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Michel Salvatore – O Doutor da Máfia

Início

Aviso ao leitor:

A história de Michel começa alguns meses após o epílogo do livro anterior, trazendo novos desafios e emoções intensas. Este livro contém gatilhos relacionados a violência, máfia, traumas e situações emocionais delicadas, sexo explícito, bebidas alcoólicas, drogas e palavrões.Recomendo que, caso você seja sensível a esses temas, leia com cautela e se priorize.

Prepare-se para mergulhar em uma narrativa de paixão, redenção e escolhas difíceis, onde os segredos mais obscuros são postos à prova.

* OBS: é preciso ler o primeiro livro para entender a história direito, cada livro será um novo mistério a ser resolvido. Tipo "outer banks" em que cada temporada tem um novo mistério a ser desvendado.

...PERSONAGENS ...

...⚕️...

...SECUNDÁRIOS:...

^^^(Todas as imagens foram recriadas da Internet )^^^

...secundários terciários não precisarão de fotos, podem imaginar do jeito que quiserem....

...EPÍGRAFE:...

..."Entre salvar vidas e proteger segredos, existe uma linha tênue que separa quem somos do que escondemos. E, às vezes, o amor é a única cura para as feridas que ninguém pode ver."...

Capítulo 01

Eu amava minha profissão. Salvar vidas de pessoas inocentes era o que me movia neste mundo. Bem, inocentes talvez fosse a palavra-chave. Porque, se alguém ousasse ameaçar ou prejudicar minha família, eu não hesitava: mandava direto para a cova.

Já fazia nove meses desde que nos livramos dos inimigos italianos. Finalmente vivíamos um período de calmaria. Nossa pequena Mavie crescia saudável, longe dos perigos que o mundo sujo e cruel tentara impor a ela antes mesmo de nascer. Tentaram matá-la quando ainda era só uma sementinha. Agora, com quase um ano, aquela garotinha de olhos heterocromáticos era a luz dos meus dias.

Pela manhã, realizei uma cirurgia delicada: removi um tumor de uma criança. Felizmente, tudo correu bem. Hoje, porém, a rotina mudava um pouco. Era dia da visita do CEO do hospital, então, como de costume, tínhamos que marcar presença no auditório do Getúlio Simmons, o principal hospital universitário do conglomerado HUGs. Além do hospital, o grupo também administrava o quartel do corpo de bombeiros da cidade, outro pilar da infraestrutura de Chicago.

Entrei no auditório e me sentei ao lado de Zick e Maya, meus colegas de longa data e confidentes do meu lado obscuro. Peguei meu café da Starbucks e o saboreei enquanto o telão exibia o nome e a foto de Fred Simmons, o CEO.

— Não sabia que os bombeiros viriam também — comentou Maya, mordendo seu donut e alternando entre goles de milkshake.

— Pensei que tivessem uma reunião própria lá no quartel — disse Zick, pegando uma pipoca do saquinho que trouxe.

— E se acontecer alguma emergência e eles não estiverem lá? — Maya resmungou. — Ser bombeiro é assim, né? Não tem um dia de paz.

— Acho que só mandaram os representantes — respondi, observando o auditório se encher.

— Ah, não! Não acredito nisso... Que droga! — Maya exclamou de repente, incrédula, mastigando o donut com raiva. — O que aquela vadia tá fazendo aqui?

Segui seu olhar até a porta, onde uma mulher loira acabava de entrar. Usava uma camisa azul-marinho com a logo dos QGs, uma calça boca de sino e um coturno com salto. Ela era, admitidamente, muito bonita.

— Bonita ela é — comentei, olhando-a por mais tempo do que deveria. — Bonita é pouco. Ela é gostosa pra caralho.

— Concordo — Zick completou, rindo.

— O quê?! Vocês não podem achar ela bonita, seus traidores! — Maya nos fuzilou com o olhar.

— Por que você não gosta dela? — perguntei, curioso.

— Estudamos medicina juntas. Ela decidiu ser paramédica, e a mãe dela quase surtou. Éramos melhores amigas nos primeiros períodos, mas brigamos no terceiro ano. Depois disso, começamos a espalhar mentiras uma sobre a outra na universidade.

— Por que brigaram? — Zick perguntou, mordendo a pipoca, claramente se divertindo.

— Porque ela decidiu não me convidar para o aniversário de 20 anos dela. Melhores amigas, e ela não me chamaria? Então, liguei para a polícia e denunciei a festa. Bom, ela acabou indo parar na delegacia porque tinha drogas no local.

Encarei a mulher, agora sentada algumas fileiras à nossa frente. Ela parecia alheia à confusão que sua presença causava. Enquanto isso, Maya continuava resmungando, enumerando os defeitos de sua antiga melhor amiga e detalhando como ela era "manipuladora" e "egoísta". Tentei conter um sorriso. A tensão no ar prometia um dia interessante.

