

"Eu devo ter ouvido errado", pensou, mas a certeza da voz feminina ainda reverberava em seus ouvidos.

Com o coração acelerado e a mente confusa, Roxanna correu em direção à geladeira, buscando um pouco de conforto na forma de álcool. A ideia de um gole de vinho parecia a solução perfeita para amenizar o turbilhão de emoções que a dominava.

Mas no momento em que suas mãos tocaram a garrafa, uma onda de lembranças invadiu a sua mente; as palavras do médico sobre o seu bebê ecoaram como um alerta.

"Eu preciso ter cuidado pelo bem do bebê", pensou, e com um suspiro pesado, guardou o vinho de volta. Em vez disso, pegou uma caixa de leite e caminhou lentamente em direção ao sofá, sentindo-se perdida.

Sentada ali, com o leite nas mãos, Roxanna se viu imersa em uma confusão de sentimentos. Ela não conseguia entender porque aquela voz havia ressoado tão claramente para ela.

Afinal, Violet nunca tinha sido uma amiga; na verdade, elas eram quase estranhas durante os tempos de escola. Violet era a típica beleza loira por quem todos os homens enlouqueciam, a garota popular mais bonita da faculdade. Alessandro também fazia parte desse mundo glamouroso; o playboy amado por todos. Juntos, eram o casal que todos esperavam ver juntos, muito mais do que ele poderia ser, com alguém como Roxanna.

O orgulho dela não suportava a ideia de ver o homem que amava perdidamente se apaixonar por outra mulher; isso a consumia por dentro. Por isso mesmo, na época da escola, Roxanna tentou se afastar silenciosamente deles. Mas Alessandro não permitiu que ela saísse da sua vida tão facilmente.

Sempre aparecendo na sua porta com aquele sorriso encantador e as promessas de aventuras no mundo real- ele era irresistível.

A lembrança dessas situações trouxe à tona um misto de nostalgia e dor.

Como poderia ter sido tão fácil para ele deixá-la para trás?

E agora, com essa aparição inesperada da voz de Violet, todas as inseguranças voltaram à superfície. Roxanna tentou se acalmar respirando fundo enquanto observava as paredes da sala, enfeitadas com suas memórias felizes ao lado de Alessandro. Mas agora tudo parecia ameaçado pela sombra do passado.

Ela precisava se concentrar no presente e no futuro; no futuro do seu bebê.

Com isso em mente, Roxanna tomou um gole do leite e fechou os olhos por um momento, tentando encontrar clareza em meio ao caos emocional que a envolvia. A última coisa que queria era deixar que as inseguranças dominassem sua vida novamente; ela tinha algo precioso para proteger agora.

Ela sempre foi a amiga do lado, escondendo o seu coração partido atrás de um sorriso encorajador. Ela desempenhou o papel de melhor amiga com maestria, mesmo quando seu interior estava em frangalhos. Ver Alessandro feliz ao lado de Violet era uma facada constante em sua alma. Ela se via rindo das piadas dele, apoiando as suas decisões e torcendo por ele, enquanto o seu próprio coração se despedaçava silenciosamente.

A cada olhar que ele lançava para Violet, a cada risada compartilhada entre eles, Roxanna se sentia como uma estranha em sua própria vida.

Quando decidiu estudar no exterior, a coragem finalmente se fez presente. Era uma nova oportunidade de escapar da dor e recomeçar. Mas, então, ela soube que Alessandro planejava pedir Violet em casamento. O pensamento a atormentava.

Como poderia ele dar esse passo?

O que havia de tão especial nela que o fazia esquecer da dor que Roxanna sabia que ele carregava?

Meses depois, ela soube que ele sofreu um acidente. Roxanna não hesitou em voltar urgentemente. Algo estava errado. Ao chegar, o seu coração afundou ao ver a expressão sombria nos rostos das pessoas ao seu redor. E então ela o viu: Alessandro estava ali, sem vida, como se toda a luz tivesse sido apagada do seu ser.

O mundo dela desabou naquele instante.

A verdade veio à tona como um golpe devastador; Violet o abandonara quando ele mais precisava dela.

