A vida nunca foi boa comigo.
Sempre pedi a Deus que ele me desse a oportunidade de viver feliz nem que fosse só por um dia inteiro. E quando eu pensei que aconteceria… a queda que sofri foi grande demais.
Meus pais,morreram quando eu tinha só um ano de idade. Minha guarda ficou para minha tia Margareth Cavallieri.
A pior das piores.
Ela sempre me tratou como se eu fosse um peso. Como se eu tivesse roubado a sua vida e liberdade.
Me lembro de cada detalhe. De cada humilhação.
O pior foi quando o ex-marido dela tentou abusar de mim, quando eu tinha somente 13 anos. Ela não acreditava em mim, até ele tentar de novo e ela chegar bem na hora.
Mas ela me culpou.
Segundo ela,eu o provoquei. Segundo ela eu sou uma puta. Sou...igual a minha mãe.
Mesmo que eu não saiba o porquê dela dizer aquilo.
Doeu muito. Não só a surra que eu levei,não só ficar dias sem comer. E não só, ter sido uma piada para todos do bairro...que acreditaram que eu realmente provoquei aquele verme em forma humana.
Tentei de tudo para aguentar a dor constante no meu peito desde que me entendo por gente. As lágrimas são minhas aliadas. Elas caiem sempre que eu estou sozinha.
Sempre que eu sei que estou segura no meu quarto escuro. No quarto que,como a minha tia sempre disse... é mais que eu mereço. Moro numa casa chique e luxuosa... mas meu quarto...ou aonde eu vivo e o oposto disso.
Só tem um colchão fino,com cobertores finos que mal me esquentam a noite. Uma caixa de papelão que guardam as minhas roupas,que não são muitas. Um banheiro nada luxuoso,mas me serve.
A única coisa que eu amo na minha vida é poder ir pra escola. Ela teve a gentileza de me deixar estudar. Tenho boas notas,até porque se eu não tiver,sofrerei as consequências. Tenho uma amiga que me ajuda a esquecer a vida de merda que eu tenho.
Molly Giordano. O ser humano mais bom que eu já vi na vida. Ela sabe tudo sobre mim. Exatamente tudo. E eu sei tudo sobre ela. Tudo mesmo. A família de Molly faz parte da máfia Italiana.
Mas isso não vem ao caso agora.
Fora a escola eu trabalho em um restaurante como garçonete. Claro que meu salário não é meu. Tia Margareth me toma tudo..quase tudo. Tiro um pouco,e digo que foi descontado em algo que eu provavelmente quebrei.
Mas,isso me custa alguns tapas na face. Ela sempre fica super irritada comigo. E cada vez que eu suspiro perto dela..sou castigada por absolutamente nada.
Mas,estou conseguindo juntar o valor necessário para sumir daqui duas semanas.
Sim!
Finalmente farei 18 anos em duas semanas e poderei ir embora desse lugar que sempre foi uma prisão para mim.
Bordeaux. Interior da França. Uma cidade bonita,mas não me recordo de ser feliz aqui.
E é por isso que vou fugir assim que o amanhecer do meu aniversário raiar. Eu sonho com isso desde os meus 13 anos. Desde,que aquele nojento passou as mãos em mim.
Vou fugir sem que ninguém saiba. Ninguém além da minha melhor e única amiga. Ela queria me ajudar,mas eu não posso meter ela nisso. Se algo der errado não quero que ela se meta em problemas.
Acabei de chegar da escola,vou para meu trabalho em alguns minutos. Por isso tenho que correr e fazer o almoço da tia Margareth,antes de ir. Se não ela me mata.
Coloquei meu avental e comecei a preparar um risoto. Logo ela apareceu na cozinha com a cara de nojo que tem sempre quando está em na minha presença.
- Anda logo com isso...estou faminta! - Falou se sentando na bancada da ilha luxuosa da cozinha.
- Sim senhora! - falei sem olhá-la
- Vai cozinhar na sexta a noite! Receberei um convidado. Então,não me cause problemas!
- Mas...mas..eu vou trabalhar...
- Está questionando a minha ordem, vagabunda?! - gritou,me fazendo pular de susto.