— Bem-vindos a todos e muito obrigado por estarem aqui hoje. Meu nome é Fred Simmons. Meu avô fundou este hospital e o quartel de Chicago com o objetivo de melhorar a vida dos cidadãos e proporcionar excelência aos profissionais que atuam nessas áreas — declarou Fred, com a segurança de quem estava acostumado a discursar. — Hoje, temos a honra de contar com a presença de três dos nossos melhores bombeiros: Edward, Nathaniel e Elisa, nossa talentosa paramédica.

O auditório irrompeu em aplausos enquanto os três bombeiros se levantavam para cumprimentar o público. Meu olhar se prendeu na loira. Ela tinha um sorriso impressionante, que parecia iluminar o ambiente. Por um breve instante, nossos olhos se encontraram, e senti uma pontada de familiaridade. Já tinha visto aquela mulher antes, mas onde?

— Sinto que conheço essa donzela — comentou Zick, também fixando os olhos nela.

— Provavelmente já ouviu falar dela. É filha de Zeneide Parker, a estilista e professora de passarela mais famosa do momento. Além disso, o pai dela, Hermes Parker, foi um nadador lendário, com doze medalhas de ouro olímpicas no currículo — explicou Maya, com um tom ácido que entregava sua aversão.

Quando Elisa voltou a se sentar, lançou um olhar para trás, exatamente na minha direção. Tentei decifrar aquele gesto, mas logo percebi um homem ao lado dela que passou o braço casualmente por suas costas. Será que estavam juntos?

— Ah, é verdade! Agora lembrei dela — Zick falou, estalando os dedos. — Hermes Parker era uma lenda!

Maya apenas assentiu, sem demonstrar interesse em prolongar o assunto.

A apresentação continuou por mais meia hora antes de sermos dispensados. Peguei meu jaleco branco, que estava pendurado no braço da cadeira, e segui para a saída.

Do lado de fora, me deparei com Elisa mexendo no celular. Decidi me aproximar e, de propósito, esbarrei levemente nela.

— Olha por onde anda, idiota! — ela reclamou, sem tirar os olhos do telefone.

— Com uma beldade como você no caminho, é impossível prestar atenção por onde andar — respondi, com um sorriso despreocupado.

Ela ergueu os olhos e me encarou. Seu sorriso de canto era puro deboche, e seus olhos verdes pareciam vasculhar minha alma. De perto, era ainda mais bonita, se é que isso era possível.

— Não caio em joguinhos como o seu — respondeu, com firmeza.

— Não pedi pra cair — retruquei, mantendo o tom descontraído.

— Tenta outra cantada da próxima vez — disparou, começando a se afastar.

— Pode deixar — falei, observando-a sair pelo corredor.

Não resisti e deixei meus olhos seguirem o movimento dela. A calça jeans realçava sua silhueta de uma forma quase hipnotizante.

— Você não tem vergonha na cara, né? — Maya me cutucou no braço, me olhando como se eu tivesse cometido um crime.

Apenas sorri, dando de ombros. Conhecer Elisa de perto tinha sido um "acidente" muito bem planejado.

Capítulo 02

Eu odiava jantares em família. Odiava mesmo. Era aquele momento em que todos se sentiam no direito de te cobrar por tudo, como se você fosse um projeto inacabado. Eu fazia de tudo para evitar essas ocasiões, mas hoje era impossível escapar. Era o aniversário de 65 anos da minha avó, e faltar não era uma opção. Se eu não aparecesse, ela faria questão de me lembrar disso pelo resto da vida dela.

Agora, eu estava estacionando em frente à mansão da minha avó, uma casa luxuosa digna de uma ex-modelo aposentada. Wihzie Parker sempre teve uma queda por tudo que envolvesse ostentação e extravagância. Tudo na vida dela precisava ser grande, caro e impressionante, desde as roupas até a mobília.

Peguei minha bolsa do banco do carona e caminhei até a porta, que tinha quase três metros de altura — completamente desnecessária, diga-se de passagem. Assim que entrei, senti todos os olhares recaírem sobre mim. Era como se eu tivesse feito uma entrada triunfal, mas, na verdade, já fazia três jantares que eu não aparecia.

— Elisa, minha querida! — vovó veio me abraçar, com um sorriso radiante. — Que bom que você veio, meu amor. Estava sentindo sua falta! Entre, sente-se.

— Obrigada, vovó. — Respondi com um sorriso contido e me acomodei no sofá de couro, deixando minha bolsa Chanel ao lado. — Feliz aniversário, a propósito. Esqueci seu presente no carro, mas já trago daqui a pouco.

— Não se preocupe, querida — ela disse, acenando despreocupadamente.

Eu comecei a contar mentalmente os segundos até a inevitável chuva de perguntas começar. E não demorou muito. A primeira veio da tia Rose, que parecia ansiosa para me interrogar.

— E então, Lis, como anda o trabalho? Ainda não pensou em trabalhar como médica de verdade?

— Tia Rose, eu já atuo como médica — respondi, tentando manter a paciência.