Ele havia sofrido um acidente terrível e ficou meses sem andar; uma fase de vulnerabilidade extrema que deveria ter unido os dois ainda mais. Mas Violet escolhera sair da vida dele nesse momento crítico, e isso era algo que Roxanna nunca conseguiria perdoar.

O ódio por Violet começou a crescer dentro dela como uma chama ardente.

Como ela teve coragem de machucar Alessandro daquela maneira?

Era inconcebível que alguém pudesse deixar um coração tão gentil e amoroso em pedaços quando ele mais necessitava de apoio.

Alessandro nunca contou a ninguém sobre sua dor profunda além de Roxanna; apenas mencionou que tinha terminado com Violet porque não queria ser um fardo para ela. A revelação do sofrimento dele fez o amor que Roxanna sentia por ele parecer ainda mais intenso e torturante.

Quando Melissa organizou o casamento mesmo com desprezo por Roxanna; ela não entendia por que Alessandro concordara.

Roxanna sentiu uma mistura de raiva e tristeza. As palavras cortantes dele ainda ecoavam em sua mente: "Casar com qualquer pessoa que não fosse Violet seria a mesma coisa para mim." Isso soou como uma sentença de morte para seus sentimentos e esperanças.

Foi doloroso ver tudo isso acontecer diante dos seus olhos, mas ela não poderia deixar Alessandro sozinho nessa nova jornada. Ele estava machucado, e embora soubesse que se arriscava a ser destruída no processo, ela queria consertá-lo.

No meio desse turbilhão emocional, Roxanna acabou adormecendo no sofá da sala de estar, envolta em inseguranças e preocupações sobre o futuro. O peso do mundo parecia ter se instalado sobre seus ombros cansados enquanto as lágrimas secavam em seu rosto.

No meio da noite, algo a despertou.

Com os olhos pesados pela sonolência e pela dor acumulada nos últimos dias, ela abriu lentamente os olhos e reconheceu imediatamente o cheiro familiar e reconfortante que invadia seus sentidos.

"Alessandro", sussurrou ela, sua voz quase um eco do passado.

Ele estava ali, próximo dela, com aquele olhar intenso que sempre fez seu coração acelerar. Mesmo no meio da tristeza e da confusão, aquele simples ato de carinho trouxe um pequeno raio de esperança à escuridão que a cercava. Roxanna sentiu uma onda de emoções misturadas; amor profundo por ele e uma dor aguda pela perda que estava enfrentando.

"Você está aqui", disse ela com um fio de voz trêmula, enquanto tentava processar o fato de que ele realmente estava ali ao seu lado novamente. Era como se o tempo tivesse parado por um momento.

"Hmm!", Ele murmurou enquanto caminhava em direção às escadas:

— Por que você dormiu no sofá? Não cansa de ser tão irritante? - Roxanna olhou para ele enquanto ele a ajudava a se acomodar na cama.

Embora compartilhassem momentos íntimos, havia algo no jeito dele que a deixava insatisfeita. Estavam separados há mais de três meses, e seu corpo sentia falta dele, assim como seu coração desejava sua presença.

— Onde você esteve?' - Ela perguntou, bocejando: — Eu esperei por você.

Ele respondeu de forma indiferente, o que não era comum nele:

— Só encontrei um amigo. Você disse que estava me esperando; é algo urgente?

Ela fixou o olhar no seu rosto e, de repente, não queria estragar aquele momento. Assim, silenciou as suas preocupações e decidiu engolir a verdade mais uma vez.

Talvez amanhã ela tivesse coragem de contar a ele.

Mas então ela perguntou:

— O que você acha de termos um bebê?'

Alessandro a encarou surpreso e respondeu:

— Você sabe que não quero filhos. Não estamos nos amando. Então, para que ter um bebê?

Ela engoliu em seco, abanou a cabeça e fez bico, alegando estar com sono. Ele levantou-se. No instante em que estava prestes a sair após dar-lhe um beijo de boa noite na testa, Roxanna sentiu uma onda de pânico e o agarrou rapidamente, beijando-o com toda a paixão que sentia, tentando despi-lo e fazendo com que ele a tocasse mais profundamente.