- Não senhora! Vou fazer o que a senhora mandou! Tem algo que queira de especial? - Perguntei terminando de preparar a comida
- Só algo que seja impecável! Meu convidado é alguém da alta classe. Então se você me envergonhar...já sabe! - disse em um tom ameaçador - E terá que preparar tudo mais cedo. Para poder tomar um banho e se arrumar. Comprarei um vestido,se arrume adequadamente.
A olhei espantada e ela sorriu maléficamente.
- O quê?
- A senhora...a... - gaguejei e ela riu
- Faça o que eu digo! Tenho planos para você! Vai me retribuir por ter cuidado de você por todos esses anos.
Senti uma vontade enorme de gargalhar.
Cuidou? Como?
Me torturando e me fazendo de escrava?
- ESTÁ QUEIMANDO SUA IDIOTA! - gritou me trazendo de volta dos meus pensamentos - Imbecil. Olha o que você fez?
Recebi um tapa no rosto e cai no chão com o impacto. Ela segurou meus pulsos e me levantou segurando meus cabelos em seguida.
- Olha só! Não vejo a hora de me livrar de você! Será o melhor dia da minha vida! Um peso inútil. É isso que você é! Igual a sua mãe!
- Por que você odeia ela? Porque me odeia? - perguntei cansada entre as lágrimas.
Ela segurou meu cabelo com mais força e chegou seu rosto bem perto do meu.
- Ela tirou tudo de mim! E de brinde me deixou com o problema dela para cuidar! Eu odeio você e ela com todas as minhas forças...mas vou usar você para pagar por tudo que eu perdi depois que ela me roubou o que eu mais queria.
Ela me empurrou e eu bati o braço na chama quente me queimando e depois cai no chão outra vez,vendo ela se afastar furiosa.
- Deus...por favor! Me ajude!
Sussurrei pedindo outra vez para ser salva do inferno em que eu vivo.
......................
Estou sentada de frente para um senhor de idade que tem uma aura pesada e assustadora. Conforme eles estão conversando eu entendo o que está acontecendo aqui.
Minha vontade é de desaparecer da face da terra.
- Está divino Senhorita Cavallieri! A quem eu devo parabenizar? - o senhor perguntou sorrindo e eu continuei com as mãos no colo e de cabeça baixa.
- A minha linda sobrinha,fez questão de cozinhar especialmente para vocês hoje! - dava para ver a falsidade na voz dela,mas aparentemente o senhor não vê
- Senhorita...? Qual é sua graça? - perguntou se referindo ao meu sobrenome
Minha tia me encarou com ódio nos olhos e eu voltei meu olhar para o senhor simpático
- Mia Santini! Tenho o sobrenome...
- Do pai dela! - Minha tia se intromete - Ele faleceu junto com a minha irmã a quase dezessete anos.
Falou com uma falsa tristeza
- Sinto muito Bella Mia! O senhor falou genuinamente me olhando e eu assenti com a cabeça.
- Sinto muito pelo atraso do meu filho! Aquele figlio de puttana sempre me decepciona! Por isso o acordo! Quero colocá-lo na linha! Logo ele será meu sucessor e com a atitude que ele tem não será bom para organização!
- Tudo bem Senhor Giordano! Entendemos perfeitamente!
Giordano?
Droga! Ele é pai da Molly?
O que ele está fazendo na casa da minha tia?
Meu Deus! Meu Deus!
Molly disse que o pai estava obrigando o irmão mais velho dela a se casar.
Será que?
Deus! Não!
Não,por favor não!
Não vou sair de uma prisão para ir para outra!
De jeito nenhum!
Inferno.
Meu pai está me fazendo deixar a mulher que eu amo,para me casar com alguém que nem conheço! Só pelo fato que serei seu sucessor na máfia. E minha mulher não é italiana.
E ele simplesmente odeia a Paola. Minha linda e doce Paola. A mulher que ganhou meu coração aos poucos. Eu nunca havia me apaixonado..até conhecer ela.
Paola é do México! Uma mulher que veio estudar na Itália para dar uma vida melhor a família dela. Ela faz direito e nos conhecemos em umas das boates que papai é proprietário.
Ficamos naquela noite e depois disso nunca deixamos de nos ver. Papai descobriu meu envolvimento com ela e não aprovou nada. Mas não me impôs pelos seis meses que ela e eu estamos juntos.
Até agora!