— Quero dizer em um hospital, querida.

— Ah, não, obrigada. Estou muito bem no Corpo de Bombeiros. Lá tem mais adrenalina, e eu prefiro isso a ficar trancada o dia inteiro num hospital frio e sem graça.

Tia Rose abriu a boca para continuar, mas foi interrompida pela voz animada da minha avó:

— E você, já está namorando?

Antes que eu pudesse responder, minha mãe apareceu descendo as escadas, com aquele tom de quem estava prestes a soltar uma indireta.

— Quem? A Elisa? Essa aí não namora. É impressionante como toda essa beleza parece não servir pra isso — ela soltou, com um sorriso irônico.

— Meredith, não fale assim com ela — meu avô interveio, lançando um olhar de reprovação para minha mãe.

— Mas é a verdade! Homem nenhum consegue segurar a Elisa. É quase um fenômeno.

Sem pensar, soltei a primeira coisa que me veio à cabeça:

— Acontece que eu estou namorando.

O silêncio tomou conta da sala. Todos me olharam como se eu tivesse acabado de anunciar que iria à lua.

— Está? — a sala inteira perguntou em uníssono, claramente incrédula.

— Sim — confirmei, embora a mentira já começasse a pesar.

— E quando pretendia nos contar? — indagou tia Rose, com um tom que misturava curiosidade e acusação.

— Em breve... ainda está no início — menti novamente, tentando parecer convincente.

— Queremos conhecê-lo! — decretou minha avó, com os olhos brilhando.

— Pra ontem — acrescentou minha mãe, cruzando os braços com um olhar desafiador.

E foi nesse momento que percebi que tinha cavado um buraco enorme para mim mesma.

...⚕️...

— Você fez o quê? — Bianka quase gritou, arregalando os olhos quando terminei de contar sobre a mentira que inventei no jantar da minha família.

— Ah, qual é, Bianka. Não vai me dizer que nunca contou uma mentirinha pra sua família.

— Uma mentirinha é dizer que você já lavou a louça ou que estava estudando quando, na verdade, estava assistindo série. Mas mentir que está namorando? Isso é outro nível, Lis! Sua família já te cobra demais sem isso. Agora que acham que você tá "namorando", as expectativas vão subir ainda mais.

Ela tinha razão, como sempre.

Minha família era terrível nesse sentido. Cobranças e expectativas eram constantes, e, como a prima mais velha, eu sempre carreguei o peso de "dar exemplo". Já tinham ficado decepcionados o suficiente quando decidi ser paramédica em vez de médica de hospital.

O problema é que eu amava o que fazia. A adrenalina de um chamado inesperado, correr para salvar vidas, sentir a pressão do momento e, no final, receber o reconhecimento daqueles ao redor... era algo insubstituível. Meu coração acelerava de orgulho toda vez que conseguia ajudar alguém.

Se meu pai estivesse vivo, ele diria que estava orgulhoso. Eu sabia disso. Ele sempre dizia que eu era o maior orgulho da vida dele.

— E o que você vai fazer agora? — Bianka perguntou, enquanto me ajudava a organizar os materiais na ambulância.

— Vou dar um jeito. — murmurei, mais para mim do que para ela.

Mas, antes que pudéssemos continuar a conversa, o alarme tocou.

Era como apertar um botão de pausa na vida. Assim que o som estridente ecoou pelo quartel, largamos tudo e corremos para a ambulância. Bianka foi para o banco do carona enquanto eu assumia o volante.

— Acidente na DuSable Bridge. Condutor alcoolizado. Quatro feridos. — a voz mecânica saiu pelo rádio.

Dirigimos até o local o mais rápido possível. Quando chegamos, o cenário era caótico: pedaços de vidro espalhados, veículos danificados e vítimas feridas. Fizemos os primeiros socorros ali mesmo. A vítima mais grave foi colocada na nossa ambulância, enquanto as outras seguiram em outras unidades.

No caminho para o hospital, a tensão era palpável. Liguei a sirene e cortei o trânsito. Cada segundo contava. Assim que chegamos ao HUGs, a equipe médica já estava a postos, esperando para receber o paciente.

E então, lá estava ele.

Alto, tatuado, com bíceps que pareciam esculpidos. A barba rala e os olhos azul-claros pareciam capazes de perfurar qualquer armadura emocional. Por um segundo, perdi o foco, até que a voz dele — grave e autoritária — trouxe meu cérebro de volta à realidade.

— O que temos aqui?

— Homem, 27 anos. Trauma na cabeça. O airbag não abriu, e ele bateu a cabeça no volante. — Respondi, tentando ignorar o calor que subiu pelo meu pescoço. — Sinais vitais instáveis.

Ele apenas assentiu, assumindo o controle enquanto guiava a maca para dentro do hospital. E eu? Bem, tentei, sem sucesso, apagar da memória a imagem daquele olhar intenso que parecia me conhecer melhor do que eu mesma.

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