Ela sentia falta dele e queria sentir-se conectada novamente.

— Espere, Roxy! - Ele disse, segurando as suas mãos na cama.: — Você disse que está com sono e precisa descansar.

Mas ela respondeu:

— Agora eu sinto mais saudades de você.

Ao olhar para ele com inocência, viu um desejo brilhar em seus olhos, mas logo desapareceu. Ele costumava ficar feliz com sua iniciativa.

Percebendo sua confusão, beliscou o seu nariz:

— Vou tomar um banho; estou cheirando a álcool.

Ela apenas assentiu e o observou ir ao banheiro. A sonolência voltou a atingi-la e ela fechou os olhos para descansar. Quando finalmente acordou na manhã seguinte, os raios de sol entravam pela fresta da cortina blackout e Jared estava ao seu lado.

— Oi! - Ela o cumprimentou com um sorriso enquanto ele a olhava como se estivesse receoso de dizer algo.

Quando Alessandro se sentou na cama, a luz da manhã filtrava-se suavemente através da cortina, iluminando seu rosto com um brilho suave. Ele segurava uma maçã vermelha e brilhante, que parecia quase irreal em sua perfeição. Com um gesto lento, ele estendeu a fruta para Roxanna, que o observava com desconfiança.

— O que é isso? Isso é um suborno? - Ela perguntou, com uma leve ironia na voz: — Você me deixou esperando ontem à noite e agora vai me comprar com uma maçã?

A expressão dele não mudou; ele não riu.

Um profundo suspiro escapou de seus lábios enquanto ele se inclinava um pouco mais perto.

— Roxanna. - Ele começou, segurando a sua mão com firmeza, seus olhos fixos nos dela.

O mundo ao redor parecia desaparecer enquanto a tensão aumentava. No fundo de seu ser, Roxanna sentiu seu coração acelerar, pulsando como se quisesse escapar do peito.

Pensamentos tumultuados invadiram sua mente: o bebê em seu ventre, a recusa dele em aceitar essa nova vida. Ele tinha algo para contar, e ela sabia que precisava falar também; afinal, ele era o pai.

— Ok. - Ela disse nervosamente, a voz tremendo levemente: — O- o que é?

Ele respirou fundo, como se estivesse preparando as palavras que estavam prestes a sair.

— Você sabe que esse dia chegaria, certo? - A pergunta pairou entre eles como uma nuvem pesada.

Roxanna tentou entender lentamente, seus lábios entreabertos em expectativa e apreensão. O medo do que ele diria a consumia; um mau pressentimento começava a se formar no fundo de seu estômago.

Nesse momento, Roxanna escondeu suas mãos fechadas em punho sob o lençol, lutando contra as lágrimas que ameaçavam escorregar por seu rosto. Ela não entendia por que ele estava dizendo isso; algo dentro dela já pressentia o pior.

— Roxy... - Ele fez uma pausa significativa, apertando os olhos como se estivesse reunindo coragem antes de olhar novamente nos dela.

— Eu acho que está na hora de nos divorciarmos.

As palavras dele atingiram Roxanna como um soco no estômago.

O coração dela se apertou instantaneamente; a dor era quase insuportável.

Ele continuou:

— Eu sei que você também não tem sentimentos por mim. Você só se casou comigo por causa da minha mãe. - Sua voz era calma e controlada, mas as palavras cortavam como facas afiadas:

— E ela nem gosta de você também. Ela só obrigou você a se casar comigo porque eu estava inválido... Te agradeço por tudo o que fez por mim, mas… agora é hora de buscar nossa verdadeira felicidade, Roxy.

Ela balançou a cabeça em negação, a confusão tomando conta dela:

— D-Do que você está falando, Alessandro? - A incredulidade estava estampada em seu rosto.

Sem esconder seu entusiasmo agora crescente, ele revelou:

— Violet está de volta, Roxanna. Meu primeiro amor voltou.