Fui criado para assumir a frente da organização. Sou implacável,sou cruel quando tenho que ser e ninguém manda em mim. Sou respeitado e por muitos... temido.
Mas papai...papà manda e desmanda em mim. Por isso foi tão difícil aceitar esse casamento. Brigamos e passamos dias sem nos falar. Até que, pedi um acordo.
Aceitei me casar com a mulher que ele escolheu. Mas ficarei casado com ela só por dois anos e depois disso vou me divorciar dela e me casarei com Paola e ele terá que aceitar.
Ele aceitou a contra gosto.
Sei qual é a intenção dele. Ele acha que vou me apaixonar pela "minha esposa". Mas isso não acontecerá,na minha vida só tem lugar para Paola. No meu coração só tem lugar para ela.
Hoje era dia do jantar que papai marcou com a tia da minha futura esposa. Mas eu não fui. Não consegui ir. Não sei como agir diante dessa merda toda.
Não estou conseguindo digerir isso. Não contei para Paola ainda. Ela não sabe sobre eu fazer parte da máfia. Nunca contei.
Tive medo. Medo dela não aceitar. Medo dela me rejeitar. Medo dela...sentir medo de mim.
Não sei se conseguiria ver medo naqueles olhos lindos direcionados a mim.
Estou na sala de casa bebendo um bourbon quando a porta se abre e o Senhor Leonel Giordano passa por ela bufando de ódio. Já sei que esse ódio e todo direcionado para mim.
- Basttardo,fligio de puttana, ultimamente você só me dá desgosto! Me fazendo passar vergonha...
Ele vinha em minha direção parecendo que explodiria a qualquer segundo. Odiava escutar papai falar que eu só o envergonhava. Nós éramos tão apegados um ao outro.
Não me lembro quando foi que mudou. Mas em algum momento ele começou a dizer que eu não era mais o seu menino de ouro porque eu só dava desgosto a ele.
Sei que conforme fui amadurecendo,fui me tornando um cara sem muita paciência e pavio curto. Quando estou com raiva faço coisas sem pensar. Muitas delas tem um preço caro a se pagar depois.
- Papà...sabe que eu não quero me casar. Não com ela,seja lá quem ela for! - falei em súplica e ele agarrou o meu colarinho fazendo o meu copo de bourbon cair no tapete da sala
- Você não tem de querer Magnus Giordano! Você vai se casar com ela e ponto final! - ele suspirou e vi dor nos olhos dele. Isso me deixou desconcertado - Precisa...olha eu não estou em condições boas! Preciso que tome rumo na vida e me substitua na organização! Você é meu herdeiro! Se não for você terá que ser Fellipo.
Meu irmão do meio. Ele repudia tudo que diz sobre a máfia. Ele culpa a organização pela morte da mamãe,o que é verdade. Ele é um dos motivos de eu estar aceitando toda essa situação.
Fellipo se destruiria se fosse obrigado a ficar a frente da organização. Os meus irmãos e eu somos muito apegados. Desde pequenos eu protejo-os com a minha vida.
E só de imaginar Fellipo na frente da organização meu sangue gela. Ele com toda a certeza iria destruir toda a máfia e depois sofreria as consequências dos seus atos.
Vê-lo morrer não é uma opção! Tenho que protegê-los. Preciso proteger os meus irmãos a qualquer custo!
- Eu faço papà! Temos um acordo,não é? - pergunto totalmente desarmado.
- Você disse que sua amada está na Itália para estudar e se tornar alguém para poder ajudar a sua família, não é? - aceno positivamente - Meu bambino... Ela não estaria segura com você...nem ela e nem a família dela! Sabe muito bem disso. Nossos inimigos usaria ela para destruir você. A família dela não estaria segura. Entenda que vocês são de mundos diferentes. Se a ama. Deixa-a ir,deixe que viva uma vida normal.
Meu peito doeu mais do que eu poderia suportar. Papai passou por isso com a mamãe. Ela foi morta por um dos nossos inimigos. Mas eles não viveram muito para se vangloriar.
- Papai...eu... - Engoli em seco procurando mais argumentos, mas eu não tinha nenhum.
Tudo o que papai me disse fazia sentido. Paola nunca estaria segura se eu me casasse com ela. Na verdade,ela estaria em perigo constante.
Um pensamento passou pela minha cabeça e então olhei para o papai e perguntei.
- Minha noiva... é da máfia? - Papai finalmente me soltou e foi se sentar no sofá. E eu segui seus passos
- Não! Mas ela não tem ninguém...a não ser sua irmã! - o olhei confuso e ele sorriu - Molly é melhor amiga dela!
- O quê? Mas,e a tia?
- Pois é! Acabei de descobrir! E a tia dela,a vendeu...ela não liga para a menina. Ela é uma garota tímida,mas ela é educada e muito bonita. Além disso, cozinha maravilhosamente bem!
- Papai eu não quero saber! - falei com ódio
Pensar que vou me casar com uma mulher que não amo,que não escolhi,me deixa com ódio. Saber que a mulher que eu amo provavelmente irá me odiar...me deixa queimando de ódio pela minha futura esposa.
- Tudo bem! Vocês se casaram no dia em que ela completar 18 anos! Daqui a doze dias!
Puta que pariu!
- Papai...eu sou 10 anos mais velho que ela?!! Dios Mio!
Falei me levantando e passando as mãos pelos meus cabelos.
- Nosso acordo ainda está de pé figlio! Passe dois anos casado com ela,e se ainda quiser se divorciar e ficar com Paola eu darei a minha benção!
Ele se levantou e saiu escada a cima. E agora eu só tinha uma coisa para fazer. Peguei meu celular e liguei para minha amada.
- Olá mi amoré!
Sorri com o jeito dela me chamar.
- Oi minha vida! Precisamos conversar!
E depois dessa conversa eu nunca mais fui o mesmo.
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O quão pior a vida pode ficar?
Nunca será pior o bastante para mim!
Ela me vendeu. Ela diz ser um acordo. Mas eu sei que ela me vendeu.
Droga de vida! Droga de tia! Droga de universo que joga tudo de ruim em cima de mim. Tia Margareth não me deixou ir para o trabalho mais. Minhas aulas terminaram há uma semana. Estou finalmente formada.
Daqui a exatos quarenta minutos eu faço 18 anos. Sim! E daqui a algumas horas seria meu suposto casamento. Mas, não vai acontecer. Não vai! Estou com tudo pronto para fugir.
Só estou esperando chegar a hora certa. A minha tia está com algum homem no quarto. Tem horas que ela grita sem parar. É sempre assim. Quase diariamente. E sempre um homem diferente a cada dia.
Assim que tudo se acalmar eu irei embora para sempre. Ainda não sei pra onde ir. Mas o que mais me importa agora é ir pra bem longe daqui. Bem longe da minha tia e dos Giordanos.
De todos esses anos de vida,depois que conheci Molly foi de longe os mais suportáveis que passei. Mas,não posso mais vê-la nem me aproximar dela.
Não sei se ela sabe sobre o casamento,ou se está por fora. Mas meu suposto futuro marido é irmão dela. Então,não posso correr o risco deles saberem onde eu estarei.
Quando o relógio marca meia-noite eu faço o que faço todo ano.
Eu rezo!
Rezo para que Deus me conceda a felicidade que eu tanto quis em toda a minha vida.
Rezo para que ele me conceda pelo menos liberdade. Eu nunca soube o que era ser feliz...então,só a liberdade já vai ser de bom tamanho.
Depois da minha prece,me levanto colocando minha pequena mochila nas costas e saio com cautela do meu quarto. A casa está escura. Mas eu sei de cor todos os passos que tenho que dar.
Quando vou descer as escadas,escuto vozes vindo do quarto da minha tia.
Eu congelo.
Espero alguém abrir a porta do quarto,mas isso nunca acontece. Respiro aliviada e continuo o meu caminho. Vou direto para a porta da frente onde tem um painel de alarme.
Mas eu sei o código e não foi problema nenhum passar pela porta da cozinha. A muitas câmeras na frente da casa, por isso escolhi passar pela porta da cozinha.
Tem só uma câmera e eu sei os pontos cegos dela. Como não tem como passar pelo portão,vou ter que escalar uma árvore que vai direto para a rua.
Busco toda a minha coragem dentro de mim e começo a minha pequena aventura. Subo na árvore sem muita dificuldade. Quando estou no muro e tento descer, é aqui que me parece uma péssima ideia.