Ela não queria mais ser uma tola

A revelação ecoou na mente dela como um trovão distante; cada palavra parecia ressoar com um peso insuportável. O chão sob seus pés parecia desmoronar enquanto ela tentava processar tudo o que acabara de ouvir. O mundo ao redor tornou-se turvo enquanto as lágrimas tentavam escorrer pelo seu rosto.

A maçã ainda estava ali entre eles — tão perfeita e inocente — contrastando com a tempestade emocional que se desenrolava no coração de Roxanna.

Roxanna sentou na beira da cama, a luz da manhã filtrando-se pelas cortinas, criando um ambiente ao mesmo tempo, acolhedor e opressivo. Quando tentou se levantar, ele segurou a sua mão com firmeza, como se quisesse impedi-la de partir. O gesto a pegou de surpresa, e imediatamente as lágrimas tentaram escorregar pelo seu rosto.

Ela as segurou rapidamente, temendo que ele notasse sua fragilidade.

Ele posicionou-se na sua frente, os olhos fixos nos dela. Roxanna tentava desviar o olhar, mas a intensidade do olhar dele era quase palpável.

Sentia o seu coração se despedaçando a cada segundo que passava. Na sua mente, uma tormenta de pensamentos a assaltava: por três anos ela havia alimentado a esperança de que o seu amor fosse correspondido, que ele pudesse vê-la como mais do que uma esposa substituta.

Mas agora, essa esperança parecia tão ingênua quanto os sonhos de uma criança.

— Roxy. - Ele disse seu nome com uma suavidade que contradizia a dor no seu peito.

Ao ouvi-lo, ela prendeu a respiração, engolindo a dor que ameaçava transbordar. Forçando um sorriso que não refletia o que sentia por dentro, ela respondeu:

— Preciso tomar um banho antes de descer para o desjejum.

Ele a encarava, como se tentasse decifrar as suas emoções confusas. Um suspiro escapou dos seus lábios enquanto ele finalmente soltava a sua mão.

— Ok. Vou esperar por você aqui. Vamos comer e ir para o trabalho juntos.

A palavra "juntos" ecoou na sua mente como um golpe cruel.

Como ele podia ser tão insensível?

A proposta de manter uma amizade após ter pedido o divórcio era quase insuportável. Ele havia revelado na noite anterior que não queria filhos e agora confessara que seu primeiro amor havia voltado para sua vida. Roxanna sentiu um nó se formar em seu estômago ao pensar na ironia da situação: ela estava carregando um bebê, uma nova vida que poderia ser um motivo de alegria, mas para ele poderia parecer apenas um fardo.

As lembranças dos momentos felizes que compartilharam agora pareciam distantes e irreais.

Na realidade, apenas ela estava feliz nas suas lembranças.

Se antes ela havia tentado se forçar a ser apenas amiga dele, desejando a sua felicidade mesmo em meio à sua própria dor, essa coragem já não existia mais.

O peso do amor não correspondido e da traição emocional era insuportável, especialmente enquanto lidava com a realidade de estar grávida.

Roxanna sabia que não poderia suportar essa tortura novamente; ela precisava encontrar uma maneira de seguir em frente, mesmo que isso significasse deixar para trás tudo o que sonhara ao lado dele.

A esperança poderia ter falhado, mas sua determinação estava apenas começando a surgir.

Roxanna olhou para ele, forçando um sorriso que mal chegava aos olhos.

— Não podemos ir juntos para a empresa. Preciso visitar o estúdio para a sessão de fotos dos nossos novos modelos... - A frase saía como uma tentativa de manter a normalidade, mas havia uma tristeza subjacente que não podia ser ignorada.

Ele contestou, com um tom de preocupação:

— Eu vou com você. - As palavras pareciam um convite a não deixá-la ir sozinha, mas ela negou rapidamente, empurrando gentilmente as mãos dele.

Seus olhos seguiram sua mão, como se a distância física pudesse traduzir a distância emocional que agora os separava.

— Não. - Ela insistiu, a voz firme, mas com um tremor sutil: — Você tem alguns documentos para assinar. Nossos horários já estão organizados, lembra? E eu nunca entro com você pelo elevador presencial.

A lembrança dos compromissos compartilhados parecia pesar entre eles.

— Eu tenho um motorista particular, Alessandro. Vou ficar bem indo sozinha como sempre. - As palavras saíam dela como uma defesa, uma armadura contra a vulnerabilidade que sentia.

Ele suspirou e assentiu lentamente, percebendo que essa era uma batalha que não poderia vencer.

Roxanna virou as costas e entrou no banheiro.

Assim que a porta se fechou atrás dela, o som do chuveiro se ligou e logo ela estava embaixo da água fria. As lágrimas começaram a escorregar pelo seu rosto enquanto ela cobria a boca para suprimir os soluços. Seus ombros tremiam e cada pensamento sobre o bebê dentro dela tornava tudo mais difícil de suportar. Engoliu seco e tentou se acalmar, lembrando-se da força que precisava ter.

Depois de alguns minutos sob o chuveiro, ela enxugou o rosto com uma toalha e acariciou a sua barriga, sussurrando palavras de encorajamento para si mesma. "Preciso ser forte," pensou. "Não posso colocar a vida do bebê em risco por causa disso."

Com um último suspiro profundo, terminou seu banho e saiu do banheiro.

Ao abrir a porta, ficou chocada ao ver Alessandro ainda ali. Ele lutava para arrumar sua gravata diante do espelho de corpo inteiro. O olhar dela se desviou para seus saltos altos e o vestido jogado na cama.

— Eu escolhi seu vestido para hoje. - Ele disse com um sorriso.

O casamento deles era algo secreto e ele sempre tentava fazer parecer que era normal.

Ela pegou o vestido da cama e entrou no closet, sentindo a presença dele logo atrás dela. Com um movimento rápido, colocou o vestido roxo de volta e pegou um vermelho vibrante. Quando se virou novamente para ele, viu sua testa franzida em desaprovação.

— Prefiro vermelho hoje. - Ele disse com determinação: — Vou me sentir linda neste vestido."

Seus olhos foram para o tecido vermelho que segurava e seu rosto imediatamente ficou sombrio em desaprovação

— Tanto faz. - Ele respondeu suavemente, caminhando em sua direção com um sorriso compreensivo: — Me ajuda a arrumar essa gravata primeiro?

Roxanna estava nervosa enquanto se aproximava dele, o vestido vermelho nas suas mãos parecia tão leve, mas, ao mesmo tempo carregava um peso emocional imenso.

Com delicadeza, ela colocou o vestido sobre o braço dele, sentindo a textura do tecido contra a pele dele. Era uma pequena conexão entre eles, um gesto que falava mais do que palavras poderiam expressar.

Enquanto tentava ajustar a gravata dele, os seus dedos tremiam levemente. A gravata estava um pouco torta e ela queria que tudo ficasse perfeito. Roxanna podia sentir o olhar dele fixo no seu rosto, como se ele estivesse tentando contar algo.

O coração dela disparou, quase pulando do peito. Ela respirou fundo para se acalmar e, sem pensar, mordeu o lábio inferior em um gesto de nervosismo.

A visão começou a ficar turva, não apenas pela tensão do momento, mas pela confusão de sentimentos que a dominava. Quando ele chamou o seu nome com aquela voz profunda e intensa, um frio na barriga a pegou de surpresa.

— Roxy!? - Ele parecia prestes a revelar algo importante. Ela deu um pequeno pulo, quase como se estivesse voltando à realidade.

"Hmm?" Sua voz saiu mais alta do que pretendia.

Ele hesitou por um momento antes de continuar:

— Eu tenho outra coisa para dizer.

Roxanna rapidamente terminou de ajustar a gravata dele, seu coração ainda acelerado. Em seguida, pegou o vestido novamente e olhou para ele com uma mistura de ansiedade e determinação.

— Vamos conversar outra hora. Eu vou me atrasar. - Sua voz soou firme, mas dentro dela havia uma tempestade de emoções.

— É importante. - Ele insistiu, mas ela sentia que seria algo que ela não queria ouvir.

— Depois conversamos. - Ela afirmou e começou a caminhar em direção ao banheiro.

Enquanto ele olhava para a porta se fechar com o olhar sombrio.

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