Quando eu fui me apoiar no galho que sai pra fora da propriedade ele se quebrou,fazendo com que eu me desequilibrasse e caísse de uma altura de quase três metros.
Gemi de dor,quando cai. E pra piorar parecia que eu tinha quebrado meu pé. A dor era insuportável. Tentei me levantar e com muito custo eu consegui.
Assim que comecei a caminhar mancando,constatei que não havia quebrado o pé. Talvez só uma torção. Caminho por algumas ruas até chegar na pequena rodoviária.
- Boa noite senhorita! - comprimenta o guarda e eu só aceno com a cabeça - A senhorita vai pra onde?
- Ahn...qual é o próximo ônibus? - pergunto
- O próximo ônibus sai às quatro da manhã vai para Biarritz. - disse enquanto eu me sentava em um banco.
- Ok! Obrigado!
Ele ficou me observando por um momento e depois saiu. Cruzei meus braços com frio. Bordeaux é uma cidade fria e minhas roupas não são de muita qualidade. Mas sobrevivi todos esses anos assim,não morrerei agora.
Alguns minutos depois o guarda volta com uma blusa azul de frio insanamente grossa e me estende ela com um sorriso.
- Vai congelar com essa blusinha fina, Senhorita! Pegue essa. É minha,deixo de reserva pra caso eu precise. Pode ficar! - eu o olho espantada
- M-mas o senhor...
- Não se preocupe! Estou bem agasalhado. E essa não vai me fazer falta.
Ele disse despreocupado e com um sorriso no rosto
- Muito obrigado! - falei genuinamente
Ninguém nunca foi tão gentil assim comigo. Só Molly costuma ser assim. É estranho para mim receber tal gentileza de graça.
O senhor saiu e as horas pareciam se arrastar. Fiquei com medo de alguém me ver e contar para minha tia. Ou ela se der conta do meu sumiço e mandar alguém atrás de mim.
Quando às quatro da manhã chega eu respiro aliviava. Entreguei minha passagem ao motorista e entrei no ônibus. Sentei em uma poltrona e pude finalmente relaxar.
Por muitas vezes sonhei com isso! Em poder finalmente ir embora daqui. Em poder enfim,me livrar do meu cárcere.
Vi a cidade em que vivi se afastar. Nem percebi que estava chorando. Mas essas lágrimas não eram de tristeza. Não! Essas lágrimas eram de alívio.
......................
Quando finalmente chegamos em Biarritz eu respirei profundamente ao sair do ônibus. Fui ao banheiro e pensei qual seria meu próximo passo. O mais certo seria eu ir embora do país.
Mas,eu não tinha muito dinheiro para isso. Então, eu decidi ficar por aqui. Pelo menos por enquanto. Andei até uma pousada e aluguei um quarto por duas semanas.
Não sabia se conseguiria um emprego logo ou se ia partir em breve para outra cidade. Guarde minhas coisas e saí para explorar o lugar e procurar um emprego.
Precisava ganhar dinheiro. O plano agora é trabalhar juntar a quantidade perfeita para sair do país,para sempre.
Andei bastante até entrar em um restaurante para comer. E na porta estava escrito que precisavam de ajudantes. Logo me animei e procurei o responsável pelo lugar.
- Oi meu nome é Mia! Vi que estão procurando ajudantes! - falei para uma moça ruiva que sorriu
- Olá Mia! Me chamo Pietra! Você tem experiência ou vontade de aprender?
- Tenho os dois!
Ela sorriu mais ainda
- Sente-se em alguma mesa,já vou falar com você!
Fiz o que ela pediu e não demorou muito para ela chegar com um prato de comida em mãos.
- Tome! Você está muito magrinha! E se for trabalhar aqui vai precisar de força. Porque aqui é pedreira. Me diga Mia! Tem quantos anos?
- Fiz 18 anos...hoje!
Ela sorriu e me estendeu a mão.
- Feliz aniversário! Tudo de bom na sua vida!
- Obrigada!
Pietra era uma mulher simpática e muito extrovertida. Depois de uma longa conversa descobri que ela é dona do lugar e logo fui contratada para garçonete barra faz tudo. O salário era bom,então eu faria qualquer coisa.
Eu estava contente com aquilo, finalmente viveria em paz. Sem mais espancamentos,sem mais chingamentos e sem mais tias sociopatas.
Mal sabia eu que não duraria.
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